Era uma noite de outono quando a lua brilhava.
No momento que Souma e seus companheiros terminaram a reunião para discutir o plano que Excel havia trazido de Hakuya, já era tarde da noite.
Havia soldados do Reino de Lastania e do Reino da Friedônia descansando no pátio da fortaleza.
Dito isto, era uma pequena fortaleza. Não havia como conter todo o exército de cinquenta mil homens que o Reino da Friedônia havia enviado. A maioria dos soldados e oficiais estava acampada fora da fortaleza.
Terminada a reunião estratégica, Julius foi dar uma olhada no acampamento. Até que…
— Você! Você é o Lorde Julius?! — Um soldado gritou.
— Oh, não há dúvidas sobre isso, é o Lorde Julius!
Ele estava cercado por vários homens vestindo uniformes do exército friedoniano. Havia muitos nas fileiras que haviam lutado contra ele no passado, então Julius ficou tenso, mas os homens juntaram as mãos e fizeram uma reverência diante dele.
— Pertencíamos às forças do Principado.
— Nós lutamos sob seu comando em Van.
— Estamos tão, tão contentes em ver que você está bem.
Quando os dois começaram a derramar lágrimas másculas de alegria pelo reencontro, Julius relaxou.
— Entendo… vocês são amidonianos então.
— Sim — disse um dos soldados em prantos. — Não éramos fortes o suficiente para protegê-lo, Lorde Julius…
Provavelmente eram homens que juraram lealdade a Gaius e Julius. Mesmo na terra natal que ele pensava ter abandonado, havia gente que pensava nele. Só isso já deu algum consolo a Julius.
Por causa disso, ele colocou o braço em volta do ombro do homem que chorava lágrimas viris e disse:
— Você me salvou vindo aqui. Eu o agradeço.
— Lorde Julius…
— Como estão as coisas? Souma e Roroa estão governando bem a Amidônia?
Os homens assentiram.
— S-sim. Creio que eles trouxeram estabilidade.
— Eles unificaram e reorganizaram as forças do Principado e do Reino, e estamos progredindo na reconciliação.
— Ele também realizou um festival em memória ao Lorde Gaius outro dia.
— Um festival para lamentar por meu pai… entendo. Isso parece algo que ele faria.
Julius entendeu corretamente a intenção de Souma. Provavelmente foi uma mistura de emoção e praticidade.
As pessoas comuns temiam Gaius, mas ele era objeto de amor e respeito dos soldados. Ao realizar um festival memorial, Souma seria capaz de reduzir a resistência daquelas pessoas. Isso seria um benefício prático para ele, que queria promover a reconciliação entre o Reino e o Principado.
A parte emocional eram seus sentimentos por Roroa. Embora o relacionamento dela com seu pai fosse frio, Souma talvez tivesse um sentimento de culpa por ter sido quem o matou.
É ingênuo da parte dele, mas… não vejo motivo para rejeitá-lo.
Julius agora tinha uma pessoa pela qual daria a própria vida para proteger: a princesa Tia, que permanecera em Lasta. Se isso a impedisse de chorar e a fizesse sorrir, ele faria qualquer coisa, por mais ineficiente que fosse. Mesmo quando ele reclamou de fazer isso.
A imagem do sorriso perfeito de Tia passando por sua mente fez o rosto de Julius suavizar um pouco.
— Senhor Julius? — Um dos soldados questionou.
—… Não, não é nada. — Julius olhou para trás com seriedade e continuou. — Embora meu pai, Gaius, tenha sido derrotado, disseram-me que ele foi capaz de demonstrar o orgulho da Amidônia em seus momentos finais. Se eu, como seu filho, reclamasse desse resultado, seria uma mancha no legado do meu pai. Portanto não tenho intenção de guardar rancor de Souma ou Roroa. Eu gostaria que todos vocês continuassem apoiando-os.
— Ohh, que decisão!
— Lorde Julius! Juramos apoiar Lady Roroa.
Vendo os soldados chorando tão emocionados, Julius só conseguiu sorrir ironicamente.
Não havia mentira no que ele dissera, mas Julius não queria ouvir: “Por favor, volte ao principado” naquele momento, então ele pretendia transmitir “Estou me dando muito bem aqui, então vocês se cuidam lá”. Ele não tinha nenhum apego à Casa Amidônia.
Eu não poderia deixar Tia voltar para casa e não tenho vontade de trazê-la comigo, ele refletiu. Eu não gostaria de afastá-la deste país cujas pessoas a amam e onde estão todas as pessoas que ela ama.
Julius forçou um sorriso ao colocar a mão nos ombros dos soldados.
— Sei que não fui capaz de governar o meu próprio país, mas quero fazer o que puder para proteger esta nação que me acolheu. Por favor, mesmo que apenas por agora, empreste-me sua força.
— Essa sempre foi nossa intenção!
— Estamos orgulhosos de podermos lutar ao seu lado novamente!
Os soldados enxugaram as lágrimas dos olhos.
Julius deu-lhes um aceno firme.
— Então descansem agora. Vou precisar que vocês se esforcem ao máximo amanhã.
— S-sim senhor! Com licença!
Os soldados saudaram e depois retornaram aos seus postos.
Depois de ver aqueles homens partirem, Julius soltou um suspiro no silêncio repentino que caiu ao seu redor.
— Talvez eu deva descansar também…
Ele entrou no prédio e parou na frente do quarto que agora usava como seu. Julius estava meio exausto hoje. Ele abriu a porta, pensando que já era hora de descansar e se preparar para amanhã.
— Bem vindo de volta, Lorde Julius! — Uma voz anunciou.
— É… hã? — Ele deu uma resposta natural, mas então percebeu que não deveria haver ninguém ali para dizer isso a ele, Julius ergueu a cabeça.
Lá estava Tia, que deveria ter sido deixada para trás em Lasta.
— Princesa Tia?! Por que você está aqui?! — Ele exclamou.
— Ehehehe. Eu vim.
— Mas como… ?
— Lady Roroa e alguns outros estavam indo para a fortaleza em uma gôndola, então eu guardei a bagagem deles.
— Uma clandestina?! Como você pôde…? Deve haver um alvoroço em Lasta agora.
— Ah, isso não é problema. Deixei um bilhete dizendo que viria para cá.
— Esse não é o problema!
Julius agarrou as têmporas da cabeça que agora latejavam. Este foi um nível de determinação comparável ao de Roroa.
Vendo o olhar preocupado em seu rosto, Tia falou hesitantemente:
— Hm, me desculpe. Mas eu simplesmente não pude deixar de me preocupar…
Julius soltou um suspiro de resignação.
—… Alguém viu você vindo para esta sala?
— Não, eu entrei aqui com um pano na cabeça, então ninguém deveria ter me visto. Parecia que todos estavam ocupados se movendo e fazendo outras coisas.
— Bem, acho que haveria ainda mais alvoroço se você tivesse sido encontrada.
Julius orientou Tia a se sentar em sua cama e depois sentou-se ao lado dela.
— Princesa. Por favor, não saia deste quarto até que tudo esteja resolvido. Distrairia os soldados de Lastania se descobrissem que você está nessa fortaleza.
— O-ok vou ficar quieta aqui para não causar problemas para você. — Tia assentiu, mas logo olhou para ele com os olhos voltados para cima e perguntou — Hm… Minha presença aqui também distrai você, Lorde Julius?
A pergunta hesitante fez Julius encolher os ombros, como se estivesse exasperado.
— Não, na verdade, isso me deixa mais focado. Eu absolutamente não posso me permitir perder agora.
— Você vencerá, Lorde Julius. Absolutamente.
— Heh. Quando você diz isso, princesa, eu misteriosamente não posso deixar de acreditar…
Talvez tenha sido o cansaço de dias de luta contínua, ou os preparativos para a batalha de amanhã, mas Julius soltou um bocejo.
— Fwah… com licença…
Tia ficou olhando fixamente por um momento, mas então algo pareceu vir até ela e deu um tapinha no colo.
— Lorde Julius, se você estiver cansado, por favor, use meu colo como travesseiro.
— Ah! Não, isso seria um pouco demais…
— Minhas coxas não são carnudas o suficiente para serem um bom travesseiro? — Ela indagou, fazendo beiço.
Vendo Tia claramente decepcionada, Julius cedeu e deitou-se apoiando a cabeça no colo dela.
— … Okay.
Tia parecia satisfeita enquanto acariciava a cabeça de Julius.
— Vou rezar por sua sorte na batalha, Lorde Julius.
— Princesa Tia… — Ele murmurou. — Então, como fazem nas histórias dos cavaleiros, deixe-me dedicar esta vitória a você.
Eles passaram um tempo juntos que foi tão pacífico que seria difícil acreditar que fosse na noite anterior à batalha final.
Na cozinha da fortaleza, Poncho e Serina separavam a comida.
Eles precisariam preparar uma grande quantidade de alimento amanhã. Além de fornecer nutrição antes da batalha decisiva, seria necessário um banquete após a vitória.
Pode parecer presunçoso dizer isso quando ainda não tinham vencido, mas caso não se preparassem para um banquete, daria a impressão de que esperavam perder. Por isso, na expectativa da vitória, Poncho e sua equipe faziam os preparativos necessários.
— Hm… Eu ajudo — ofereceu Komain, vendo Poncho mexer uma panela grande. — Quando você e Serina estão trabalhando, não posso ser a única a relaxar.
— E-está tudo bem. Temos ajuda suficiente aqui, sim — disse Poncho com um sorriso preocupado.
Era verdade, havia vários outros chefs na cozinha ajudando. No entanto, todos pareciam muito ocupados.
— Mas…
— Você irá para a batalha amanhã, não é? Descanse por hoje e durma o pouco que puder.
Komain tentou insistir no assunto, mas Serina a rejeitou completamente.
Ela havia se oferecido para lutar na batalha de amanhã, a fim de estar ao lado de seu irmão Jirukoma. Dado isso, precisava estar pronta para o dia seguinte.
Poncho enxugou as mãos no avental e colocou uma delas no topo da cabeça de Komain.
— Não posso lutar no campo de batalha como Sir Jirukoma. É constrangedor, mas em termos de força, não sou páreo para Madame Serina, sim.
— Afinal, espera-se que uma empregada seja capaz de administrar um nível mínimo de autodefesa — emendou Serina friamente, com uma expressão no rosto que dizia que não havia nada de especial.
Aquelas artes marciais de Serina, que fazem parecer que você está sendo encarado por um grande lobo, são o mínimo, não é? Komain sentiu que estava perdendo a noção do que realmente era o trabalho de uma empregada doméstica, mas ela sabia que Serina simplesmente se esquivaria da questão se tocasse no assunto, então ela segurou a língua.
Poncho deu a Komain um sorriso estranho e retomou:
— Por causa de como sou, não posso ajudá-la no campo de batalha. Em troca, estarei esperando com comida deliciosa, então volte em segurança, sim. Vamos comer juntos, nós três.
— Poncho…
As amáveis palavras de Poncho penetraram o coração de Komain.
— Essa frase parece vir de uma esposa que mandou o marido para a guerra — comentou Serina exasperada.
— E-eu acho que sim. Preciso me recompor, sim. — Poncho sorriu timidamente.
Tendo sido tocada pela atmosfera calorosa entre eles, Komain sorriu feliz também.
— Sim, definitivamente voltarei em segurança. Porque a mesa da família Ishizuka é o meu lugar.
Tomoe e Inugami estavam trazendo suprimentos para a grande sala onde os soldados feridos eram transportados.
Olhando em volta, a maioria dos soldados enfaixados estavam sentados. Os únicos que estavam deitados eram aqueles com ferimentos graves, e eles tinham magos de luz próximos a si, fornecendo tratamento.
Em meio o que poderia facilmente ter sido uma cena sombria, Tomoe deliberadamente escolheu agir alegremente.
— Eu trouxe mais bandagens e triócido!
O médico que cuidava dos feridos a saudou:
— Bom trabalho, Lady Tomoe!
— Vocês médicos parecem tão cansados — iniciou Tomoe. — Há muitas pessoas feridas?
— Não, todas as pessoas aqui tem ferimentos comparativamente leves. Aqueles com ferimentos externos graves têm prioridade para tratamento com magia de luz, e aqueles com casos mais graves são levados de volta para Lasta. Todas essas pessoas vão melhorar com alguns curativos e remédios.
— Ah, eles vão? — Tomoe perguntou alegremente — Bem, por favor, continue fazendo seu melhor por eles.
Tomoe e Inugami entregaram os suprimentos que trouxeram aos médicos.
Assim que a transferência foi concluída, Inugami sussurrou para Tomoe:
— Não seria melhor você descansar um pouco agora, irmãzinha?
Ele estava dizendo isso por preocupação, mas Tomoe balançou a cabeça.
— Quero fazer tudo que puder, quero ser útil.
— O que você está dizendo? Durante a batalha de Lasta, pudemos aprender sobre a vida dos homens-lagarto e encontrar uma solução.
— Mesmo assim… quero ajudar mais.
— Ookyakya, que admirável! — Uma voz riu.
Quando Tomoe olhou na direção daquela voz alegre, Kuu e Leporina tinham acabado de entrar.
Inugami deu um passo à frente, colocando-se entre os dois e Tomoe.
Vendo a expressão no rosto de Inugami, Kuu ficou confuso.
— Espere, espere, que tipo de olhar é esse? Eu fiz algo que te aborreceu?
— Talvez ele seja o guardião de Tomoe? — Leporina apontou. — Lembre-se, jovem mestre, você deu em cima dela uma vez.
Kuu bateu palmas.
— Oh sim, eles são meio parecidos. Okyakya, está tudo bem! Não vou dar em cima da irmã mais nova do Mano quando Taru não estiver por perto.
— Normalmente você deveria se conter mais quando ela está por perto… — Leporina murmurou, parecendo exasperada.
Inugami permaneceu em silêncio.
Me pergunto que tipo de cara ele está fazendo… Tomoe não podia ver o rosto de Inugami, dada sua posição.
— A propósito, por que vocês dois estão aqui? — Tomoe indagou. — Você se machucou em algum lugar?
Leporina soltou uma risada perturbada.
— Oh não, nós estávamos procurando qualquer tecido extra que pudesse estar por aí.
— Tecido extra?
— Meu porrete ficou todo sujo durante a batalha de hoje. — Kuu estendeu sua arma que estava salpicada com o que provavelmente era sangue de homem-lagarto. Já havia secado e escurecido, mas havia sinais de que ele também havia esfregado. — O pano que eu estava usando para limpar rasgou. Tirei muito sangue, mas há muito trabalho de design complexo, então não consegui tirar tudo. Garantir que minha arma seja mantida adequadamente pode ser uma questão de vida ou morte, afinal.
— Foi você que insistiu em uma gravura legal, mesmo depois que Taru lhe disse que isso tornaria a manutenção ainda mais chata, jovem mestre.
— Okya? Eu fiz isso?
Enquanto Kuu ria e tentava evitar o assunto, Leporina colocou a mão no quadril e suspirou.
Observando os dois, Tomoe murmurou:
— Se eu tivesse forças para lutar, poderia fazer mais…
— Ookya? — Tendo percebido isso, Kuu inclinou a cabeça para o lado. — O que foi, garotinha? Você quer lutar?
— Hm… eu estava pensando que se fizesse isso, poderia ajudar mais o irmãozão.
— Ah, isso não vai acontecer. — Kuu disparou — Essa é uma daquelas coisas em que é uma questão de potencial. Você é muito boazinha para ficar no campo de batalha. Mesmo que seja pelo Mano, se você estiver enfrentando uma fera feroz, não será capaz de matá-la, não é? Além disso, não importa o quanto treine, nunca será mais do que um único soldado. Não há como ajudar muito assim.
Diante do argumento razoável de Kuu, Tomoe não pôde dizer nada. Ela apenas puxou a barra da roupa.
Inugami tentou dizer algo para defendê-la, mas não havia nada de errado no que Kuu estava dizendo, então ele não conseguiu encontrar palavras para isso.
Não se importando nem um pouco com a atmosfera pesada, Kuu continuou:
— Além disso, você tem um poder mais especial de qualquer maneira, não é? A capacidade de falar com animais, não? Ouvi dizer que você usou esse seu poder para fazer mais trens de rinossauros funcionarem.
— Hã? Oh, sim…
— Se me perguntar, isso é muito mais útil do que ser capaz de lutar. No meu país, usamos numoths para nos locomovermos no inverno, mas temos dificuldades em conseguir mais deles, sabe. Se tivéssemos sua habilidade, sinto que poderíamos preparar as coisas para que eles se reproduzissem com mais facilidade… — Kuu parou de falar, ficando com uma expressão pensativa no rosto.
— Hm? Talvez devêssemos pegar emprestado seu poder… pedir para você falar com numoths por nós…
— Hm, me perdoe, mas a irmãzinha é a filha adotiva do ex-rei e da rainha e, portanto, é da realeza — informou Inugami rigidamente. — Mesmo com um guarda-costas, enviar Lady Tomoe sozinha para a República simplesmente não é uma opção…
Kuu apenas acenou com a mão.
— Vai ficar tudo bem. Não há necessidade de ela sair do país. Nós providenciaremos o numoth, e se ela puder ir a uma vila ou cidade perto da fronteira, eles poderão conversar lá.
— Mesmo para isso, você precisaria da permissão de Sua Majestade.
— O Mano queria alguns numoths. Recusei seu pedido porque precisamos deles para defesa, mas se o compartilhamento de informações entre o Reino e a República facilitar sua criação, não me importo de deixá-lo ficar com alguns. O sul do Reino também é frio, então ele deveria ser capaz de criá-los. Bem… vou precisar da permissão do meu pai também, então vai demorar um pouco, tenho certeza, mas terei que tentar conversar com o Mano sobre isso mais tarde.
Kuu sorriu para Tomoe.
— Quando a hora chegar, garotinha, contarei com você. Ookyakya!
—…Okay! Farei meu melhor! — Tomoe afirmou, cerrando os punhos.
Ela deve ter ficado feliz em saber que havia algo que ela poderia fazer.
Inugami e Leporina olharam com sorrisos.
Enquanto isso, ao mesmo tempo, Ludwin, o Comandante-Chefe dos reforços do Reino da Friedônia, e Kaede, sua oficial de estado-maior, realizavam as verificações finais. Na operação de amanhã, Ludwin estaria no acampamento principal, enquanto Kaede assumiria o comando perto da linha de frente.
— Mas prefiro comandar na linha de frente — suspirou Ludwin.
— Não podemos permitir que o Comandante-Chefe diga isso — disse-lhe Kaede. — Por favor, fique como está desta vez.
— Ahaha… tudo bem.
Assim que as verificações finais foram concluídas, os dois saíram da sala de guerra.
— Contarei com você amanhã então — disse Ludwin
— Sim. Que a sorte o favoreça na batalha, Sir Ludwin.
Separando-se de Ludwin, Kaede caminhou uma curta distância e encontrou Halbert e Ruby parados em um canto.
Ao vê-los, Kaede inclinou a cabeça para o lado e olhou fixamente.
— Você ficou acordado para me esperar?
— Não consegui dormir, só isso — respondeu Halbert
— Ele diz isso, mas só queria ver seu rosto. — Ruby sorriu.
Com Ruby abrindo o bico, Halbert ficou com um tom brilhante de vermelho.
— Quê?! Ruby! Agora escute!
— Hehe! Estou feliz em ver vocês dois também, sabe. — Kaede disse com uma risadinha. — Você lutará no ar enquanto eu luto em terra. Hal, vai ser mais perigoso para você, então deve ter cuidado, você sabe. E não pode pressionar Ruby demais.
— Sim, eu sei — retrucou ele. — Não estrague tudo e se machuque, nem nada. Se você acabar em apuros, nós definitivamente iremos salvá-la. Certo, Ruby?
— Hehe! — Kaede deu uma risadinha. — Isso mesmo. Eu protegerei você e Ruby também.
Com ambos os lados agindo como se fossem melhores que o outro, os três caíram na gargalhada.
Enquanto eles estavam rindo…
— Oh, que coisa, todos vocês parecem se dar bem.
Os três se viraram para ver quem havia se dirigido a eles e Excel estava ali parada com um sorriso.
O súbito aparecimento da Comandante-Chefe da Força de Defesa Nacional fez com que todos saudassem reflexivamente como militares.
— Po-por que, é a Duquesa Walter! Lamento não termos notado você antes — disse Hal apressadamente.
— Ohh, já é tarde da noite, então deixemos isso pra lá. — Excel acenou com a mão diante de seu pedido de desculpas em nome do grupo.
No lugar de um Halbert sem palavras, Kaede perguntou:
— Hm, o que você está fazendo aqui, Duquesa Walter? Achei que já estaria dormindo.
— Hm… Eu estava preocupada com Sua Majestade e fui até seu quarto, mas Aisha me mandou embora na porta. Elas simplesmente o amam muito. — Excel colocou um dedo nos lábios, como se estivesse preocupada.
Sério, o que essa pessoa está pensando? Halbert e os outros pensaram enquanto olhavam para ela com olhos frios, mas Excel estava legitimamente preocupada com Souma.
Ela estava pensando, Durante a reunião, Sua Majestade aparentava estar se esforçando um pouco, mas, bem, parecia que Roroa e Naden estavam na sala com ele… Suponho que ficará bem.
Para mudar para um novo estado de espírito, Excel bateu palmas.
— A propósito, vocês três estavam no navio de Castor, não estavam? Do seu ponto de vista, aquele meu genro idiota está fazendo um trabalho adequado como capitão?
— Hã? Você quer dizer o Capitão Castor? — Halbert olhou para Kaede e Ruby. — Uh… Sim. Acho que ele é um capitão confiável.
— Ele limpa o convés mesmo agora que é capitão, então toda a tripulação o respeita — continuou Kaede
— Ele disse, “Ei, como um dragão vermelho e um dragonato, somos meio parecidos, hein” e iniciou uma conversa casual comigo — acrescentou Ruby.
Ao ouvir suas opiniões, Excel sorriu.
— Entendo. Então ele está indo bem.
— Oh sim. Claro que está.
— Bem, ouvi dizer que ele foi para um lugar onde não deveria ter ido com aqueles tripulantes que o respeitam tanto. Hehe…
Halbert e os outros sentiram como se a temperatura tivesse caído dez graus.
Então Excel olhou para Kaede e Ruby.
— Vocês duas estão noivas de Sir Halbert, certo?
— S-sim — disse Kaede
— Correto.
Excel acenou com a cabeça diante da resposta e depois assumiu um tom de palestra.
— Sabe-se que os homens se deixam levar facilmente. É por isso que, como mulheres, devemos controlar suas rédeas. Elogiando, encorajando-os às vezes, enquanto os repreende e dá tapas na bunda em outros momentos. Não podemos nos inclinar muito para um lado. O segredo da felicidade familiar é manter o seu parceiro no controle sem perturbá-lo. Fui clara?
— S-Sim! — Kaede e Ruby saudaram em uníssono.
Halbert estava sozinho se aguentando. Que tipo de cara eu devo fazer enquanto ouço esse tipo de conversa…?
Com um sorriso satisfeito para os três, Excel tirou um leque do peito e o abriu. Então, cobrindo a boca com ele, soltou uma risada alegre.
— Bem, minha filha Accela, que é esposa de Castor, não é uma mulher que fica apenas esperando. Isso é algo que ele aprenderá em breve, tenho certeza.
Conforme Excel soltou uma risada que parecia implicar algo, Halbert sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
Se eu me casar, Kaede e Ruby vão agir assim…?
Assim que o pensamento ocorreu a Halbert, ele jurou para si mesmo que nunca as desafiaria.
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Enquanto cada um passava o tempo à sua maneira, eu estava no meu quarto examinando alguns documentos.
Embora os Poltergeists Vivos que deixei no castelo ainda estivessem cuidando da papelada, eu trouxe alguns trabalhos não urgentes para fazer sempre que minhas mãos estivessem livres.
Fiquei de frente para minha mesa em silêncio, assinando os documentos que havia examinado.
— Hey, querido. — Roroa interrompeu — Você tem que fazer isso agora?
— Sério. — Naden acrescentou. — Você veio até aqui e ainda se enterrou no trabalho?
Quando me virei, Rora e Naden estavam sentadas na cama de solteiro olhando para mim.
As duas usavam um pijama, e Naden usava capas parecidas com luvas nos chifres que ela usava enquanto dormia.
Naden mencionou que seus chifres faziam buracos no travesseiro enquanto dormia em forma humana, então eu os costurei para ela. Eles não tinham nomes próprios, mas eu os chamava de capas de chifre.
…Espera, aquelas duas pareciam estar planejando dormir aqui.
Aisha, aliás, estava de guarda do lado de fora da porta. Parecia que ela tinha acabado de expulsar Excel que estava tentando entrar e nos provocar. Bom trabalho!
Examinei um documento e disse a elas:
— Sempre há trabalho a fazer. Se eu não fizer o máximo que posso, isso se acumula.
— A consciência que você deixou no castelo está funcionando, não é? — Roroa perguntou.
— Você não deveria descansar antes da batalha de amanhã? — Naden indagou.
— Bem… Eu sei disso, mas…
Então as duas começaram a sussurrar uma para a outra.
— Estou pensando que este é um caso disso, Nadie.
— É. Aposto que é isso mesmo
O que exatamente era esse tal disso que elas estavam falando sobre?
As duas se levantaram e cada uma agarrou firmemente um dos meus braços.
— Irmãzona Cia estava nos dizendo, “Quando Souma trabalha mais do que o necessário à noite…”
— ”… é porque o estresse o mantém acordado, então tome cuidado”.
— Urgh…
Elas acertaram em cheio. Liscia, Aisha e Juna sabiam como eu era quando psicologicamente era levado ao limite. Mas Roroa e Naden não deveriam saber, então o fato de terem conhecimento significava que havia um compartilhamento de informações entre minhas noivas.
— Nadie, você segura essa ponta — explicou Roroa
— Entendido. Um, dois…
Elas me arrancaram da mesa e me sentaram na cama. Então, como se quisessem me impedir de escapar, elas seguraram meus braços com força.
— Então, por que você está tão nervoso? — Roroa perguntou. — Você não tem um plano totalmente elaborado para vencer?
Eu cedi e confessei meus sentimentos.
— Ainda é um fardo pesado o fato de que pessoas vão morrer por ordem minha. Estamos enfrentando monstros impiedosos desta vez. Eles só têm o instinto de sobreviver e, nesta situação, o dano só se espalhará se não os matarmos, por isso devemos exterminar os monstros. Não sinto nenhuma hesitação sobre isso. É por isso que, comparado a declarar guerra ao Principado, isso é mais fácil para mim emocionalmente.
— Souma… — Naden deu um tapinha na minha cabeça com preocupação em sua voz.
— Mesmo assim, quando vejo os cadáveres de pessoas comidas pelos monstros, não posso deixar de pensar que se eu não os tivesse trazido aqui, se eu não os tivesse ordenado para a batalha, essas eram vidas que não seriam perdidas. Obviamente sei que há pessoas que salvei lutando, e ainda mais vidas que teriam sido perdidas se tivesse escolhido não fazê-lo. Ainda assim, me odeio por jogar um jogo de números com a vida das pessoas.
— Mas é isso que um rei faz não é? — Roroa disse com uma expressão séria no rosto. — O homem que está no topo faz o máximo que pode pelos que o apoiam de baixo. Ele os mantém vivos e os protege o máximo que pode, mantendo as perdas tão baixas quanto possível. Naturalmente, porque ele está fazendo “tanto quanto pode”, haverá coisas que ele não poderá fazer. Isso é um fato, mas é a crença de que o cara que está no topo está fazendo tudo o que pode que faz com que as pessoas abaixo sintam que podem lutar. Você sabe disso, não é, querido? Se você ainda está se preocupando, tenho certeza que é porque…
— Sim — acenei com a cabeça.
Isso foi algo que aceitei. Afinal, eu tinha feito assim o tempo todo. Mas não pude deixar de parar e pensar. Porque se eu não o fizesse…
— Tenho medo de me acostumar — expliquei. — Se eu me imagino não me preocupando assim e sendo simplesmente capaz de tomar uma decisão… então algum dia, de algum forma, sinto que vou me tornar algo terrível. Então como resultado, perderei as coisas mais importantes para mim.
A experiência que tive de me tornar nada mais do que um sistema chamado rei, disparou um alarme para mim.
“O rei”, “o herói”, “o homem de outro mundo”, “aquele que fez um contrato com o ryuu negro”… esses tipos de títulos únicos atrairiam pessoas para mim. E se eu me permitisse ser levantado por aquelas pessoas, algo que não era eu começaria a ganhar vida própria.
Eu me preocupava constantemente com isso.
— Não quero parar de sofrer com minhas decisões. — Eu continuei. — Mas quanto mais eu agonizo, mais cansativo é. Então me concentro no trabalho para evitar pensar. Isso é uma contradição?
— Eu acho que está tudo bem. Seja você mesmo. — Naden abraçou meu braço com força. — Eu amo esse seu lado nada “realeza”, Souma.
— Isso mesmo. Se você começasse a agir como um rei, a irmãzona Cia ficaria preocupada, não acha? — Roroa também me abraçou forte, como se não quisesse soltar.
Naden deu uma risadinha.
— Mas se você vai fugir para seu trabalho, eu gostaria que fugisse para nós. Ouviremos suas incertezas, suas reclamações, qualquer coisa.
— Sim, sim — concordou Roroa. — Oh, também somos boas para beber, sabe? Ficaremos com você até de manhã.
Senti meu coração aliviar um pouco.
— Se bebermos a noite toda, Liscia provavelmente vai nos repreender mais tarde.
— Podemos ouvir os gritos todos juntos.
— Se você quiser, podemos deixar a irmãzona participar da ação também.
— Ahaha, isso seria ótimo… — Deixei escapar um bocejo sem querer. No momento em que meu ânimo melhorou, de repente fui tomado pela sonolência. Os dias de movimentação e de travar batalhas me alcançaram. — Isso não é bom… estou cansado…
Quando me deitei na cama, Naden e Roroa, que estavam agarradas aos meus braços, desceram comigo.
— Uwah!
Ah… A sonolência repentina me roubou a capacidade de pensar.
Roroa era como uma criança, aparentemente. Quando me aconcheguei nela, ela estava com a temperatura corporal elevada.
Naden tinha uma temperatura comparativamente baixa, ela estava até com um pouco de frio. Ambas pareciam reconfortantes e eu estava cada vez mais e mais perto de dormir.
Em meu estado nebuloso, ouvi suas vozes.
— Ei, Nadie. Vamos acabar dormindo com ele assim?
— Pa-parece que sim. Essa é uma vantagem inesperada.
— Ah! Lembro que a irmãzona Cia e a irmãzona Ai já dormiram com o querido antes. Parece que ele também foi encurrulado mentalmente naquela época.
— Ele foi? Então isso pode ser eficaz em Souma!
— Estou pensando assim. Mas não sei sobre esta posição. Quero dizer, estamos todos deitados de lado na cama.
— Nossas pernas estão para fora, sim. Não é tão relaxante.
— Quando o querido estiver totalmente apagado, vamos mudar de posição. Ajude, sim?
— Entendido. Mas primeiro…
E foi aí que minha consciência apagou.
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— Boa noite, querido.
— Boa noite, Souma.
E as duas beijaram Souma na bochecha em uníssono.
Tradução: VPHz
Revisão: Pride
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