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Império Tearmoon – Vol. 01 – Cap. 37 – Uma Empregada Por Trás das Cenas

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Agora, vamos voltar o relógio um pouco.

—  Anne, estenda sua mão, disse Mia.

Ela tinha acabado de trocar seu vestido. Enquanto se preparava para ir à festa, virou-se para Anne e pressionou uma moeda de ouro Bellugiano contra a palma de sua mão.

— Use-a como quiser — disse ela.

No geral, Mia era bem econômica, preferindo economizar tanto quanto fosse possível. Afinal, a extravagância poderia rapidamente condená-la à sua perdição. Acima disso, uma vez lhe ocorreu que tudo que comprava acabava nas mãos do exército revolucionário de qualquer modo, o que a fez sentir uma diminuição significativa no desejo de fazer compras. Sua única exceção era o dinheiro que dava a sua braço direito e confidente, Anne. Suas ações na última linha do tempo diziam por si mesmas, mas mesmo agora, ela deixou sua família para seguir Mia até aqui. Era a intenção de Mia recompensar sua leal empregada de toda forma que conseguisse.

— Considere-se dispensada enquanto estou na festa. Pode ir à cidade, ou ficar no dormitório. Sinta-se livre para fazer o que quiser.

Faziam apenas três dias desde que chegaram aqui em São Noel, mas era certamente possível que Anne estivesse começando a se sentir cansada por se ajustar ao novo ambiente. Havia quase uma energia frenética na maneira como ela agia ao ajudar Mia a se vestir. Apesar de ser apenas uma breve pausa, ela ainda teria a chance de relaxar e revigorar a si mesma. Então, ela disse à Anne o que pensava que permitiria a sua dedicada empregada se descontrair.

— Entendido, Princesa Mia. Seu desejo é minha vontade. Terei certeza de que ele será cumprido.

Em vez disso, ela recebeu uma entusiástica promessa de compromisso, deixando-a sem entender muito bem.

Desde quando se tornou a criada pessoal de Mia, a vida de Anne teve uma drástica mudança. Apesar de mandar quase todo seu salário de volta para casa, ela agora está livre de preocupações financeiras. Além do mais, com sua irmã Elise estando empregada como autora da corte da princesa, agora toda sua família conseguia sustentar um estilo de vida muito mais confortável. Por essas razões, nunca a ocorreu do dinheiro que Mia a entregava ser usado para seu lazer pessoal.

Ela o deixou comigo para decidir qual será seu uso. Preciso ter certeza de que será bem gasto!

Na sua perspectiva, foram confiados a ela tempo e dinheiro, bem como uma missão de realizar algo com eles.

O que posso fazer para ajudar a Princesa Mia?

Pensou cuidadosamente sobre essa dúvida, tentando descobrir o que era esperado vindo dela. A conclusão que chegou no final era, por mais estranha coincidência que fosse, a mesma coisa que Mia estava tentando fazer, isto é, criar conexões.

Claro, Anne não tinha uma maneira de se familiarizar com os estudantes da nobreza. No entanto, certamente poderia conhecer as pessoas que trabalhavam na academia. De cozinheiros e jardineiros até supervisores dos dormitórios, os funcionários eram todos plebeus com quem ela facilmente poderia estabelecer conexões. Os dias que gastou trabalhando no castelo a ensinaram um fato importante: um castelo não funciona sozinho. Precisava de um exército de funcionários para ajudar em suas operações diárias. Seu poder, quando colocados juntos, não era de ser subestimado.

Seja para ajudar a Princesa Mia a encontrar um amor, ou se assegurar de que ela tenha um momento confortável na escola, precisaremos de todos os tipos de conexões…

Ela segurou firme sua moeda de ouro Bellugiana e foi em direção à cidade. Para aqueles trabalhando próximos às chamas de uma cozinha, ela levou um óleo especial de cavalo para suas mãos ressecadas. Para aqueles que trabalhavam nos jardins, entregou alimentos nutritivos para manter sua estamina. De lugar a lugar, observava o trabalho das pessoas e entregava a elas coisas que mais apreciavam. Diferente dos nobres, que geralmente possuem posses excessivas, plebeus se alegram pelo menor presente que seja. Com tantas pessoas facilmente alegradas, era a oportunidade ideal, e ela se aproveitou disso. Quando terminou, tinha menos da metade do ouro que havia começado.

— Acho que isso vai servir por agora…

Enquanto passeava pela cidade, se encontrou parada em frente à uma loja de roupas.

— Uau… É tão lindo.

Seus olhos estavam vidrados em um vestido na vitrine. Tendo azul claro como seu tom base, ele possuía uma adorável sensação de inocência decorado com um padrão que lembrava um campo de flores da primavera.

— Hmm, é um belo vestido, mas acho que é um pouco grande para a Princesa Mia.

Ao olhar o preço, descobriu que era exatamente a quantia que ainda restava. Após um breve período de contemplação, finalmente decidiu deixar para lá.

Após retornar à academia, Anne soltou um breve suspiro.

— Ok, tenho mais ou menos duas horas até o fim da festa.

Ela considerou voltar ao seu quarto para uma breve pausa, mas quando passou pelo pátio, a visão de uma garota lá a interrompeu.

— Hã?

A garota continuou olhando para lá e para cá, como se estivesse freneticamente procurando por algo. Sua respiração era irregular, e ela parecia estar à beira das lágrimas. Seu cabelo prateado batia em sua cintura, e sua pele marrom-clara brilhava de saúde. Essas eram características de uma minoria étnica do Império, a Tribo Lulu.

Além disso, ela reconheceu a garota.

— Você não estava… com a senhorita Tiona?

Ela era a criada de Tiona, filha dos Rudolvons. No dia da chegada de Mia em São Noel, Anne e Mia encontraram as duas sendo intimidadas por um grupo de garotas nobres.

— Tem algo errado? — perguntou ela.

A garota virou em direção a ela com uma cara cheia de preocupação e acenou com a cabeça.

— Por favor… a Senhorita Tiona… Está em apuros… Ajude-a… Por favor… — disse ela em Continenta mal falada.

Liora Lulu nasceu na região florestal do Império onde a Tribo Lulu vivia. Ainda estava aprendendo a língua comum, Continenta. Normalmente, isso por si só a desqualificaria de ser trazida para um lugar como São Noel, não importando o quão boa empregada pudesse ser. Todavia, ela foi escolhida. Em razão de pura falta de competitividade. Os Rudolvons estavam longes de serem ricos, e enviar sua filha para São Noel já estava esticando suas finanças escassas. Sob uma política introduzida por Rafina, a filha do Duke Bellugiano, a academia abriu suas portas não somente para os altos escalões da nobreza, mas também para as famílias nobres mais pobres e menos influentes. A inscrição por si só era, portanto, uma possibilidade, mas não deviam esperar nenhum tipo de suporte monetário. Como resultado, os Rudolvons simplesmente não conseguiram sustentar os caros custos necessários para uma empregada veterana acompanhar Tiona.

Ainda havia, entretanto, uma outra razão pela qual foi escolhida.

— Liora, por favor, tome cuidado. Não se machuque.

Liora olhou para cima para descobrir que Tiona cutucou sua cabeça por fora da janela.

— Senhorita Tiona… É… Perigoso. Por favor… Não se incline tanto — disse ela antes de olhar para o chão duro. Era uma longa queda até lá embaixo. Se caísse… provavelmente não iria aguentar.

As duas estavam trancadas em um lugar conhecido como Sala de Observação das Estrelas, a qual estava no último andar da torre que foi erguida ao norte da construção da escola. Sendo o lugar mais alto dentro do terreno da academia, uma vez que a porta fosse trancada, sair era quase impossível. Apesar de terem janelas lá, seus sequestradores provavelmente imaginaram que elas não seriam loucas o suficiente para tentarem escapar por meio de uma queda livre. O que passou batido para eles, entretanto, foi a presença de Liora.

Nascida e criada na floresta, a Lulu era uma tribo de pessoas extremamente atléticas. Começavam a caçar numa idade jovem, e com habilidades como subir em árvores sendo de segunda natureza, não tinham medo de altura. Ela rapidamente deslizou pela parede e, pouco tempo depois, colocou firmemente seus pés no chão. Após ter escapado, pediu ajuda à primeira pessoa com quem havia esbarrado.

— A senhorita Tiona… Está trancada — disse para Anne, que mal estava acreditando no que estava ouvindo.

— Trancada…? O que quer dizer? Por quem? — Também pensou: “por quê?”

— Não sei… Eu escapei… Mas somente eu — disse Liora, com a frustração evidente em seu rosto. Então, olhou para Anne, com seus olhos marejados e desesperados implorando: — Por favor! Ajude a senhorita Tiona… Salve-a… Por favor!

— Tudo bem. Vou fazer o que puder para ajudar.

Para a grande surpresa de Anne, ouviu o som de sua própria voz. Ela havia pensado em hesitar, porém suas palavras saíram primeiro.

     Uau, concordei com ela sem nem pensar duas vezes…

Uma afirmação como essa sequer teria passado pela cabeça da Anne de antigamente, e ela sabia exatamente o que a fez mudar.

     A Princesa Mia confiou a mim que eu exercesse o meu julgamento. Em troca, preciso agir de uma maneira que defenda seu bom nome.

Ela pensou em sua pequena mestra: sua gentileza transbordante e seu forte senso de justiça. Fazendo isso, sentiu uma convicção crescente de que se Mia estivesse ali, teria feito o mesmo sem nem pensar duas vezes. A princesa não toleraria dúvida e não permitiria nenhuma hesitação.

De fato, sua suposição estava correta. Mia estando no lugar de Anne, certamente teria se comprometido em ajudar Tiona. Gentileza transbordante e um forte senso de justiça — por serem invenções da imaginação de Anne — eram completamente irrelevantes. O verdadeiro motivo de Mia era simples: ela era uma  . Isso era tudo.

Temendo o perigo iminente de uma guilhotina, ela não podia ignorar um apelo. Além do mais, a ideia de trair as expectativas de sua leal empregada iriam pesar muito até mesmo em sua fraca consciência. Então, não teria escolha a não ser engolir seu orgulho, cerrar seus dentes e amaldiçoar os sarcásticos caprichos do destino por ter ido ajudar sua nêmesis mortal. Naquele momento, as mentes de mestre e serva realmente viraram uma só. Seus corações, entretanto, não poderiam estar mais distantes.

Guiada por Liora, Anne chegou à construção da escola. Sob o véu da noite, o interior da academia era um lugar quieto, vasto e vazio. Com a ausência das aulas, alguns estudantes escolheram permanecer nos corredores. Hoje à noite, estava especialmente deserto, já que os estudantes estavam todos na festa, e seus funcionários estavam ou esperando em seus quartos ou, como Anne, dando uma volta pela cidade. Os lugares abandonados da escola se tornaram o local perfeito para criarem um plano maléfico.

Mais e mais elas subiram a escada em espiral da torre do norte, eventualmente chegando em um corredor estreito. Estava escuro e Anne mal conseguiu ver a sombra de alguma coisa se movendo no final do corredor.

— O que é…

— Shh! Cui… dado. São… Guardas.

— Guardas…?

Quando seus olhos se acostumaram com a escuridão, ela os enxergou claramente. Dois homens de pé em frente à entrada da Sala de Observação das Estrelas. Elas estavam muito longe para verem seus rostos, mas suas grandes estruturas sugeriram que um confronto direto seria insensato. Ela ouviu que alguns funcionários eram lutadores especialmente treinados para protegerem seus mestres, e ela poderia ter ido direto para dois deles.

— O que devemos fazer…

Infelizmente, Anne não sabia artes marciais. Socar e chutar para passar por aqueles dois homens era definitivamente desaconselhável. Mesmo se eles não fossem lutadores treinados, ela ainda assim não teria chances. Tendo violência fora de questão, restava a diplomacia, que sob essas circunstâncias também parecia uma opção bastante duvidosa.

— O que devemos fazer… O que devemos fazer… — murmurou Anne, com seu tom de voz ficando mais ansioso a cada momento que passava. Então, de repente, uma voz apareceu atrás dela.

— Ora, ora, o que temos aqui? Posso ajudá-las, senhoras?

Ambas Liora e Anne viraram para trás e encontraram um homem de pé atrás delas.

— Problemas, eu suponho? — perguntou ele, olhando por seus ombros.

— Você é…

— Eu te vi com… o Príncipe Sion.

— Você é… Keithwood, certo?

Ele olhou para elas com um sorriso amigável.

— Estou honrado de saber que você se lembrou, senhorita Anne. Espero que Vossa Alteza também? — disse ele antes de sorrir para Liora.

— E sua amiga também é deste Império?

— Ah, sim… Hum… Ela é a empregada da filha do Conde da Terra de Rudolvon. Seu nome é…

— Liora lulu. Por favor… Ajude a senhorita Tiona!

Após ser informado da situação, Keithwood cruzou seus braços e disse suavemente,

— Duas de fora, hã. Quantas estão dentro?

— Eu não sei… Mas nós fomos… Trancadas lá dentro… Por quatro pessoas… Homens e mulheres.

— O que quer dizer que ou eles perceberam que vocês escaparam e estão vigiando por dentro também, ou mantiveram esses dois caras vigiando a porta e os outros dois foram para um outro lugar. De qualquer jeito, o milorde me queimaria vivo se ouvisse dizer que deixei duas donzelas angustiadas tomando conta disso sozinhas. Contem comigo, senhoritas.

— Sério? Graças a Deus… E muito obrigada!

— Mas o que você vai fazer? — perguntou Anne, imaginando se Keithwood tinha um plano em mente. Talvez ele fosse se esgueirar e depois… fazer algo sorrateiramente e…

— O que vamos fazer? Simples. Iremos salvar a boa senhorita das garras do mal. Isso é tudo — respondeu Keithwood. Seu tom era casual como sempre, mas agora seu sorriso mostrava os dentes.

O restante aconteceu em um borrão, e somente depois de tudo ter acabado, Anne lembrou de colocar sua mão sobre sua boca aberta.

Keithwood avançou em direção aos guardas, com seus passos estranhamente silenciosos. Usando esse impulso, direcionou seu joelho para o estômago de um dos guardas. O homem se contorceu. Depois, segurou o braço do segundo guarda, ainda congelado pelo choque, e o lançou contra o chão. Num piscar de olhos, a luta havia acabado.

— Hum… Todos os funcionários homens conseguem… fazer coisas como essa? — perguntou Anne, incrédula.

— Hah! Vamos dizer que sou uma exceção — respondeu Keithwood com um sorriso irônico antes de adicionar uma jogada de ombro. — Isso ajuda quando seu patrão tem um senso de justiça que criou pernas e saiu andando.

Enquanto os dois brincavam, Liora correu por eles e empurrou a porta.

— Senhorita Tiona! Você está bem?!

— Liora? É você?!

Felizmente, quando Tiona saiu do quarto, ficaram felizes por descobrir que ela não havia se machucado.

 Senhorita Rudolvon, é bom ver que você não se machucou.

— Você é a… da Princesa Mia…?

— Quando voltei para o meu quarto, meu vestido se foi.

De acordo com Tiona, quando ela e Liora voltaram para seu quarto, o encontraram revirado. Os autores daquilo haviam deixado uma mensagem dizendo-as para irem até a torre ao norte da construção da escola se quisessem o vestido de volta.

— Isso é terrível… Quem faria uma coisa dessas…

— As chances são de que sejam conhecidos ou seus ou de Vossa Majestade — respondeu Keithwood.

— Hã? Como assim?

— Aqui, encontrei isso em um dos guardas que estavam do lado de fora. Dê uma olhada.

Keithwood tirou um lenço que estava bordando com um padrão inconfundível do brasão do Império Tearmoon.

— Como pode…

— Aposto que são servos dos nobres do Império.

A descoberta foi um choque para Anne. Ela pensou que isso com certeza era obra daquelas garotas nobres que intimidaram Tiona no outro dia.

— Elas me disseram para ficar longe da festa… porque eu seria uma desgraça para os verdadeiros nobres do Império.

Sua voz era suave. Não havia raiva aparente, nem uma fúria indignante. Havia somente uma quieta tristeza em sua expressão enquanto ela estendia o monte de tecido que esteve carregando próximo ao seu peito. Era seu vestido, agora em farrapos.

— Inacreditável… — suspirou Anne.

— Entretanto, esse foi um baita risco que vocês correram. Sei que o vestido é importante, senhoritas, mas virem aqui sozinhas? Nada esperto — disse Keithwood, com seus olhos se estreitando de reprovação.

Tiona respondeu balançando sua cabeça e com um sorriso melancólico.

— Os Rudolvons não têm os recursos para me fornecer vários vestidos.

Então, soltou um suspiro conformado.

— É por isso que te disse para não fazer isso, Liora, mas você apenas pulou para fora da janela… Não tinha necessidade de ficar tão brava — disse ela, olhando para o que sobrou do seu vestido.

— Não tem mais porquê sair rapidamente.

— Senhorita Tiona… — O olhar de Liora nunca desviou de sua mestra, mas de pouco em pouco, seu lábio começou a tremer e ela o mordeu para fazê-lo parar.

O coração de Anne doía pela outra empregada. Sabia como isso era. Estaria no mesmo lugar… Se quem tivesse sido trancada fosse Mia… A pura angústia seria esmagadora. Ela abriu sua mão, que segurava o dinheiro que Mia a confiou.

— Liora, por favor vá até a loja e compre um vestido. Aqui está o dinheiro.

Sem pensar duas vezes, ela apertou o dinheiro contra a mão de Liora.

— Isso… é…?

— A Princesa Mia o confiou a mim — disse ela, com sua convicção inabalável de que Mia teria feito o mesmo.

— Enquanto isso, senhorita Tiona, vamos refazer sua maquiagem. Seu delineador está começando a se desfazer por causa das lágrimas!

Assim que Anne estava quase começando seu trabalho, Keithwood disse:

— Ei, apenas um lembrete amigável. Como empregada de Vossa Majestade, você tem certeza de que quer ajudar?

— Hã? O que quer dizer?

— Vossa Majestade está no topo de Tearmoon e reina sobre todos os nobres do Império. Se aqueles que trancaram a senhorita Tiona aqui também forem da nobreza de Tearmoon… isso não sugere que existe a possibilidade disso tudo ser obra de Vossa Majestade, para início de conversa?

— Hã…?

Anne coçou sua cabeça, perplexa com o que Keithwood havia dito.

Vamos pular para a outra linha do tempo por um momento.

Na linha do tempo antiga, o incidente do breve aprisionamento de Tiona também ocorreu. No dia da festa, a prisioneira Tiona foi resgatada e chegou tarde no salão de baile. Ela então iria receber um pedido do Príncipe Sion para dançar, performar brilhantemente naquele piso, e conseguir o respeito e admiração de muitos de seus pares. Uma diferença significativa entre as duas linhas do tempo é que na antiga, Anne não estava presente durante o resgate.

Anteriormente, a empregada que Mia trouxe com ela era a terceira filha de uma das casas nobres. Embora obediente, estava longe de ser uma boa trabalhadora, e estava aproveitando uma festa do chá com seus amigos durante a dança. O resgate de Tiona foi, portanto, feito apenas por Liora e Keithwood. Então, deparando-se com o problema do vestido em pedaços, eles procuraram ajuda da figura mais autoritária da academia, Rafina Belluga. Era um momento crítico quando seus caminhos se cruzaram, levando à formação de uma forte aliança entre a futura líder revolucionária de Tearmoon, Tiona; seu colaborador, Príncipe Sion; e finalmente, seu poderoso patrocinador, Saint Rafina. Suspeitando de que o Império estava por trás de tudo isso, eles olharam para o topo da hierarquia nobre. Lá, encontraram seu mais provável inimigo — a princesa reinante de Tearmoon: Mia.

Apesar de Mia depois ficar sabendo das acusações contra ela, nunca se importou em limpar seu nome. Suspeitas crescendo dos maus-tratos de uma mera filha de um nobre de outra terra pareciam um problema insignificante para merecer sua atenção. Era normal que nobres oprimissem plebeus. Certamente, ela descobriu, que a nobreza central oprimir um nobre desconhecido de um condado de remanso era igualmente indigno de ser mencionado.

É difícil dizer quando exatamente o fogo da revolução acendeu sua primeira chama da vida. Alguns afirmavam que os famintos eram a causa, enquanto outros culpavam a tirania da alta nobreza e a incompetência do Imperador. Entretanto, se houvesse uma sequência de eventos que permanentemente selaria o destino sangrento de Mia, este incidente foi sem dúvidas o primeiro nessa corrente.

A história já estava varrendo Mia em suas poderosas correntes, empurrando-a firmemente em direção à guilhotina. Deparada com uma poderosa corrente que estava surgindo em direção ao penhasco do esquecimento, Anne ficou corajosamente em seu caminho.

— Você acha que a Princesa Mia… é a culpada? — ela piscou uma vez. — Do que você está falando? Essa é a coisa mais ridícula que já ouvi.

Anne começou a rir. O comentário deve ter sido insultante, mas seu puro absurdo a empurrou para o reino da comédia.

— Por favor, Keithwood, você não pode estar falando sério.

Ora ora, nem um pingo de dúvida, hã… Keithwood ficou impressionado pela reação de Anne. Vejo que a princesa tem um forte apego nos corações de seus funcionários.

Na verdade, Keithwood também não achava que Mia era a culpada. Como precaução, entretanto, decidiu testar a reação de Anne, só para garantir.

— H-Hum, Keithwood, pessoalmente, não acho que Vossa Majestade também faria algo assim — acrescentou Tiona também.

 Devidamente anotado. Se a própria vítima acredita tanto, então que seja assim.

Ele encolheu os ombros, depois percebeu que Anne estava inquieta como se tivesse algo a dizer. Eventualmente, com grande hesitação, ela disse: — Hum, Keithwood, estava pensando… Não tenho certeza de como funciona no seu reino, mas se as pessoas lá acreditam que aqueles que comandam também devem ser responsáveis pelas ações de seus sujeitos, então desse jeito, acho que você pode dizer que a Princesa Mia é responsável pelo que os nobres de Tearmoon fizeram.

Essa linha de raciocínio era, pela mais estranha coincidência, exatamente a mesma lógica que fez com que Rafina desdenhasse de Mia na última linha do tempo. Naquela época, Rafina também não acreditava que Mia era diretamente responsável pelo incidente. Porém, estava gravemente desapontada ao ver que Mia, cuja posição devia tê-la obrigado a denunciar tal injustiça contra os fracos, escolheu a tácita permissão do silêncio. Aos olhos de Rafina, Mia devia, lá e agora, ter se mostrado imprópria para essa regra. Essa mancha em seu nome seguiu Mia pelo seu tempo na academia, e por fim, roubando-a a chance de ser amiga de Rafina.

— É por isso, correndo o risco de me exceder, que gostaria de tomar responsabilidade por este incidente em nome da Princesa Mia. Como sua assessora e ajudante, meu dever é fazer como ela desejar. Devo agir como se fosse seus braços e pernas. Consequentemente, para reparar essa situação, prometo entregar a senhorita Tiona para a sala de baile nem que seja a última coisa que eu faça!

Nessa fala apaixonada, Anne orgulhosamente declarou ser a representante de Mia — seus “braços e pernas”, que, da perspectiva de Mia, não seria nada menos que horripilante, considerando que seus membros aparentemente criaram vontade própria e estavam agora no processo de ajudar seu nêmesis mortal.

— Senhorita Tiona, sente-se aqui. Vou refazer sua maquiagem.

Anne era incrivelmente rápida em seu trabalho, suas mãos se moviam com a confiante destreza da experiência. Afinal, ela acabara de fazer a mesma coisa para Mia, duas vezes. Ocorreu a ela que, discutivelmente, acabou usando sua mestra como treino.

Minha nossa… Princesa Mia… Ela previu isso? Foi por isso que me fez praticar nela mesma de antemão? Ela parou por um segundo. É… Pensando bem, isso não pode ser verdade.

É claro que não era. Até mesmo Anne, que estava sofrendo de Miasite em último estágio, conseguiu perceber isso. O fato de que precisou pensar duas vezes, todavia…  não era um bom presságio para seu prognóstico.

A Princesa Mia colocou sua confiança em mim. Isso significa que devo fazer o meu melhor…

Deste modo, os “braços e pernas” de Mia — por sua própria e ansiosa vontade — encarou a situação e lutou com ela de um jeito diferente, mudando o rumo da história para sempre.

Aqui, veja bem, não é galinha no literal, é como chamar alguém de frangote por ser medroso

 


 

Tradução: Sucy

Revisão: NERO_SL

 

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