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Liberte Aquela Bruxa – Vol. 03 – Cap. 268 – Plenária (Parte 1)

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Roland convocou a primeira plenária dos funcionários em cargo de chefia da Prefeitura de Vila Fronteiriça no salão de recepção do castelo.

A Prefeitura, que começara com apenas Barov e uma dúzia de seus discípulos, agora empregava quase cem pessoas. Entre eles, havia nobres destituídos, cavaleiros capturados e seus escudeiros, bem como pessoas locais que haviam concluído o ensino primário.

Graças ao crescimento populacional, os departamentos da Prefeitura foram criados um após o outro. Agora, finalmente, estava um passo mais próximo do idealizado pelo Príncipe. Em vez de fazer tudo sozinho, agora ele poderia confiar nos departamentos da Prefeitura para executar o que ele decidia e planejava, deixando-o plenamente satisfeito.

Nesta reunião, estavam todos os chefes de departamentos, incluindo o Ministro da Agricultura, Sirius Daly, Ministra da Educação, Pergaminho, o Ministro Interino da Indústria Química, Kyle Sichi, o Ministro de Obras, Karl van Bate, Comandante do Exército, Machado de Ferro, e o Primeiro Ministro da Prefeitura, Barov Mons. Na verdade, a Prefeitura tinha outro departamento, o Ministério da Indústria, mas estava sob a supervisão direta de Roland, porque ninguém conhecia a industrialização melhor do que ele.

Um balde de água com pedras de gelo foi colocado ao lado de cada participante para manter uma temperatura fria no salão. Lumen lançou sua magia em todas as pedras de gelo para mantê-las em estado sólido durante toda a reunião, de forma que mesmo com o sol escaldante fora do castelo, o salão ainda teria um clima agradável.

— Bem, é hora de ouvir o relatório de cada departamento sobre o trabalho recente. Vamos começar com o Ministério da Agricultura. — Com essas palavras, Roland pegou uma jarra com água gelada, que estava sendo resfriada no balde, e encheu um copo d’água para beber.

— Sim Vossa Majestade. — Sirius se levantou e fez uma reverência, abrindo um pergaminho logo em seguida, o qual tinha preparado com bastante antecedência, e começou o seu relatório — O Ministério da Agricultura coletou cerca de dezessete mil Hu de grãos dos servos, o suficiente para atender a necessidade de toda vila até o ano que vem. Além disso, de acordo com sua solicitação, o Ministério também está comprando todos os grãos excedentes pelo preço de mercado, mas só conseguimos comprar quatro mil e quinhentos Hu até agora, porque poucos servos estavam dispostos a vender os grãos excedentes para a Prefeitura.

O “Hu” era um vaso feito de tiras de bambu trançado, usado para pesar o trigo pelas pessoas desta era, possuindo aproximadamente 50 kg. Roland só sabia que era uma unidade de medida, mas não sabia exatamente quantos quilos ou litros um Hu de trigo equivalia. Ao saber que os grãos que a Prefeitura coletara eram suficientes para alimentar as pessoas da vila por um ano, ele não se incomodaria com este tipo de problema.

Entretanto, o que deixou Roland preocupado foi essa resistência dos servos com a venda dos grãos excedentes para a Prefeitura. De acordo com a regulamentação da Prefeitura, 70% da colheita deveria ser entregue ao governo e a maior parte dos 30% restantes poderia ser vendida ao 4º Príncipe. Eles só precisariam salvar uma minúscula parcela para alimentação e replantio para o próximo ano. Pelos cálculos, se todos os servos tivessem vendido os grãos excedentes de trigo, a Prefeitura arrecadaria em torno de 7.000 Hu, mas eles só haviam obtido 4.500 Hu até agora, o que significava que alguns servos optaram por não vender os grãos e, ao invés disso, preferiram guardá-los em seus galpões de madeira.

Roland já havia previsto esse tipo de problema, mas ainda assim ficou preocupado, pois o motivo de eles fazerem isso era bastante óbvio. Mesmo com toda a propaganda e regulamentações, algumas pessoas planejavam armazenar os grãos e vendê-los a um preço muito maior no mercado futuramente. Caso a vila não fosse capaz de fornecer grãos o suficiente, ou fosse vítima de algum desastre, seja ele natural ou não, essas pessoas venderiam seu estoque de grãos a um preço muito mais alto. Dependendo da situação, poderiam vender até doze vezes o preço atual.

Para evitar que tal situação perturbasse o mercado, Roland fez com que os grãos se tornassem uma commodity exclusiva e controlada pela Prefeitura, exigindo que todos os compradores de grãos mostrassem primeiro seus Cartões de Identidade. A economia da vila ainda estava em seu estágio inicial de desenvolvimento, logo suas reservas de grãos eram baixas e os preços estipulados poderiam afetar imensamente a estabilidade financeira. Sob tais circunstâncias, ele deveria adaptar essas políticas de restrições e registrar todos os compradores para estabilizar o preço dos grãos. Se ele não restringisse a venda de grãos, a especulação no mercado facilmente aumentaria o preço rapidamente.

— Vossa Alteza, por que não forçar os servos a vender seu trigo para o governo? Afinal, de acordo com a lei, eles não estão autorizados a vendê-lo para ninguém mais. — Sirius se sentiu confuso e perguntou.

— Não, o trigo restante é propriedade privada deles. Eles têm o direito de lidar com isso como bem entenderem. A lei não proíbe que os servos guardem grãos para si mesmos. Isso significa que eles podem guardar o que exceder aos setenta por cento. Se a lei não proíbe, então é permitido. — Roland respondeu.

A última frase de Roland deixou Sirius ainda mais confuso. Os outros funcionários também franziram as sobrancelhas, exceto Barov, que estava ponderando sobre a fala do Príncipe.

Ao perceber suas expressões, Roland não deu mais explicações. Ele esperava que eles digerissem naturalmente essa ideia de seguir as regras e procedimentos com o passar do tempo e com a rotina do trabalho. Somente quando eles adotarem plenamente tal ideia, é que eles poderiam ser considerados oficiais qualificados da nova era. É claro que essa ideia também poderia levar ao extremo da burocracia, mas Roland acreditava que pelo menos isso seria melhor que a desordem. Ele tomou um gole de sua água gelada e perguntou a Sirius:

— Mais alguma coisa que você precisa relatar?

— Hã… sim, senhor. — Sirius Daly balançou a cabeça para pôr seus pensamentos no lugar — Já que todas as plantações nos campos foram colhidas, vamos deixar a terra descansar para o próximo ano?

— Não, não precisaremos deixar a terra descansar. — Roland acenou com a mão — O excremento empilhado ao lado dos campos é adubo orgânico para o solo. Após a colheita, você pode instruir os servos a arar os campos e misturá-lo com o solo. Lembre-se que os locais ao lado dos campos devem ser reservados para o novo adubo.

O excremento precisaria de apenas dois meses para se decompor no verão e quatro meses no inverno. Dado que, na próxima primavera, pela primeira vez, os campos da vila já teriam sido tratados com esse novo adubo orgânico, enquanto o outro lote de adubo já estaria pronto para ser utilizado. Isso significava que não havia necessidade de um período para a terra descansar.

Mesmo estando longe da eficácia dos adubos químicos, essa prática de usar resíduos humanos e de animais para fertilizar o solo já poderia ser considerada uma grande melhoria na agricultura desta época.

— Sim, senhor, como quiser. — Sirius tocou a cabeça dele — Ainda tem outra coisa, Vossa Alteza, se continuarmos a plantar trigo no próximo ano, os moinhos de pedra que temos agora não serão capazes de atender a demanda futura. Eu proponho construir uma nova fábrica perto do Rio Vermelho, e acredito que haverá a necessidade do uso de motores a vapor para essa atividade.

— Tudo bem, eu concordo. Antes de tudo, você deve protocolar esse pedido para Barov, a fim de conseguir fundos, para só então você discutir os detalhes do plano de construção com o Ministério da Construção. — Roland acenou com a cabeça e disse feliz, por ver tal progresso. Exceto ele, agora havia finalmente outro que tomou a iniciativa de usar a nova tecnologia.

— Obrigado, Vossa Alteza. — Sirius disse — A última coisa que quero relatar é sobre o direito dos cidadãos livres. Desta vez, um total de quinhentos e dezesseis servos estão qualificados para se tornarem homens livres. Como a qualificação foi decidida de acordo com o peso do trigo que eles mesmos entregaram e conferida no momento da entrega, ninguém fez qualquer objeção. Eu já enviei a lista de nomes para o Lorde Barov. — Sirius levantou-se novamente para se curvar — Meu relatório acabou.

— Excelente. — Roland bateu palmas para encorajá-lo.

Sirius, que havia sido um jovem cavaleiro servindo à Família Lobo, parecia ter se adaptado bem à nova vida da vila e fez um bom trabalho na prefeitura, tornando-se um excelente exemplo para os nobres e cavaleiros destituídos de Forte Cancioneiro. Roland acreditava que divulgar a trajetória de Sirius o ajudaria muito a recrutar mais pessoas.

Pergaminho foi a segunda a relatar. Ela havia prendido o cabelo comprido atrás da cabeça e estava vestida com uma camisa branca e uma saia preta comprida, sem decoração ou rendas, passando um ar de maturidade, capacidade e organização. Era difícil imaginar que há apenas meio ano, ela ainda era uma bruxa desabrigada, fugindo da Igreja.

Com sua memória fotográfica, ela podia relatar com precisão os números e fatos sem nenhum material escrito na mão. Essa habilidade deixou Roland com uma pitada de inveja.

— Ao todo, duas turmas concluíram o ensino básico, somando oitenta e cinco pessoas. A maioria delas era do colégio de Karl. Entre os graduados, quarenta e seis escolheram trabalhar na Prefeitura, vinte e um escolheram a fábrica de bicicletas e treze solicitaram para entrar no Primeiro Exército. — Ela parou por um tempo e continuou — Além disso, cinco se candidataram para os laboratórios químicos.

— Apenas cinco? Parece que a propaganda que fiz na cerimônia não foi tão eficaz quanto eu havia esperado. Bem, os três novos laboratórios ficarão inativos por algum tempo. — Roland ficou surpreso e não pôde deixar de olhar para Kyle Sichi, que parecia bastante descontente no momento.

Pelo menos, a taxa de emprego é de 100%. — Roland pensou, tentando se consolar.

 


 

Tradução: JZanin

Revisão: Kabum

 

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