Império Tearmoon – Vol. 01 – Cap. 10 – A Sombra de Lunatear

Onde há luz, certamente existe uma origem para as sombras…

Mesmo dentro de Lunatear, a gloriosa capital do poderoso Império Tearmoon, havia um lugar no qual as pessoas desviavam o seu olhar. Cercado por um trecho de muralhas ficava o Distrito Lua Nova, as favelas da capital imperial. Lá viviam os mais pobres dos pobres, para quem a comida era escassa e as doenças eram rápidas e fatais. Aqueles que adoeciam, muitas vezes, eram encontrados abandonados nas ruas. Era o lugar onde o funcionamento da sociedade civilizada e próspera havia desaparecido, exceto por uma pequena igreja e orfanato.

Uma jovem caminhou pelo distrito abandonado, com seu lindo vestido incompatível com o local ao seu redor. Ela não era ninguém menos que Mia Luna Tearmoon, a filha do amado Império Tearmoon. Com um ligeiro salto em seus passos, ela pulou de um lugar para o outro, olhando cuidadosamente ao seu redor.

— Alteza, é perigoso para você estar muito à frente. Devo pedir que você fique atrás de nós…

Ao lado da jovem estavam quatro guardas armados; junto com sua empregada, Anne, seu recém persuadido aliado, Ludwig. Para explicar o porquê de um grupo tão atraente de pessoas estar em um lugar daqueles, o relógio narrativo precisaria ser rebobinado algumas horas para trás.

— Bem, então…Parece que esse problema…É realmente aquele que precisa ser resolvido.

Graças aos doces que Anne trouxe, a mente de Mia estava mais aguçada do que nunca. Depois de ter lido o seu diário novamente, ela encontrou uma entrada que chamou a sua atenção.

A praga…Lembro-me de terem ovos jogados em mim por causa disso.

Daqui a alguns anos, a capital seria devastada por um surto de doença. Foi um incidente terrível que nem mesmo Ludwig foi capaz de prever. No final das contas, dez por cento da população iria sucumbir à epidemia. De acordo com o diário reescrito, as finanças do império – que estavam apenas começando a melhorar após os esforços de Ludwig – receberiam um golpe paralisante por esse desastre e cairiam cada vez mais depois disso.

— Hmmm, eu sei que não podemos simplesmente ignorar isso… Mas como fazer para prevenir uma praga?

Via de regra, Mia não gostava de muito trabalho. Quando chegasse a hora, ela poderia se trancar na Grande Biblioteca, mas isso nunca durava muito. Além disso, ela odiava fundamentalmente a ideia de estudar e pesquisar as coisas. O que ela deve fazer, então?

— Bem, vamos manter as coisas simples por enquanto – na dúvida, peça ajuda.

A solução foi fácil; se ela não tivesse a resposta, ela simplesmente pediria a alguém para dar a ela. Afinal, ela agora tinha acesso a uma fonte conveniente de conhecimento.

— Senhorita Anne, estamos saindo.

 — Para onde estamos indo, Princesa Mia?

 — Para falar com os quatro olhos estúpidos…quero dizer, Ludwig.

 — Ah, o cavalheiro do outro dia… Nesse caso, é melhor consertar você e ficar bonita e bonita.

Os olhos de Anne brilharam de entusiasmo, de repente.

 — É assim mesmo? Eu pessoalmente acho que estou bem assim…

Mia estava vestida com um vestido preto chique que ela costumava usar em seu quarto. Embora pudesse ser um pouco insosso para o chão do salão de baile, ela o considerou perfeitamente adequado para uma reunião casual.

— Isso não vai adiantar nada! Esta é a oportunidade perfeita para chamar a sua atenção e deixar uma boa impressão! Não podemos deixar você passar! Agora, vamos, Princesa Mia. Vamos para o camarim.

A contragosto, Mia se permitiu ser arrastada para o vestiário, onde Anne prontamente pediu a ajuda de uma empregada veterana próxima para coordenar as roupas de Mia. Eles decidiram por um vestido azul claro decorado com flores de cerejeira ashmoon. Sua saia era aparada relativamente curta em um design que simultaneamente enfatizava os encantos do usuário e permitia a liberdade de movimento.

— Que coisa, eu nunca vi esse vestido antes.

Considerando o fato de que Mia possuía vestidos suficientes para preencher cinco quartos, não havia como ela manter o controle de cada um deles. Inevitavelmente, havia muitos vestidos que ela cresceu sem nunca usar.

— Você está ótima, Princesa Mia, — disse Anne com um sorriso antes de começar a cuidar do cabelo de Mia. Ela passou um pente pelos fios de prata lustrosos repetidamente até que estivessem lisos como seda. Então, ela os segurou no lugar com um grampo adornado com uma gema da cor do arco-íris.

Quando Mia se olhou no espelho e viu o grampo de cabelo, seus olhos se estreitaram um pouco e ela sussurrou:

— Nossa, isso é…

— Qual é o problema, Princesa Mia?

Não foi Mia, mas uma empregada veterana encarregada do vestiário quem atendeu.

— Essa foi uma oferta de um certo comerciante rico no ano passado. Sua Alteza ficou muito satisfeita com o presente.

Anne riu alegremente depois de ouvir a história da empregada do guarda-roupa.

— Então é daí que veio isso. É perfeito para esta ocasião, então.

 — Suponho que sim… — Respondeu Mia, com um toque de tristeza na voz.

Para ser honesta, eu realmente não gosto disso…

Não era o design do grampo de cabelo que ela se importava. Ela gostava muito de como parecia. No entanto, devido a um certo motivo, ela não poderia apreciar de coração usá-lo. Por um tempo, ela debateu se deveria recusar o ornamento.

Mas para ver o estúpido de quatro olhos, suponho que isso seja o suficiente?