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Liberte Aquela Bruxa – Vol. 03 – Cap. 314 – Aniquilação

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Esta foi a primeira vez que Garcia testemunhou o que uma Extraordinária era capaz de fazer.

A arma que Zero empunhava era apenas uma espada comum, mas seus golpes eram incrivelmente poderosos e pesados. Depois de resistir a vários desses ataques com o escudo, Garcia já não conseguia mais erguer o braço. Neste momento, Zero desferiu um golpe com a espada de baixo para cima para acertar o queixo de Garcia.

Quando se recuperou, Garcia desistiu de uma vez dessa estratégia de defesa passiva e conjurou uma balista na frente dela. Ela puxou o gatilho para disparar vários potes com água negra do Rio Estige, em vez de lanças de ferro. Zero, instintivamente, atacou todos aqueles potes de barro e ficou encharcada em um lamaçal negro. Entretanto, Garcia havia conjurado vários cristais de fogo e escondido dentro dos potes, de modo que, enquanto Zero quebrava os potes, os cristais, em contato com o ar, entravam em combustão, transformando a bruxa e a área ao redor em um enorme pilar de fogo.

Mesmo assim, Garcia sabia que isso não seria suficiente para parar Zero, pois ela possuía uma velocidade sobre-humana e conseguia facilmente desviar os virotes da balista. Logo, a única solução que Garcia encontrou foi erguer muralhas com espinhos e criar diversos buracos escondidos no terreno para restringir o movimento da bruxa. Além disso, ela também encheu os diversos vasos de flores do jardim com pó de neve, criando uma armadilha mortal para Zero.

Garcia conseguiu matar Zero algumas vezes com essa estratégia, entretanto, sua respiração estava ficando cada vez mais pesada e diversas gotas de suor escorriam de sua testa. Sofrendo de frequentes tonturas, Garcia sentiu como se estivesse pisando em falso.

Após renascer, Zero usou sua velocidade sobre-humana para sair da área com armadilhas e, em vez de aproveitar o estado fraco de Garcia para atacá-la, ela bateu palmas e disse:

— Muito bem. Você realmente me impressionou por ser capaz de lutar até agora. Mas eu esqueci de te dizer algo. Neste mundo de consciência, você pode mudar seu mundo de acordo com a sua vontade como fez agora, mas consome muito mais energia do que conjurar armas, por exemplo. A energia usada para algo desse porte é basicamente a mesma usada para renascer. Você deve estar se sentindo fraca e cansada agora, e da próxima vez, poderá dormir para sempre.

— Rá, muito melhor do que mostrar o meu pescoço e esperar pela sua espada. — Garcia ofegou e continuou — Você parece que esqueceu seus próprios gritos quando morreu queimada. Quantas vezes você morreu mesmo? Três ou quatro? Eu não acho que você vai suportar mais do que eu.

Zero ficou sem palavras. Após encarar Garcia por um tempo, ela respondeu:

— Desde quando me tornei uma bruxa purificada pela Igreja, tenho sido bem treinada, tanto em leitura e escrita, quanto em conhecimento básico e habilidades de combate. Para melhorar minha habilidade, a Igreja até permitiu que eu absorvesse guerreiros do Exército do Julgamento. Sabendo que se sacrificariam, aqueles guerreiros entraram no Campo de Batalha das Almas sem qualquer hesitação. Neste mundo de consciência, eles lutaram até a morte apenas para melhorar minhas habilidades, e então foram absorvidos por mim voluntariamente, me dando todos os seus sentimentos e experiências.

Garcia achou que Zero poderia estar tentando ganhar tempo, mas não interrompeu a bruxa, pois ela também precisava descansar um pouco.

— Eu também absorvi uma Extraordinária. Seu poder me deixou extremamente admirada e perplexa. Eu quase perdi naquela Batalha das Almas, mas no final eu consegui derrotá-la com a arma dos demônios e consegui todas as coisas que ela tinha. Devido às diferenças em nossas habilidades, eu não pude me transformar em uma Extraordinária. Na verdade, eu não posso obter a habilidade de uma bruxa após absorvê-la, mas não é um problema para mim neste mundo de consciência. Ao absorver incontáveis ​​pessoas nos últimos duzentos anos, eu me tornei tão forte que ninguém pode me ameaçar agora, e desta forma, eu experimentei todos os tipos de dores, felicidades, tristezas e prazeres deste mundo. — Zero parou por um tempo e continuou — E todos os tipos de mortes.

— O que você quer dizer com isso? — Garcia perguntou com um rosto inquieto.

Zero calmamente respondeu:

— Quero mostrar a diferença entre você e eu. Com todas essas almas dentro de mim, eu tenho uma força de vontade formidável. Para deixar isso mais claro, se você julgar a força de vontade por quantas mortes alguém pode suportar, você testemunhará que eu sou capaz de suportar pelo menos cem mortes.

— Bem, eu vou ajudá-la a verificar isso. — Garcia zombou.

No entanto, ela ficou extremamente preocupada e ansiosa, pois percebeu que Zero não estava blefando. Tendo testemunhado a bruxa facilmente matar os guardas no cais, a Rainha teve que admitir que ela demonstrou habilidades de combate que não eram compatíveis com a idade que ela aparentava.

Se for assim, eu preciso usar uma arma mais poderosa para lutar contra ela… vamos lá, preciso ser rápida! Que arma pode facilmente matar um Extraordinária experiente? — Garcia pensou.

Zero parecia ser capaz de ler a mente de Garcia e disse:

— A Batalha das Almas não é sobre imaginação. Você não pode ficar impenetrável a lâminas e lanças ou conjurar alguma arma lendária de poder destrutivo. Neste mundo, você cria armas para lutar com base em seu próprio conhecimento e experiências, em vez de imaginação. Você não pode conjurar coisas que você não entende.

— Eu vou espalhar pó de neve por todo o jardim. — Garcia zombou — Quando isso acontecer, você não poderá mais escapar, e eu provavelmente acabarei morrendo também. No entanto, pelo menos, dessa maneira, eu posso destruir você junto comigo!

Zero olhou para a Rainha com pena, dizendo:

— Você busca um resultado insignificante… bem, neste caso, mostrarei a você a verdadeira força da Igreja.

Vários raios vermelhos de luz brilhavam atrás de Zero e depois se misturavam, criando carruagens de aspecto feroz. As carruagens gigantes avançaram destruindo todo o jardim. No topo de cada carruagem havia duas lanças afiadas de ferro. Garcia se lembrou de que um dos guardas do Rei de Coração de Lobo havia relatado que a Igreja estava atacando a muralha com armas semelhantes. Ele ainda havia dito que aquelas armas eram extremamente poderosas e que nada parecia ser capaz de pará-las.

Será que são aquelas armas? — Garcia pensou.

De repente, Garcia ouviu um zunido forte. Uma lança grossa atravessou as muralhas que ela levantara e a rasgou ao meio facilmente. O impacto foi tão forte que fez com que partes do seu corpo voassem, e antes de Garcia perder a consciência, ela foi capaz de ver seus órgãos e sangue voando pelo ar e se espalhando pelo chão.

Ela morreu e renasceu de novo e de novo, enquanto as carruagens continuavam atirando longas lanças contra ela. Neste processo, ela dificilmente poderia ter a chance de criar pó de neve para matar tanto a bruxa quanto a si mesma. Dores constantes fizeram Garcia perder a consciência gradativamente, ao mesmo tempo em que lágrimas escorriam de seus olhos a cada renascimento. Em um dado momento, o chão começou a tremer e o céu começou a rachar. Relâmpagos brilharam, trovões ressoaram por todo o lugar e um grande incêndio irrompeu no jardim.

— Uma vontade forte só atrasará seu destino. Não mudará o resultado. — Zero fechou os olhos — Você lutou por tempo suficiente. Agora, descanse em paz.

Depois dessas palavras, o mundo inteiro desmoronou.

— Acabou? — Isabella perguntou com um beicinho — Você não deveria ter acabado instantemente como das outras vezes? Eu vi você retornar à sua aparência real já faz algum tempo, mas você não disse nada. Eu pensei que você tivesse perdido.

Zero abriu os olhos e disse:

— Nas memórias da Rainha eu encontrei algo interessante. Algumas de suas ideias… me deixaram surpresa.

Isabella perguntou com um ar casual:

— É mesmo? E eu que pensei que não existiria coisa no mundo que ainda fosse capaz de surpreender você. Bem, e o que você encontrou? O pó alquímico?

— Sim, os alquimistas chamam de pó de neve, feito de matérias-primas comuns em suas oficinas. Na verdade, sua composição é bastante simples.

— Bom, vamos voltar correndo para a Cidade Sagrada e reportar a Sua Santidade O’Brien. — Isabella suspirou aliviada — A batalha aqui continuará pelo menos por três ou quatro dias, mas sem os líderes e a bruxa, as tropas restantes não serão capazes de parar o Exército da Punição Divina.

— Vamos. — Zero assentiu.

— Espere… — Isabella a parou.

— O quê?

Isabella olhou para Zero com cuidado e depois balançou a cabeça, dizendo:

— Não… nada, não.

No entanto, ela não pôde deixar de pensar no que havia visto.

Será uma ilusão? Ela parece ser a mesma de antes, mas por que eu estou sentindo que há algo diferente em seus olhos vermelhos claros? Bem, talvez eu esteja apenas pensando demais. — Isabella pensou.

 


 

Tradução: JZanin

Revisão: Kabum

 

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