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Liberte Aquela Bruxa – Vol. 03 – Cap. 422 – Julgamento Público

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Logo após o início do inverno, um palco de madeira foi construído no centro da praça. Foi o primeiro palco de madeira que o povo de Vila Fronteiriça teve. Entretanto, o palco não fora construído para uma apresentação de teatro, mas sim para conduzir o primeiro julgamento público.

Um aviso foi emitido dois dias antes. No dia do julgamento, o palco estava cercado por uma grande multidão. A área quadrada era muito maior depois da extensão, mas ainda não era grande o suficiente para acomodar toda a comunidade. Havia flocos de neve caindo do céu aqui e acolá, mas todos estavam muito excitados e ignoraram completamente o vento frio e a neve.

A atmosfera subitamente atingiu o ápice com aplausos e gritos quando Roland apareceu no palco.

Observando a plateia gritando seu nome, balançando os braços e cumprimentando-o, Roland trial emocionado. Uma vez ele tinha sido quase um motivo de chacota aos olhos da nobreza e tinha pouca influência sobre seus súditos. Agora, após apenas um ano, a situação foi revertida.

Com os gritos da multidão, o Sacerdote Campus foi empurrado para o palco. A expressão facial do sacerdote mudou um pouco quando ele encarou a multidão.

Talvez essas situações com multidões sejam comuns para a alta cúpula da Igreja. Eles estão acostumados a receber a adoração dos crentes e poder facilmente influenciar a vida dessas pessoas com uma única palavra ou ação. — Roland pensou. Só que desta vez, ele provavelmente não passaria pelo brilho do passado.

Com emoção em seus olhos, as bruxas da União das Bruxas se aproximaram do palco de madeira. Elas sempre foram caluniadas, caçadas, tratadas injustamente e julgadas. Mas desta vez os papéis foram invertidos. As bruxas eram as vítimas, os acusadores e os jurados, e o objeto de julgamento era a Igreja. Elas sempre imaginaram tal cena, mas nunca esperaram que tal dia chegasse tão rápido.

Roland acenou com as mãos e as pessoas se acalmaram imediatamente.

— Saudações, meu povo. O objetivo da reunião de hoje é revelar um crime vergonhoso. A Igreja escondeu a verdade desde o começo. Eu não teria descoberto essa notícia chocante se o Sacerdote da Cidade Sagrada não tivesse sido capturado em um caso de rebelião.

Roland estava pensando em como revelar o crime da Igreja nos últimos dois dias. O golpe em Serra do Dragão Caído não deveria ser o cerne da questão, pois a história de uma cidade pequena longe deles não chamaria sua atenção. A Batalha da Vontade Divina e o Reino das Bruxas não deveriam ser mencionados, pois a história de algumas centenas de anos atrás seria irrelevante para eles, e revelar a existência de demônios poderia causar pânico. Ele precisava compartilhar algo com o que o povo se importava para despertar a indignação das massas.

Em outras palavras, teria que tocar seus corações.

Sem dúvida, as bruxas que moravam na vila compartilhavam o mesmo cotidiano com o povo.

— A Igreja alegou que as bruxas são servas do diabo, pessoas que não são nem puras ou afortunadas, mas de fato, tanto o Papa quanto o Arcebispo estão abrigando bruxas na Cidade Sagrada de Hermes! Isto foi confessado pelo sacerdote da Igreja. — Roland encarou Campus e perguntou — É isso mesmo?

Depois de um longo silêncio, Campus respondeu:

— Sim.

Discussões eclodiram na multidão.

— Vossa Alteza, ele é realmente um padre da Cidade Sagrada? — Alguém perguntou.

— Sim! — Roland disse, olhando na direção de Eco, com uma expressão que demonstrava toda a sua admiração — Ele foi enviado para o Reino de Castelo Cinza em nome da Igreja como um santo, e todos os documentos que ele trouxe revelam sua identidade! — Roland apontou para uma pequena mesa ao lado do palco de madeira — O manto, sua identificação, sua carta e selos podem ser usados como prova.

Era certo que a multidão teria suas dúvidas quanto a isso, então Roland deixava Eco perguntar primeiro e então respondia de acordo. Além disso, esses itens eram reais, ele não precisou mentir.

— Meu povo, atentem-se para o que eu disse anteriormente. — O Príncipe continuou — Prestem bem atenção, o Papa está abrigando bruxas! Sim, eles reúnem meninas e garotas órfãs de todo o país para o mosteiro da Cidade Sagrada e essas crianças são tratadas como animais. Apenas algumas se transformam em bruxas e prosseguem com seu treinamento. As demais simplesmente se tornam bugigangas para os crentes da Igreja.

— Não, isto… — Campus levantou a cabeça e abriu a boca, mas ele mal conseguia emitir um som.

— A fim de obter mais bruxas, eles abrigam crianças errantes em nome da benevolência e até conspiram com ratos do Submundo para roubar crianças! Por favor pense, meu povo, se houvesse uma igreja nesta vila, vocês não perderiam apenas a senhorita Nana, mas poderia estar perdendo um membro de sua família também. Eles afirmam que as bruxas são espíritos malignos, seduzidas por demônios, e levam os crentes a perseguirem essas mulheres inocentes. Vocês poderiam tolerar que a senhorita Nana se tornasse um brinquedo nas mãos desses homens?

— Nunca, Vossa Alteza, nunca!

A atmosfera da praça ficou acirrada e as pessoas erguiam os punhos, expressando sua raiva contra o sacerdote.

— A senhorita Nana não é má! Ela é a única que conseguiu curar minha ferida!

— Eu a conheço desde quando ela era pequena. Ela era colega de classe da minha filha no colégio de Karl.

— Eu teria sido morto pelas bestas demoníacas se não fosse pela senhorita Nana. Ela é o anjo do Primeiro Exército.

Roland fez uma pausa por um momento para que a multidão pudesse expressar sua insatisfação, depois continuou.

— Então, por que eles fizeram isso?

A questão causou uma comoção entre o povo.

— Porque a Igreja precisa de bruxas para manter seu governo! — Antes que o povo pudesse fazer mais especulações, o Príncipe continuou — Como vocês sabem, as habilidades das bruxas são variadas e incríveis! Além da cura da senhorita Nana e da eliminação da peste demoníaca da senhorita Lily, elas têm muitas outras habilidades que podem melhorar nossas vidas. O equipamento de abastecimento de água em nossa vila foi feito pelas senhoritas Anna e Soraya. As pistolas de pederneira usadas pelo Primeiro Exército e a máquina a vapor que puxa o carrinho do mineiro, tudo isso são presentes dados pelas bruxas. Nossa vila não teria conseguido nada disso sem suas contribuições.

Roland fez uma pausa e continuou:

— Todas as coisas têm duas faces. Como uma espada, ela pode ser usada para combater as bestas demoníacas ou usada para matar os inocentes. A Igreja está usando as habilidades das bruxas para ferir pessoas boas. E aqueles que não os obedecerem são considerados abandonados por Deus. De fato, o alto clero da Igreja está cometendo um crime hediondo que está registrado na doutrina, e eles ignoram completamente que o seu Deus os está observando. Meu povo querido, pensem o quanto seus filhos sofreriam se fossem raptados pela Igreja. Depois de serem treinados, eles seriam o chicote e a lâmina da Igreja. Pensem em quantas pessoas inocentes eles machucariam! Que cena triste!

Roland se virou, caminhou até a frente de Campus, abriu o longo pergaminho e perguntou em voz alta:

— Você tem mais alguma coisa a dizer sobre as acusações registradas neste pergaminho?

— Tudo… tudo isso é verdade. — Campus piscou os olhos e não acreditou que havia pronunciado essas palavras — Eu… sou… culpado.

O povo ficou ainda mais agitado.

— Eu entrego o direito de julgamento para todos vocês! — Roland disse em voz alta enquanto a multidão se alvoroçava — Para todo este mal… o que vocês escolhem?

— Mate-o!

— Mate-o!

— Mate-o!

— Mate-o!

Todos gritavam as mesmas palavras e logo havia apenas uma voz na praça.

Em Vila Fronteiriça, com flocos de neve pairando sobre suas cabeças, o povo fez a sua escolha.

 


 

Tradução: JZanin

Revisão: Kabum

 

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