— Irmã Anna?
Quando Nana ouviu alguns passos barulhentos vindos da escada, ela correu para a porta e deu uma olhada rápida, mas logo ficou desapontada ao perceber que a pessoa que estava vindo era Sua Alteza Real, o Príncipe.
— Anna ainda deve estar trabalhando, mas ela provavelmente vai passar por aqui mais tarde. — Roland disse quando chegou ao lado de Nana.
— Trabalhando? — Nana recentemente ouvia muitas vezes esta palavra sair da boca do Príncipe — Quer dizer que ela está queimando aquela lama de pó cinzento?
— Por agora, sim.
Nana fez um beicinho voltando para a mesa. — Eu também tenho um emprego — ela pensou —, meu trabalho é ficar aqui e esperar para tratar os soldados que ficarem feridos enquanto defendem a vila.
Roland perguntou com um sorriso gentil.
— E como você está? Você se sente entediada quando Anna não está aqui? — Roland pegou uma cadeira para se sentar junto à lareira.
— Bem — Nana olhou para baixo. Não é que ela não queira tratar os feridos, mas… a visão das lesões era tão horrível.
Ela ainda se lembrava quando teve que curar Brian. Foi a primeira vez que ela curou um ser humano. O homem estava todo coberto de sangue, parecia que tinha tomado um banho de sangue. Um coágulo de sangue de cor castanho-avermelhado tinha solidificado na boca do estômago. A boca dele parecia um peixe seco, enquanto do corpo dele saia sangue e uns fluidos brancos. Ao ver isso… Nana desmaiou.
Foi absolutamente vergonhoso.
Nana levantou a cabeça para secretamente olhar para Roland. Ela viu que ele se recostou na cadeira e estava roncando. O Príncipe parecia estar cansado, ela pensou. Seu trabalho era construir a muralha, treinar os soldados e defender a vila da invasão das bestas demoníacas.
Quando ele veio solicitar sua ajuda, embora ela primeiramente tenha hesitado por um longo tempo, no final das contas ela acabou aceitando.
— Às vezes você vai encontrar situações ou coisas que vão fazer você ter a vontade de viver, mesmo que você precise lutar muito para sobreviver
Nana não entendeu o que isso significava, mas quando ela fechava os olhos, Anna sempre aparecia dentro de sua mente, com seu par de olhos azuis brilhantes como um lago cristalino, lentamente ao seu redor. Esta era a razão pela qual ela concordou com o pedido de Roland.
Ela queria ser tão forte quanto sua irmã Anna.
De repente, ela ouviu passos no andar de baixo novamente. Nana imediatamente pulou da cadeira. Ela queria ir até a porta para ver se era Anna desta vez, mas de repente ela foi interrompida por uma mão invisível.
— Espere um minuto, há mais de uma pessoa.
Nana pôs a mão no peito mostrando que estava insatisfeita.
— Você me assustou, irmã Rouxinol.
Logo a porta se abriu e desta vez foi Brian, que estava ali de guarda, que entrou.
— Senhorita Pinheiro, por favor, venha até aqui em baixo. Você tem um paciente que se queimou.
Este era um trabalho para ela, certo?
Nana respirou fundo.
— Já vou descer.
Ela desceu as escadas, enquanto dois guardas estavam ocupados transportando uma pessoa inconsciente para uma cama. De pé ao lado da cama estava um homem baixo com um rosto cheio de ansiedade. Brian foi até o paciente e amarrou bem as mãos e os pés do paciente na cama. Quando ele terminou de amarrar, fechou algumas cortinas que já estavam preparadas, deixando um bom espaço ao redor da cama e, em seguida, levou o homem baixinho para fora da sala.
Quando Roland desceu, ele perguntou enquanto esfregava os olhos.
— O que aconteceu?
— Vossa alteza, a mina da encosta norte enviou uma pessoa gravemente ferida, parece que ele foi escaldado.
O Príncipe olhou para o ferido.
— Ele foi queimado pelo motor a vapor, certo? Houve um problema com o motor? Quem trouxe ele aqui?
— Ele está no salão. — Brian apontou para a direção da porta.
— Eu vou interrogá-lo, preciso que você fique aqui. — Quando terminou de falar, Roland caminhou para o salão.
Nana lentamente ficou perto do homem ferido, mas olhou para ele apenas de soslaio. Quando ela viu seu rosto, percebeu que suas características faciais tinham se transformado em uma pasta, formando uma bola redonda. O que deveria ser uma pele vermelha estava desidratada e desumanamente branca, como se um pano velho estivesse em seu rosto. O seu pescoço tinha bolhas grandes como pequenos ovos, alguns deles até tinham estourados, e o muco estava escorrendo para fora das bolhas misturados com o sangue no travesseiro. Na luz bruxuleante do fogo, sua aparência era mais horrível do que o diabo em seus pesadelos.
Ela deu dois passos para trás e fechou os olhos. Quando os abriu novamente, ela viu seu pai a observando, cheio de preocupação.
— Você está bem?
Nana assentiu, pensando nas palavras de Roland — Você só precisa tratar os feridos da mesma forma que trata os animaizinhos. — Ela mais uma vez foi até a cama e estendeu as mãos.
Uma sensação incrível surgiu dentro de seu corpo que se reuniu na palma de sua mão. Ela viu um raio de luz ser emitido a partir do líquido verde fluorescente que flui para fora de suas mãos enquanto caía no rosto ferido. Para ela, esta luz fluorescente era óbvia, mas para outros parecia ser invisível. Em seguida, as feridas começaram a mudar. A pele queimada estava constantemente sendo expurgada enquanto a nova pele começava a surgir a uma velocidade visível.
Os gemidos de dor do ferido diminuíram gradualmente até que parou, e sua respiração aliviou. Parecia que ele só caiu em um sono profundo.
Nana suspirou aliviada. Desta vez, seu próprio desempenho foi certamente melhor do que da última vez. Ela pensou — eu devo ter progredido bastante no meu treinamento, não é?
— Meu Deus, é isso o que Sua Alteza queria dizer quando falou de sua capacidade de cura? Esta é a primeira vez que eu vejo você fazer isso. — Sir Pinheiro disse. Ele então exclamou: — Minha querida, você é incrível!
— É o poder dos deuses. — Brian disse, no mesmo tom de admiração — E também foi a senhorita Nana quem me curou quando eu estava gravemente ferido, eu realmente devo muito a você.
— Ai meu deus, seu bobo. — Nana pensou enquanto cobria o rosto por causa da vergonha. — Você não sabe que irmã Rouxinol me ajudou a fugir tarde da noite para curá-lo?
— Quando isso aconteceu? — Sir Pinheiro perguntou, cheio de admiração — E por que é que eu não estou sabendo disso?
— Oh… seus poderes não têm nada a ver com Deus, pertencem às próprias bruxas. — Roland abriu a cortina e entrou, tossiu uma vez e mudou de assunto — Como está o ferido?
— Ele, basicamente, está são e salvo. — Brian disse entusiasmado — É como se ele nunca estivesse ferido! Vossa Alteza, com a ajuda da senhorita Nana, durante os Meses dos Demônios, todo mundo que estiver lutando tem uma chance de sobreviver!
— Se eles não morrerem no local, não haverá problema em salvar suas vidas. — O Príncipe confirmou, indicando a Brian que ele deveria parar de falar, já que o ferido acordou — Seu nome é Tito, certo?
O homem chamado Tito estava completamente confuso e perguntou:
— O que… o que aconteceu? Estou sonhando?
— Não, você não está sonhando — Roland disse —, você ainda está vivo.
— Você é… eu vi Vossa Alteza na praça! — O homem de repente acordou como se tivesse sido atingido por um raio, saltou da cama e caiu de joelhos — Vossa Alteza Real, foi o senhor quem me salvou?
— Foi a filha da Família Pinheiro que salvou você. Ela é uma bruxa e tem a habilidade de curar.
A mente de Nana congelou naquele instante. Ele disse diretamente que ela era uma bruxa. Ela estaria bem? Como esperado, o olhar de Tito mudou imediatamente.
— Uma… uma bruxa? Vossa Alteza, elas não são do diabo …
— Não fale um absurdo desses! — Quando o Sir Pinheiro ouviu tais palavras sobre sua filha, ele com raiva gritou — Minha filha não tem nada a ver com o diabo e ela ainda salvou sua vida, homem! Você acha que o diabo iria chegar até você com uma mão amiga?
— Não, não! Por favor, me perdoe por ser rude. — Tito baixou sua cabeça imediatamente em uma profunda reverência — Obrigado por salvar minha vida, senhorita Pinheiro.
Nana de repente sentiu um desconforto inexplicável. Se ela pudesse, ela iria correr imediatamente para fora da sala, mas uma voz em sua mente repetidamente a lembrava — Seja forte.
Mais tarde, quando Tito foi mandado embora, o Sir Pinheiro, que estava bastante preocupado, disse:
— Será que isto vai ser realmente bom, Vossa Alteza? Desta forma, eu receio que… receio que minha filha não vai mais ser capaz de levar uma vida normal.
— Você tem que pensar pelo lado positivo, Sir Pinheiro. — Roland o confortou — Nós temos que tirar proveito nesse tipo de situação, de modo que será capaz de quebrar este impasse. Com isso, Nana vai poder ser verdadeiramente livre no futuro. Caso contrário, nos anos seguintes, ela um dia será exposta. Se isso acontecer, eu receio que ela só poderia ter uma vida de reclusão.
Verdadeiramente livre? — Nana não sabia o que isso significava, porque agora mesmo ela se sentia muito livre.
Mas Sua Alteza disse que quando elas conseguirem ser verdadeiramente livres, até a irmã Anna poderia sair do castelo quando quisesse. Talvez elas pudessem até mesmo voltar para o colégio do professor Karl, não é?
Tradução: JZanin
Revisão: Kabum
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