Dark?

Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 08 – Cap. 08 – A libertação de Lasta

A+ A-

 

Amanheceu.

 

O sol surgia no horizonte e rapidamente iluminava tudo. Mesmo nesta terra que ficava no meio do norte do continente, e portanto mais quente que no Reino, parecia bem fria nesta época do ano.

No ar fresco da manhã, havia sete pessoas de pé perto do portão oeste: Halbert, Kaede, Ruby, Jirukoma, Lauren, Kuu e Leporina. Atrás deles estavam os soldados do Reino de Lastania, aguardando pelo começo da batalha.

— Está pronta, Ruby? — Halbert perguntou.

— Sim.

Ruby se transformou em um dragão vermelho, e Halbert pulou em suas costas.

— Sir Halbert, Madame Ruby, estaremos contando com vocês. — Lauren, a capitã dos soldados, disse a eles, se curvando.

— Estamos cientes. — Hal acenou. — Se cuide também.

— Vocês vão estar agindo fora das muralhas, portanto, estarão em perigo assim como a gente. — Ruby completou.

Jirukoma bateu em seu peito corpulento.

— Deixem esse lugar com a gente. Vamos por nossas vidas em jogo para defender as equipes de trabalhadores.

— Ooykyakya! Nós vamos ajudar também, então não se preocupe. — Kuu riu. — Não se deixe levar e acabar estragando tudo, Hal.

— Você é mesmo alguém para dizer isso, Jovem Mestre…? — Leporina murmurou.

Sim, Kuu tinha a mesma confiança sem base de sempre, e Leporina bufou  irritada.

Kaede caminhou até onde Halbert estava, colocando sua mão sobre a perna dianteira de Ruby.

— Ruby, cuide do Hal por mim.

— Como Naden sempre diz, “Entendido”. Deixa comigo.

— Hal, você também. — Kaede continuou. — Não seja tão selvagem, certo? Ruby está com você, então tenha certeza de não agir irresponsavelmente.

— Eu sei, tá bem?

Kaede deu um passo para trás, então se virou para os soldados e anunciou:

— Sua Majestade e Sir Julius estão preparando nosso próximo movimento, então eu estarei no comando aqui. Pessoal, vamos dar nosso melhor.

— Yeah!

Após todos responderem a ordem de Kaede, Halbert e Ruby decolaram rumo aos céus. Enquanto eles deixavam o chão para trás, Ruby pegou o objeto em forma de bloco que foi preparado para ela com suas pernas traseiras. Aquela coisa tinha cinco paredes de ferro e uma porta em barras de metal, era uma jaula para o homem-lagarto que foi alimentado com carne de monstro.

Carregando a jaula com ela enquanto voava, Ruby perguntou a Halbert:

— Primeiro, vamos deixar este homem-lagarto solto perto da floresta ao leste daqui, certo?

— Sim. Vamos ter que nos aproximar do chão, então tenha cuidado.

— Eu sei.

Enquanto voavam sozinhos, quimeras que podiam voar começaram a se juntar ao redor da dupla. Já que eram somente os dois, os monstros provavelmente consideraram Halbert e Ruby como presas fáceis. Porém, eles não faziam idéia do quão poderosa era essa dupla.

— Halbert Magna, a seu dispor! — Ele balançou suas duas lanças gêmeas em torno de si, dividindo em dois os monstros que atacavam de cima. Então Hal cobriu uma lança em chamas e a atirou. No momento que cravou em um monstro…

Boom!

Explodiu, e até mesmo outros monstros que estavam perto foram atingidos.

— Aqui, mais uma vez!

Halbert puxou a corrente presa em sua outra lança, recuperando a primeira delas, então a cobriu com fogo mais uma vez e a lançou. Repetindo esse ciclo, ele fez todos ao redor deles desabrocharem em chamas assim como flores.

Halbert sorria enquanto ele manuseava sua lança.

— É conveniente não ter que jogá-las fora após um uso. Preciso me lembrar de agradecer a Taru por isso.

— Kaede avisou sobre não se deixar levar, lembra…? Eu vou descer, se segure.

— Certo.

Hal se firmou, então Ruby desceu bruscamente em um ângulo de quarenta e cinco graus. Enquanto tocava o solo, ela abriu a porta da jaula, então imediatamente decolou novamente.

Halbert identificou o homem-lagarto rastejando para fora da jaula. Ele rapidamente correu para dentro da floresta ao leste, onde sua espécie se escondia.

— Ótimo! O monstro foi libertado com sucesso. Em seguida, vamos sobrevoar a floresta.

— Entendido.

Ruby esticou suas asas e voou lentamente, passando pela floresta com monstros voadores a reboque. Eles precisavam atrair tantas quimeras voadoras quanto possível, então não podiam ir tão rápido, o que significava que aqueles mais rápidos os alcançariam.

Bzzz! Havia um grande monstro de um olho só semelhante a uma abelha chegando até eles com as asas zunindo.

— Faça alguma coisa! — Ruby gritou. — Eu não quero ser cercada por insetos!

— Certo!

Hal cortou em quatro partes a abelha monstro com suas duas lanças. Os fluidos da criatura voaram para todos os lados, com apenas suas asas translúcidas dançando se recusando a desistir.

— Aguenta aí, Ruby! As coisas vão ficar um pouco sérias!

— Eu sei! — Ela gritou de volta.

ROAAAARRRRR!

Os monstros atacavam a distância, atirando espinhos e cuspindo fogo. Um certo número desses ataques passavam de raspão em Ruby, mas ela continuou mantendo o mesmo ritmo.

A dupla finalmente teve êxito em trazer os monstros que estavam atraindo até o topo da floresta a leste onde os homens-lagarto estavam escondidos.

Ruby rugiu.

— Vamos terminar isso de uma vez! Segure firme!

— Entendido!

Enquanto Hal se agarrava em suas costas, Ruby acelerou rapidamente, elevando seu corpo, subindo mais alto pelos céus, então deu uma cambalhota no ar e entrou num mergulho indo para trás dos monstros.

Em um instante, os caçadores se tornaram a caça.

— Aqui! Pagarei em dobro!

Bwoooooooooooosh!

Ruby abriu sua boca, lançando uma bola de fogo na direção dos inimigos voadores.

Sopro do Dragão era o ataque mais emblemático dos dragões, diz ser capaz de devastar um reino inteiro. Os monstros pegos pelo Sopro do Dragão de Ruby foram queimados, bem tostados e então caíram na floresta um após o outro.

Vendo isso, Halbert coçou sua bochecha.

— Não foi um pouco demais? Os monstros viraram carvão, sabia?

— C-Carne fica melhor bem passada.

— Eu prefiro mal passada.

Os dois continuaram brigando sobre coisas que não importavam. Eles podiam brincar assim pois tiveram êxito em suas funções, então estavam livres da tensão que sentiam antes.

Halbert olhou para a floresta abaixo, onde os monstros queimados caíram. Mesmo daqui, ele podia dizer que os homens-lagarto fizeram uma bagunça.

Se o que eles alimentaram começasse a comer as criaturas queimadas, os outros que estavam famintos sem dúvida iriam seguir o exemplo. Então, provando o gosto de outros monstros… O projeto se moveria para o terceiro estágio.

— Vamos voltar, Ruby. Kaede e os outros devem estar preocupados.

— Você está certo.

Eles se viraram e refizeram o caminho de onde vieram.

Enquanto Halbert e Ruby estavam atraindo os monstros, havia movimento no solo também.

Os portões da cidade foram abertos, e cerca de seiscentos soldados armados saíram enfileirados.

Uma vez que saíram dos limites das muralhas, eles atacavam os monstros no solo que comiam os corpos dos homens-lagarto. As criaturas estavam tão absortas em comer, que os soldados foram capazes de pegá-las de surpresa, cortando com espadas, atirando flechas e as derrubando com magia.

Esses soldados haviam se fortalecido em batalhas, isso era esperado.

As tropas eram uma mistura das Forças Regulares de Lastania, soldados voluntários refugiados e as Dracotropas do Reino da Friedônia. Para este grupo de especialistas em combate, matar monstros que não voavam e não eram mais fortes que homens-lagarto, era como ir a caçada.

Dentro do grupo, a Capitã Lauren gritou para encorajar suas tropas enquanto ela abatia um pequeno monstro com seu grande escudo:

— Enquanto Sir Halbert está mantendo os monstros que voam lá em cima, nós vamos abrir caminho! Não há necessidade de perseguir os que estão fugindo! Proteger a unidade que está vindo logo atrás é nossa maior prioridade!

O equipamento pesado de Lauren dificultava a locomoção, mas era vantajoso quando se mantinha na mesma posição. Ela esmagava os monstros que a atacavam com seu escudo, os cortava com sua espada e defendia o lugar onde estava.

Uma vez que os monstros mais fracos perceberam que ela não era um inimigo que seria facilmente derrotado, imediatamente começaram a fugir.

Enquanto Jirukoma corria rapidamente para entrar na briga, com suas kukris em mãos, fora incapaz de segurar o suspiro de admiração.

— Esplêndido, Madame Lauren. Eu me apressei já que você parecia em apuros, mas parece que minha preocupação foi desnecessária.

— Sou uma soldado profissional, afinal. Isto não é nada pra mim. — Lauren sorriu orgulhosamente… prosseguindo de forma irônica. — Bem, mesmo que eu seja a capitã desta tropa, estou um pouco envergonhada por ser uma mulher que é capaz de lidar com monstros tão facilmente. Eu gostaria de ser uma gentil e graciosa mulher, como a princesa, mas isso está além de mim… — finalizou com um sorriso fraco.

Jirukoma estava um pouco confuso.

— O que há de errado em ser uma mulher forte ? Em minha tribo, força e tenacidade são vistos como virtudes em uma mulher. Afinal, elas podem dar à luz as crianças mais fortes.

— C-Crianças?! — Lauren corou. — Hmm… você gosta de mulheres fortes, Sir Jirukoma?

— Hm? Bem, suponho que sim. Afinal, até mesmo minha irmã se parecia mais com um garoto. Então acho que posso amar elas também.

— A-Amar??? — Lauren mostrou um sorriso brilhante por um momento, e então segurou seu escudo mais firme, pondo seu foco de volta na missão. Ela usava a espada em sua mão direita meneando à frente. — Sir Jirukoma, quero garantir a segurança sob a área o mais amplamente possível, então gostaria de pedir a você que elimine os monstros dessa parte. Deixe a defesa deste lugar comigo.

— Não, mas…

— Eu ficarei bem! Afinal, sou uma mulher bem forte! — Lauren bateu em seu peito orgulhosamente.

Estupefato com a declaração repentina, Jirukoma acenou:

— C-Certo… eu entendo. Mas tenha certeza de não fazer nada arriscado.

— Ok. Seja cuidadoso também, Sir Jirukoma! — respondeu Lauren ao passo que Jirukoma saia apressadamente.

Enquanto corria ceifando a vida de monstros com suas lâminas, ele foi até Kuu, que tinha um olhar envergonhado em seu rosto.

Ele balançava seu porrete, golpeando homens-lagarto que corriam em torno, então ficou de costas a costas com Jirukoma e perguntou:

— Parceiro… você não é daqueles lerdos, é?

— Lerdo? Do que está falando?

Vendo a expressão confusa de Jirukoma, Kuu balançou a cabeça irritado.

— Estou falando sobre tomar responsabilidades.

— Responsabilidades? Hm, o que quer dizer?

— Sobre o que será? Eu me pergunto. Tente pensar por si mesmo!

Enquanto dizia isto, Kuu foi em confronto a um monstro que se aproximava em alta velocidade. Era bem maior que os outros. Parecia um avestruz, mas com cabeça de bode. Estava com sua cabeça abaixada como se estivesse de prontidão para perfura-lo com seus dois chifres.

Kuu guardou seu porrete nas costas e correu em direção ao monstro.

— Sir Kuu?! — Jirukoma berrou, mas Kuu deslizou e esquivou rapidamente na frente do monstro, então usou o momento para chutar a perna esquerda que estava suportando seu peso.

— Cuidado pra não cair.

Houve um som de estalo. Combinando a criatura indo em linha reta, com seu peso e a força de Kuu em ação conjunta, a perna esquerda do monstro quebrou. Com apenas uma perna restando, ele foi com tudo no chão movido pela sua inércia.

Kuu ria enquanto assistia.

— Ookyakya! Como eu pensei, sua perna era um alvo fácil!

Whoosh… Thock!

Uma flecha voando cravou na garganta do monstro com cabeça de bode enquanto ele se contorcia no chão. Aquilo o finalizou e seus movimentos cessaram.

A pessoa com um arco correu até Kuu.

— Jovem Meeeeeestre, não me assuste desse jeito! — Leporina implorava com um olhar cansado. — Nossa missão é eliminar os monstros da área. Não há necessidade de mudanças, então apenas siga o plano.

—Ookyakya! Estou bem, então não há problemas! — Kuu apoiou o porrete em seu ombro e riu descaradamente.

Enquanto Leporina franzia o cenho pela falta de arrependimento de Kuu, ela viu de canto de olho o segundo grupo começando a sair do portão da cidade. Diferente do primeiro, este totalizava dois mil soldados, e no lugar de armas, eles carregavam toras grandes; pedaços de lenha e qualquer pedaço de madeira que podiam carregar à mão.

Leporina puxou a roupa de Kuu.

— Jovem mestre, olhe. O segundo grupo saiu, então devemos escoltá-los.

— Ops, você está certa. Se eu ficar brincando, o Mano vai ficar bravo.

— Gostaria de repreendê-lo eu mesma, mas… talvez seja melhor se eu arranjar algum tempo para te dar uma palestra junto de Taru.

— Você não tem que colocar a Taru nisto, okay?! — Havia um notável tom de pânico na voz de Kuu.

Ele não pensou em nada sobre ser repreendido por Souma ou seu pai Gouran, mas uma extensa palestra da garota que ele gostava era algo que ele queria evitar.

Kuu bateu as mãos tentando trocar de tópico, então pediu a Leporina para continuar.

— Olha, era para supostamente estarmos defendendo eles, certo? Vamos lá.

— Honestamente…

Leporina encolheu os ombros e partiu em seguida.

Aquela liderando a segunda unidade, a qual Kuu e Leporina estavam se aproximando, era Kaede.

— Depressa. — Ela ordenou. — Temos que acabar isso antes dos monstros voltarem.

Esta segunda unidade era constituída de soldados recrutados pelo Reino de Lastania.

Eles tinham o mínimo de equipamentos, usavam carrinhos ou suas próprias mãos para carregar as toras de madeira, lenha e fardos de palha. Em resumo: era uma unidade de suprimentos. Kuu, Jirukoma, e os outros tinham limpado os monstros da área para garantir sua segurança.

Assim que a unidade de suprimentos alcançou o ponto que Lauren defendia, situado entre as muralhas de Lasta e a floresta onde estavam os homens-lagarto escondidos, eles descarregaram as madeiras serradas que estavam trazendo. Então os soldados fizeram uma pirâmide com material, enchendo seu interior com lenha e a rodearam de palha.

O que eles estavam construindo era uma fogueira gigante, com uma altura de mais ou menos 5 metros. Este mesmo processo de construção foi repetido em muitos lugares simultaneamente.

Kaede estava usando sua magia elementar da terra – manipulação de gravidade – para fazer as toras ignorarem a gravidade, permitindo o processo de junção das partes mais eficientemente.

No meio de tudo isso, Lauren corria até ela.

— Madame Kaede. Nós lidamos com a maior parte dos monstros, então nos deixe ajudar também.

Kaede balançou a cabeça.

— Não, Madame Lauren, por favor permaneça vigiando a área por perto. Não podemos ter certeza se os monstros que seguiram Hal e Ruby não voltarão. Por favor, mantenha atenção dobrada para mantermos os trabalhadores seguros dos ataques.

— S-Sim, Madame! Entendido! — Lauren a saudou e retornou a sua posição.

A segunda unidade sob o comando de Kaede continuou seu trabalho sob a proteção da primeira liderada por Lauren, e em pouco mais de uma hora, havia cerca de dez fogueiras prontas.

Na mesma hora, uma sombra massiva apareceu nos céus a oeste. Aquela sombra com suas grandes asas abertas eram Ruby e Halbert, retornando após terminarem seus deveres.

Mesmo sabendo que eles estavam bem, passando um sentimento de alívio para Kaede, o rosto dela permaneceu severo enquanto dava ordens.

— Não podemos ficar para as boas-vindas. Se já terminaram a construção, ateiem fogo e retornem para dentro das muralhas!

— Sim senhora! Fogo!

As fogueiras recentemente construídas foram todas acendidas de uma vez.

A palha queimou rapidamente, e a fumaça ficou laranja sob a luz do fogo que começava a brilhar.

Com as fogueiras queimando atrás deles, a segunda unidade voltou às pressas para dentro das muralhas, seguidos por soldados da primeira unidade que vinham lentamente recuando enquanto se defendiam dos ataques de monstros.

— Eu espero que o plano funcione bem… — Lauren, que estava na retaguarda, disse, soando preocupada.

Kaede riu.

— Nós fizemos tudo que podíamos. Agora, apenas temos que orar para que funcione

 

Separador Tsun

https://tsundoku.com.br

 

Gwah! Grrr!

Tendo perdido muitos da sua espécie na batalha de ontem, os homens-lagarto estavam agora escondidos na escuridão da floresta. Todos ficaram olhando para os céus.

Uma linha vermelha atravessava sua visão.

Por enquanto, muitas linhas vermelhas de luz voavam pelos céus.

O que são aquelas coisas? Eles se perguntavam enquanto assistiam.

Coisas caiam pelo chão em pedaços. Quando eles se aproximaram, eram monstros carbonizados.

Os homens-lagarto apontavam seus focinhos para o calor que emanava deles.

A carne assada tinha um cheiro salgado.

As criaturas ansiavam por aquilo. No entanto, eles paravam antes de se renderem à vontade.

Anteriormente, quando eles comeram monstros similares, muitos de sua espécie experienciaram dores de estômago, e mais de dez deles morreram.

Se era devido a carne estar envenenada por doenças que elas portavam, ou resultado de parasitas… eles não sabiam ao certo. Os homens-lagarto não tinham como saber, e também careciam de inteligência para descobrir a resposta.

A informação sobre “comer carne misturada de vários monstros pode resultar em morte” era tudo que podia ser entendido por esses grandes gênios. E nisso, mesmo que estivessem famintos, eles não tentariam comer aquela mistura de carne.

Mas então…

Kshaaaaa! …chomp!

Um deles começou a comer os monstros tostados.

Estava agindo como se eles parecessem realmente saborosos, devorando vários deles.

Os outros apenas observaram esse indivíduo cautelosamente.

Ele realmente estava aproveitando o banquete, mas curiosamente não estava morrendo e nem tendo dores de estômago.

Por quê?

Do ponto de vista deles, o indivíduo estava comendo uma carne bem assada, e evitando as partes ainda cruas.

Vendo isso, a informação no cérebro dos homens-lagarto dizia: “comer carne crua de monstros misturados pode resultar em morte, mas se estivesse bem assada, poderiam ser ingeridas.”

No mesmo instante, eles rodearam os monstros carbonizados. Devido, em parte por sua fome, eles rasgaram a carne imprudentemente.

Mesmo aqueles que não testemunharam a tal cena anterior, aprenderam a mesma informação, e a batalha pela carne assada se iniciou.

Eventualmente, essa informação viajou por todos os lados.

No entanto, era muito pouco para oitocentos deles.

A carne tostada desapareceu em um piscar de olhos, deixando somente a crua.

Enquanto eles se perguntavam sobre o que fazer, uma luz apareceu perto do lado de fora da floresta.

Uma olhada mais de perto, era um lugar com fogo queimando incessantemente.

Se eu usar aquelas chamas, posso assar a carne crua! Os homens-lagartos que pensaram isso pegaram a carne crua e se aproximaram do fogo, então a jogaram para assar, a comendo depois de pronta.

Dentre eles, havia alguns que podiam cuspir fogo e outros que apenas assavam e comiam.

Ainda assim, tinha um limite para a carne crua também.

Eu quero mais.

Olhando ao redor, eles notaram algo… Havia muita “carne crua” para se alimentar nos corpos de sua espécie.

Os homens-lagarto assim começaram a caça.

 

Separador Tsun

https://tsundoku.com.br

 

— É impressionante de se ver, não é? — perguntei.

— Concordo… — Julius murmurou.

Era algo perto das dez da manhã, com o sol já no alto e brilhante.

Eu estava com Julius nas muralhas, acompanhando a cena se desdobrar abaixo com uma certa admiração.

Fiquei observando os homens-lagarto ao redor das fogueiras, assando a carne de outros monstros que eles caçaram. Um banquete para os primitivos.

Eles eram uma ameaça para nós, mas isto era como assistir uma cena de tempos antigos, e isso estranhamente me colocou em um estado de reflexão indescritível.

Aisha, que podia ver bem a longas distâncias, apontava e explicava:

— Bem perto da ponta, começou a se formar um grupo que se juntou ao redor de um homem-lagarto capaz de cuspir fogo, senhor.

Por termos ensinado eles a assar antes de comer, havia agora uma mudança no peso da balança de poder entre eles.

Naden e Ruby jogavam gravetos e palhas do ar para se certificar que o fogo não apagaria, mas nem todos podiam se juntar ao redor das fogueiras. Então o resultado inevitável era que elas seriam monopolizadas pelos mais fortes. Com isso, aqueles que podiam cuspir fogo estavam em vantagem.

Os homens-lagarto que não podiam chegar perto das fogueiras aparentemente estavam caçando a mais para compartilhar com aqueles que cuspiam fogo na intenção de ter aquela carne assada para eles. Era um contrato simples baseado em uma relação benéfica mútua. Havia uma clara hierarquia se formando entre eles.

— É como assistir a um microcosmo da sociedade, não é? —Eu disse, e Julius acenou concordando.

— Não poderia concordar mais. Eu nunca sonharia com o dia em que veria a sociedade refletida na ação de monstros.

— Se déssemos a eles mais alguns milhares de anos, você não acha que poderiam chegar a algo semelhante a uma civilização? — questionei.

— Possivelmente, mas… não temos o luxo de esperar milhares de anos.

— Justo.

A relação entre humanidade e monstros era apenas uma, matar ou ser morto.

Por isso era impossível conversar com eles, se não os eliminássemos, então os mesmos machucariam nossos entes queridos. Pode ser cruel, mas há pessoas e coisas que precisamos proteger.

Julius fica em pé ao limite da muralha da cidade, dando enfim a ordem para os soldados que aguardavam ansiosos.

— O número de criaturas caiu! Agora, eliminem os homens-lagarto!

Ao comando de Julius, os portões norte e sul se abriram.

 

Separador Tsun

https://tsundoku.com.br

 

— Forças do norte e sul, comecem o ataque! — Ele ordenou.

Para lidar com os homens-lagarto reunidos ao oeste, Julius enviou mil soldados dos portões norte e sul, que então os cercaram do nordeste e sudoeste.

— Vamos continuar firmes cercando o inimigo por trás! — Jirukoma anunciou.

— E nós vamos atacar do sul! Homens, se apressem! — Lauren gritou.

Aquele que liderava as forças ao norte era Jirukoma, e o comandante das forças no sul era Lauren.

Parcialmente por causa dos homens-lagarto estarem distraídos comendo, eles deixaram as duas forças se aproximarem facilmente.

Kaede, que estava vendo das muralhas, ergueu sua mão direita.

—  É agora, mande o sinal!

Em resposta ao seu comando, um sinal de fumaça surgiu do portão oeste.

Quando Jirukoma e Lauren o avistaram, suas forças atacaram as manadas a partir de sua posição no nordeste e sudoeste. Com o ataque somado de dois mil soldados em formação de “V”, os homens-lagarto foram forçados para o leste de Lasta.

Após ela ver isso, Kaede enfiou sua cabeça para fora da muralha e então disse às pessoas abaixo:

— A hora chegou! Estaremos contando com você, Sir Julius!

— Entendido!

Julius, que já não estava mais nas muralhas, agora montado em seu cavalo branco, desembainhou sua espada e a segurou no alto.

Ao seu redor estavam mil soldados, que eram em boa parte da elite, incluindo os Lastanianos regulares e soldados Dracotropas. As tropas estavam prontas e preparadas, aguardando por suas ordens, então Julius anunciou a eles:

— O destino deste país está em jogo nesta batalha! Eliminem o inimigo, pelo bem das famílias que estão atrás dessas muralhas!

— Yeeaahhhh!!!

Enquanto ouvia seus homens clamarem, Julius deu a ordem.

— Abram os portões!

O portão oeste se abriu e as mil unidades lideradas por ele saíram.

Os soldados continuaram com aquele ímpeto indo em direção ao inimigo.

— Por Lastania!

— Morra, lagarto maldito!

Como se estivessem descontando rancores em batalha, os soldados fizeram uma bagunça sangrenta sobre qualquer homem-lagarto que passasse por eles. Julius cavalgava manejando sua espada cortando cabeças uma após a outra. Havia uma trilha de sangue deixada para trás por onde ele havia passado.

No fim da linha, Julius apontou sua espada para o oeste e deu a ordem:

— Mantenham o ritmo, só parem quando não restar mais nenhum deles!

 

Separador Tsun

https://tsundoku.com.br

 

— Ele está fazendo um trabalho brilhante comandando as tropas, não é? — comentei.

O portão oeste abriu, e os mil soldados que saíram estavam atacando os homens-lagarto que tinham sido encurralados ao leste. Sob o ataque dos três lados, o inimigo estava em estado de terror.

Hal e eu estávamos acompanhando a cena acontecendo no ar, sob as costas de Ruby e Naden.

As forças lideradas por Julius cercaram o inimigo com uma formação em triângulo. No entanto, ele não fechou o cerco, deixando um pequeno ponto de escape a oeste, dentre as unidades de Jirukoma e Lauren. Se ele fechasse todas as rotas de fuga, o inimigo focaria em suas tropas, mas se houvesse uma saída, os homens-lagarto seriam distraídos por ela.

Enquanto a atenção das criaturas era voltada para o oeste, as tropas de Julius moviam-se para pegá-los por trás, ao leste.

De alguma forma, isso me lembrava um saco de confeitar.

— Nas táticas militares do meu mundo, isto seria um exemplo de “Em função de se capturar, é preciso deixar solto”, mas vocês não entenderiam a referência. Ao invés disso, vamos chamá-lo de estratégia do saco de confeitar.

— Não, não, um nome que faz você querer comê-lo não é bom. — Disse Naden, tirando sarro de mim com sua telepatia.

Hmmm…

— Então, parece com a boca de um Ryuu, o que você acha de “A boca de Naden”? — sugeriu Ruby.

— Não vá colocando meu nome sem permissão!

— Em um campo de batalha soaria assim: “Vamos usar a boca de Naden aqui!”, “Isto é a essência da boca de Naden.” e “Não há ninguém que possa quebrar a boca de Naden!?”

— Paaaaaaraaaaa!

— Vocês duas… Eu sei que não sou o melhor para dizer isso, mas isto é uma batalha, não poderiam demonstrar um pouco mais de seriedade sobre isso? — Hal, que veio junto de Ruby, disse irritado.

Ruby acenou.

— Você também, Naden. Não leve seu trabalho tão levianamente.

— Eu não fiz nada de errado dessa vez, fiz?! Souma é o único agindo feito bobo!

— Você tem um ponto. — Ruby admitiu.

— Ai! Estou observando os arredores como é suposto que eu esteja fazendo! — rebati.

Meu trabalho era monitorar a área e assegurar que nada inesperado acontecesse. Não poderíamos ter certeza de que não haveria influxos de reforços. Por isso eu estava usando  Poltergeists Vivos para espalhar meus ratos de madeira e monitorar uma vasta área em torno do campo de batalha.

Enquanto estávamos falando, eu tive uma resposta.

— Hal, há um grupo de homens-lagarto vindo do norte, são outros que atravessaram o rio. Tem cinquenta deles.

— Entendido! Seremos rápidos. Vamos, Ruby!

— Okay!

Ruby bateu suas asas e foi para o norte.

Hal e Ruby eram uma unidade de comando. Eles usaram seus poderes e mobilizaram um suporte por áreas que já pareciam colapsadas, ou para responder a situações inesperadas como essa.

— Agora… — Eu disse olhando logo abaixo.

Havia uma guerra unilateral acontecendo. O inimigo que estava sendo encurralado pelas tropas de Julius estava indo em direção ao ponto de fuga a oeste. Com toda a confusão e tumulto, tinha alguns que estavam sendo pisoteados até a morte por sua própria espécie.

Parece que um pequeno número deles estavam saindo do cerco através do ponto de fuga. Eles tentavam fugir adentrando a floresta, mas isso não seria tão fácil assim. É uma guerra de extermínio. A fim de se evitar problemas futuros, não podemos deixar eles fugirem.

— Então, estou contando com você para o toque final, Aisha.

Minha noiva mais forte estava aguardando aqueles fugindo para a floresta.

 

Separador Tsun

https://tsundoku.com.br

 

Os fugitivos devem estar pensando que escaparam.

No entanto, não houve tempo para sentir alívio por fugirem, já que outro problema apareceu vindo de cima.

— Hi-yahhhh! — gritou Aisha.

Duuum! Um som alto reverberou no momento em que sua espada de duas mãos acertou o chão, sendo um deles fatiado em dois.

O corpo do homem-lagarto que foi cortado ao meio amassou.

Aisha, a combatente mais forte do Reino, manejava sua grande espada com uma mão, uma lâmina pesada o suficiente para rachar o chão após cortar em dois o adversário, e então a balançou para limpar o sangue dela sem qualquer esforço.

— Esse sentimento… já fazia um tempo que não sentia isso. — Aisha segurou sua espada no nível dos olhos. — Hoje eu não estou aqui como noiva, nem como guarda-costas, mas uma simples guerreira demonstrando suas habilidades. Aisha da Floresta Protegida por Deus, a seu dispor!

Ela segurava sua espada lateralmente enquanto avançava em frente. Enquanto passava por alguns homens-lagarto desnorteados pelo ataque surpresa, um único flash de luz de sua espada dividia três deles em dois simultaneamente.

— Gishaa! — O homem-lagarto gritou.

Voltando a seus sentidos, os fugitivos tentaram atacar Aisha, mas ela usou um tronco de árvore perto de si como uma plataforma para pular de árvore em árvore.

— Eu nasci e cresci na Floresta Protegida por Deus. Tenho uma clara vantagem lutando na floresta. — Aisha deu um sorriso confiante.

Não era como se eles pudessem entender uma palavra do que ela estava dizendo. Mas Aisha se virou para aqueles que estavam se agrupando para tentar atacá-la, ela então balançou sua espada com a lateral para baixo. Como se estivesse batendo em moscas, os homens-lagarto foram esmagados.

Aisha limpou o sangue de sua lâmina como antes, então olhou para os inimigos como se estivesse caçando a próxima vítima. O brilho em seu olhar intimidava as criaturas, e elas ficaram paralisadas.

— Qual foi? Estão com medo? Se vocês não vierem, eu vou! — Ela anunciou.

Aisha cortou um após o outro em ordem de proximidade. Para os que estavam mais distantes, ela usou um golpe com a pressão do ar, Vento Sônico, para cortá-los. Seu golpe ceifou não só os adversários, mas as árvores ao redor também, assim como uma tempestade violenta.

Isso é insano. Não tem como a gente dar conta dela. Eles instintivamente sentiram isso e então se dividiram.

Mas…

— Whooa, e aí carinhas! A jovem senhorita Aisha não é a única acostumada a lutar em florestas! — uma voz chamou.

Contornando pela frente dos fugitivos, Kuu balançou violentamente seu porrete acertando a parte debaixo da mandíbula do inimigo.

Uma flecha voando pelas árvores vindo de outra direção cravou na testa do homem-lagarto.

No galho de uma grande árvore próxima, estava Leporina segurando seu arco, pronta para atacar.

Kuu pulou nos galhos, pendurado por sua calda com um sorriso cheio.

— Membros das tribos da neve são bons em subir árvores, e Leporina é de uma família de caçadores. Vocês iriam precisar de mais alguma milhares de anos antes de ter qualquer chance contra nós na floresta.

— Se você ficar convencido demais, vai acabar se machucando. — Leporina o alertava enquanto ele pulava de galho em galho.

— Ah, qual é, como se isso fosse mes… Whuh ?!

Quando Leporina pisou sob o galho da árvore em que Kuu estava pendurado, o galho sacudiu e sua calda escorregou, fazendo Kuu cair de cabeça no chão.

Leporina rapidamente olhou para baixo.

— Espera… Jovem Mestre!?Você está bem?!

— Aí… Eu não me segurei direito. — Mesmo coçando sua cabeça em dor, ele não parecia com alguma ferida séria.

Mesmo estando aliviada, ela bateu em suas bochechas.

— Tsk, não me preocupe desse jeito.

— Foi mal, foi mal… Agora vamos acabar com os que sobraram.

Kuu colocou sua arma no ombro e começou a correr, Leporina logo em seguida.

Aqueles como Kuu, Leporina, e Aisha, que eram excelentes em combate na floresta, haviam ficado de guarda esperando os que escaparam para lá. Os homens-lagarto que até agora caçavam quimeras, eram os únicos a serem a presa.

Assim como a batalha na floresta chegava ao fim, a batalha no campo se aproxima da mesma conclusão.

Assim como era esperado de uma batalha em que um lado tinha vantagem do começo ao fim, comparando a pilha de corpos dos homens-lagarto sobre o campo de batalha, as forças combinadas de Lastania e Friedônia tiveram poucas perdas.

A batalha perto de Lasta que estava perto do fim já era quase uma vitória garantida. No entanto, não era como se já tivesse acabado, então eles não podiam relaxar.

Junto aos soldados, Julius estava gritando:

— A libertação de Lasta foi um sucesso! No entanto, se nada mudar, nós vamos ser cercados novamente! Vamos avançar para o norte daqui, aproveitaremos a fortaleza da travessia do rio, e montaremos uma linha de defesa! Somente após isso, as famílias dentro das muralhas poderão ter uma boa noite de sono!

Então Julius apontou sua espada para os céus.

— Só mais um pouco! Vamos!

— Yeeaahhhh!!!

Com isso, os três mil soldados marcharam para a fortaleza ao norte.

Eles avançaram em direção ao Rio Dabicon, lidaram com um grupo de dez homens-lagarto que estavam se escondendo ao longo do caminho, e abordaram a fortaleza perto do ponto de travessia.

— Muito bem, pessoal! — Julius gritou. — Me deem um grito de vitória!

— Hip, hip, urraaaaa!!!

O grito vitorioso dos soldados ecoou enquanto a poeira caía da fortaleza.

Souma e Julius usariam esta fortaleza como base, eliminando os homens-lagarto que chegassem a atravessar o canal em pequenos números, enquanto esperavam pelo principal grupo de reforços chegar da Friedônia.

Materiais de suporte da União das Nações Orientais foram capazes de adentrar a Lasta, e suprimentos foram transportados para a fortaleza na linha de frente pela Cavalaria de Wyverns que tinham retornado.

Então, uma semana depois, cerca de sessenta mil reforços chegaram do Reino da Friedônia.

 


 

Tradução: Hide

Revisão: Pride

 

💖 Agradecimentos 💖

Agradecemos a todos que leram diretamente aqui no site da Tsun e em especial nossos apoiadores:

 

  • adilson_foxxdie
  • brenopaes.
  • deciotartuci
  • S_Eaker
  • xandons
  • .hopium
  • renatolopez
  • Abemilton Filho
  • acidente.l
  • bananilsonfarofa_
  • clebao014
  • hpuque
  • igor.ftadeu
  • Jão gay
  • jarvinhas
  • jpedro1
  • kaliu_010
  • kicksl
  • lucasaf9291
  • MackTron
  • MaltataxD
  • Matheusfss
  • ninixw.
  • rafa1123xd
  • viserionawaken
  • roberto7274
  • willian.zero
  • Tsunaga
  • augustokkjk
  • Enrig
  • fb2272
  • Mucego1991
  • vapor.train

 

📃 Outras Informações 📃

Apoie a scan para que ela continue lançando conteúdo, comente, divulgue, acesse e leia as obras diretamente em nosso site.

Acessem nosso Discord, receberemos vocês de braços abertos.

Que tal conhecer um pouco mais da staff da Tsun? Clique aqui e tenha acesso às informações da equipe!

 

 

Tags: read novel Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 08 – Cap. 08 – A libertação de Lasta, novel Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 08 – Cap. 08 – A libertação de Lasta, read Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 08 – Cap. 08 – A libertação de Lasta online, Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 08 – Cap. 08 – A libertação de Lasta chapter, Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 08 – Cap. 08 – A libertação de Lasta high quality, Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 08 – Cap. 08 – A libertação de Lasta light novel, ,

Comentários

Vol. 08 – Cap. 08