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Liberte Aquela Bruxa – Vol. 03 – Cap. 105 – Marcha Militar

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Eco estava sentada no ponto mais alto do castelo, no telhado da torre de vigia, de onde podia ignorar toda a vila.

Ela só conseguia alcançar o topo graças a Raio que levava ela em suas costas. Agora ela tinha que ficar aqui até o pôr-do-sol, e só então a menina voltaria e a levaria de volta. Neste momento, Raio já deveria estar a caminho de Forte Cancioneiro.

O tempo estava muito bom hoje, o sol brilhava intensamente, e olhando o rio de longe com a luz do sol sobre ele, dava a impressão de que todo o rio era feito de cetim, fluindo lentamente para o oeste e dividindo as folhas verdes de um lado e a paisagem nevada do outro. Deitada confortavelmente sob sol, Eco sentiu como se todo o seu corpo estivesse abraçado calorosamente por ele. Era completamente diferente da sua vida pregressa no Extremo Sul, onde a luz solar abrasadora era tão agressiva que facilmente machucava sua pele.

Até mesmo o vento não é o mesmo — Eco pensou —, durante a minha vida já senti alguns tipos diferentes de vento. A brisa do mar ligeiramente salgada no porto de Água Clara, enquanto na Cidade Real de Castelo Cinza eu sentia o vento das monções quentes e úmidas. Durante a minha viagem através da Cordilheira Intransponível fomos acompanhadas constantemente pelo vento gélido do Norte. E agora, aqui em Vila Fronteiriça, a brisa leve tem um aroma terrestre. Não importa o quê, o vento aqui é puro e independente. Já na Cidade da Areia de Ferro, ou era tão quente que não havia vento, ou tínhamos tempestades terríveis. O vento tornava-se visível e a tempestade se misturava com pedras e cascalho. De longe parecia um monstro preto gigante. Toda vez que o vento subia, eu tinha que me esconder dentro de uma casa ou de qualquer outro lugar que não estivesse a céu aberto. Não havia nada que pudesse parar o vento.

Eco deixou o tom gentil de lado, pensando em como ela queria se vingar, ao se lembrar de seu passado. Foi há quase quatro anos que ela deixou a Cidade da Areia de Ferro. Seu Clã Bravareia, infelizmente foi derrotado durante uma luta pelo poder. Seu pai foi morto pelo inimigo, mesmo depois de ter se rendido. Eco, que testemunhou tudo isso, queria correr até o inimigo e mata-lo com suas próprias mãos, mas naquele momento, ela foi pega desprevenida por trás.

Ela não sabia quantos membros de seu Clã ainda estavam vivos depois desses quatro anos.

Antes de ser vendida como escrava para o Porto de Água Clara, ela ouviu que seu Clã Bravareia havia violado os acordos do duelo sagrado, e que agora eram rejeitados pelos Três Deuses. Seu Clã foi então exilado para o Cabo Sem-fim, e foram proibidos de voltar à Cidade da Areia de Ferro para sempre.

Mas Eco sabia que tudo isso foi uma conspiração do Clã Chicote de Ferro, que tinham mergulhado os seus chicotes no óleo negro e enquanto o óleo estivesse queimando, a água não conseguia apagá-lo. Foi esse truque que pegou seu irmão, o guerreiro mais forte do Clã, de surpresa no duelo, de modo que ele foi queimado vivo, levando toda a sua equipe ao caos.

No Cabo Sem-fim, a única coisa além da areia quente eram os incêndios que sempre queimavam a Mãe Terra, que era ainda mais maníaco do que seu irmão, o Imperador do Mar. Desta feita, o destino das pessoas de seu Clã estava traçado, pois para onde quer que fossem eles virariam ossos. Mas no fim das contas, seu destino como escrava foi ainda mais miserável.

Quando Eco despertou seu poder, ela sabia que tinha se tornado uma bruxa. Naturalmente, pensou em se vingar, mas, no final, sua habilidade era inútil, ela só conseguia emitir sons. Não importava o quanto ela implorasse aos deuses, eles nunca ouviram suas orações.

Seis meses depois, quando ela estava morando no porto de Água Clara, ela chegou a um entendimento. A crença de que seu povo era amado pelos três Deuses era, na verdade, apenas uma mentira auto imposta. Sob a jurisdição da Igreja, as bruxas estavam sendo caçadas dentro dos quatro Reinos. A partir desse dia, Eco desistiu completamente da esperança de um dia se vingar.

Neste momento, de repente, uma onda de fumaça subia à distância. Ela olhou para a margem leste do Rio Vermelho e viu várias luzes de chamas verdes passarem pelas árvores. A fumaça negra das árvores ardentes se misturava com o vapor da neve derretida formando uma pluma cinza no céu.

Era a chama verde de Anna.

Quando elas chegaram pela primeira vez em Vila Fronteiriça, Wendy havia informado as irmãs sobre Anna e Nana. Quando Eco ouviu falar sobre a habilidade de Anna, ela ficou com muita inveja.

Anna conseguia manipular livremente as chamas, podendo atingir a temperatura suficientemente quente para derreter até mesmo espadas… se ela possuísse uma habilidade tão poderosa assim quando ainda morava na Cidade da Areia de Ferro, as pessoas do Clã Chicote de Ferro jamais poderiam machucá-la.

Eco balançou a cabeça, pois pensamentos como estes eram totalmente desnecessários. Provavelmente, seu povo já havia se transformado em cinzas. Como ela ainda estava viva, ela poderia dizer que era sortuda. Uma vez que Sua Alteza Real estava disposto a aceitá-la, ela deveria cumprir as ordens dadas por Sua Alteza Real.

Ela limpou a garganta e começou a cantarolar uma música de acordo com as exigências do Príncipe.

Era uma canção alegre, o Príncipe tinha apenas assoviado a melodia uma vez, mas ela se lembrou completamente de toda a cantiga.

A música não era novidade para Eco. Como uma escrava superior, ela precisava aprender diversas coisas. Por exemplo, ela precisava dominar certas habilidades como dançar de forma sensual ou falar de forma sedutora. Mas a música que Sua Alteza ensinou era completamente diferente … estava cheia de ritmo, cheia de uma energia poderosa. Especialmente quando Roland pediu que ela simulasse o som de uma flauta, em que cada nota era como uma pulsação, e as pessoas que ouviam acabavam tendo um ímpeto de querer dançar.

A dificuldade estava em tocar vários instrumentos ao mesmo tempo, pois logo após as flautas, Eco também precisaria adicionar tambores e instrumentos de corda. Então, ela precisava simular três tipos diferentes de sons ao mesmo tempo, que se sobrepunham. Ela jamais tinha feito algo assim antes. Anteriormente, ela nem mesmo acreditava que uma música pudesse ser tocada dessa maneira!

No início, era difícil para Eco cantar o som dos tambores sem atrapalhar o ritmo das flautas, então Roland deu a dica para tocar a batida com as mãos ou os pés, e só depois, gradualmente, começar a fundir os dois sons juntos.

Depois de alguns dias de prática, Eco gradualmente dominou esse tipo de música.

Depois de tocá-la por várias vezes, ela ficou confiante para finalmente adicionar os instrumentos de cordas.

Quando Eco tocou a nova melodia pela primeira vez, ela teve que trocar as notas novamente um pouco. Se o som da flauta alegre fosse o tronco, os tambores aquecidos eram os ossos, e as últimas cordas aparentemente adornadas, eram a alma. Ela aumentou a batida, uma e outra vez até que, finalmente, os três instrumentos foram totalmente integrados. O som estava ficando cada vez mais alto até que ela não conseguia mais parar de cantar.

— Meu poder de ataque é mais alto do que o seu, então eu ganhei!

Roland colocou sua última carta sobre a mesa e Soraya, que estava sentada de frente para ele, cobriu o rosto e disse com uma voz baixa.

— Mais uma rodada! — Ela pensou por um momento, embaralhou as cartas e disse — Deixe que eu escolho as cartas do senhor dessa vez.

— Bem — O Príncipe tossiu —, já está ficando tarde e eu ainda tenho várias coisas para fazer. Tente jogar com outra pessoa.

Depois de colocar uma base de diferentes cartas, o próximo passo foi copiar as cartas já inventadas. Com o modelo na frente dela, a velocidade com que Soraya pintava era comparável a uma impressora. Logo, Roland pegou várias cópias das mesmas unidades.

Então, naturalmente, Soraya tornou-se seu primeiro oponente.

Depois de explicar as regras para ela, a primeira rodada de Gwent foi iniciada. Durante as rodadas seguintes, ele rapidamente descobriu que o processo de pensamento das bruxas era completamente diferente das pessoas comuns. Soraya descobriu rapidamente as táticas e o jeito de jogar Gwent. Depois de jogar várias rodadas, Roland ainda conseguiu vencer, mas ele só venceu porque tinha várias cartas especiais. Quando Soraya pediu para Roland se ela podia criar suas próprias cartas especiais, ele rejeitou vergonhosamente.

— Tudo bem. — Soraya disse.

Então ela pegou todas as cartas e correu em direção à porta. Neste momento, uma melodia alegre adentrou as janelas que estavam abertas. Ao ouvir a melodia, Soraya parou e virou-se, correndo até janela para observar os arredores.

— Isso é a Eco?

— Bem, parece que ela dominou completamente a música. — Roland recostou-se na cadeira e admirou a música familiar.

O Primeiro Exército de Vila Fronteiriça entraria em breve na primeira etapa de uma manobra mais abrangente. Comparado com o treinamento de atirar enquanto estavam na muralha, o próximo movimento do exército seria realizado na natureza. Ao mesmo tempo em que se moveriam pela natureza, eles precisariam manter sua formação, sempre formando uma linha de tiro.

Para que os soldados marchassem no mesmo ritmo, Roland precisava empregar um ritmo e um slogan. Mas agora com Eco, ele poderia simular vários instrumentos ao mesmo tempo. Então, Roland precisava estudar as cantigas de guerra em inglês que ele sabia, para implementar os vários tipos de marchas famosas.

Em comparação com os tambores simples, as marchas controlavam a velocidade de deslocamento dos soldados e também elevavam a moral de todo o exército. Claro, a marcha mais famosa que Roland conhecia era a ‘Marcha Granadeiros Britânicos’[1], mas Roland só conhecia seu nome e melodia e não toda a letra.

Entretanto, isso não era um problema para ele, pois conhecendo a melodia desta marcha militar, Roland só precisava reorganizar suas frases.

Em seu antigo mundo, durante a Guerra da Resistência[2], contavam que  a música podia ser ouvida por toda a nação, do norte ao sul do Rio Yangtzé. E quase todos estavam familiarizados com sua melodia, afinal, era a famosa Canção da Guerrilha[3].

Quando Soraya virou a cabeça na direção do Príncipe, ela ouviu o Príncipe acompanhando a música cantando suavemente. Ele cantou em um idioma que ela nunca tinha ouvido antes, mas ainda assim, a melodia e a letra se encaixavam perfeitamente.

Somos todos os atiradores,

Cada bala mata um inimigo.

Somos todos soldados com asas,

Sem medo de montanhas altas ou águas profundas.

Nas florestas densas,

Nossos companheiros estabeleceram seus acampamentos.

Nas montanhas altas,

Nossos inúmeros irmãos trial.

[1] Muitos de nós quando crianças aprendemos na escola uma ou outra marcha militar no dia do soldado. Esta, especificamente, pode ser conferida aqui.

[2] A Guerra da Resistência contra o Japão é conhecida aqui no Brasil como Segunda Guerra Sino-Japonesa.

[3] Caso você tenha interesse em conhecer o ritmo, esse vídeo mostra a Canção da Guerrilha.

 


 

Tradução: JZanin

Revisão: Kabum

 

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