Na manhã seguinte, Lunna correu até o escritório às pressas com olheiras ainda maiores.
— Por que a bola de vidro acendeu? Ah, depois não funcionou mais, não importava o quanto eu tentasse aplicar o meu poder… — Ela não podia esperar mais para falar tudo, assim que abriu a porta.
— Uau, foi assim tão rápido? — O Príncipe ficou um pouco surpreso, mas ainda assim largou a pena, pegou o pequeno objeto de Lunna e disse — Eu pensei que levaria dois ou três dias.
Lunna inclinou-se, apoiou o queixo na beira da mesa e perguntou, piscando:
— Céus, o que acendeu ali dentro?
— Foi luz elétrica. — O Príncipe sorriu — Você liberou relâmpagos do céu.
— Relâmpago? — Lunna não pôde deixar de repetir a palavra em voz baixa e depois balançou a cabeça — Mas não parecia um relâmpago. Essa luz era de cor vermelho-laranja e continuava brilhando, enquanto o relâmpago é meio azulado e é só um lampejo.
— O relâmpago acendeu o filamento, fazendo-o brilhar continuamente. — O Príncipe girou a bola de vidro e tirou-a do suporte, dizendo — Tudo bem que você não entenda ainda. Vou deixar você ver a luz elétrica real depois.
Os olhos de Lunna estavam arregalados. Ela olhou para todos os movimentos de Roland, com medo de perder alguma coisa. O Príncipe puxou os dois fios de cobre e colocou a bola de volta de novo.
— Agora é com você. Continue praticando.
— Só isso? — Lunna pegou a armação de arame, totalmente desapontada.
— Sim, só isso. — O Príncipe pôs a mão na boca para suprimir o riso — E não se esqueça de fechar as cortinas quando estiver praticando.
Lily estava sentada no canto da cama lendo o livro Fundamentos Teóricos da Ciências Natural quando Lunna retornou ao quarto.
— Por que você acordou tão cedo hoje? — Lily perguntou surpresa — Já que você está tão acesa, me traga café da manhã. Uma omelete e pão, por favor. Nada de mingau.
— Não, eu não vou trazer café da manhã para uma traidora. — Lunna disse com um beicinho. Ela puxou as cortinas e o quarto ficou completamente escuro em um instante.
— Ei, o que você está fazendo? — Lily franziu a testa e perguntou.
— Praticando minha habilidade. — Lunna se jogou no chão, deitada de barriga pra baixo e com as pernas pra cima — Sua Alteza disse com bastante clareza: feche as cortinas e cubra as pedras de luz.
— Tudo bem, tudo bem. — A garotinha revirou os olhos e disse — Então vou ler no corredor.
— Não, você não pode! — Lunna gritou.
— Por quê? — Lily lançou um olhar fulminante — Você sabe muito bem que não consigo ler quando estou morrendo de fome. Daí eu te peço pra pegar comida pra mim e você se recusa, agora ainda tenho que ficar aqui te aturando?
— Hum… — Lunna fez uma pausa — Vou trazer o café da manhã para você. E então, você fica aqui comigo?
— O quê? — Lily perguntou com grande interesse — Você tem medo do escuro?
— Não, de jeito algum. — Lunna estufou as bochechas e murmurou depois de um tempo — Eu só preciso de companhia.
Ela queria que alguém testemunhasse seu progresso e se espantasse com sua habilidade. Mesmo que ela falhasse, Lunna esperava que alguém ainda a consolasse, mas preferia levar essas palavras para o túmulo do que contar para Lily.
— Ok então. Eu vou ficar com você desta vez, já que você está agindo assim de forma tão patética. — Lily disse com um bocejo — O café da manhã. Vamos, rápido!
Lunna finalmente se preparou para praticar depois de relutantemente trazer o café da manhã.
Lily devorou os ovos numa tacada e perguntou:
— O que você vai fazer? Magnetizar as coisas na sua mão?
— Não, eu vou deixar as forças magnéticas na minha mão mudarem rapidamente. Sua Alteza diz que vai produzir trovões e relâmpagos.
Lily ficou atordoada.
— Trovões e relâmpagos?
— Vou começar…
— Espere! — Lilly gritou, afastando-se em direção à porta e continuou — Agora está bom. Pode continuar.
Lunna suspirou profundamente e mobilizou seu poder mágico como antes. Se isso acontecesse nos acampamentos da Associação Cooperativa das Bruxas, a mentora Kara definitivamente a censuraria por tal comportamento. No entanto, Sua Alteza tinha intencionalmente substituído todas as peças no quarto que continha ferro, incluindo pregos de ferro, por itens de cobre, facilitando a prática.
Ela estava sendo tratada com muito cuidado e generosidade em Vila Fronteiriça e não podia ficar assim tão ociosa.
Reminiscências de sua experiência na cidade apareceram em sua mente, imagem por imagem, tão vivas quanto um carrossel. Desta vez, Lunna se encontrou rapidamente em um estado de alerta. O poder mágico dançou entre as mãos dela, com o aumento do movimento e crescente intensidade.
Então ela viu a luz elétrica. Como um fantasma azul se revelando das camadas de nuvens, a luz foi transitória e desapareceu instantaneamente. No entanto, ela viu claramente um traço de luz elétrica. Era como um arco minúsculo, que se estendia de uma ponta a outra do fio de cobre, com suaves sons de estalo.
Mas isso ainda estava longe do fim.
Apareceu um segundo arco, e depois um terceiro… Lunna notou, deslumbrada, que toda vez que as forças magnéticas se transformavam, haveria uma luz elétrica brilhante surgindo, cujos traços também mudavam correspondentemente com seus movimentos. Com a direção das forças magnéticas mudando rapidamente para frente e para trás, uma ponte azul e branca gradualmente tomou forma entre os dois fios de cobre.
— O que é isso? — Lily, que estava bem longe, perguntou, com os olhos arregalados.
A luz elétrica era insignificante comparada com a chama vermelho-laranja de ontem, mas fez Lunna estremecer de animação! Essa era a primeira vez que ela testemunhava sua própria habilidade! Em comparação com as linhas invisíveis de forças magnéticas que ela não conseguia entender nem um pouco, o ritmo no qual o arco elétrico dançava e a direção de seu movimento estava completamente sob seu controle. Este foi verdadeiramente um “relâmpago” criado por ela e somente por ela.
A eletricidade gera magnetismo e vice-versa. Então é assim. — Lunna sentiu que o poder em seu corpo se tornara mais visível e claro.
Lunna levantou-se e colocou a armação de metal na mesa. Ela lentamente soltou as mãos para deixar a energia mágica cessar, mas as pontas dos fios de cobre ainda estavam brilhando, como estrelas cintilantes na escuridão em um lugar distante.
Agora, ela tinha uma melhor compreensão a respeito dessas palavras. Ou seja, magnetismo gera eletricidade e vice-versa.
Roland massageou o pescoço dolorido com uma pena entre os dentes.
— Precisa de ajuda? — A voz de Rouxinol surgiu no pé de seu ouvido.
— Ah, sim, obrigado. — Ele assentiu.
Rouxinol então colocou suas duas mãos nos ombros de Roland e começou a massagear seu pescoço com a quantidade certa de força.
Roland meio que fechou os olhos, aproveitando esse momento de serenidade. A fim de redigir as primeiras leis da vila, que mais tarde serviriam como as Leis Básicas de todas as leis primárias, ele havia acordado mais cedo do que até mesmo os guardas nos últimos três dias. Ele não descansou até terminar o rascunho. Como Roland não tinha conhecimento aprofundado das leis, ele só poderia anotar dez artigos em linguagem simples com base em sua compreensão do sistema, que não tinha mais do que duas páginas no total.
No entanto, esses artigos continham ideias e ideologias do novo mundo. Ele acreditava que esse código permitiria que ele realizasse um novo sistema totalmente diferente do antigo sistema feudal em todo o continente, enquanto expandia seu próprio território. Com esse código como base, seu novo reino se distinguiria indubitavelmente dos outros.
— Vossa Alteza! — A porta do escritório de repente foi escancarada, com Lunna correndo com a armação de arame de cobre nas mãos e gritando — Eu finalmente consegui!
Roland abriu os olhos e viu a garota retirar as mãos da bola de vidro e colocar o “brinquedinho” em cima da escrivaninha.
— Olhe só! — Lunna não estava tocando na armação de arame, e ainda assim havia um arco de luz onde os fios de cobre estavam abertos.
Olhando para essa cena incrível, Roland ficou boquiaberto, e a pena, que estava em sua boca, caiu no chão.
Tradução: JZanin
Revisão: Kabum
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