Liberte Aquela Bruxa – Vol. 03 – Cap. 261 – Presente

Depois do jantar, Rouxinol voltou para o quarto com a caixa. Antes que ela pudesse abri-la, Raio, Maggie, Lily e Lunna também entraram sorrateiramente com os olhos brilhantes, olhando para a caixa nas mãos de Rouxinol.

— Vocês estão bem? — Wendy não pôde deixar de rir — Ah, vocês também querem saber o que há dentro da caixa?

Exceto Lily, todas elas assentiram.

— Sua Alteza é muito injusto! — Raio murmurou — Não deixou a gente beber licor e agora essa! Presente pra umas e não pra todas.

— Ele mencionou que era somente para as bruxas adultas. — Lily suspirou — Você pode trial a ele depois de se tornar uma adulta, e eu realmente não me importo com o que está dentro. Por que você me puxou para cá?

— Mas olha só! — Lunna disse em choque — Eu não te puxei para cá, eu só chamei você!

— Eu…

— Não é isso que estamos discutindo! — Raio gritou — Lunna e Maggie são adultas, mas elas não ganharam nenhum presente!

— É verdade, pruu! — Maggie puxou o cabelo branco que estava cobrindo o rosto para trás e levantou o queixo para protestar — Eu não ganhei nenhum presente, pruu!

— Bem, sobre isso… Sua Alteza provavelmente tem suas razões. — Rouxinol sentiu que tudo isso era muito estranho, pois Roland nunca tratou ninguém de forma diferente, e ainda assim ele só selecionou algumas para presentear — Vamos parar de pensar besteira e ver o que é que tem dentro da caixa.

Assim que ela abriu a caixa, todas elas viram uma estranha “peça de roupa”. Parecia ter uma fivela e um tipo de bolso de tecido. Ao tocá-la, sentia-se uma certa delicadeza e suavidade, o material era obviamente de seda fina, mas era pequeno demais para ser uma roupa, não importando de qual ângulo elas olhassem.

— Tem um pedacinho de papel ali! — Raio gritou!

Rouxinol desdobrou o papel e encontrou a descrição de como deveria usar o presente. Havia até fotos.

— Hã… — Wendy também abriu sua própria caixa — O nome disso é sutiã?

— “Ele pode aliviar o peso dos seios, melhorar a circulação sanguínea, deixar a postura reta e reduzir o desconforto causado pelo atrito”. — Rouxinol leu a descrição enquanto sua voz ficava baixinha, e suas bochechas ficavam coradas.

Na verdade, era algo para segurar os seios. Instintivamente ela olhou para Wendy, apenas para descobrir que todas as outras bruxas também estavam olhando para ela, com os olhos brilhantes.

— Ahahaha! — Lily riu e disse — Agora você sabe por que não ganhou o presente? Tsc, tudo bem, eu vou corrigir o que disse antes. Raio, você provavelmente não vai ganhar esse presente mesmo depois de se tornar uma adulta.

— Você está falando como se você fosse ganhar. — Lunna disse olhando para Lily.

— Quem se importa! — Lily disse brava, revirando os olhos.

— Isso é como um espartilho, não é? — Apenas Raio continuou imóvel e seus olhos estavam cheios de curiosidade e inveja — Você pode usar isso para eu ver?

— Claro que não! — Wendy disse com uma rara expressão envergonhada no rosto, e só ficou aliviada depois de colocar as outras quatro bruxas mais jovens para fora do quarto — Como que Sua Alteza pode de repente… nos dar isso?

Rouxinol estava se sentindo um pouco envergonhada. Receber roupas íntimas não era um problema em si, e elas não se sentiam envergonhadas por isso, pois todas as roupas das bruxas eram feitas no castelo. No entanto, isso obviamente precisava se adequar aos diferentes tamanhos das bruxas, o que também significava que Roland havia observado com cuidado cada uma delas anteriormente. O pensamento fez Rouxinol corar e se sentir tão envergonhada, que ela quase se escondeu na névoa.

Ah, o que Anna faria? — Ela se perguntou e disse rapidamente:

— Eu já volto.

Rouxinol entrou na névoa e caminhou através das paredes. Ela hesitou por algum momento assim que chegou à porta do quarto de Anna, mas, no final, ainda decidiu bater.

Logo, a porta foi aberta e Anna estava vestindo a camisola, como de costume.

— Algum problema?

— Hã… sabe, é que eu queria perguntar… — Rouxinol entrou no quarto e se virou para fechar a porta — O que você achou do… do presente de Sua Alteza?

— Eu já coloquei, é bem conveniente.

A resposta de Anna pegou-a desprevenida.

— Você já colocou?

— Sim. — Anna assentiu e perguntou — Você quer dar uma olhada?

— Não, não. — Ela balançava as mãos e disse, hesitante — Eu só queria perguntar, você não achou estranho que Sua Alteza tenha dado isso para nós?

— Por quê? — Anna perguntou, parecendo um pouco confusa — Sua Alteza Real mencionou que ele queria vender isso como uma mercadoria no futuro, então ele precisa que a gente experimente primeiro. E é muito bom. — Ela deu um tapinha no peito e continuou — É suave e leve. O ganchinho atrás não é muito fácil de abrir, mas é melhor do que usar uma camada extra de roupas.

Entendi… — Rouxinol ficou admirada — Ao invés de se preocupar com coisas triviais, Anna prefere dar mais importância ao objetivo principal de Sua Alteza, talvez seja isso que a faça ser tão diferente, pois ela é simples e direta. — Quanto ao presente de Roland, Rouxinol sabia que ela iria experimentar uma hora ou outra — Então por que eu preciso ficar com vergonha? É a mesma coisa quando eu fiquei com vergonha e não queria que ele me visse. Eu deveria ter dito a ele sobre meus sentimentos logo, pois se fosse com Anna, ela iria dizer para ele diretamente e sem rodeios, não é?

Pensando nisso, Rouxinol retornou ao seu quarto. Ela pegou o sutiã e ficou olhando para ele por um bom tempo. Ela se escondeu dentro da névoa, vestiu o sutiã e colocou um casaco para só então reaparecer na frente de Wendy.

— É um pouco grande. — Ela tentou pular — Mas é muito confortável de usar, pelo menos a roupa áspera não fica esfregando nele, deixando a gente toda dolorida. Também não afeta a mobilidade e é muito conveniente, nem precisa de uma faixa de pano para prendê-los. Acho que você deveria experimentar também.

— Não, eu não quero… — Wendy balançou a cabeça.

— Como não? — Rouxinol riu e puxou Wendy para a névoa — Eu ainda sinto que Sua Alteza projetou isso para você.

Sylvie, que estava no quarto junto com Rouxinol e Wendy, sentiu que tudo o que ela havia visto hoje eram as coisas mais maravilhosas e incríveis que ela já tivera visto.

A água que fluía do cano de água assim que ela mexesse naquele mecanismo estranho, um sabão que exalava uma fragrância delicada e o licor branco que ardia na garganta.

Como Evelyn conseguiu beber todas aquelas taças com aquele licor forte de Sua Alteza? — Ela pensava.

O momento mais incrível, é claro, foi o da distribuição dessas peças de roupa depois do jantar. Ela sabia que havia um certo costume de presentear espartilhos entre os nobres, mas eles sempre estariam acompanhados com vestidos para cintura fina. Não era muito comum dar simplesmente o espartilho. Mas isso não era o pior, um nobre normalmente presentearia algo assim para pessoas próximas, como por exemplo… seus amores.

No entanto, parecia que Sua Alteza queria que as bruxas usassem essas peças de roupa primeiro, para só depois popularizá-las amplamente dentro do domínio da Região Oeste. Sylvie não pôde deixar de tremer.

Que nobre negociaria isso pessoalmente? Ou será que… ele tem um interesse diferente… por seios? — Ela pensou.

Rouxinol puxou Wendy para dentro da névoa, então Sylvie só conseguia ver vagamente duas sombras borradas flutuando ao redor. Elas ficaram lá por bastante tempo. Obviamente, Wendy não havia aceitado muito bem esse tipo de presente. Mas e as outras bruxas? Será que elas não sabem o significado por trás desses presentes?

Sylvie não pôde deixar de engolir em seco depois de lembrar do aviso de Cinzas.

Ela estava certa. Sua Alteza é uma pessoa perigosa, e o melhor que posso fazer é ficar o mais longe possível dele. — Ela pensou.