Liberte Aquela Bruxa – Vol. 03 – Cap. 333 – Batalha Defensiva na Nova Muralha

O acampamento inteiro se tornou mais barulhento e movimentado ao sinal de alerta.

Van’er saiu correndo de sua tenda, seguiu o fluxo de pessoas em direção à nova muralha da vila e assumiu sua posição de combate. Como todos haviam praticado o processo inúmeras vezes, eles sabiam exatamente o que fazer, mesmo sem um comandante por perto.

Assim como nos Meses dos Demônios do ano passado, apenas uma pequena patrulha foi organizada para vigiar cada seção da muralha da vila em tempos normais. Afinal, dois ou três guardas seriam o suficiente para cuidar das bestas demoníacas. Por isso que o vigia só soou o alarme quando o percebeu que a quantidade de bestas demoníacas, neste momento, era bastante grande.

Um grupo de sombras se aproximava da muralha da vila no horizonte. Van’er os observou e estimou o número em cerca de 1.000.

Se isso acontecesse há um ano, definitivamente teríamos uma batalha bastante difícil. — Van’er pensou.

No passado, ele era um simples soldado com um pique cuja responsabilidade era ganhar tempo para o Esquadrão de Fuzileiros carregar suas armas. Eles precisavam se revezar com os soldados reservas, a fim de manter o ritmo constante até acabar com todos os inimigos.

Mas agora, as forças de Vila Fronteiriça sofreram uma grande mudança.

Garra de Gato tirou a capa que cobria o canhão, sacudindo a neve sobre ela. Enquanto isso, Rodney verificava cada centímetro do canhão e, depois de confirmar que estava limpo, sem qualquer sujeira, ele começou a carregar a munição. Embora a nova muralha da vila fora construída de terra, era mais alta e mais larga que a antiga. Além disso, ela possuía uma torre de observação e bombardeio a cada 100 metros, melhorando significativamente a defesa da vila e seu poder de ataque.

A muralha era bastante larga, permitindo que quatro pessoas caminhassem lado a lado. Durante uma batalha, o Esquadrão de Fuzileiros estaria na primeira fileira, com recrutas na segunda fileira responsáveis por montar as peças das munições e, por último na terceira fileira, soldados que recarregavam as pistolas deixando-as prontas para atirar e as entregavam aos soldados da frente.

— Por que essas bestas não podem nos deixar em paz? — Rodney bocejou — Elas correm freneticamente por aqui durante os Meses dos Demônios todos os anos. Mesmo se elas conseguissem invadir Vila Fronteiriça, o que é que elas ganhariam com isso? Nada, não é?

— Elas servem como uma boa prática de tiro para nós. — Nelson riu e disse — Pense bem, é muito mais divertido atirar contra bestas demoníacas em movimento do que alvos fixos de madeira.

— Falando de prática de tiro, eu ouvi falar de um boato interessante recentemente. Tem algo a ver com o nosso Esquadrão de Artilharia. — Jop disse misteriosamente.

— Que tipo de boato?

— Eu ouvi das outras equipes de artilharia. Eles me disseram que os artilheiros que se destacarem serão colocados em um Esquadrão de Artilharia de Elite e assumirão tarefas novas. — Ele fez uma pausa e perguntou — Algum de vocês sabe mais sobre isso?

— Um Esquadrão de Artilharia de Elite?

— Você sabe farejar notícias. Como a gente poderia saber mais sobre isso do que você?

— Talvez tudo tenha sido inventado por uma pessoa com tempo livre demais.

Van’er foi o único que permaneceu em silêncio na equipe. Ouvindo as palavras de Jop, ele não pôde deixar de franzir a testa.

Alguém realmente achou que isso era uma brincadeira e deu com a língua nos dentes? — Ele pensou.

Há uma semana, Lorde Machado de Ferro o convocou e disse que Sua Alteza planejava desenvolver um novo tipo de canhão, totalmente diferente dos atuais e que não estaria sob o domínio do Primeiro Exército para utilizá-lo em campo. Em vez disso, esses canhões seriam usados ​​para transformar navios comuns em navios de guerra com capacidade de ataque de longa distância. Além disso, os melhores membros da equipe de artilharia seriam escolhidos para operar os canhões. Qualquer pessoa interessada poderia se candidatar diretamente com Machado de Ferro.

Claro, Van’er concordou imediatamente, já que obviamente era uma boa oportunidade para ele ser promovido no exército. De acordo com Machado de Ferro, Sua Alteza tinha grandes expectativas para a nova unidade, que poderia até ser separada do Primeiro Exército e se tornar uma unidade completamente nova. Além disso, se alguém conseguisse fazer grandes contribuições, os navios de guerra construídos no futuro poderiam receber o nome deles.

Essa seria uma honra e tanto! — Van’er se sentiria plenamente satisfeito pelo resto de sua vida se pudesse ter um navio de guerra com o seu próprio nome.

Pensando bem, embora ele fosse apenas um trabalhador comum na área de mineração antes de entrar no exército, ele sempre acreditou que poderia ser alguém importante no futuro. Infelizmente, ele não conseguiu salvar a vida de seu irmão mais novo nas áreas pobres de Forte Cancioneiro. Mesmo com esse passado, ele não se gabava do que tinha hoje. Como um soldado do Primeiro Exército, ele podia comer refeições decentes durante o dia e usar roupas quentes. Além disso, toda vez que ele voltava para sua comunidade, seus vizinhos tomavam a iniciativa de cumprimentá-lo.

Todas essas mudanças poderiam ser atribuídas a Sua Alteza.

Originalmente, ele se juntou à milícia por um ovo cozido¹Parece que foi ontem, mas Van’er experimentou esse treinamento lá no capítulo 25.. Agora parecia ser a decisão mais sábia que ele já havia tomado em sua vida.

Além disso, Machado de Ferro também pediu a Van’er para recomendar candidatos, que poderiam se alistar juntamente com ele no momento oportuno. Em outras palavras, era uma oportunidade de ouro para esses jovens demonstrarem o seu verdadeiro valor. No entanto, aos olhos de Van’er, eles eram muito imaturos agora e, portanto, era melhor esperar até que se tornassem mais maduros e responsáveis. Além disso, se eles realmente prestassem serviços excepcionais, os navios de guerra teriam seus nomes como recompensa.

Jop? Garra de Gato? Ah, seria um nome horrível para um navio… Rodney e Nelson soam um pouco melhor… — Van’er pensou.

Quanto ao vazamento da notícia, Van’er achava que deveria reportar a Machado de Ferro. Afinal de contas, estava claramente estabelecido no regulamento que qualquer notícia sobre o Primeiro Exército deveria ser mantida apenas dentro do exército. Ninguém estava autorizado a divulgar notícia alguma, a menos que fosse explicitamente exigido por seus líderes.

— Parem de fofocar. Concentrem-se no campo de batalha. — Van’er limpou a garganta e interrompeu a discussão entre os membros da equipe — Não se esqueçam o que Lorde Machado de Ferro enfatizou na aula. Qualquer erro pode levar a falhas irreparáveis.

— Sim! — Eles disseram em uníssono.

Como as bolas sólidas de ferro eram ineficazes contra alvos pequenos, matando poucos a cada ataque, os soldados decidiram usar metralhas como munição no canhão. Quando os lobos demoníacos de aparência feroz cruzaram a linha de 100 metros, o bombardeio com os canhões começou.

Ondas de calor derretiam a neve sob os canos e grandes estrondos causavam dores agudas nos ouvidos de Van’er. Ao longe, sangue vermelho escuro de repente se espalhava por todos os lados com grupos de bestas demoníacas caindo no chão. Nem os pelos dos javalis demoníacos nem os dos ursos poderiam suportar os danos infligidos por metralhas a curta distância.

— Olhe aquela besta ali. — Garra de Gato apontou para frente à esquerda — É um lobo demoníaco de pele vermelha!

Um grupo de pessoas rapidamente movimentou os porta-armas²Esses são os antigos carrinhos que levavam os canhões. Agora são porta-armas., ajustou os canos na direção certa e os carregou antes de disparar novamente. Teoricamente, eles não precisariam mirar em qualquer alvo, porque contanto que disparassem, seus tiros sempre causariam pesadas baixas entre os inimigos. Além disso, a nova muralha de terra endurecida era mais alta do que a antiga feita de pedra, de modo que os lobos demoníacos não representariam uma ameaça para os soldados no topo. Portanto, eles atacaram essas bestas demoníacas ágeis primeiro apenas para praticar suas habilidades de tiro.

Finalmente foi a vez do Esquadrão de Artilharia. A fim de garantir alta taxa de acerto, eles não atiraram até que as bestas demoníacas estivessem perto da linha de 50 metros.

Ao contrário dos sons sincronizados das pistolas de pederneira, os dos fuzis de repetição eram densos e contínuos. Fios de fumaça branca subiam do topo da muralha da cidade. Estimulado pela fumaça pungente da pólvora, Van’er não pôde evitar espirrar.

— Caramba! Os trial de repetição são menos poderosos, mas produzem mais fumaça do que qualquer outra arma. — Jop reclamou.

— Sim. Mas são os canhões que decidem quem vencerá a batalha. — Rodney concordou e acrescentou — Seja uma guerra contra cavaleiros ou contra as bestas demoníacas.

Naquele momento, um som curto, mas agudo soou do posto de observação. Era um aviso precoce para alertar que bestas demoníacas híbridas estavam à vista.

Van’er olhou para a frente apenas para testemunhar duas sombras enormes se movendo lentamente no nevoeiro. A julgar por seus tamanhos, elas deveriam ser aquelas bestas demoníacas de cerco com conchas grossas.

— O que eu disse agorinha há pouco? — Van’er sorriu e disse — É hora de mostrarmos o que podemos fazer. Carreguem o canhão com a munição pontiaguda de ferro!

Para lidar com inimigos com forte capacidade defensiva como estes, a fábrica de armas desenvolveu novos projéteis capazes de penetrar a carapaça das bestas demoníacas híbridas dentro do alcance de cerca de 200 metros. Se a luta contra os lobos demoníacos fosse considerada um exercício de aquecimento, agora o tiroteio oficial começava.

— Deem o seu melhor! — Van’er bateu palmas para chamar a atenção de todos e disse — Provem que vocês são os melhores canhoneiros de toda a artilharia!