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Liberte Aquela Bruxa – Vol. 03 – Cap. 315 – Celebração

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Roland realizou uma suntuosa festa de celebração no salão do castelo em Vila Fronteiriça.

Além das bruxas, todos os funcionários do alto escalão da Prefeitura e do Primeiro Exército participaram, incluindo nobres como Barov Mons e Carter Lannis, e civis como Machado de Ferro e Kyle Sichi. Roland fez o que pôde para persuadir Kyle a participar desse banquete que, em suas palavras, era algo “sem sentido”.

A fim de compartilhar sua felicidade com seus súditos, o Príncipe fez um discurso público e ordenou que seus chefs utilizassem o que sobrou do refinamento do amido para assar uma grande quantidade de pão branco e servir às pessoas da vila. Para conseguir um pedaço do delicioso pão, bastava apresentar o Cartão de Identidade na Prefeitura. Dessa forma, a maioria das pessoas da vila soube da vitória do Primeiro Exército na capital antes mesmo de seu retorno.

Mesmo o povo não entendendo muito bem qual foi o propósito dessa expedição do Primeiro Exército ou do impacto acometido, desde que pudessem ter pão de graça, o dia era para ser celebrado.

Além disso, esta foi a primeira vez que Roland organizou um banquete com a etiqueta da Cidade Real de Castelo Cinza. Pode-se dizer que foi semelhante a um buffet dos tempos modernos em seu mundo anterior. Em vez de servir pedaços de carne grelhada ou ensopada, toda a comida era picada ou fatiada e entregue à mesa em pratos brancos. Além dos pratos, diferentes molhos foram colocados em tigelas grandes para os convidados usarem de acordo com sua preferência.

Ele caminhou em direção a Anna, com duas taças de licor de frutas nas mãos e disse:

— Bem-vinda de volta. Ah, e obrigado por todo o seu trabalho.

Anna pegou uma taça e respondeu:

— Você já me agradeceu no cais. É um prazer.

Quando eles tilintaram os copos, Roland viu a felicidade e a doçura nos olhos da garota. Ele resistiu à vontade de abraçá-la ali mesmo e foi brindar com as outras bruxas.

— E eeeeu? — Raio gritou.

— Humm, vou fazer uma exceção hoje. — Roland acenou para um garçom e pegou uma taça de cidra para ela — Obrigado por todo o seu trabalho.

— Eu quero beber licor também! — A garotinha olhou para cima e disse.

— Aiai, tudo bem, mas apenas uma taça. — Depois de pensar um pouco, Roland concordou com o pedido dela, pois ele acreditava que se continuasse a recusar o pedido de Raio, ela, curiosa que só, seguiria o exemplo de Rouxinol e iria de fininho até a cozinha para roubar licor.

— Oba!

No momento em que Roland lhe entregou uma taça de licor branco com baixo teor alcoólico e um punhado de cubos de gelo, a menininha subitamente se aproximou e beijou sua bochecha.

— Coff, coff, vai me dizer que isso também é um costume nos Fiordes?

— Sim, meu pai me ensinou! — Raio assentiu vigorosamente.

As bruxas da vila, que já tinham visto esse tipo de situação ocorrer vez ou outra no passado, nem deram bola, entretanto, Sylvie e as demais bruxas de Ilha Adormecida encararam a atitude de Raio com muita surpresa. Roland percebeu que elas olhavam para ele com olhos acusadores, como se duvidassem que esse costume estranho de beijar o Lorde durante uma festa de comemoração fosse realmente um costume dos Fiordes. Sentindo-se bastante sem graça, o Príncipe virou a cabeça para o lado, evitando olhar nos olhos delas.

Depois disso, ele caminhou até seus funcionários para fazer um brinde. Quando ele se aproximou do Alquimista-chefe, Kyle Sichi, este se inclinou até o ouvido de Roland e sussurrou:

— Vossa Alteza, eu já li Química Intermediária duas vezes, mas ainda não consigo entender muitas coisas.

— É que ele descreve a composição microscópica de substâncias e envolve muito conhecimento de física. Você tem que ler junto com um outro livro para ter uma boa compreensão, por isso, sugiro que você leia Física Elementar antes de ler o livro incompleto Química Intermediária. Acredito que dessa forma você encontrará muitas respostas para suas perguntas. — Roland explicou.

— Isso é o que eu pretendia fazer, mas… — Kyle hesitou por um momento e depois continuou — Vossa Alteza, por que as capas dos livros antigos têm cores diferentes? As cores denotam algum significado?

— Bem… — Roland continuou depois de pensar um pouco — As cores representam diferentes níveis e diferentes graus de dificuldade.

Com uma expressão pensativa no rosto, Kyle, então, disse:

— Entendo. As capas mudam de verde para roxo, e quanto mais profunda a cor, mais difícil será o conteúdo do livro. Diante disso, a capa do livro Química Avançada deve ser preta, então, certo?

— Não, é laranja.

— Hã? — Kyle perguntou, surpreso — Por quê?

Roland sorriu e respondeu:

— Vá saber.

Na metade do banquete, o Príncipe saiu do trial e foi até o jardim do castelo. Na brisa da noite, ele sentiu um leve frescor e percebeu que metade do outono já havia passado. Em pouco tempo, os Meses dos Demônios trariam um longo e frio inverno para toda a Região Oeste.

Ele estava feliz por ter testemunhado diversas mudanças significativas na vila neste ano. Os acordos com a Câmara de Comércio de Margaret trouxeram uma grande quantia de peças de ouro para a vila, fomentando a economia local por meio da distribuição de salários e da ampliação do comércio de alimentos e de outros materiais. Uma pesquisa conduzida recentemente pelo Mercado de Conveniências mostrou que praticamente todos os produtos tiveram um aumento considerável de vendas, especialmente aqueles bens que poderiam melhorar a qualidade de vida, como bifes e ovos.

Sem dúvida, as estatísticas indicavam que o padrão de vida das pessoas melhorou de forma consistente, especialmente a dos habitantes locais. Agora, os nativos de Vila Fronteiriça tinham casas novas, as melhores da região, de modo que começaram a comprar alimentos para desfrutar de todas as refeições do dia. Um ano atrás, eles só poderiam sonhar em participar de um banquete como este. Quanto aos recém-chegados, eles ainda estavam economizando dinheiro para comprar suas casas. Roland acreditava que, quando se acomodassem, o mercado teria um novo aumento significativo nas vendas.

Do que exatamente as pessoas precisam? Em certas épocas, ter o suficiente para comer e beber já seria motivo para serem eternamente gratos ao Lorde e seguir suas ordens sem pestanejar.

Durante esta era em que Roland vivia, a maioria dos civis só precisava disso, ter onde dormir, comer e beber.

— Vossa Alteza, tenha cuidado para não pegar um resfriado. — Rouxinol apareceu atrás dele com um casaco de couro leve na mão. Ela jogou o casaco para Roland, pegou um pedaço de peixe seco e ficou ao seu lado, perguntando — O que você está fazendo aqui?

— Nada. — Ele sorriu e vestiu o casaco — Eu só queria observar o meu território. Só isso.

— A vila parece bem agitada. — Rouxinol apontou para a trial iluminada pela fogueira — Está ficando tarde agora, mas ainda há muitas pessoas lá fora.

— Porque esta noite é a estreia da nova peça: Alvorecer. — Roland sorriu — É o primeiro espetáculo depois que o elenco voltou de Forte Cancioneiro. O público esperou por vários meses. Eles simplesmente não podem esperar mais para ver a Senhorita May e a Senhorita Irene novamente.

De repente, Roland se lembrou do fato de que May logo se tornaria a Senhora May Lannis. Ele nunca esperava que seu Cavaleiro-chefe fosse tão decisivo e rápido em conquistar a Estrela da Região Oeste. Ele ficou perplexo por um longo tempo quando Carter, com uma expressão sincera, lhe contou sobre isso. Por tradição, o casamento de um Cavaleiro-chefe precisava da aprovação de seu Lorde, e como o Lorde de Carter, Roland jamais se oporia a um evento tão feliz como esse. O casamento de Carter e May seria realizado depois dos Meses dos Demônios deste ano, no mesmo dia do anúncio de que Vila Fronteiriça se tornaria uma cidade oficial.

Rouxinol também ficou comovida com toda a agitação do povo na praça e disse:

— Quando eu entrei furtivamente pela primeira vez na vila, ainda era um lugar remoto, sem vida e esperança, mas agora posso sentir a alegria das pessoas mesmo quando estou dentro do castelo.

— A vida das pessoas está melhorando a cada dia. — Roland olhou para o céu estrelado e sem nuvens, ponderando que ainda tinha muitas coisas para fazer, como expandir a educação do povo, estabelecer um sistema de saúde pública, fortalecer a cultura local, encorajar nascimentos e muitas outras coisas. Tudo isso faria esta região remota, na fronteira do reino, prosperar como nenhuma outra. A Região Oeste se tornaria uma força suficientemente consolidada para unificar todo o Reino de Castelo Cinza.

— E nós? — Rouxinol inclinou a cabeça e perguntou, com um olhar astuto.

— É claro que a vida de vocês vai melhorar também. — Roland deu um tapinha na cabeça dela — Eu prometo.

 


 

Tradução: JZanin

Revisão: Kabum

 

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