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Liberte Aquela Bruxa – Vol. 03 – Cap. 227 – Informante

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No grande salão da igreja, o padre Ferry observava o fazendeiro ajoelhado diante de seus pés.

O corpo do fazendeiro, outrora robusto e cheio de vitalidade, agora estava fraco, suas mãos tremiam constantemente e uma coloração arroxeada começava a aparecer em sua pele. Estas manchas iriam se tornar manchas negras e se espalhariam por todo corpo em questão de horas. O fazendeiro ainda poderia ser considerado sortudo por não ter contraído a doença mais cedo. Ao vê-lo, o padre Ferry disse:

— Eu lembro de você. Você é Collins Rocha, que mora no distrito leste. Lembro que, frequentemente, você traz grãos frescos de trigo à nossa Igreja. — O padre disse.

— Oh, o senhor lembrou de mim! Que maravilha, Vossa Reverência. — O fazendeiro exclamou — Toda a minha família pegou essa maldita praga demoníaca. Por isso, por favor, me dê um pouco do Elixir Sagrado.

Ao ouvir a petição de Collins, o padre Ferry disse lentamente:

— Mas o que você trouxe para a Igreja hoje? Você sabe o quanto o Elixir Sagrado é precioso, não é algo que eu possa oferecer aos outros à vontade. — Ferry declarou enfatizando cada palavra — Entretanto, você pode obter o Elixir Sagrado oferecendo seu coração sincero.

— Eu, eu fui enganado pelos ratos. Acabei gastando todo o meu dinheiro para comprar um medicamento falso. — Collins Rocha disse com uma voz trêmula — Por favor, perdoe-me, pois, meu coração não foi sincero, eu nunca deveria ter procurado atalhos e buscar a cura no mercado negro. No momento, só tenho um último ovo, aceite-o. — Com estas palavras, Rocha tirou um ovo gordo do peito e ofereceu com as mãos estendidas sobre sua cabeça.

Ferry recebeu o ovo com um sorriso e disse:

— Deus sempre punirá quem deposita sua esperança no mercado negro. Contudo, Deus também sempre estenderá a sua mão para trazer as pessoas de volta para o caminho da retidão, o cordeiro que se perdeu. Somente aqueles que reconhecem suas próprias falhas poderão ir mais longe no caminho da bem-aventurança.

— Ve-verdade? — Collins não ousou acreditar em seus ouvidos.

— Os enviados de Deus jamais contam mentiras. — Ferry acenou e, logo após, um outro seguidor segurando uma caixa com elixires imediatamente se aproximou. Ferry escolheu quatro garrafas e entregou-as a Collins Rocha — Se eu me lembro corretamente, sua família tem um total de quatro pessoas, certo?

—Sim, Vossa Reverência. — Collins segurou o choro, pegou os Elixires Sagrados nas mãos e depois se inclinou para beijar os sapatos do padre — Obrigado, obrigado, agora vou dedicar toda a minha vida à Igreja e a Deus!

Esta cena também tocou todos os fiéis que estavam de pé ao lado, assistindo a cena, eles imediatamente começaram a agradecer em voz alta, felizmente recebendo um novo membro para sua família de fiéis.

Esperando até que os louvores diminuíssem um pouco, Ferry levantou a mão, indicando que eles deveriam ficar quietos, depois disse com uma voz clara:

— Próximo.

Esse tipo de distribuição de Elixir Sagrado continuou até o anoitecer.

Com o som do sino da Cidade Real de Castelo Cinza soando, padre Ferry declarou o término da cerimônia de entrega, que continuaria amanhã de manhã, deixando a multidão de pessoas desesperadas no corredor principal.

Embora seu corpo estivesse um tanto cansado, o padre estava bastante animado. Ferry se sentia praticamente um deus, ouvindo todas as súplicas e orações das pessoas e observando como elas faziam de tudo para agradá-lo.

Na verdade, o que se conhece como Deus é apenas a própria Igreja. — Ferry pensou — Depois de criar essa praga demoníaca e o antídoto correspondente, podemos facilmente decidir sobre a vida e a morte de outras pessoas, com esse tipo de poder em nossas mãos, qual é a diferença entre nós e Deus. Diante desse poder, ninguém poderá nos impedir.  Comerciantes ricos?  Nobres da aristocracia? Quando confrontados com a morte, todos estarão igualmente dispostos a abandonar tudo em troca da oportunidade de viver! — Emocionado, Ferry estava cada vez mais certo que abandonar os negócios da família e se juntar à Igreja tinha sido a melhor escolha.

Voltando para a área de descanso no corredor posterior, um padre apressadamente aproximou-se dele e sussurrou em seu ouvido:

— Vossa Reverência, um rato veio e relatou que ele descobriu uma informação importante.

— E o que seria?

— Algo sobre os refugiados da Região Leste, mas ele disse que só irá contar tudo se o senhor for lá pessoalmente. — O padre respondeu imediatamente.

De acordo com as instruções que a Igreja forneceu de antemão, Ferry deveria usar plenamente a praga demoníaca e seu antídoto, de modo a angariar o máximo de seguidores possíveis para Hermes. Portanto, conquistar os refugiados também era parte de seu plano, mas em comparação com os cidadãos da Cidade Real de Castelo Cinza, sua importância não era tão alta. Ele planejava aguardar mais dois ou três dias, deixando que metade dos refugiados sem-teto morresse e, logo após, a Igreja sairia para tratar e curar os sobreviventes, fazendo com que eles se sentissem abandonados pelo Rei. Como resultado, dentro de toda a capital, nove a cada dez pessoas se tornariam seguidores da Igreja. Com este tipo de mérito e a ordem anterior que relacionava a Batalha pelo Trono, talvez já fosse o suficiente para ele subir mais um degrau, almejando o cargo de Bispo.

Pelo menos no que diz respeito a recompensar as pessoas por seus méritos, a Igreja sempre foi muito justa, nunca considerando a relação de sangue de alguém ou sua identidade prévia. Enquanto apresentasse um desempenho excepcional, qualquer um poderia ser promovido.

Que tipo de problema grave poderia ter surgido no meio dos refugiados? — Suprimindo suas dúvidas, Ferry disse calmamente:

— Tudo bem, leve-o para a sala secreta, eu vou me juntar a ele daqui a pouco.

— Sim, Vossa Reverência.

Tirando a túnica de padre, Ferry pegou uma armadura leve do armário e a colocou. Em seguida, ele vestiu um casaco por cima um pouco mais folgado. Depois, ele se arrumou um pouco em frente a um espelho de prata, antes de ir até a sala secreta.

Entrando na sala e analisando a situação, o padre viu que o cabelo do “informante” estava todo desgrenhado, e o rato estava tão magro e desnutrido, que Ferry conseguia ver seus ossos sob a pele. No entanto, o que era estranho era que, em todo o seu corpo, não havia vestígios das manchas negras ou de quaisquer outros sintomas.

No momento em que o rato viu o sacerdote entrar, ele imediatamente se ajoelhou e anunciou:

— Vossa Reverência, meu nome é Agulha, e eu tenho informações importantes para dizer ao senhor.

— Diga.

— Mas… — Ele olhou para cima, encarando as outras duas pessoas que o acompanharam até a sala secreta, indicando que estava hesitante em falar na frente delas.

— Não se preocupe, esse é o padre Shattrath, minha mão direita. — Ferry disse — E essa outra é Hera, responsável por proteger e cuidar desta sala secreta. Ela quase nunca sai deste lugar.

— Então eu contarei tudo, mas em relação ao prometido…

— O Elixir Sagrado está aqui. — Ferry disse impaciente enquanto pegava o frasco azul — Se a sua informação for valiosa, eu cuidarei dos espíritos malignos.

— Vossa Reverência, asseguro ao senhor que esta informação é absolutamente surpreendente. — Agulha disse enquanto erguia a cabeça — Algumas pessoas estão continuamente transportando os fugitivos com navios inicialmente vazios em todo o canal. Eu vi tudo isso com meus próprios olhos. Temo que dentro de alguns dias eles conseguirão levar todos os refugiados embora.

— Eles estão levando até mesmo os refugiados doentes? — Ferry franziu a testa — Você tem certeza de que não interpretou mal a situação?

Anteriormente, ele já havia recebido a mensagem de que uma frota estava transportando os refugiados da Região Leste, mas algo assim era bastante normal.

Os nobres adoram quando o território de outro nobre é atingido por um desastre, permitindo que eles consigam alguns trabalhadores a preço de miséria. — Ferry pensou — De qualquer forma, agora que a praga demoníaca está correndo por aí, esses idiotas serão naturalmente punidos por Deus. No entanto, agora… depois de saberem que a praga se alastrou entre as pessoas, por que eles ainda iriam querer abrigar os refugiados?

— Não, eles estão em posse de uma cura para a praga demoníaca! Depois que esses mercenários deram aos pacientes uma bolsa com água estranha para beber, as manchas escuras em seu corpo desapareceram rapidamente. Além disso, eles também alegaram que vieram da Região Oeste, e enquanto os refugiados estiverem dispostos a acompanhar a frota, eles receberiam comida, abrigo e remuneração pelo trabalho que fizerem. — Os olhos de Agulha pararam em Ferry — Mas o mais surpreendente é que essas pessoas estão trabalhando conjuntamente com uma bruxa!

— O que você acabou de dizer?

— O que eu disse é absolutamente correto, Vossa Reverência! — Agulha gritou — Eu me misturei nas fileiras dos fugitivos e embarquei em um navio. No começo, eu não tinha visto nada, mas então alguém saltou do navio, e os mercenários em terra começaram a persegui-lo. Pouco tempo depois, percebi que havia uma sombra que circulava no céu, mas não era um pássaro, era uma bruxa voando! Eu fiquei tão assustado que nem ousei me mexer. Esperei até que o navio tivesse navegado vários quilômetros até não conseguir mais detectar nenhum traço da bruxa, daí aproveitei a oportunidade e pulei no rio para escapar. Precisei quase de um dia inteiro para voltar. — Agulha esfregou as mãos — Vossa Reverência, o senhor acredita agora que essa informação vale um frasco do Elixir Sagrado?

— Espere um minuto, você disse que eles têm uma maneira de curar a praga demoníaca e que você também a bebeu? Em outras palavras, isso significa que você já estava doente? — Ferry perguntou.

— Hã… sim, isso mesmo, mas o senhor não disse que, enquanto eu tiver informações valiosas para oferecer, eu poderia… — Agulha sorriu estranhamente, revelando uma boca cheia de dentes amarelos e tortos.

Então essa é a razão, ele não quer beber, mas sim vender o Elixir no mercado negro. — Depois de ponderar por um momento, Ferry perguntou novamente:

— Quantas pessoas eles têm? Você tem certeza de que eles eram mercenários de uma caravana?

— Sim, devem ser mercenários, porque eles não possuíam armaduras nem cavalos, e suas armas eram uma espécie de lança de madeira. Quanto aos seus números… — Agulha coçou a cabeça — Deve ter umas cem pessoas, no máximo!

— A quem pertence os navios?

— Isto… eu não sei dizer, porque a maioria dos navios não tinha qualquer bandeira hasteada na hora, e mesmo que tivessem, eu não seria um dos melhores para reconhecer de qual família ou reino elas pertencem. Mas de acordo com os mercenários, a frota estava indo para a Região Oeste… ah… sim, eles também mencionaram que o recrutamento seria para os Lordes de Vila Fronteiriça. — Agulha tentava se lembrar o máximo possível — Os Lordes estão atualmente restituindo um terreno e, portanto, precisam de uma grande força de trabalho. É isso que eu consigo lembrar.

— Bem, esta é realmente uma notícia crucial. — O padre respirou fundo e tirou um frasco de líquido azul do bolso e jogou-o em direção a Agulha — Pegue, é seu.

— Muito obrigado, Vossa Reverência! — O rato pegou a garrafa, mas de repente seu corpo inteiro começou a tremer e suas pupilas dilataram.

A velha Hera estava atrás dele, segurando uma adaga que emitia uma luz gélida. A última coisa que Agulha viu, foi a adaga atravessando seu pescoço.

 


 

Tradução: JZanin

Revisão: Kabum

 

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