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Liberte Aquela Bruxa – Vol. 03 – Cap. 218 – Lucia

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A condição de Ling estabilizou-se. Alguns mercenários com lanças de madeira nas costas começaram a separar as pessoas em grupos novamente, da mesma forma que fizeram quando elas embarcaram. Tudo isso era muito novo. Aqueles cuja vida estava em perigo foram os primeiros a serem levados para aquela sala estranha. Depois, eles levaram as crianças pequenas, as famílias das crianças e, finalmente, os adultos.

Lucia foi colocada, junto com Ling, na frente da fila e todo o processo de tratamento foi feito muito rapidamente. Vendadas e auxiliadas pelos mercenários, ela e sua irmã caminharam para dentro de uma sala de madeira. Não demorou muito e uma pessoa chegou na frente de Lucia entregando a ela uma pílula minúscula. Lucia tomou a pílula e descobriu que possuía um sabor ligeiramente doce, ao mesmo tempo em que a pessoa, ao seu lado, também disse para ela não se preocupar, pois a sua irmã já havia sido medicada.

Quando ela saiu da sala e pôde retirar o capuz, Lucia ficou agradavelmente surpreendida ao ver que o corpo de Ling estava melhorando à uma velocidade surpreendente. Embora ainda estivesse em coma, sua testa já não estava queimando de febre, o rubor do rosto também desapareceu, e as manchas escuras sumiram sem deixar vestígios.

Quando todas as pessoas haviam sido libertadas do medo de sua morte iminente, sentiram que tinham ganhado uma nova vida e ficaram tão exaltadas que, depois de verem o homem de cabelos grisalhos ao longe, não podiam mais conter a emoção. Elas se ajoelharam e aplaudiram, prestando o seu mais sincero respeito, tão alto quanto podiam. Da boca dos mercenários, elas ouviram que esse era o Lorde desta terra, aquele que estava no comando da Região Oeste, Sua Alteza Real, Roland Wimbledon.

Posteriormente, seguindo exatamente o que havia sido prometido nos rumores, o Lorde não apenas acendeu fogueiras na borda do cais, mas também distribuiu carne de porco a todos, dizendo a todas as pessoas que elas seriam pagas e que também receberiam comida e abrigo, tudo isso enquanto estivessem dispostos a trabalhar para a vila. Enquanto todos estavam gostando do mingau de carne suculento, eles também estavam falando do quão bem-aventurados eram aqueles que embarcaram nos navios e fugiram para a Região Oeste e, mais uma vez, elogiaram Sua Alteza por sua bondade.

Só Lucia estava ainda um pouco ansiosa.

Como posso entrar em contato com a Associação Cooperativa das Bruxas? — Lucia pensou — A mensagem secreta apenas dizia que um grupo de bruxas vivia em Vila Fronteiriça. Não mencionava como eu poderia encontrá-las. Muito provavelmente, essa parte importante já havia se perdido no momento em que ouvi a notícia, pois espalharam esse boato nas grandes cidades da região central do reino.1Esse é o famoso telefone sem-fio. Uma história que começa de um jeito, passa por diversas pessoas e, no fim, é uma história completamente diferente.

No momento em que as pessoas tinham acabado de se fartar e os mercenários começaram a guiá-los até os galpões de madeira próximos ao rio, a voz de uma mulher de repente soou atrás de Lucia:

— Procurando por algo?

Ela ficou tão assustada que, ao mesmo tempo, virou a cabeça e deu dois passos para a frente rapidamente, pronta para escapar. Mas quando Lucia viu a mulher diante de si, ela nem conseguiu sair do lugar.

Deuses, que mulher linda! — Seus longos cabelos encaracolados eram iluminados pelo suave brilho alaranjado das chamas cintilantes, seus olhos eram brilhantes como as estrelas e ela possuía um doce sorriso. Mas a parte mais marcante era a aura dela, que não era inferior à de qualquer nobre, como se ela fosse uma pessoa importante.

— Meu nome é Rouxinol. Sou uma bruxa, bem-vinda à Vila Fronteiriça.

Frente a uma presença tão forte, Lucia automaticamente baixou sua cabeça.

— Eu… meu nome é Lucia Branco, eu gostaria muito de me juntar a vocês.

— Então, venha comigo. — Rouxinol disse com um sorriso — Eu levarei você para casa.

Neste momento, o sol já estava atrás das montanhas, deixando apenas uma luz fraca para trás. Carregando Ling que ainda estava adormecida, Lucia seguiu lentamente atrás de Rouxinol.

— Quando foi que você despertou? — Rouxinol perguntou.

— Despertou? — Lucia perguntou.

— Sim, é o momento em que você se transforma em uma bruxa. — Rouxinol explicou — A partir desse momento, seu corpo continuará a reunir poder mágico, e por isso, chamamos essa transformação de “Despertar”.

— Hum… eu acho… que foi mais ou menos há dois anos. — Lucia tentava se lembrar — A magia não é o poder do diabo?

— Não, isso é somente uma história inventada pela Igreja. — Rouxinol disse enquanto balançava a cabeça — A magia é uma bênção dada pelos céus, não tem nada a ver com o bem ou o mal. Tanto, que a tortura do diabo é apenas a dor experimentada quando a magia dentro do seu corpo se torna muito abundante. Isso pode ser facilmente evitado com a prática.

— Eu não preciso suportar essa dor? — Os olhos de Lucia brilharam.

— Não, não precisa. Se a Igreja não tivesse oprimido as bruxas, não precisaríamos suportar essa dor. — Rouxinol disse enquanto piscava — Mas aqui nós somos livres para praticar nossas habilidades todos os dias. E esta garotinha linda, é a sua irmã? Você tem mais algum parente?

— Não, todos morreram, apenas Ling e eu conseguimos escapar. — Lucia ficou em silêncio por um momento antes de continuar — Um grupo de pessoas atacaram Valência, queimando, saqueando e matando em todos os lugares. Para resistir a eles, meu pai… ele foi perfurado diversas vezes no peito, então minha mãe nos fez fugir rapidamente. No fim, ela também, também…

Guardando tamanho sofrimento em seu coração por tanto tempo, Lucia não conseguia mais continuar falando. Todo o sofrimento, a fome, a sede, o medo e as queixas, em suma, toda a injustiça que ela teve de suportar ao longo do caminho, de repente explodiu.

Pensando em sua irmã, ela se segurou todos os dias permanecendo forte, mas agora, parecia que as defesas que ela havia construído em torno de seu coração já não conseguiam mais ficar de pé, e seus pensamentos se tornaram um caos. Rapidamente, todos os seus sentimentos afloraram e ela chorou alto. Ela sabia que não era um bom momento para isso, pois durante seu primeiro encontro com as bruxas, ela deveria manter a compostura, mas as lágrimas eram como uma tempestade interminável, e os soluços eram como trovões incessáveis.

Ela vai me odiar por isso, certo? — Lucia podia sentir como suas lágrimas e ranho se misturavam, enquanto um sabor salgado começava a invadir sua boca. No entanto, para a surpresa de Lucia, um par de braços de repente a envolveu, dando a ela um caloroso abraço e acariciando gentilmente a parte de trás de sua cabeça. Rouxinol não se ofendeu por causa da sujeira e das lágrimas em seu rosto. Em vez disso, ela disse suavemente:

— Chore, pode chorar criança, deixe sair.

Quando Lucia finalmente conseguiu se acalmar, ela levantou a cabeça apenas para ver que os ombros de Rouxinol estavam encharcados com suas lágrimas.

— Desculpe… — Ela corou.

— Tudo bem, isso não importa mais. Você está melhor agora? — Então Rouxinol tirou um lenço e ajudou Lucia a limpar o rosto, enquanto pegava Ling com um braço e segurava a mão de Lucia com o outro — Vamos, ainda têm muitas irmãs esperando por você.

Lucia pensou que a residência das bruxas seria como um pequeno armazém ou porão abandonado, ela nunca esperava que Rouxinol a levasse para a área do castelo. Afinal, este não era o território privado do Lorde? Mais surpreendente que isso, foi que os guardas as cumprimentariam ao invés de simplesmente pará-las.

Será que toda a vila está sob o controle da Associação? — Lucia pensou.

Chegando ao terceiro andar do castelo, ela entrou em um quarto bastante iluminado, apenas para descobrir que o homem sentado do outro lado era, surpreendentemente, o Lorde que, há instantes, havia recebido as aclamações do povo.

— Este é o líder da União das Bruxas, Sua Alteza, Lorde Roland Wimbledon. Ele acolheu as sobreviventes da Associação Cooperativa das Bruxas, e também permitiu espalhar a mensagem para outras cidades, na esperança de atrair mais irmãs sem-teto. — Rouxinol apresentou o Príncipe — Ele transformou Vila Fronteiriça em um lar para nós. Você não precisa duvidar disso, afinal, as pessoas que trataram sua irmã e todos os outros doentes a bordo, fomos nós, as bruxas.

A mente de Lucia ficou em branco, pois ela jamais poderia prever uma situação igual a essa. Por que um nobre daria um lar para as bruxas, ao invés de simplesmente vendê-las como escravas? Quando seus pensamentos voltaram a si, ela começou a entrar em pânico e curvou-se de forma desengonçada. Sua estranha postura estava tão fora de forma, que Rouxinol não conseguiu suprimir sua risada:

— Não se preocupe com isso, Sua Alteza não se importa com a etiqueta dos nobres.

— Você veio da Região Leste? — A voz do Lorde era calma e relaxada, dando a impressão de que Lucia estava em uma conversa amigável, não em um interrogatório.

Lucia olhou para Roland, observando-o sentar calmamente em uma cadeira próxima enquanto revelava um olhar cheio de curiosidade.

— Sim.

Com o aprofundar da conversa e com as explicações de Rouxinol, Lucia finalmente começou a relaxar. Mesmo que sua contraparte fosse um nobre, ele não demonstrou uma atitude agressiva, mas sim o cuidado de um ancião.

— Então, como o seu despertar ocorreu há dois anos, você não deve ser uma adulta ainda… — Roland perguntou com interesse — Mas me diga, o que você é capaz de fazer?

— Consigo fazer com que as coisas retornem à sua forma original. — Lucia disse com hesitação — Mas não funciona em todas as coisas.

— Sua forma original? — Roland tocou seu queixo, pensativo, e então, colocou uma xícara em cima da mesa — Você pode demonstrar isso para mim?

— Eu vou acabar destruindo a xícara.

— Tudo bem, não precisa se preocupar.

Lucia assentiu, foi até a mesa e colocou a mão sobre a xícara.

Depois de um curto período de tempo, a xícara começou a encolher e a deformar, transformando-se finalmente em três substâncias distintas: a da esquerda parecia um conjunto de óleo, escuro e viscoso; a do meio parecia ser um pequeno conjunto de pó preto fino; enquanto que a substância da direita parecia ser água limpa, que lentamente escorria pela borda da mesa.

 


 

Tradução: JZanin

Revisão: Kabum

 

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