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Liberte Aquela Bruxa – Vol. 03 – Cap. 272 – Mina da Encosta Norte

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Quanto mais fundo elas entravam na caverna, mais úmido ficava. Sylvie evitou cuidadosamente as gotículas de água acima de sua cabeça e caminhava lentamente pela caverna carregando uma tocha. Mesmo sem luz, o escuro não obstruía sua habilidade, o Olho da Verdade. Ela só estava usando uma tocha para não usar muito de seu poder mágico.

— Chegamos em uma encruzilhada. — Rouxinol, que estava andando na frente, disse enquanto parava — Qual é o número da caverna?

— É a primeira encruzilhada do segundo caminho da caverna vinte e três. — Raio respondeu depois de olhar para o seu livro com todos os registros.

— Humpf, espero que esta seja a última. — Sylvie murmurou, então ativou sua habilidade e abriu os olhos — À esquerda… indo para longe da mina, não tem nenhum minério. À direita… também não tem.

Raio anotou os resultados e disse:

— Bem, há um último caminho para verificar nesta caverna.

— Então vamos. — Rouxinol deu meia volta e caminhou, levando todo mundo com ela, enquanto assumia novamente a liderança do grupo.

A habilidade dela não é só ficar invisível. — Sylvie pensou, pois ela só conseguia ver vagamente o poder mágico de Rouxinol, mas não conseguia ver com precisão sua forma ou o que estava fazendo — Raio também disse que ela é a bruxa combatente mais forte da Associação.

Essa foi talvez a razão pela qual Roland pediu a Rouxinol para ir com elas. Havia rumores de que a mina já foi a caverna de um monstro antigo e que vários mineiros desapareceram no passado. Antes de partirem, o 4º Príncipe lembrou às bruxas, repetidamente, para serem cuidadosas e que, se encontrassem alguma situação desconhecida, deveriam retirar-se imediatamente da mina e reportar-se a ele.

Sylvie não precisava se preocupar com isso. Nenhum monstro poderia escapar do escrutínio de seu Olho da Verdade. Ela até podia ver os cadáveres de animais mortos, os vermes e moluscos claramente.

Havia quatro pessoas neste “grupo de expedição”. Além dela mesma, havia também Rouxinol, Raio e uma garotinha chamada Lucia. Toda vez que elas encontravam um mineral, Lucia transformava o material em várias migalhas e classificava tudo cuidadosamente antes de colocá-las no bolso.

Parece que foi Sua Alteza Roland quem pediu para ela fazer isso. — Sylvie pensou.

Raio era responsável por desenhar o mapa topográfico da mina. Claro, ela dizia constantemente que deveria participar de qualquer aventura.

Esse tom orgulhoso me lembra um certo capitão que ficou um tempo em Ilha Adormecida. — Sylvie pensou.

A 23ª caverna era um buraco enorme, no fundo da mina. Estava dividida em três caminhos e, depois de seguir cada um deles, ainda havia ramificações entrelaçadas e intermináveis ​​que se aprofundavam a perder de vista, a ponto de quase se estender para fora do alcance da mina. A probabilidade de existir minerais nessa parte era muito baixa, então, seria desnecessário continuar procurando após essa parte.

Quando elas voltaram para o primeiro cruzamento que também era a “porta” que Raio registrou, Sylvie usou sua habilidade para observar o último caminho.

Quanto mais distante e vasto Sylvie tentasse enxergar com o Olho da Verdade, mais poder mágico ela consumiria. Seu corpo também estaria sob um fardo pesado, então ela escolheu observar apenas uma vez em cada caminho, explorando, aos poucos, as várias ramificações.

— Caminho número três… Ah, sem minerais… mas espere, tem algumas coisa no final. — Sylvie disse chocada — Tem uma encruzilhada com cinco ramificações, e uma delas parece ser bastante íngreme, fazendo uma curva… para baixo e voltando para a mina.

— Para baixo? — Raio perguntou.

— Sim, isso mesmo. — Sylvie disse.

O caminho era bastante estreito e íngreme, descendo cada vez mais e fazendo uma curva de volta para a mina, ao invés de seguir em frente como os outros. Sylvie sentiu uma forte tontura quando quis continuar explorando esse caminho, de modo que interrompeu seu Olho da Verdade.

— Acredito que pode levar até um depósito de minerais.

No entanto, mesmo Sylvie acreditava que essa ideia era pouco provável. Os intricados caminhos, ramificações e encruzilhadas na mina da encosta norte claramente eram naturais e inexplorados, e dificilmente estariam conectados à boca da mina, tampouco poderiam levar a um depósito de minerais diretamente. Afinal, um depósito de minerais não era algo fácil de achar. A veia mineral que fora descoberta no início, e que deu origem à exploração da mina, é um ótimo exemplo, pois estava em uma encruzilhada de dois caminhos. Se Sylvie não estivesse procurando especificamente por minérios, seria extremamente difícil achar qualquer depósito, mesmo que estivesse escondido em lugares simples. Mas com seu Olho da Verdade, ela poderia penetrar qualquer obstáculo, podendo achar os minérios por trás das pedras e por baixo da areia barrenta.

— Não importa o que seja, vamos só dar uma olhada. — Rouxinol deu de ombros.

Elas entraram na caverna a partir da terceira “porta” e, depois de 15 minutos, chegaram ao final do caminho.

A passagem estava dividida em cinco caminhos e o mais estreito não permitia a passagem de ninguém, e pior, precisava ser escalado, pois era íngreme. A estranha passagem que Sylvie tinha visto anteriormente era o terceiro caminho dos cinco, que estava exatamente no meio. O caminho descia, formando um declive íngreme até às profundezas, que depois fazia uma volta na direção em que elas estavam.

— Parece bem profundo. — Rouxinol disse, olhando para a frente com a tocha — Eu sinto que a caverna aqui é um pouco semelhante aos penhascos na Cordilheira Intransponível.

— Vamos verificar logo e voltar ao castelo. — Lucia disse, segurando firmemente o braço de Rouxinol — Eu não gosto daqui. Eu continuo sentindo que há algo nos olhando o tempo todo.

— Não há nada na caverna, exceto barro e pedras. — Sylvie disse calmamente, afinal, ela também não gostava deste lugar úmido e silencioso, mas sua habilidade dizia que não havia perigo — Os outros caminhos à esquerda e à direita não têm minerais, e seguem para longe da área de mineração.

Entretanto, após verificar os caminhos laterais, Sylvie focou no caminho do meio com seu Olho da Verdade e ficou extremamente chocada.

— Mas o quê?

— O que foi? — Raio perguntou.

— Eu não consigo ver onde termina. — Sylvie respondeu.

— Não consegue? — Raio perguntou, também surpresa — É por que você está bastante cansada e não consegue usar sua habilidade?

— Não, não é um problema com a minha habilidade. — Sylvie fechou os olhos, respirou fundo e abriu novamente, usando o Olho da Verdade.

Ainda estava escuro. Parecia que a sua visão estava sendo bloqueada por alguma coisa. Ela segurou sua cabeça dolorida e expandiu ainda mais o alcance de sua visão, mas os resultados ainda eram os mesmos. O solo ao redor era claro e visível, mas o centro estava completamente envolto em uma escuridão mais densa que a noite.

— Há algo bloqueando minha visão.

— Fique aqui e não se mova. — Rouxinol puxou duas lâminas prateadas brilhantes — Eu vou descer e explorar esse lugar. Já volto.

— Não, não vá! — Sylvie pôs uma mão na testa, que estava dolorida, enquanto usou sua outra mão para parar Rouxinol — Só existe uma coisa que pode obstruir a minha visão desse jeito, e você pode se machucar se for lá.

— É mesmo? E o que é? — Rouxinol perguntou.

— Pedra da Retaliação Divina. — Sylvie disse, cerrando os dentes — Existe uma Pedra da Retaliação Divina abaixo de nós e está cobrindo uma área enorme!

Quando Roland recebeu a notícia, ele imediatamente reuniu os soldados do Primeiro Exército na mina da encosta norte.

O resultado final da investigação foi exatamente o que Sylvie disse: havia uma enorme quantidade de Pedras da Retaliação Divina escondidas na caverna abaixo da mina.

Depois de certificar-se que não haveria perigo, Roland entrou na 23ª caverna sob a proteção de seus guardas. Ele queria ver como eram essas pedras em seu estado bruto.

— Por favor tenha cuidado, Vossa Alteza. — Carter o lembrou — A saída está bem à frente.

— Vocês não podem usar poder mágico lá dentro, então é mais seguro ficarem aqui. — Roland olhou para Anna, Rouxinol e Raio atrás dele — Vocês não ouviram o que Sylvie disse?

— Eu ainda sou mais forte que você, mesmo sem meu poder mágico. Se você pode ir, é claro eu também posso. — Rouxinol disse, fazendo um beicinho.

— Eu vou para onde existir aventura! — Raio disse, estufando o peito.

Anna não disse nada, apenas ficou olhando fixamente para Roland. Vendo aquele par de olhos claros refletindo a parca luz das tochas, Roland sabia que o que quer que ele dissesse, seria inútil.

— Bem… — Ele suspirou — Então vocês devem ficar perto de mim e não se afastarem por nada.

Chegando ao final do caminho íngreme, Roland compreendeu o porquê Carter disse “saída”. Sua visão foi subitamente iluminada quando uma enorme caverna apareceu na frente dele.

Ele podia ver claramente a caverna inteira sem a tocha. As Pedras da Retaliação Divina emitiam uma luz como um prisma de cristal. Elas “nasciam” do chão e cada uma tinha um diâmetro de 20 a 30 metros. Parecia uma gigantesca torre de neon parada na frente dele.

 


 

Tradução: JZanin

Revisão: Kabum

 

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