Labaredas carmesins erguiam-se violentamente sobre a capital… Pessoas, com suas vozes cheias de ódio, gritavam e gritavam e gritavam. E então, sua própria cabeça rolando pelo chão…
— Hyaaaaaaaaaaaaaaaaaah!
Mia pulou da cama com um grito ao se encontrar encharcada em suor numa cama da enfermaria da escola. Fazia tempo desde que sonhou com sua própria execução, e o horrível toque da morte ainda persistia. As roupas úmidas grudaram desconfortavelmente em sua pele, e desesperadamente ansiava por um banho. Agora, no entanto, não era o momento. Chamou Anna, que a observava com um olhar de profunda preocupação, e imediatamente deu-lhe um conjunto de instruções para seguir.
A primeira ação de Mia foi de forçosamente enviar de volta ao Império os quatro atendentes que participaram diretamente do incidente. Imediatamente, seus respectivos estudantes contestaram e ela apenas lhes deu um olhar severo.
É isso. É pegar ou largar.
Mia entendeu completamente sua situação. Um passo errado e estaria pisando em ovos. Após levantar e enviar Anna, imediatamente pegou o diário sangrento que trouxera. Após algumas páginas, descobriu que havia, de fato, menção ao incidente do aprisionamento de Tiona. Ela não fazia ideia do que se tratava quando escreveu, nunca lhe passou pela cabeça o tanto que havia por trás das cenas.
Isso não era algo que poderia ignorar. Reter a punição quase que certamente irritaria Rafina, e nem o Príncipe Sion e nem Tiona pensariam bem sobre ela. Portanto, precisava denunciar abertamente os culpados e discipliná-los por suas ações. O problema eram seus mestres. Enquanto negavam o envolvimento, ela sabia que nenhum deles era verdadeiramente inocente. Na sua opinião, no mínimo acabaria com seus dedinhos em algum lugar, se não a mão toda. Uma questão, porém, tornava impossível dar certeza se estavam pessoalmente envolvidos.
Normalmente, se os atendentes fossem plebeus, sem chance que iriam sequestrar e confinar uma garota nobre sem ordens diretas. O problema era que todos os atendentes envolvidos eram nobres. Nenhum deles era o herdeiro de suas casas, mas cresceram no centro da nobreza, com os elogios e o respeito de seus iguais. Se há algo que ganharam de suas educações como nobres, foi uma generosa quantidade de orgulho.
Acho que entendi um pouco, julgando o fato de que todos carregavam pelo menos alguma coisa com o Brasão Imperial.
Em sua honestidade, a coisa que Mia mais gostaria era de gritar em suas caras algo como “se vai fazer alguma besteira, pelo menos esconda os malditos brasões!”, dessa forma, pelo menos as pessoas não saberiam de onde vieram…
De qualquer maneira, eles, e seus egos, provavelmente não podiam conviver com o fato de que uma “nobre do interior”, como Tiona, seria recebida na festa e eles não. Diferente de seus mestres, os atendentes na verdade tinham um motivo.
— Vossa Alteza, achamos muito difícil aceitar algo assim. Nossos atendentes… eles apenas trancaram uma nobre do interior por um tempinho…
Seus protestos refletiam as crenças da nobreza de Tearmoon. A tirania das casas centrais era direcionada não apenas aos plebeus, mas também aos nobres das áreas remotas.
Estão plantando as sementes de um ódio profundo, e ainda não fazem ideia disso.
Mia os observava não com raiva, mas com condolência. Sentia pena deles, porque assim como eles, havia sido ignorante até se encontrar em uma masmorra. Era o tipo de coisa que ela nunca teria percebido sem atingir o fundo do poço, e ainda assim, quando percebeu já era tarde demais…
Plantar a semente do ódio significa colher seus frutos, eu poderia ensiná-los… Mia suspirou e balançou sua cabeça. Mas posso dizer que isso apenas entraria por um ouvido e sairia pelo outro.
— Eu sei… posso entender o que querem dizer. De fato, isso poderia até ser verdade… se estivéssemos em Tearmoon.
— Huh?
— Vocês precisam considerar quem tem autoridade sob essa academia. Quem… é o seu governante?
Mia tinha um plano. Se fosse julgá-los com seus próprios valores, sentiriam um grande rancor contra ela. Para evitar isso, colocaria a responsabilidade em outra pessoa. E tinha alguém melhor para culpar do que a figura dominante da academia, Rafina Orca Belluga?
— Senhorita Rafina é uma pessoa do mais nobre caráter. Vocês pensam que ela toleraria essa bandidagem diante de uma de suas preciosas estudantes? — ela tomou uma pausa e fechou seus olhos. — E devo admitir, também não gostei de suas atitudes. Se juntando contra os fracos para os intimidar… não há nada de nobre nesse comportamento.
Uma parte dela estava sendo honesta. Sabia o que era ser atacada e intimidada. Tendo experienciado isso pelas mãos do exército revolucionário, não poderia mais suportar o pensamento de fazer o mesmo com os outros. A violência machuca o corpo; e o escárnio, o coração. Ambos são terríveis e ela não desejaria o mesmo a ninguém, principalmente a si mesma.
— Normalmente, eu solicitaria que todos vocês também tomassem responsabilidade pelo incidente, perdendo seus status como estudantes. No entanto, acredito que tal tratamento seria exageradamente cruel.
— Vossa Alteza…
— Apenas dessa vez, irei pessoalmente pedir o favor da senhorita Rafina para perdoar suas ações — adicionou, deixando claro que este era um ato de bondade e que aguardava uma retribuição.
Dessa maneira, seria capaz de simultaneamente puní-los enquanto também ficavam em dívida com ela.
Realmente espero que, com isso, as coisas se acalmem e todos sigam em frente.
Independentemente de se sentir cansada pela parla, Mia se arrastou para fora do quarto e solicitou uma audiência com Rafina.
Tradução: Sincronize
Revisão: Matface
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