Dark?

De Colega Tóxica a Metas de Namoro – Vol. 01 – Cap. 07 – Impulso

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O relacionamento de Naoya e Koyuki se aprofundou.

Eles conversavam sobre todo tipo de coisa e iam a vários lugares juntos. Quanto mais Naoya a conhecia, mais gostava dela. Era apenas uma questão de tempo antes que chegassem a um momento particularmente importante em seu relacionamento.

— Então, meus pais não estão em casa hoje… — mencionou Koyuki enquanto se dirigiam à escola.

Com essas palavras simples, Naoya parou no meio do caminho, rosto duro como pedra. Era como se um martelo colossal tivesse acabado de cair na terra.

— Poderia repetir? – Ele deixou escapar.

Koyuki continuou andando por um momento antes de perceber que Naoya não estava ao lado dela. Ela se virou e rapidamente acrescentou:

— Ah! Uou, espera aí! Sakuya e Moela estarão lá, beleza?!

— O-Oh. Claro. Por que não estariam, né? Né…

— Eca, ele disse duas vezes — murmurou Koyuki com nojo.

Naoya pensou por um momento sobre como havia entendido mal o que ela disse — uma ocasião rara para ele. Muito interessante.

— Eu acho que a cabeça de vento de Shirogane está passando para mim. — Ele pensou em voz alta.

— Cabeça de vento? Com licença. — Koyuki fez beicinho. — Você é o único aqui que está sempre olhando para o nada. Não me culpe. E eu não sou cabeça de vento.

— Os não-cabeças de vento queimam seus biscoitos até virarem cinzas e depois os servem aos convidados?

— Ei! O cronômetro do forno estava quebrado. Enfim! Você disse que estavam deliciosos!

— Bem, sim. Você os fez para mim. Eu comeria alegremente qualquer coisa feita por você, mesmo que fosse carvão.

— Eu não recomendaria revelar isso para mim, para ser honesta — resmungou Koyuki antes de ceder.

A visita de Naoya à residência Shirogane foi incrivelmente bem, considerando todas as coisas.

Ele comeu cinzas vagamente em forma de biscoito, interagiu com os pais de Koyuki e ficou para o jantar. No final, se despediram dele com a promessa de que seria bem-vindo de volta a qualquer momento.

Infelizmente, por Naoya e Koyuki estarem na sala de estar o tempo todo, não houve nenhuma oportunidade para qualquer flerte ou desenvolvimento do tipo. Embora isso tenha decepcionado Naoya, teve que reconhecer a contragosto que eles não estavam exatamente saindo ainda. Talvez. Tipo isso.

A distância que tinham entre eles era confortável, em certo sentido; ele não tinha exatamente que fazer nada importante, mas ainda precisava  estar com Koyuki o tempo todo. Era também precisamente por saber disso que sentia que precisava agitar as coisas logo. Mas o que poderia fazer? E como — sem mencionar quando e onde — ele faria isso?

Estava bem ciente de que se empolgou na loja de crepes. Quando se confessou naquela vez, ela literalmente fugiu dele. Sabia que, se o momento ou o clima não fosse adequado, a mesma coisa se repetiria. Ele calmamente refletiu sobre essas ideias enquanto retomava a caminhada.

Koyuki continuou como se não tivesse percebido que ele havia parado.

— De qualquer forma, como eu estava dizendo, meus pais vão ficar com alguns parentes esta noite, então eu e Sakuya estamos cuidando da casa. Então, hm, sim. Meus pais sugeriram que convidássemos você para cozinhar o jantar para nós.

— Uau, eles já estão me tratando como um filho. Incrível — comentou Naoya com uma expressão séria.

Koyuki viu isso e pareceu ter a ideia errada, respondendo com decepção palpável:

— Ah, tudo bem então. Pois é, pedir para você vir do nada não é justo. Tudo bem. Não precisa ir.

— Quê? Não vejo problema algum, sério — disse Naoya, incrédulo. — Não tenho trabalho hoje, e estamos de folga amanhã. Eu adoraria exercitar minhas habilidades de dono de casa.

— Sério? — O rosto de Koyuki se iluminou. Parecia que ela não estava tão confortável com a ideia de estar sozinha com sua irmã em casa. Seu caminhar ficou mais leve, e, enquanto saltitava, acrescentou com confiança:  — Tudo bem, então vamos fazer compras no caminho de casa. Já fiz um orçamento, só para você saber.

— Entendido. Como esta é uma ocasião tão especial, estou disposto a aceitar pedidos, se tiver algum.

— Hmm… — Koyuki pensou por um momento, então arrumou o cabelo distraidamente e fez uma pose refinada. — Bem, da última vez viajei à França, comi um delicioso prato de foie gras acompanhado de trufas. Era algo de absoluto requinte.

— Não minta, Shirogane — interrompeu ele. — Você provavelmente quer algo como curry, hambúrguer ou espaguete e almôndegas, certo?

— Como descobriu tudo isso?! Nós nunca comemos curry juntos! — protestou ela, aparentemente tendo esquecido que anunciou com alegria “Eu comi curry ontem à noite!” havia apenas alguns dias.

— Que vergonha. Essas são todas as refeições infantis…

— Mas, tipo, quem liga? — disse Naoya.

— Sério?

— Sim. — Ele a assegurou com um tapinha na cabeça. — Você pode gostar de pelúcias, curry ou qualquer outra coisa o quanto quiser, porque essa é a Shirogane Koyuki de verdade. Não ser você mesma seria um desperdício.

— Talvez… — Koyuki hesitou com uma expressão oprimida. De repente, pareceu perceber o que estava acontecendo e rapidamente afastou a mão de Naoya com irritação. — Ei! Eu não preciso do seu reconhecimento! Quem pensa que é? Ainda assim… você gosta de curry, Sasahara?

— É claro. É mais fácil de fazer do que os pratos elaborados e sofisticados que as pessoas adoram postar nas redes sociais ou qualquer outra coisa — respondeu Naoya. Então, com um sorriso gentil, ele acrescentou:  — Então, sim, vamos fazer curry hoje à noite. Sakuya vai ficar bem com isso?

Koyuki não pôde deixar de pensar que Naoya realmente se parecia com uma mãe às vezes.

— Ela também adora curry. Duvido que se oponha.

— Boa. Esse é o cardápio de hoje.

— Hm… — Koyuki hesitou, parando para agarrar a ponta da manga de Naoya. — Eu realmente não pude ajudar da última vez, então farei o meu melhor hoje.

— O-Obrigado. Estarei contando com você — respondeu Naoya sem jeito, seu coração batendo forte em seu peito.

Koyuki decidiu mudar de assunto e começou a falar sobre curry. Ela gostava do tipo que era comido com naan, mas seu favorito era curry de vegetais. Como estava mencionando que não era muito boa com as versões picantes, Naoya olhou para o rosto dela de perfil. Ele notou que, naquele momento, ela estava realmente à vontade e enfim estava sendo ela mesma.

Estou feliz por nos darmos melhor agora do que antes, observou ele com apreço. Eles conversavam o tempo todo, ele já tinha ido à casa dela, e os dois podiam relaxar um ao lado do outro. Ele poderia dizer que Koyuki confiava nele. Naoya limpou a garganta, fortaleceu sua determinação e gritou:

— Shirogane.

— O que foi? — perguntou ela.

— Eu gosto muit…

— Quê?! — gritou Koyuki, então deu vários tapinhas em seu peito para se acalmar. — Oh, já sei, ia dizer que gosta de curry, certo? Hahaha…

Seu rosto estava vermelho que nem uma beterraba enquanto ria de nervosa. Não tinha ideia do que fazer. Ainda assim, Naoya podia identificar traços de felicidade em meio a seu constrangimento. Conseguia ver que ela estava esperando que ele estivesse falando sobre ela. Seus sentimentos tinham chegado a ela, mesmo que apenas ligeiramente. Naoya lembrou-se de lhe dizer que se confessaria quando sentisse que era o momento certo, quando ela se sentisse receptiva a seus avanços. Bem, enfim chegou a hora.

— Shirogane.

— O… O que foi? — perguntou Koyuki novamente, olhando para Naoya com ansiedade.

Ele pegou a mão dela e a apertou com força, tentando expressar seus sentimentos com a maior sinceridade possível.

— Farei o meu melhor a partir de agora também. E, quando chegar a hora, quero que aceite por completo.

— Uau, esse curry parece que vai ser complexo — disse Koyuki, mais intrigada do que antes.

 

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Depois da escola, os dois foram para o shopping que visitaram no encontro anterior. Estava lotado de donas de casa tentando aproveitar as promoções, um verdadeiro campo de batalha de pechinchas.

Koyuki e Naoya se armaram com um carrinho e se prepararam para a batalha.

— Acho que deveríamos comprar os vegetais primeiro, não é? — disse Koyuki. Ela estava encarregada de empurrar o carrinho, e sua animação pelo curry daquela noite fazia com que seus passos fossem saltitantes.

— Pois é… — acrescentou Naoya distraidamente.

Ao contrário de seu interesse amoroso, sua mente estava em outro lugar. Então vou confessar a ela. Mas como? Aquele incidente na loja de crepes ainda estava vivo em sua mente. Ele sabia que se fosse muito direto, acabaria afastando-a para longe. Precisava inventar algo mais agradável, algo mais suave. Nunca confessou a ninguém em sua vida, e podia ver que Koyuki era um pouco romântica. Naoya sentiu sua falta de experiência como uma facada em suas costelas. Quanto mais pensava sobre isso, mais se envolvia em preocupações inúteis. Talvez eu deva esperar até a noite quando tivermos uma vista da cidade ou algo assim… Ou talvez devesse dar a ela um presente. Uma pelúcia funcionaria? Não, não é a ocasião certa.

Antes que percebesse, chegaram ao corredor dos vegetais.

Koyuki colocou um dedo no queixo e ponderou.

— Então, para curry, provavelmente precisaremos de cebolas, cenouras e… batatas. Com isso, começou a procurar os ingredientes e colocou o que encontrou no carrinho.

Isso fez Naoya voltar à realidade.

— Espere.

— O que foi? — Koyuki parou, um grande saco de batatas na mão.

— Essas batatas são irish cobblers. Você tem que usar may queens quando estiver fazendo curry — informou ele.

— May queen?! Vamos colocar um gato no curry?!

— Esse é maine coon. May queens é um tipo de batata que não se desmancha tão facilmente. São perfeitas para curry.

Koyuki obedientemente colocou as batatas redondas de volta e pegou as may queens mais compridas e oblongas que estavam ao lado. Ela ficou claramente impressionada pelo seu grande conhecimento sobre batatas.

— Uau, eu não sabia que havia uma diferença tão grande entre elas. Isso é algo que sua mãe lhe ensinou?

— Talvez… Mas pode ser que eu tenha pesquisado — respondeu ele.

Houve uma pausa na conversa enquanto adicionavam alho e gengibre ao carrinho — usados para adicionar profundidade ao curry, bem como para mascarar o cheiro de carne nele — antes que ele continuasse:

— Aprendi a maior parte do que sei apenas por tentativa e erro.

— Acho que experiência é o que mais importa, afinal — comentou Koyuki.

— Exatamente. É por isso que você não deve se preocupar com os biscoitos de cinzas do outro dia, isso foi algo para aprender — reafirmou ele.

Os ombros de Koyuki caíram por ter sido lembrada de seu fracasso.

— Ainda assim, se você errar, é apenas um desperdício de ingredientes. Eu odiaria isso.

— Não se preocupe, vou comer qualquer coisa que você fizer. Literalmente qualquer coisa.

— T-Tudo bem, então… — Ela vacilou, mas sua declaração parecia ter aumentando sua confiança. — Se acabar morrendo prematuramente por causa da minha comida, sinto muito, mas é tudo pelo bem da melhora das minhas habilidades culinárias.

— Entendido. Hoje veremos do que você é capaz.

— Hahaha, já sou profissional quando se trata de descascar vegetais — ela se gabou.

Eles brincavam um com o outro enquanto adicionavam o restante dos ingredientes ao carrinho. Selecionaram carne, roux e fukujinzuke — legumes em conserva em uma mistura de molho de soja doce — por precaução.

— Esquecemos de algo? — perguntou Naoya.

— Hm… Ah! — exclamou Koyuki, então imediatamente ficou tímida.

— Hum, mamãe e papai disseram que eu poderia comprar alguns doces, se eu quisesse…

— Oh. Beleza. Vamos pegar o que você quiser.

— Está bem! Vamos lá! — exclamou Koyuki, com um sorriso enquanto corria para a seção de doces com Naoya logo atrás. Ela rapidamente encontrou o que estava procurando: uma caixa de doces que Naoya se lembrava de comer muito quando criança. — Esses, esses! Os biscoitos animais! Amo como eles desenham os coelhos e os ursos neles! São tão fofos! Oh, mas me sinto um pouco mal quando os como… Mas são tão deliciosos que não consigo parar. E… Você está bem, Sasahara?

— N-Não é nada. Nada mesmo — ele respondeu da forma mais indiferente que pode.

— Se quiser algo também, basta me dizer, tudo bem?

De alguma forma, Naoya conseguiu passar pela viagem de compras sem morrer de sobrecarga de fofura.

 

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Eles chegaram à residência de Shirogane por volta das seis horas da noite.

Levaram cerca de uma hora para fazer o curry e, antes que percebessem, o jantar estava pronto. Todos se levantaram e se maravilharam com os pratos fumegantes de curry. Até Moela, que Sakuya estava segurando, soltou um miado de aprovação.

— Isso parece incrível — murmurou Sakuya.

— Caramba, Sakuya, você poderia ter nos ajudado um pouco. Eu e Sasahara acabamos fazendo tudo sozinhos. Aqueles que não contribuíram não merecem comer — reclamou Koyuki com um beicinho enquanto arrumava a mesa.

— Eu só não queria me intrometer no momento de vocês, só isso.

— Você só queria ficar de bobeira! E está sempre se safando disso só porque é a mais nova! — Koyuki protestou, acrescentando alguns resmungos desanimados depois de falar.

Sakuya não respondeu; em vez disso, esperou que Naoya saísse da cozinha, virou-se para ele e perguntou:

— Naoya, você poderia traduzir o que ela acabou de dizer, por favor?

— “Bom trabalho, Sakuya! Ele me ensinou a usar uma faca, e era só nós dois sozinhos! Pode ter certeza que vou te dar um biscoito mais tarde!” Ou algo assim, eu acho — explicou Naoya em um falsete simulado.

— Ei! Nada de traduzir na hora do jantar! — protestou Koyuki.

A brincadeira continuou até a mesa ser posta.

Koyuki olhou duvidosamente para as grandes fatias de cenoura flutuando no roux e disse em um tom desapontado:

—  Afinal, acho que cortamos muito grande.

— Está tudo bem. Eu gosto delas assim. — Adicionou Naoya rapidamente para cobri-la. Ele descascou os legumes, mas depois os entregou para ela cortar. Ela conseguiu passar pela preparação sem se cortar, o que o deixou aliviado. Até mesmo cortar os legumes sem incidentes era muito trabalho para um novo cozinheiro, e então ele cuidou do resto.

Seu elogio parecia ter sido eficaz, pois ela exclamou orgulhosamente:

— Hah! Acho que nem preciso tentar ser perfeita!

Naoya parou-as quando estavam prestes a se sentar à mesa.

— Na verdade, tenho algo para você, Shirogane.

— Sério?

— Sim. Considere isso um agradecimento por me ajudar. Aqui — disse Naoya.

Ele colocou um pouco de queijo que havia cortado no prato de Koyuki.

— Uau! É uma cobertura de queijo em forma de gato! — gritou ela, feliz.

— O que eu tenho que fazer para conseguir um desses? — perguntou Sakuya.

— Faça um você mesma — respondeu Naoya.

— Sim, Sakuya, apenas os ajudantes ganham estes aqui prontos. Hehe.

— Que brega… — resmungou Sakuya.

A cena era feliz, cheia de calor e brigas amigáveis. Finalmente, todos se sentaram.

— Vamos começar?

— Vamos.

— Vaamooos.

E com isso, todos começaram a comer.

Os olhos de Koyuki se arregalaram ao dar sua primeira mordida.

— Isso… Isso realmente é curry… — murmurou ela em aprovação.

— O que achou que estávamos fazendo lá? — perguntou Naoya com uma pitada de sarcasmo.

— Não, não. Não foi isso o que eu quis dizer. É só que nunca cozinhei antes, então é incrível ter em meu prato algo que eu mesma fiz. Acho que não sou tão cabeça de vento quanto você pensa, hein?

— Mas, Koyuki, se estivéssemos sozinhas, teríamos apenas comprado uma refeição pronta na loja — acrescentou Sakuya.

— Não há nada de errado com isso…, mas cozinhar algo para si mesmo também é muito bom, certo? — Naoya acrescentou para aplacar as irmãs.

Fazia muito tempo que não comia em uma mesa tão animada. Às vezes comia com Kirihiko no trabalho, mas na maioria das noites comia sozinho. Compartilhar uma refeição com outra pessoa se tornou uma novidade para ele. O sabor do curry ao qual ele estava tão acostumado de repente assumiu algo completamente novo. O fato de ser com a garota que eu gosto é o toque final.

— Fizemos bastante, então sirva-se quantas vezes quiser, caso queira mais. Se sobrar, pode usar para fazer curry udon, ou curry seco, ou algo assim — mencionou ele.

— Seríamos capazes de fazer isso? — perguntou Koyuki com ceticismo.

— Vou escrever uma receita para você. Vou simplificar o suficiente para que você e Sakuya possam trabalhar com isso — respondeu ele.

— Tudo bem, gostei da ideia. Vai me ajudar amanhã, não é, Sakuya… Sakuya?

— Hmm… — murmurou Sakuya. Ela estava olhando para frente com uma expressão perturbada. Será que não gostou do curry? Ela ainda estava comendo o jantar, mesmo estando distraída, então era provável que este não fosse o caso. No fim, virou-se para Naoya e perguntou: — Você pode me chamar de “Sakuya”, não é?

— Sim? Por quê? — perguntou Naoya.

— Então me chama pelo primeiro nome, mas ainda se refere a Koyuki por “Shirogane”. Só pensei que isso é estranho — respondeu ela.

— S-Sim, eu acho que sim — admitiu ele.

Para ser honesto, esta não era a primeira vez que considerava a mesma coisa. Ele começou chamando-a de “Shirogane”, mas percebeu que a chance de mudar isso havia passado; eles acidentalmente se aproximaram antes de se referirem um ao outro pelo primeiro nome.

Ele olhou na direção de Koyuki e disse:

— Tudo bem se eu te chamar pelo seu primeiro nome, assim como faço com Sakuya?

— Hm, não me importo com isso, na verdade! Faça o que quiser! — Koyuki deixou escapar. Ela tomou um gole rápido de sua água para esconder seu constrangimento, sua mão tremendo o tempo todo.

Naoya a examinou. O que ela realmente queria dizer era: “Se você me chamar pelo meu primeiro nome, posso morrer de felicidade e vergonha!”

Pareceu-lhe uma boa oportunidade. Ele repetiu o nome em sua cabeça — a palavra que ele estava morrendo de vontade de dizer em voz alta — algumas vezes. Então se virou para ela e declarou lentamente:

— Koyuki.

— Pffftt! — Koyuki tossiu, espirrando um grande gole de água por toda a mesa.

Naoya correu e deu um tapinha nas costas dela.

— Sinto muito! Sabia que era cedo demais para isso. Vamos devagar. Não se preocupe.

— Shem! — Ela engasgou.

— Shem? — repetiu ele.

— Sem ch-! — Koyuki lutou para falar através de sua tosse. Naoya tentou decifrar suas palavras e rapidamente se preparou para o que estava por vir. — Sem chance! Eu não posso lidar com isso quando é você!

— Sim, imaginei que fosse — respondeu ele, tranquilo. Tinha sido muito apressado. Embora fosse verdade que ela se tornou muito mais honesta e confortável consigo mesma ultimamente, ele havia apressado as coisas a esse respeito.

— N-Não, eu só quero dizer… Uh, isso não é o que eu queria dizer. — Koyuki vacilou.

— Está tudo bem, sério. Ei, trabalhamos duro neste curry, então vamos comer — disse ele, colocando uma mão tranquilizadora em seu ombro.

Eu deveria esperar um pouco antes de começar a chamá-la pelo nome. O mesmo vale para a confissão também, ele se lembrou mentalmente. O relacionamento deles ainda tinha um longo caminho a percorrer.

Sakuya olhou através da mesa para a figura vazia de Naoya, e Moela esfregou contra sua perna e miou como se estivesse tentando consolá-lo.

— Obrigado por me abençoar com o ship de hoje — afirmou Sakuya. — Eu adoraria ver vocês dois o dia todo, mas acho que é hora de voltar para o meu quarto. Não concorda?

— Nah, não se preocupe com isso. Quer mais? — perguntou Naoya.

— Quero, sim. Vou comer aqui, então talvez vocês dois possam ir para o quarto de Koyuki?

— Não vamos fazer nada desse tipo, Sakuya! — gritou Koyuki do outro lado da mesa. Entre suas palavras, ela deu mordidas rápidas e desajeitadas em seu curry. Parecia estar de volta ao seu estado habitual.

Naoya suspirou. Ele estava voltando para o seu lugar quando Koyuki falou:

— Oh — murmurou ela quase que para si mesma, enquanto encarava o teto da sala de estar. — Esqueci…

Naoya estava intrigado.

 

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O jantar terminou sem incidentes. Sakuya acabou devorando três porções, enquanto Koyuki terminou duas.

Naoya estava ocupado lavando os pratos. Eu me pergunto o que tem lá em cima…

Ela com certeza lembrou de algo.

Depois que Koyuki terminou de comer, ela silenciosamente deixou seu assento e subiu as escadas, deixando Naoya, Sakuya e Moela na sala de estar. Sakuya estava falando com Moela enquanto Naoya se ocupava na cozinha. Apesar do barulho alto da água na pia, ele ainda conseguia distinguir sua voz claramente.

— Que tipo de cerimônia você acha que combina com eles, Moela?

— Miau!

— Gosto dessa capela. É nova e bonita. Parece que a comida deles também é incrível.

— Miau… Prrrr.

— Você prefere o estilo japonês mais tradicional?

— Miaaaau.

Naoya enfiou a cabeça na sala e viu Sakuya obcecada por algo na tela do tablet.

Ela está planejando meu casamento lá? Ponderou consigo mesmo enquanto olhava para o teto da sala.

Os quartos da família Shirogane provavelmente ficavam no andar acima deles, pois podia ouvir o barulho de passos e móveis se movendo acima dele de vez em quando. Ele se perguntava se ela estava procurando por algo. Não, era mais provável que estivesse apenas limpando — seus passos não estavam vagando, e pareciam um pouco apressados.

Vai me convidar para o quarto dela? O pensamento repentino fez suas mãos vacilarem, e sabão voou ao redor da pia. Entre seu olhar significativo durante o jantar, sua corrida para o segundo andar logo depois e a limpeza frenética, era a única conclusão natural.

— Não. Até parece. Controle-se, Naoya — repreendeu-se em voz alta. Ela não conseguia nem mesmo chamá-lo pelo primeiro nome.

Quais eram as chances de o convidar para seu quarto?

Sem chance.

— Sasahara? — chamou uma voz atrás dele.

— Agh! — gritou ele, quase deixando cair o prato em sua mão. Ele se virou e viu Koyuki parada lá. Ela deve ter se aproximado enquanto ele estava absorto em pensamentos. — O… O que foi?

— Bem, hm… — disse Koyuki, hesitante, pressionando as pontas dos dedos e evitando contato visual. — Hum, venha por aqui, pode ser? Não deixe Sakuya ver. Ela só vai tirar sarro de nós.

— Hein?

— Por aqui — repetiu ela antes de ir em direção a uma escada atrás da cozinha.

— Espere, isso vai para o segundo andar? Posso mesmo subir lá?

— Não se preocupe. Só venha de uma vez — enfatizou ela, levemente cutucando suas costas.

— Tudo bem, entendi. — Ele cedeu e, com timidez, subiu as escadas.

Assim como no térreo, os tetos praticamente se estendiam até os céus. Uma fileira de portas cobria o corredor, e Koyuki foi direto para a mais distante. Seu olhar inabalável ordenou que Naoya a seguisse.

Enquanto ele seguia humildemente atrás dela, os pensamentos impuros de Naoya começaram a aparecer em sua cabeça feia mais uma vez. Sua mente agitou-se, fazendo todas as engrenagens funcionarem ao mesmo tempo. Não tem jeito, não tem jeito… Ela só vai me pedir para carregar algumas coisas pesadas ou algo assim.

Antes que percebesse, estava vendo o que certamente era um quarto de menina.

O quarto era colorido em tons pastéis suaves e adornado com várias pelúcias de gatos. Os móveis — uma escrivaninha, um conjunto de gavetas, uma cama felpuda, uma estante e uma pequena cômoda — eram todos de bom gosto e combinavam com as cores do quarto. As paredes também eram decoradas com adesivos de bom gosto e afins. E, claro, o quarto em si tinha um cheiro incrível.

— E-Este não é o seu quarto, é? — Naoya engoliu em seco.

— Sim, é. Por quê? — respondeu ela, um tanto desafiadora.

Em sua entrada repentina, Naoya perdeu a capacidade de falar. O que está rolando aqui?! Ele ficou tão surpreso que sua intuição normalmente útil se tornou completamente inútil — não tinha ideia do que Koyuki estava pensando. Mas havia uma coisa da qual tinha certeza.

— Shirogane, uma garota não deve convidar um cara para seu quarto tão casualmente. Você se lembra do que aconteceu quando estávamos sozinhos na casa de Kirihiko, certo?

— Sim, mas não tive outra escolha — respondeu Koyuki inquieta enquanto olhava para o chão, depois assentiu. — V-Você fez o jantar para nós hoje, então… E-Eu queria te agradecer…

— M-Me agradecer? — gaguejou ele.

— Mas eu ficaria muito envergonhada se Sakuya nos visse, por isso que eu te trouxe aqui.

— Envergonhada? — A mente de Naoya, que ainda estava cheia de pensamentos selvagens, estava chegando a uma única conclusão. — Sh-Shirogane, acho que estamos indo rápido demais…

— Aqui — disse Koyuki, entregando uma pequena caixa embrulhada em papel rosa com ambas as mãos. Ele a aceitou em silêncio. — Você está sempre me ajudando muito. É por isso que eu decidi te dar algo. Comprei quando estávamos fazendo compras.

— Ah, então foi para lá que você foi — murmurou ele, lembrando que ela tinha corrido para outro lugar mais cedo naquele dia enquanto estavam no shopping. Fui meio que um idiota hoje, não fui? ele mentalmente repreendeu a si mesmo, e seu rosto ficou abatido.

Koyuki viu sua expressão e acrescentou, preocupada:

— O-Oh, me desculpe. Eu estava preocupada que um presente acabasse sendo um incômodo. Sinto muito…

— O quê?! Não, não, não! Não é nada disso. Estou super feliz, na verdade! — Ele rapidamente interrompeu.

— Nunca dei presentes às pessoas antes, então, uh, espero que goste.

— Eu ficaria feliz com qualquer coisa que você me desse. Sou o tipo de cara que come carvão sem pensar duas vezes, lembra?

— Acho que tem razão.

— Hm, t-tudo bem se eu abrir agora? — perguntou ele.

— Claro, vá em frente.

Depois de uma conversa desajeitada, Naoya removeu ansiosamente a tampa e olhou para dentro. Ele parecia intrigado com seu conteúdo.

— Um lenço?

O presente em questão era azul claro e adornado com flocos de neve.

Para ser honesto, Naoya se perguntou se era um pouco fofo demais para ele.

— Sim… Pensei que algo que você realmente usaria funcionaria bem — explicou Koyuki, hesitante. — Comprei em uma loja de garotas, então fiquei um pouco preocupada se gostaria ou não. Mas sabia que era esse quando o vi. Fui apenas na base do instinto.

— Hah… — Ele exalou.

— O-O quê? Algum problema?

— Não, de jeito nenhum. — Ele a assegurou, forçando as palavras através de seus lábios secos. Ela lhe deu um lenço com flocos de neve.

Considerando o nome dela, que significava “neve leve”, isso não estava longe de ser uma confissão — mesmo que tivesse sido inconsciente.

Devo fazer isso agora? ponderou. O cenário era quase perfeito, e ele passou tanto tempo se preocupando e agonizando com isso que realmente não se importava mais. Os sentimentos de Naoya brotaram, praticamente transbordando de seu corpo.

Ele agarrou as mãos de Koyuki mais do que depressa e declarou:

— Shirogane!

— Eek! — gritou Koyuki e pulou um pouco para trás. Como resultado, ela acabou perdendo o equilíbrio e puxou Naoya para baixo com ela.

Quando ambos voltaram a si, viram-se deitados na cama de Koyuki com Naoya em cima dela, praticamente prendendo-a. Os olhos de Koyuki estavam tão arregalados quanto tigelas, correndo em todas as direções, exceto na direção de Naoya. Lágrimas começaram a brotar em seus olhos.

Merda, Naoya se xingou. Podia ver que passou do limite, e Koyuki já não estava mais preparada… ou no clima… para receber uma confissão improvisada. Ele sabia de tudo isso, e ainda assim não conseguia impedir que as palavras saíssem de sua boca.

— Shirogane! Gosto de você!

Por um longo momento, o tempo parou dentro do quarto de Koyuki. Houve um silêncio completo.

Então, com o passar dos segundos, Koyuki voltou a si.

— Eeeek! — gritou ela, chutando Naoya de cima dela e pegando objetos aleatórios para jogar na direção dele.

Naoya foi forçado a sair do quarto, e a porta se fechou atrás dele. A última coisa que ele viu foi Koyuki, sentada em sua cama enquanto chorava com o rosto vermelho como uma beterraba.

Naoya caiu de costas no corredor e olhou fixamente para o teto. O silêncio reinava.

Depois de um momento, Sakuya chegou com Moela em seus braços. Seu rosto estava tão sem emoção como sempre, mas seus olhos tinham uma borda glacial que normalmente não exibiam.

— O que você fez, Naoya?

— A culpa é toda minha! Cometi um erro — confessou ele tristemente.

— Miaau! — rosnou Moela. Ele saltou livre do aperto de Sakuya e concedeu a Naoya um formidável arranhão em sua testa.

Não importa quem ou que dissesse, Koyuki se recusou a sair do quarto pelo resto da noite. Naoya acabou tendo que sair sem ter a chance de se desculpar.

 


 

Tradução: Taiyo

Revisão: Guilherme

 

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Vol. 01 – Cap. 07