Alguns minutos antes do reencontro de Souma e Julius
— Não desistam! — Lauren, a capitã dos soldados do Reino de Lastania, gritava do topo da muralha que ficava ao norte do castelo. — Nenhum monstro deverá passar por nós!
Usando seu escudo para esmagar um homem-lagarto que passava por cima da muralha, ela gritava encorajando seus companheiros que estavam perto de serem derrotados. Depois de ter escutado que vários homens-lagarto tinham conseguido passar e estavam prestes a atacar o castelo, Lauren quis ir ajudá-los, mas como Julius e Jirukoma já estavam quase lá, decidiu ajudar os defensores da muralha norte e assumiu o comando. Ela estava preocupada com a Princesa Tia, mas para a proteger, bem como a todos os não-combatentes que se escondiam atrás dos muros, era preciso impedir a entrada de mais invasores.
— Muito bem! — Ela gritou. — Continuem empurraaando!
A demonstração das proezas militares de Lauren levantaram a moral na muralha norte. Ela tinha conseguido de alguma forma criar um impasse com o bando de homens-lagarto que estavam subindo.
Ótimo. Conseguimos nos recuperar de alguma maneira. Agora…
Lauren estava começando a se sentir aliviada, mas então aquilo aconteceu.
— Capitã! O céu! — Um dos soldados estava apontando para o céu ao sul gritando.
Quando Lauren olhou para cima, havia incontáveis coisas voando do sul. Por um instante, ela pensou que seriam novos monstros, mas se fossem, deviam ter vindo do norte.
Por fim, à medida que se aproximavam, ela percebeu que eram wyverns com pessoas montadas neles. Era uma unidade de cavalaria de wyverns.
Uma força militar?! De qual país…?!
Então ela viu a cavalaria derrubar alguma coisa. Essa coisa caiu diretamente em direção a Lasta e, no decorrer da queda, algo branco se abriu. No momento em que o fez, sua velocidade de queda diminuiu bruscamente.
Finalmente, enquanto se aproximava, Lauren reparou que havia uma pessoa pendurada debaixo da coisa branca.
— Uma pessoa?! — Ela choramingou.
Porquê a cavalaria wyvern soltaria uma pessoa? Isso era algo que ela nunca poderia sequer imaginar. Lauren ficou confusa, mas depois o canhão de repetição anti-aéreo começou a disparar sobre a pessoa que estava caindo.
— Hã?! Droga!
O canhão de repetição antiaéreo apontou para os objetos que se aproximavam. Quando Lauren percebeu, já tinha uma grande quantidade de projéteis indo em direção daquele que descia. Ela pensou que a pessoa seria atingida, mas…
— Tch?! Então vamos lá! — O indivíduo que estava caindo gritou de surpresa e, em seguida, derrubou os projéteis que eram do tamanho de uma lança, um após o outro, com as suas próprias lanças gêmeas.
Lauren ficou de queixo caído. Ele havia destruído todos os tiros anti-aéreos do canhão?! Será que ele é um monstro ou algo do tipo?!
Quando a pessoa se aproximou o bastante, ela percebeu que se tratava de um jovem com cabelos ruivos.
— Parem de atirar, por favor! Viemos como reforços! — O jovem gritou.
Reforços… Reforços?! Lauren repetia a palavra mentalmente e, quando finalmente compreendeu, deu rapidamente a ordem aos seus soldados.
— Mandem o sinal para os antiaéreos pararem de atirar! São reforços!
— Sim, senhora!
Os soldados que receberam a ordem prepararam rapidamente o sinalizador. Pouco tempo depois, os canhões, colocados em cada um dos quatro cantos das muralhas do castelo, pararam.
Como se estivessem aguardando por isso, os wyverns que estavam voando soltaram pessoa após pessoa e, assim como antes, as coisas brancas se abriram em pleno ar.
Aquelas coisas eram, provavelmente, equipamentos para ajudar na descida. Mas ao ver mais de uma centena desses equipamentos de pouso redondos e brancos abertos no céu, pareciam dentes-de-leão balançando ao vento.
Enquanto Lauren pensava que eles pareciam estar deslocados nesta zona de guerra brutal, reparou que o jovem de cabelo ruivo estava aterrissando.
O homem separou-se do equipamento, agora plano, e correu para Lauren.
— Wheeewww. Eu sei que fui treinado para isto, mas pensei que fosse morrer ali — disse o ruivo, girando seus ombros em um movimento circular.
Embora tenha feito a incrível façanha de destruir os projéteis gigantes disparados contra ele, o jovem parecia poder continuar.
— Quem… é você?! — Lauren perguntou com perplexidade, e o jovem ruivo endireitou-se, cumprimentando-a em resposta.
— Perdão pela apresentação tardia. Sou o Capitão de Força de Ataque, Halbert Magna, das forças especiais terrestres do Reino da Friedônia, as Dracotropas. Você é quem está no comando aqui?
— Hã…? Uh, sim! Eu sou Lauren Fran, a Capitã dos soldados do Reino de Lastania. Hum, Sir Halbert, acabou de dizer que é do exército do Reino da Friedônia…?
Ela começou a ter esperança.
Halbert assentiu com firmeza.
— Sim. Souma… O Rei Souma Kazuya da Friedônia recebeu um pedido de Sir Julius, o antigo Príncipe Herdeiro da Amidônia, e eu vim aqui sob as suas ordens para providenciar apoio.
— Os reforços que o Sir Julius mencionou… Ah! Então a tropa principal está chegando também?
O Reino da Friedônia era a maior potência do leste agora. Era improvável que eles tivessem enviado uma tropa de menos de 10 mil soldados. Eles deviam estar chegando agora.
Pelo menos, essa era a esperança de Lauren enquanto olhava com expectativas para Halbert, mas ele coçou desajeitadamente a bochecha.
— Uhh, não. Somos um grupo avançado. Ainda vai demorar algum tempo até a chegada da unidade principal, por isso fomos enviados na frente devido à nossa alta mobilidade. Estamos aqui para sondar a força dos monstros e apoiar os defensores da cidade para que ela não caia antes da chegada deles.
— Eu… entendo… — Então a unidade principal ainda estava longe. Os ombros de Lauren caíram.
Halbert colocou uma mão em seus ombros caídos e deu-lhe um sorriso.
— Não se preocupe. As Dracotropas são as melhores na Força de Defesa Nacional do Reino da Friedônia. Agora que estamos aqui… Whoa!
Halbert correu para a borda da muralha, empalando um dos homens-lagarto que subiam com sua lança na mão direita. Depois, ao mesmo tempo, o queimou com magia de fogo antes de jogá-lo contra um grupo que estava reunido em frente ao muro. E quando caiu no chão…
Boom!
…o homem-lagarto em chamas explodiu. Os demais próximos a ele foram enviados voando pela explosão. Além disso, as chamas continuaram a se espalhar para o resto dos homens-lagarto, e todos eles se transformaram em bolas de fogo se contorcendo.
— Gugyagyagyagyaggya… — gritaram os homens-lagarto.
— Prontinho — disse Halbert. — Não vou permitir que passem daqui.
Com chamas e fumaça subindo atrás dele, Halbert puxou a lança que ele tinha jogado de volta para si, tendo uma corrente fina que estava ligada à base de ambas as lanças. Ele estufou o peito de uma forma que o fez parecer confiável.
Lauren tinha ficado boquiaberta com a rapidez com que ele agia, mas uma reclamação caiu do céu.
— Não fale coisas como, “Deixa comigo!” Hal idiota! Que tipo de cavaleiro pula sozinho e abandona o seu dragão, seu idiota?!
— Whuh?! — Lauren soltou outro grito de surpresa.
Olhando para cima, na direção de onde vinha a voz, havia um dragão vermelho mergulhando em direção a eles. O dragão abriu bem a boca e lançou fogo, cortando uma linha reta através do bando de homens-lagarto que tentavam escalar a muralha do castelo.
Bwoooooooooooosh!
Uma parede de fogo surgiu, queimando os homens-lagarto diante de seus olhos. No meio desta cena incrível, Halbert curvou a cabeça diante do dragão vermelho.
— Ruby, desculpa! Parecia que estava muito ruim aqui embaixo, então não pude me controlar…
— Esquece, é melhor você continuar ajudando! Não me assuste desse jeito, seu idiota!
O dragão vermelho virou a cabeça para o lado, fazendo beicinho que nem uma menininha.
Lauren não conseguia mais ver a cena que estava acontecendo em sua frente como a realidade. Ela estava boquiaberta.
— O exército da Friedônia é tão… absurdo?
— É melhor que você não pense que nossa família é normal, sabe — disse uma homem-fera com orelhas e rabo de raposa enquanto descia das costas do dragão vermelho. A garota de orelhas de raposa foi até Lauren e estendeu a sua mão direita. — Você deve ser a comandante. É um prazer conhecê-la, sabe. Sou a superiora de Hal, bem como a Comandante de Operações das Dracotropas, Kaede Raposia.
— …Oh! Eu sou a Capitã Lauren! — Lauren rapidamente pegou na mão de Kaede. Mas mesmo quando trocaram um aperto de mão firme, ela olhou para Kaede com desconfiança. — Hum… Como você desceu do dragão, isso faz de você uma cavaleira dragão, Srta. Kaede?
— Não. Ruby… O cavaleiro do dragão vermelho é Halbert, entende. Nós estamos noivos, então ela me deixa montá-la sob a justificativa de que o cônjuge do meu cônjuge também é como se fosse meu cônjuge.
— Você é a esposa e superior do Sir Halbert e aquele dragão vermelho também é esposa dele? — Lauren estava ficando confusa.
Kaede sorriu de forma irônica.
— Vou poder explicar os detalhes mais tarde. Por enquanto, há coisas mais importantes a serem feitas. — Enquanto falava, Kaede olhou para o castelo.
— Recebi ordens para que os nossos duzentos soldados Dracotropas cooperassem com os defensores de cada uma das muralhas para impedir a entrada dos monstros. A primeira ordem do dia é defender as muralhas.
— Sou muito grata por isso, mas… se você tem duzentos homens, então serão cinquenta por muralha, não? — Lauren perguntou. — Independentemente de quão qualificados vocês são, isso será suficiente para superar a situação atual?
Lauren estava apreensiva, mas Kaede sorriu para ela.
— É verdade que o número de soldados que trouxemos para o castelo é de duzentos, mas… você não está se esquecendo de algo importante?
— Me esquecendo de algo?
Kaede levantou o dedo indicador e apontou para cima.
Lauren acompanhou a direção para onde ela apontava e… finalmente, percebeu o que Kaede estava tentando dizer.
— Isso mesmo… Ainda temos uma unidade muito forte contra invasores terrestres lá em cima. — Kaede disse com um sorriso.
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Enquanto isso, naquele mesmo momento, havia uma voz vigorosa na muralha sul.
— Ookyakya! A cavalaria chegou! É hora de vocês correrem!
— Jovem Mestre, por que você está tão animado?
Eram Kuu e Leporina, a dupla de mestre e servo da República de Turgis.
Os dois vieram junto com as Dracotropas.
Quando Kuu, que atuava como general visitante, soube da existência das Dracotropas, ele pediu a Souma que o deixasse saltar de paraquedas também.
É claro que Souma ficou hesitante no início.
“Eu disse para você não fazer nada perigoso, não disse?”
“Qual é, mano! Se isso fizer diferença, vou fazer meu próprio paraquedas!”
As palavras de Kuu deixaram Souma em uma situação difícil. O paraquedas era uma questão de vida ou morte durante uma descida e, mesmo que um amador pudesse fazer, não era algo que ele deveria tentar. No entanto, se ele se recusasse, Kuu poderia criar um e cair de qualquer jeito, então Souma teve que ceder ao entusiasmo dele e, a contragosto, deu a autorização… com a condição de que, junto com Leporina, as Dracotropas experientes também os acompanhassem.
Como um instrutor de paraquedismo junto de um novato, as soldados se prenderam a Kuu e Leporina quando eles caíram, e agora estavam se juntando aos defensores na muralha sul.
Ao contrário de Kuu, que estava animado para experimentar sua primeira queda, Leporina parecia assustada, pois seu rosto estava pálido e suas orelhas de coelho estavam caídas.
— Acho que… esse pode ser o maior arrependimento que já tive por estar a seu serviço.
— Ookyaya! Então você nunca esteve insatisfeita antes, hein?
— Já estive, sim! Estou dizendo que este é o pior!
— Bem, que tristeza para você, não? Vamos agora. — Kuu avançou para a beirada da muralha, olhando para o monte de homens-lagarto que se aglomeravam embaixo dele. A força gigantesca que pressionava as muralhas era uma visão bastante incomum para Kuu. — Há muitos deles, com certeza. Algo que nunca seria visto em Turgis.
— E-Ei? Quem são vocês? — Um dos defensores perguntou hesitantemente enquanto Kuu olhava pela beirada da muralha.
Kuu encostou no ombro dele com seu punhal favorito e depois sorriu para ele.
— Eu não acabei de dizer? Reforços. É isso que somos.
— Reforços?! Vocês que caíram do céu?! De onde vocês são?!
Kuu sorriu.
— De onde, você pergunta? Somos da República de Turgis.
— República de Turgis? Aquele país ao sul nos enviou reforços?
— Sim. Mas somente nós.
— Vocês dois?! — O defensor piscava, sem conseguir entender a situação.
Já era difícil acreditar que a República, localizada no extremo sul do continente, enviaria reforços para esse pequeno país que ficava em uma das extremidades da União das Nações Orientais, então, quando disseram que eram apenas duas pessoas, o soldado deve ter sentido que estava sendo enganado.
Satisfeito com a reação confusa do soldado, Kuu desceu da muralha e deu um tapa enérgico em seu ombro.
— É brincadeira, cara. Estamos aqui em nome do Reino da Friedônia. Estávamos apenas os visitando como generais da República de Turgis.
— C-Cert…
— Bem, agora que estamos aqui, vocês não precisam se preocupar com nada!— Kuu voltou para a borda da muralha, derrubando dois homens-lagarto que haviam subido, jogando-os de volta no bando que estava lá embaixo.
— Hah… Hoh… Alley-oop!
Pulando sobre os obstáculos da borda, sempre que Kuu encontrava um homem-lagarto atacando alguém, o golpeava com a clava que Taru havia feito especialmente para ele e mandava o monstro pelos ares.
— Ei pessoal! Vocês já ouviram isso antes? — Kuu gritou para os defensores da muralha. — Dizem que um soldado de Turgis vale mais que cem homens! Isso significa que eu e a Leporina valemos por duzentos! Ookyakya!
Ao ver Kuu rindo com entusiasmo, todos os soldados se sentiram um pouco mais relaxados. Esse garoto poderia estar exagerando, mas pelo tumulto que acabara de fazer, talvez não fosse uma completa mentira. Quando eles olharam para seu sorriso infantil, isso os fez pensar, “não podemos deixar que ele nos derrote. Precisamos continuar.”
Os soldados, que antes estavam com a cabeça baixa, agora levantavam seus rostos, com a moral fortalecida.
Então, um homem-lagarto especialmente grande apareceu atrás de Kuu. Ao contrário dos outros, a pele dele também era vermelha. O monstro vermelho atacou Kuu com as garras de ambas as mãos.
— Whoa!— Kuu segurou o golpe da garra, erguendo a clava horizontalmente. No entanto…
— Kishaaa!— berrou o homem-lagarto.
— Urgh…
No fundo da boca aberta do homem-lagarto, Kuu podia ver chamas vermelhas.
Ah, que droga. Alguns deles também conseguem cuspir fogo?!
Kuu já estava fazendo o seu melhor para se defender das garras. Se ele cuspisse fogo agora, não conseguiria se esquivar. Ele começou a suar frio. E então… aquilo aconteceu.
Whoosh!
— Gugyaah?!
A flecha saiu voando e acertou em cheio, perfurando o olho direito do monstro.
O homem-lagarto virou o rosto para cima em um movimento contrário, e a bola de fogo que ele cuspiu voou em uma direção completamente diferente.
Kuu virou o pescoço para olhar, e Leporina estava na borda contrária da muralha com o arco preparado. Ela imediatamente mirou outra flecha.
— Não vou deixar você matar o Mestre Kuu!
A segunda flecha foi disparada, dessa vez perfurando o olho esquerdo.
O homem-lagarto vermelho apertou os olhos e se debateu.
— Aqui está uma pequena lembrancinha. Tome isso!
Enquanto seu inimigo cambaleava, Kuu girou sua clava e golpeou sua mandíbula pela parte de baixo. Houve um som de estalo e a criatura vermelha caiu flácida na lateral da muralha.
— Whew…— Tendo escapado por pouco, Kuu enxugou o suor de sua testa. — Ook… Você me salvou nessa, Leporina.
— De fato. Agora, isso vale cem reforços? Nunca ouvi nada disso, sabia?
— Bem, não? Vou me certificar de que todos saibam disso de agora em diante! — Kuu fez um grande espetáculo ao girar sua clava antes de colocá-la ao seu lado. — Pode ser uma afirmação exagerada, mas podemos torná-la real. Se eu esmagar uma centena dessas coisas, isso vai começar a soar convincente!
— Não diga como se fosse fácil!
— Vamos fazer isso, Leporina! Vamos mostrar às terras do norte como os guerreiros de Turgis podem ser fortes!
Assim que disse isso, Kuu saiu correndo em busca de seu próximo alvo. Sua promessa a Souma de que não faria nada perigoso foi esquecida há muito tempo.
— Ookyakya! Ei, soldados de Lastania! É hora de se manterem firmes! Se acharem que não podem vencer uma luta, me chamem! Eu consigo! — Kuu se vangloriava enquanto derrotava os homens-lagarto próximos a ele.
Não estava claro qual era a base que ele tinha para dizer essas coisas, mas sua voz enérgica parecia revigorante de alguma forma.
— Sim! Vamos fazer isso! — gritaram os soldados.
— Heh! Não podemos deixar que nosso convidado de Turgis fique com toda a glória!
— Este é o nosso país! Temos que defendê-lo nós mesmos!
A moral dos soldados aumentou ainda mais, e todos nas muralhas ficaram animados. Isso mesmo. Esse é o carisma do jovem mestre.
Ele era um pouco idiota e, de vez em quando, tinha a mania de perder o controle, mas Kuu sempre liderava o caminho, assumindo riscos, e incitava os que o seguiam.
Existem reis como Souma que são hábeis em usar as pessoas. E haviam imperatrizes como Maria, que atraíam o respeito de seu povo. Mesmo assim, quem Leporina desejava servir era Kuu, e somente a Kuu.
Embora… se ele pudesse evitar ser tão imprudente, ficaria ainda melhor…
Enquanto Leporina estava pensando nisso, Kuu a pressionou para que acelerasse.
— Vamos, Leporina! Ainda temos mais uns noventa ou mais para derrotar!
— Quando você disse que derrotaria cem, estava mesmo falando sério?! — Leporina gritou incrédula, e então algo aconteceu.
Ao longe, no céu, acima de Kuu e Leporina, ouvia-se o som de trombetas. Bwoon! Bwoon! Elas soaram várias vezes, como se estivessem alertando-os para tomar cuidado.
Ao ouvir esse som, os rostos de Kuu e Leporina ficaram tensos.
— Oh, que droga! Já vai começar! Ei, pessoal! Saiam das muralhas por um tempo!
— Pessoal! — Leporina chamou. — Os cavaleiros wyvern logo começarão a bombardear a área! As coisas devem sair voando, então se afastem das muralhas e se abaixem!
De fato. As trombetas eram um sinal da cavalaria wyvern de que iriam começar um bombardeio..
— Bombardear?! — gritou um soldado.
— Ei, se apressem e se afastem das muralhas!
Os defensores se afastaram rapidamente para fora da muralha, deitando-se sobre as pedras no chão.
Então, a cavalaria de duzentos wyverns, que estava parada no ar desde que os Dracotropas foram lançados, de repente desceu e jogou barris sobre os grupos de homens-lagarto ao redor das muralhas do castelo. Eles estavam cheios de explosivos e tinham seu tempo de detonação definido por pavios, tendo explodido um pouco antes de cair sobre os grupos de homens-lagarto.
B-B-B-B-B-B-B-B-B-B-Boom!
As explosões foram constantes, acontecendo em todas as direções horizontalmente. As ondas e vibrações das detonações atingiram até mesmo os soldados que estavam abaixados e se escondendo na muralha.
Quando eles finalmente levantaram o rosto para olhar ao redor, pilares de chamas estavam se erguendo além das muralhas ao norte, sul, leste e oeste. As bolas de fogo que se espalhavam cozinhavam as matilhas de monstros, e um cheiro estranhamente saboroso se espalhava pelo ar.
A cavalaria wyvern, que havia lançado barris explosivos, mergulhou mais uma vez, queimando os homens-lagarto que sobraram com sua baforada de fogo. Essas chamas acionaram os explosivos que haviam sido espalhados pelos barris que chegaram ao chão sem explodir e transformaram a parte externa das muralhas em um mar de fogo.
Os homens-lagarto simplesmente queimaram, incapazes de fazer qualquer coisa.
— Ook. Os Wyverns são incríveis, hein… — Kuu disse com certa admiração, olhando para fora através de uma rachadura na parede.
Na já muito fria República de Turgis as correntes de ar eram violentas, de modo que seu país não tinha uma força aérea própria e tampouco algum país havia usado uma contra eles.
O primeiro ataque aéreo que ele presenciou foi muito além do que jamais havia imaginado.
Devia haver cerca de cinco mil homens-lagarto e, em um instante, cerca de setenta a oitenta por cento deles viraram cinzas.
Os homens-lagarto que tiveram a sorte de escapar das chamas estavam rastejando, e ele podia vê-los correndo para a floresta mais próxima.
Se cenas semelhantes estivessem ocorrendo em cada uma das outras muralhas, talvez restassem apenas mil deles. Não haveria ataques até que seus números fossem restabelecidos, no mínimo.
Kuu se levantou e limpou a poeira.
— Ookyakya! No fim das contas, só consegui matar uns dez deles, não é?
— Então por que você não os persegue? Sozinho. — Leporina perguntou, exausta.
Kuu apenas deu de ombros.
— Eu bem que gostaria, mas não consigo ver nada através de toda essa fumaça. Por hoje, vou deixá-los em paz.
— …Você vai mesmo?
— Bem, eu tenho coisas mais importantes para fazer, de qualquer forma. — Kuu bateu com sua clava no chão de pedra, e então gritou para todos os soldados de Lastania que estavam atordoados com o bombardeio aéreo. — Muito bem, os ataques foram suspensos! Quero ouvir vocês gritarem! Vitória!
Vitória. Ao ouvirem essa palavra, os soldados finalmente tiveram a sensação de que haviam vencido.
Erguendo as mãos trêmulas em direção aos céus, eles gritaram do fundo de seus pulmões.
— Simmmmmmmmmmmmmmmmm! —
Os aplausos dos soldados ecoavam no céu noturno de Lastania.
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Eles ouviram explosões vindas das muralhas norte, sul, leste e oeste e, em seguida, uma fumaça preta subiu em todas as quatro direções.
Esse era provavelmente o resultado de um bombardeio aéreo causado pela mesma cavalaria wyvern que havia lançado as Dracotropas. Mesmo que isso não fosse suficiente para exterminá-los completamente, era de se esperar que diminuísse a pressão que os homens-lagarto faziam sobre cada muralha.
Enquanto isso, ao mesmo tempo, a batalha perto do castelo estava chegando ao fim.
Ao saber da situação pelo Julius, ordenei que Aisha e os poucos guardas reais que estavam na gôndola levada por Naden trabalhassem com ele e Jirukoma para exterminar os homens-lagarto que atacavam o castelo.
Embora não fosse preciso dizer que Aisha era forte, os guardas reais também estavam confiantes em suas habilidades e, juntos, poderiam eliminar rapidamente cerca de dez criaturas nos arredores do castelo.
— Naden, tem mais um ali! — Eu disse.
— Entendido! Uhaaaa!
Crackle!
Naden, ainda em sua forma humana, disparou um choque elétrico, perfurando um homem-lagarto que estava no telhado do castelo.
O monstro atingido ficou paralisado, incapaz de emitir qualquer som, e depois caiu no chão, contorcendo-se. Aparentemente, ele ainda estava vivo.
— Que coisa, hein! — Aisha ergueu sua espada de duas mãos para dar o golpe final.
— Espera aí, Aisha! — estendi minha mão e a impedi. — Vamos pegar esse vivo.
— Hã? Vamos fazer prisioneiros?
— Ele pode nos ensinar algo sobre a ecologia dos monstros. Quero pegar um, pelo menos.
— Entendido. Phew… Toma essa!
Aisha fincou sua espada no chão e, em seguida, desferiu um golpe com a mão na nuca do homem-lagarto que se contorcia. Suas costas se contraíram por um momento, depois ele ficou mole e parou de se mexer. Seus olhos estavam revirados para trás, e ele estava espumando pela boca.
…Não sei, mesmo sendo um monstro, me senti mal ao ver isso acontecer com ele.
Hesitantemente, perguntei à Aisha enquanto ela o arrastava pela cauda.
— Houve um barulho desagradável. Tem certeza de que não o matou?
— Eu me segurei um pouco, então ele deve estar bem… provavelmente.
— T-Tudo bem, então…
Ao olhar mais de perto, percebi que o monstro estava inconsciente e não parecia estar morto, então pedi a um guarda real que amarrasse sua boca e seu corpo e depois o prendesse em uma torre perto do castelo.
Foi assim que os inimigos fora da mansão real foram eliminados.
Jirukoma foi correndo até lá.
— A família real e os refugiados foram deixados dentro da mansão real. Quero resgatá-los, mas ainda pode haver homens-lagarto dentro. Gostaria de solicitar a ajuda da guarda real.
— Tudo bem. — assenti e dei a ordem. — Trabalhem com Jirukoma, procurem em todos os lugares para eliminar qualquer homem-lagarto, e salvem a família real e os refugiados! Eles podem estar se escondendo nas sombras, então tenham o devido cuidado!
— Sim senhor!
Os guardas reais me saudaram e depois entraram no castelo com Jirukoma.
Apenas Aisha, Naden, Julius e eu ficamos para trás. O tempo passou enquanto todos permaneceram em um silêncio constrangedor. Julius estava olhando para o castelo, e Aisha o observava com cautela. Achei que estava na hora de eu dizer alguma coisa.
— Ouvi dizer que algumas pessoas ficaram para trás, elas estão bem?
— Decidi que, em vez de tentar tirá-las de lá, era mais seguro deixá-las em um lugar até que as coisas se acalmassem — disse Julius. — Elas estavam em um lugar bem escondido e a entrada estava firmemente fechada, por isso devem estar bem.
— Entendo.
— Sim…
…Sim, isso foi constrangedor.
Julius e eu nos conhecemos quando liderávamos exércitos em lados opostos no campo de batalha.
Ele invadiu o Reino de Elfrieden junto com seu pai, Gaius VIII, que perdeu a vida durante a guerra. Julius deveria estar tentando se vingar de mim, como o assassino de seu pai, porém eu também estava noivo de sua irmã mais nova, Roroa, então as coisas se complicaram.
Além disso, ele que pedia reforços, e eu que os fornecia.
Enquanto nós dois não conseguíamos encontrar as palavras certas para falar, Aisha o olhava com cautela. Suas mãos não saíam do punho de sua espada, quase como se ela estivesse dizendo: “Se você der um passo em falso, eu o matarei”.
A tensão nos envolvia.
Como a única pessoa que não conhecia Julius, Naden sentiu a inquietação no ar e seus olhos se moviam de um lado para o outro entre nossos rostos.
— O quê? Por que todo mundo está tão tenso?
— Irmão… Irmãozão… — Roroa disse hesitante.
Ao me virar para sua voz hesitante, vi que ela e Tomoe, que haviam sido instruídas a ficar na gôndola até que tudo estivesse resolvido, estavam saindo. Atrás de Tomoe estava seu guarda-costas, Inugami.
Ao ver sua irmã, os olhos de Julius se estreitaram.
— Oh, é a Roroa…
Ela se aproximou lentamente e ficou ao meu lado. Abriu a boca como se fosse dizer alguma coisa, mas não conseguiu achar as palavras certas, então sua boca ficou abrindo e fechando. Eu não poderia culpá-la.
Meu relacionamento com Julius era complicado, e o dela também era.
Eles eram irmãos de sangue, mas também inimigos políticos. Ela o havia expulsado pelo bem do povo de Amidônia e depois o protegeu ao se casar comigo e trazer seu país consigo.
Sem dúvidas, ela se sentia culpada por tê-lo expulsado.
Enquanto isso, Julius usou sua conexão com Roroa para salvar o Reino de Lastania. Durante uma crise de vida ou morte, ele confiou na sua irmãzinha que havia sido sua inimiga.
— Roroa. — Julius finalmente disse.
— Ah!
Julius se aproximou e ficou na frente dela. Isso naturalmente significava que a pequena e insegura Roroa teria que olhar para ele. Antes que pudesse olhar para cima, Julius baixou a cabeça calmamente.
— Você fez bem em trazer o Rei Souma aqui. Obrigado.
Os olhos de Roroa se arregalaram.
— Irmão… eu…
— Eu não tenho mais minha posição como Príncipe Herdeiro da Amidônia. Agora sou apenas um visitante que busca refúgio neste país. Não precisa ser cortês comigo. Você usa gírias de comerciantes com Colbert e os outros, não é?
Julius levantou a cabeça.
— …Ah, beleza! Já entendi. — Roroa coçou a cabeça, depois cruzou os braços como se tivesse se conformado com a situação. Então, ela encarou Julius diretamente. — Então… já faz um tempinho, não é? Como você tem andado?
— Bom, estou saudável o suficiente, como dá para ver. O povo deste país tem me tratado bem e, graças aos seus reforços, conseguimos impedir a invasão de hoje. Permita-me agradecê-la novamente por repassar meu pedido de ajuda ao Rei Souma.
— H-Hmmph. É bom que você esteja agradecido. — Ela desviou o olhar e apertou os lábios. — Eu não esperava que fosse assim que nos encontraríamos de novo.
— Heh, eu poderia dizer o mesmo.
— Não vou me desculpar por ter feito você sair do país — adicionou Roroa agressivamente. — Naquela vez… era tudo o que eu podia fazer para proteger o povo do Principado.
— Eu fracassei como governante, então não posso reclamar — respondeu Julius. — Se você agiu em prol do povo, tenha mais orgulho. Não precisa se sentir culpada por isso.
— Eu não estou realmente me sentindo culpada! — rebateu Roroa, cerrando os dentes para Julius.
— Nyahh!
Não sei… Observando a cena de lado, eles pareciam como qualquer irmão e irmã conversando.
De acordo com Roroa, eles haviam conversado somente o mínimo necessário em Amidônia. Ela estava se fazendo de inocente por preocupação com a forma como seu pai e seu irmão a veriam. Agora que isso acabou e ela estava falando abertamente sobre seus sentimentos, fiquei surpreso com o quanto eles se pareciam como irmãos normais.
Julius balançou a cabeça em sinal de desaprovação.
— Vejo que você está mais infantil do que nunca. Já faz um ano que você foi ficar com o Rei Souma, não é? Já não deveria ter concebido um filho?
— Como?! — Roroa entrou em pânico. —O que você está dizendo?! Eu e o querido, nós não… uh…
— Não me diga que você ainda não colocou a mão nela? — disse Julius, indignado, parecendo ter percebido o que Roroa queria dizer.
Roroa ficou tão vermelha que achei que seu rosto poderia começar a arder em chamas. Parecia que ela não gostava que o assunto fosse abordado tão diretamente. Não era uma reação que eu via com frequência, por isso achei um pouco engraçado.
Enquanto ela estava naquele estado, Julius continuou falando.
— Roroa. Agora você é a governante da Casa Principesca da Amidônia. Se tiver um filho, a linhagem da Casa será protegida. Você tem o dever de produzir herdeiros, que contarão as histórias das conquistas militares da Casa Real da Amidônia. Insisto que faça o Rei Souma se apaixonar por você o mais rápido possível.
— Puxa vida! Me deixa em paz! Agora eu sei como a Irmãzona Cia se sentiu! — Roroa rapidamente se escondeu atrás de mim. Em seguida, ela mostrou o rosto para miar e lançar um olhar ameaçador para Julius.
Desde quando ela vem de uma raça de homem-fera felino…?
Agora que Roroa havia se escondido, voltei a encarar Julius.
— Vim em resposta ao seu pedido de ajuda. Ainda levará algum tempo até que a força principal chegue, mas eu trouxe duzentos soldados Dracotropas como um grupo avançado.
— Sou profundamente grato por sua ajuda. — Julius se ajoelhou e inclinou a cabeça.
O homem com quem eu havia competido durante as negociações com Madame Jeanne agora estava se curvando diante de mim… Era uma sensação estranha.
— Isso é estranho. Por favor, levante-se e fale normalmente. Ou então…
— Ou então?
— Eu o chamarei de “Irmãozão”.
— Vou lhe pedir que me poupe disso, pelo menos. — Ele se levantou e me olhou diretamente no rosto.
Não havia mais o ar sombrio de antes, parecia mais relaxado, como se algo que o estava possuindo tivesse ido embora.
Em seguida, ele prosseguiu com a conversa.
— Sei que é estranho dizer isso, já que fui eu quem o fez, mas por que você respondeu ao meu pedido de ajuda? Já lutamos um contra o outro antes. Poderia ter me ignorado, não poderia?
— Eu não queria fazer Roroa passar por mais dor do que ela já está passando.
— Que mole… é o que o antigo eu teria dito, mas agora… acho que posso entender. A Roroa é tão importante assim para você?
— A família de Roroa também é a minha — respondi. — Protegerei minha família, aconteça o que acontecer.
— Família… huh.
Julius e eu nos olhamos. Como se cada um de nós estivesse examinando as intenções um do outro.
Eu podia ouvir Aisha e Naden conversando atrás de mim.
— Srta. Naden, você e eu também somos da família de Sua Majestade, certo?
— Pode apostar que sim. E quando incluímos Tomoe como a irmãzinha de todos, somos uma família de sete pessoas.
— Então, você acha que isso faz do Sir Julius meu cunhado?
— Não, acho que não é assim que funciona.
Eu queria dizer: “Hum… Vocês poderiam levar essa conversa despreocupada para outro lugar…?” Mas, na verdade, era reconfortante ter duas pessoas poderosas por perto. Dessa forma, eu não precisava ter medo de Julius.
Ele tirou sua espada que estava na bainha de seu cinto e a ofereceu a mim.
Estreitei os olhos e perguntei:
— O que isso significa?
— Quando enviei a solicitação, eu disse que estava disposto a lhe oferecer minha cabeça. Se você quiser, permita-me fazer o que prometi.
— …Você estava falando sério?
— É claro. Se você me eliminar, será uma preocupação a menos em relação ao seu reinado sobre Amidônia. Em troca, eu gostaria que você cuidasse deste reino até o fim.
Não havia indecisão nos olhos de Julius. Ele já havia se decidido, pelo visto.
Peguei a espada lentamente, e então, Julius se abaixou e esticou o pescoço para facilitar o corte.
— Queri…
Roroa estava prestes a dizer algo, mas depois se forçou a ficar em silêncio. Pensando que não deveria dizer nada, ela engoliu as palavras.
Agora, o que devo fazer…
— Sir Julius!— Uma jovem garota que estava saindo do castelo com Jirukoma correu para lá, colocando-se entre nós. Ela abraçou Julius, que ainda estava com a cabeça baixa.
A jovem olhou para mim, com os olhos cheios de uma forte emoção que não condizia com sua aparência encantadora.
— Vejo que você é o Rei Souma Kazuya do Reino da Friedônia. Eu sou a princesa deste país, Tia Lastania.
— Ah, sim… Eu sou Souma Kazuya. — Fiquei surpreso com a intensidade da garota e respondi da forma que normalmente faria. Então, ela era a princesa desse país, não é?
A Princesa Tia fez um apelo desesperado para mim.
— Estamos muito felizes e agradecidos por receber reforços do Reino da Friedônia. Mas, embora eu hesite em dizer isso como aquela que está recebendo ajuda… devo lhe pedir, por favor, que seja generoso e perdoe Sir Julius!
— Princesa Tia! É perigoso! Por favor, se afaste! — Julius gritou.
— Eu não vou sair daqui! Não quero ver você morrer!
Embora ele tentasse tirá-la de cima dele, a Princesa se segurou com toda a força e não soltou. Ela estava colocando sua vida em risco para salvá-lo.
— Eu ouvi a situação de Sir Julius! Sei que ele ofereceu sua cabeça para fazer esse pedido de ajuda! Mas ele fez isso por nós, o Reino de Lastania! Não sei que tipo de homem ele foi durante seu tempo no Principado da Amidônia. No entanto, em seu tempo aqui, Julius liderou uma força de soldados voluntários, derrubando os monstros que atacavam a serviço deste país. Ele é insubstituível para nós! E também para mim!
Ver Tia falar rapidamente para tentar nos convencer…
Ah, isso faz sentido…
Roroa e eu entendemos. O motivo pelo qual o Julius parecia ter crescido como pessoa era provavelmente graças a essa princesa aqui. Eu podia ler nas entrelinhas o amor dela por Julius. Seus sentimentos por ele, e os dele por ela, fizeram de Julius quem ele era agora.
No entanto, calma lá, eu nunca nem tive a intenção de cortar o Julius em primeiro lugar.
Não era como se tirar a cabeça dele a essa altura fosse mudar alguma coisa e, acima de tudo, eu não queria deixar a Roroa triste. Além disso, parecia que Julius havia me oferecido a espada sabendo que eu pensaria dessa forma. Provavelmente era apenas uma formalidade simbólica, como se estivéssemos cortando nosso relacionamento passado.
Mas a Princesa Tia, que não sabia disso, estava tentando desesperadamente proteger Julius.
Agora, de que forma vou conseguir controlar essa situação? Me perguntei. Então, de repente, descobri.
— …Muito bem. Se você aceitar uma determinada condição, me absterei de punir Julius.
— Se for algo que eu possa fazer, que assim seja!
— Princesa Tia! — Julius tentou apressadamente fazer com que ela voltasse atrás, mas ela teimosamente se recusou a escutar.
— Então, qual seria a condição? — perguntou.
— Desejo que tire o nome de Amidônia de Julius com suas próprias mãos.
— Tirar o nome dele? Hum, você acha que isso é algo que eu posso fazer?
— Sim, e se for você, isso pode ser feito com bastante facilidade.
— Posso? — Tia ficou perplexa.
Enquanto isso, Julius, que entendeu o que eu estava querendo dizer, imediatamente assumiu um olhar furioso e me encarou. Oh! Ainda havia alguma semelhança com seu antigo rosto ali.
Então, parecendo ter entendido, Tia bateu palmas.
— Ah, entendi. Só preciso que o Sir Julius se case com alguém da minha família. Se ele fizer isso, será Julius Lastania, não Julius Amidônia.
— Princesa Tia, esse é o tipo de coisa que você precisa pensar com cuidado… — disse Julius apressadamente.
Mas Tia concordou com um sorriso e um aceno de cabeça.
— Aceitarei sua condição. Sei que minha mãe e meu pai aceitarão, Sir Julius.
— …Urkh.
— Wahahah! — Jirukoma riu. — Parece que é hora de você pagar o preço, hein, Julius. Parabéns. Bem, pela forma como vocês agiam, era só uma questão de tempo mesmo.
Tradução: Satonix
Revisão: Pride
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