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Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 07 – Capítulo Extra 03 – A Flor que Desabrocha no Jardim e o Pássaro Engaiolado

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O verão já dava sinais de sua passagem e estava ficando um pouco mais gelado.

Eu estava no escritório de finanças governamentais, combatendo a pilha de documentos que se acumularam enquanto estava na república. Por que, mesmo depois de me esforçar tanto, a quantidade de trabalho não parecia diminuir?

Sempre tinha algum trabalho a fazer… Não posso lutar 24 horas por dia. Queria ir para casa… Se bem que essa era a minha casa…

Uff…. Não consigo mais me concentrar…

Tenho trabalhado neste escritório o dia todo, então minha mente estava exausta.

O trabalho braçal deixava o corpo fatigado, mas o trabalho mental enfraquece a capacidade de pensar…

Me recostei na cadeira.

A sensação de exaustão estava mais forte que o de costume.

Era porque Liscia não estava por perto…

Desde que Liscia, que sempre me ajudou cumprindo o papel de secretária, descobriu que estava grávida, ela estava repousando nos novos domínios de Sir Albert.  Ainda não consegui ter tempo para ir vê-la.

Com os dias que passavam sem ela ao meu lado, compreendi que sua presença me acalmava apenas por estar junto a mim. Mesmo cansado, quando olhava suas proporções equilibradas trajadas em um uniforme militar vermelho, sentia que podia tentar um pouco mais.

Se dissesse que desejava por ela durante o trabalho, iria tomar mais uma bronca…?

Eu queria falar com Liscia… Não, não precisava ser Liscia. Queria apenas ter alguém para conversar.

Ahh… Acho que é hora de encerrar por hoje.

Se me forçasse a trabalhar e preenchesse algo de forma incorreta, acabaria tendo ainda mais trabalho no fim de tudo. Estava perdendo a concentração, então seria melhor deixar o resto para amanhã e descansar um pouco.

Uma voz surgiu de repente do jardim, a qual deveria ser de um itinerante.

Vossa Majestade, pode me ceder um momento?

Considerando a hora, deveria ser um dos Gatos Pretos.  Eu costumava pular toda vez que gritavam meu nome de supetão, mas… Isso acontecia com certa frequência, então já estava acostumado.

Como esperado, Inugami, o segundo em comando da unidade, foi quem abriu a porta do jardim e entrou.

Alguma coisa aconteceu? — perguntei.

— Sim, meu rei.  Há algo que eu gostaria de reportar.

Depois que ouvi o relatório de Inugami, fiquei pasmo.

Huh? Por que ela está aqui?

Não adiantaria muito me perguntar. Sugiro que debata a questão com a pessoa em questão.

— Acho que você tem razão. Mas estou impressionado por saberem.

Quem a encontrou era um membro que se dirigia à República de Turgis — disse o homem. — Se qualquer outro membro a tivesse achado primeiro, poderia ser perigoso para ela, é claro.

— Eu sei. Como ela poderia fazer algo tão perigoso?

Pressionei a palma da mão contra a testa e suspirei.  Serio, o que ela estava pensando?

— Então, o que vai fazer? — Inugami indagou, atento à como responderia.

— …. Pode trazê-la aqui? — perguntei em um tom cansado.

— Você quer se encontrar com ela?

— Poderíamos expulsá-la, mas ela não é do tipo que desiste.

— Entendido.  Por favor, espere um momento.

Inugami saiu para o quintal. Devia ter ido buscá-la.

Me debrucei em minha cadeira, refletindo sobre o que estava por vir e perdendo um pouco das esperanças.

 

Separador Tsun

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Voltemos no tempo para quando o sol estava baixo no céu.

Em Parnam, que fervilhava com pessoas que concluíram suas tarefas diárias, estava uma garota de cabelos verdes que descia uma rua de lojas.

— Credo, todo mundo sai quando bem entende…

Aquela que caminhava sozinha, murmurando consigo mesma, era a aventureira Juno. O grupo ao qual ela pertencia havia retornado da República de Turgis para sua base de operações padrão na capital real Parnam.

Juno tinha a mão colada na sacola em seus quadris. Havia mais dinheiro que o normal ali.

Cá estou eu, com meu dinheirinho suado e sem nenhuma vontade de beber sozinha…

A missão de emergência que completaram na república resultou em um belo pagamento.

Mesmo após dividir com os outros cinco, o montante tinha sido o bastante para cobrir todos os seus novos equipamentos, e eles decidiram que cada um faria o que quisesse naquele dia.

Dece, o espadachim, convidou a maga Julia, pela qual tinha uma queda, para um jantar. Enquanto isso, o lutador Augus anunciou que festejaria vigorosamente com belas donzelas. Sacerdote Febral era amigo de infância da filha do dono da pousada, então disse que iria vê-la.

Com todos tendo o que fazer, Juno acabou ficando de fora.

Ahh… Será que não há nada de interessante por aqui…?

— Hm?

De repente, na rua abaixo, Juno avistou algo. Uma silhueta diminuta que marchava a passos lentos e comedidos.

Acho que encontrei… — disse a garota com um amplo sorriso. — Algo interessante.

Quem caminhava rua abaixo era o aventureiro kigurumi, o Pequeno Musashibo.

Outrora, ele fora tratado como uma lenda urbana e era visto como uma aberração pelos cidadãos, mas agora que era um personagem principal no programa de Prima Lorelei Juna Doma, o Juntos Com a Irmãzona, ficou bem popular entre as crianças.

Ei, é o Pequeno Musashibo! — exclamou uma criança.

Ele é tão redondo.

E tão grande.

Como prova disso, as crianças acenavam para ele agora. Essa era uma incrível demonstração de popularidade.

O Pequeno Musashibo deu um aceno para os pequenos.

Juno inclinou levemente sua cabeça para o lado conforme olhava para o aventureiro kigurumi.

Parando para pensar, tinha assistido o programa com o Pequeno Musashibo, não assisti? Dace e os outros estavam comentando que ele provavelmente tinha pego a fantasia de kigurumi emprestada, mas aqueles movimentos… Ele parecia ser o verdadeiro.

Para Juno, que conseguia determinar os sentimentos do Pequeno Musashibo pela forma como se movia, estava claro para ela que era a mesma pessoa dentro. Não apenas isso, ela já o viu fazendo algumas tarefas pelo castelo.

É como eu acho que é…  E ele tem conexões com o castelo?

Suas suspeitas estavam se convertendo em certezas.

Juno seguiu o Pequeno Musashibo. Ela mantinha alguma distância dele, com o olhar fixado em suas costas enquanto o perseguia. Como esperado, ele foi em direção aos portões do Castelo Parnam.

Pequeno Musashibo mostrou algo aos guardas, eles o saudaram e permitiram que entrasse.

Ele apresentou algum tipo de passe? Mas, mesmo com um passe, iriam deixar alguém tão claramente suspeito entrar?

Mesmo que aquele kigurumi aparecesse em um dos programas produzidos no castelo, não sabiam quem estava naquela fantasia, então não deviam ser mais cuidadosos? Ou será que eles tinham algo que permitisse sua passagem apenas por mostrá-la aos guardas?

Seria alguém com conexões tão poderosas no castelo a ponto de ter algo assim?

Juno compreendia o Pequeno Musashibo neste momento menos do que nunca.

Mesmo depois de aguardar por algum tempo, não houve sinal dele ter deixado o castelo.  Talvez tivesse apenas vindo para cumprir alguma tarefa menor… Não, não parecia ser o caso.

Quando se deu conta, o sol já estava se pondo e os arredores ficaram escuros.

Talvez eu esteja certa. Ele realmente deve ter conexões com o castelo. Hmmm, eu me pergunto como. Mas este é um castelo. Provavelmente não é uma boa ideia tentar me esgueirar para dentro.

Caso ela atravessasse as muralhas do Castelo de Parnam sem permissão, acabaria sendo detida por invasão. Caso isso acontecesse, não seria apenas problema dela; estaria arrastando Dace e o resto do grupo consigo.

Hmmm, o que fazer?

Juno estava numa encruzilhada, paralisada entre as fronteiras da curiosidade e da razão. Ainda não havia notado naquele momento, mas ela tinha se tornado uma “pessoa suspeita encarando o castelo” . Tão pouco sabia que havia um grupo de guardas para lidar com tais sujeitos e expô-los quando os encontrassem.

Há muito Juno tinha deixado de observar e passando a condição de observada.

Ah!

Quando percebeu, já era tarde demais. Incontáveis presenças a rodeavam.

Não, como uma batedora como eu não notou que estava cercada?!

Juno, que era capaz de sentir a presença de inimigos em uma masmorra, acabou deixando que se aproximassem com muita facilidade. Não havia dúvida que seus oponentes eram habilidosos.

O-O que eu faço…? E agora…?

Juno tentou localizar as presenças. Elevando cada um dos nervos do seu corpo ao máximo, sondando aquelas presenças.

Quando o fez, percebeu que tinha apenas uma direção sem pessoas. Apesar de estar quase totalmente encurralada, não havia ninguém na direção do castelo.

Farejo uma armadilha, pensou. Era bem descarado, mas… Não era como se houvesse outras opções.

Juno se decidiu e partiu naquela direção.  As presenças também se moveram.

Não estão atacando? Mas ainda estou cercada.

Ela contemplava sua rota de fuga enquanto rastreava as presenças.  Estava correndo rumo a direção desocupada; sentindo que estava sendo guiada para algum lugar.

Calma, não estou super perto do castelo?!

Tendo focado em nada além de fugir, tinha atravessado as muralhas em algum ponto e estava se aproximando do próprio castelo. Se fosse pega agora, seria tratada como uma intrusa.

Juno escalou uma parede, pulou pelos telhados e correu desesperadamente.

Eventualmente, acabou chegando ao jardim. Havia uma porta de vidro aberta.

E-Eu posso entrar, me esconder, e esperar para sair?!

Pensando nisso, tentou entrar naquele quarto.

— Pare.

O qu?!

O jovem que emergiu do cômodo bloqueou seu caminho.

— Tem documentos importantes aqui dentro, afinal. —  O jovem explicou em um tom relaxado que não esperaria de alguém encontrando uma pessoa suspeita em seu quintal. — Existem regras contra aqueles que entram onde não devem.

Entretanto, Juna estava desesperada durante toda sua fuga.

— D-Desculpa! Eu posso parecer suspeita, mas não sou! Eu estava sendo perseguida e eles me encurralaram aqui, então… Hã… Me esconda só por um tempinho! — Juno deu com a língua nos dentes o mais rápido que pode, mas o jovem apenas bufou.

— Se acalme um pouco, Juno. Eu sei mais ou menos qual a situação.

— Huh? Por que você sabe meu nome?

— Quantas vezes você já fez essa pergunta a essa altura?

Com isso, o rapaz deu mais um passo adiante. Quando ela viu seu rosto, que há pouco estava acobertado pelas sombras, os olhos de Juno pularam das órbitas.

— É-É você! Você é o cara com quem eu topei na república, não é?!

— Sim. Acredito que também nos encontramos no campo de refugiados. — disse o rapaz dando de ombros com um sorriso travesso. — Devo acrescentar que nos aventuramos e bebemos juntos também.

— Huh? Do que você está… Huh?!

O jovem apontou para algo dentro do cômodo. Lá, estava Pequeno Musashibo, aproximando-se com passos lentos e suaves. Sua “cabeça” estava meio aberta para que a assustada Juno pudesse ver. Dentro, ele estava… Vazio.

— Eu o movimento usando minha magia única. — disse o jovem. — Pode-se dizer que sou a pessoa fantasiada, embora esteja fora da fantasia.

— Então você é a verdadeira identidade do Senhor Pequeno Musashibo?!

— Bem, sim, é mais ou menos isso.

O rapaz estendeu sua mão para Juno.

— É um prazer conhecê-la… Apesar de não ser nosso primeiro encontro. Além do mais, eu não disse meu nome das outras vezes, então deixe-me apresentar apropriadamente. Eu sou Souma Kazuya. Aquele que vem controlando o Pequeno Musashibo.

— Souma Kazuya… Espere, esse é o nome do…

Enquanto apertavam as mãos, Juno franziu a testa pensando sobre aquele nome familiar.

— Eu realmente não deixo nenhuma impressão com minhas roupas normais? — disse o jovem sorrindo. — É. Eu sou o Rei provisório de Friedonia.

Nesse momento, a mente de Juno estava completamente em branco.

 

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Demorou um pouco para que Juno se recuperasse de sua confusão.

— O-O que? Você é o Pequeno Musashibo, e é o rei, então isso quer dizer que o Pequeno Musashibo é o rei? … Ah! Desculpa, tenho que corrigir meus modos.

— Não, o jeito como você costuma falar já está bom — disse a Juno com um sorriso. Ela estava apenas falando sem qualquer coerência agora. — Eu te disse que éramos camaradas antes, não disse?

As bochechas de Juno avermelharam e ela desviou o olhar.

— … Eu não quero ninguém que tenha mantido um segredo tão importante como companheiro.

— Eu não podia contar justamente por ser importante. Além disso, mesmo que contasse, duvido que você teria acreditado em mim, teria?

— Isso… Bem, talvez não. Tá bem, eu vou agir normalmente.

Tendo dito isso, Juno se apoiou no corrimão posicionado à borda do terraço.

Me mantive em pé e me apoiei naquele mesmo corrimão; finalmente, estávamos em posição de ter uma conversa relaxada.

 

 

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O olhar de Juno começou a vagar pela área.

— O que foi, Juno? — questionei.

— Nada. Só estava pensando onde foram parar aquelas presenças que estavam me perseguindo alguns momentos atrás.

— Oh. Eram muitas pessoas. Eu pedi para que te guiassem até aqui.

— Aqueles eram seus subordinados?! Eu estava morrendo de medo, sabia?!

— Era sua culpa por estar espiando o castelo. Se você fosse azarada, poderia ter sido morta sem aviso por ser considerada uma potencial ameaça. Quem sabe o que teria acontecido se não tivessem me contatado.

Esse era um argumento razoável, e Juno não foi capaz de respondê-lo.

— Hum… Me desculpe. — disse ela. — Eu apenas queria muito saber quem você era…

Juno estava toda dengosa. Não era muito a cara dela, então eu ri.

— Bem, não tem problema. Como se sente, agora que sabe minha verdadeira identidade?

— Estou aliviada por minhas dúvidas estarem esclarecidas. — admitiu ela. — Mas por que o rei está brincando com bonecos?

— A princípio, era apenas um experimento.

A partir dali, dei um pequeno resumo sobre como o Pequeno Musashibo surgiu.

Ansioso para testar o alcance da minha habilidade, eu o cadastrei como um aventureiro e o enviei para todo tipo de lugar. Foi por essa razão que acabou encontrando o grupo de Juno. Acabaríamos nos aventurando juntos e assim por diante.

Também expliquei que era capaz de ver o que o Pequeno Musashibo via.

— Quê?! Então você também viu meu peitoral derreter…

— Uh… É. Foi bom que você acabou não mostrando os seios, mas suas costelas…Ow!

— Não fale sobre os meus peitos! — Juno emendou um belo chute no meu flanco.

Apesar de eu estar apenas parafraseando Dace!

— Ow… Ei, eu sou meio que um rei, sabia? — reclamei.

— Disse que éramos camaradas e que eu deveria agir normalmente, não disse?

Minha agonia deve ter feito sua raiva encolher, já que agora estava gargalhando.

 — Parando para pensar, o que aconteceu com aquela salamandra estúpida?

— Enviei militares para derrubá-la. Não podíamos deixá-la à solta para sempre. Destrinchamos o corpo até os ossos e o enviamos para o instituto de pesquisa. Há uma réplica em atração em frente ao museu.

— Aqueles ossos gigantes eram da salamandra?!

— Parece que foi ela quem acabou mostrando as costelas, huh. — disse para brincar um pouco.

— Com certeza foi! — respondeu ela, com um grande riso. — Entendo. Então a mão que eu vi quando estávamos comendo na cafeteria era sua?

— Sim. Por conta da temperatura do traje de kigurumi e o álcool que estava tomando, admito que estava um pouco fora de mim.

— Ah! Foi por isso que a princesa convenientemente apareceu, huh! — Juno bateu palmas, satisfeita com sua explicação.

Ela estava falando sobre a vez em que desmaiei no banquete e Liscia teve que ir me buscar? Agora que pensei sobre isso, Juno conhecia Liscia, não conhecia? Se incluísse a época dos campos de refugiados na república, ela também esteve em contato com Aisha, Juna e Tomoe.

Quando contei isso para ela, Juno ficou chocada.

— Sem nem saber… Encontramos algumas pessoas bem importantes.

— O mundo com certeza é pequeno. — concordei.

— Normalmente é um pouco maior. — Juno disse um pouco enraivecida.

Suas reações eram divertidas, então eu estava gostando disso.

Tirando o sorriso dos lábios, ela falou com um pouco mais de franqueza.

— Ainda assim, como é ser rei?

— Por que isso, do nada?

— Nah, só pensei que deve ser uma chatice.

— Bom, e é. — concordei. — Mas todo trabalho é, não acha? Ser um aventureiro significa que você está sempre colocando sua vida em risco, não é?

Olhei para o céu noturno. Oh, olha só, as estrelas apareceram.

— Reis, aventureiros, padeiros, tudo é a mesma coisa. Se você se choca contra seu trabalho, está colocando sua vida na linha. Se está dando tudo de si naquilo, alguém vai aparecer para te ajudar. No meu caso, foram minha família e subordinados, enquanto para você foram Dace e seu grupo, certo?

— Sem dúvida. Quanto mais longa a jornada, mais pessoas estarão lá para te apoiar.pra

— Já ouvi isso antes.

— É a letra de uma canção infantil. Aquela que cantamos para as crianças quando caminhamos.

Ohh, aquela que Juna cantou para mim naquela vez. Quando senti que seria esmagado pelas minhas responsabilidades como rei e não conseguia mais dormir, Juna cantou essa cantiga…

Já se passou um longo tempo desde então, e o número de pessoas me apoiando cresceu, mas o quão longe cheguei nessa jornada?

— Na verdade, gostaria de te perguntar uma coisa. — eu disse. — O que você pensa desse país, Juno?

— O que eu penso?

— Quero dizer, acha que esse é um bom país? Quero sua opinião sincera.

— Hm… É bem fácil de viver aqui. — Juno pôs a mão no queixo e ponderava enquanto respondia. — Tem uma grande variedade de comida e, como aventureira, ser capaz de andar por aí com trens rinocerontes é agradável e prático. Ter boas estradas também faz com que seja mais fácil proteger mercadores itinerantes. Oh, além do mais, esse país também anulou o contrato com a guilda que obrigava os aventureiros a se alistar nos tempos de guerra, não é? Ser capaz de ficar aqui e saber que não vamos ser arrastados para uma guerra é reconfortante.

— Entendo, entendo…

Como imaginei, isso era diferente do que um cidadão comum pensaria ser um “bom país”. Não costumo ter muitas chances de escutar a opinião de aventureiros, então estava interessado.

— Agora que eu falei, tudo isso torna muito fácil reunir aventureiros aqui. — comentou Juno. — Se muitos aventureiros se juntarem, a competição por masmorras aumenta, então eu acho que isso é um problema.

— Bem, da perspectiva do país, estamos felizes por ter masmorras sendo limpas o quanto antes.

— Para nós, aventureiros, elas enchem nossas carteiras e alimentam nosso espírito aventureiro. Você foi a uma aventura usando um boneco, então você entende, né? Essa excitação.

— Bem, sim… Eu também sei que as suas histórias sobre artes marciais são uma fonte de entretenimento para as pessoas.

Além do que, masmorras cumprem um papel importante na economia local.  É por isso que o Estado não deveria se envolver mais que o necessário.  Eu queria núcleos de masmorra para a Transmissão de Voz da Jóia, mas não queria evitar causar qualquer problema inesperado.

— Então, bem, faça seu melhor, aventureira. — Eu disse.

— Não fale como se não tivesse nada haver com você! Se você pode usar aquele boneco, pode ser um aventureiro também, não?

— Mas agora você sabe que eu controlo ele. Estava pensando em deixar de me aventurar.

— Seria um desperdício, sabia? — disse ela. — Eu sei que o boneco está vazio, então posso usá-lo para frear o avanço inimigo, ou sacrifício e até mesmo como isca sem hesitar.

— Você só está planejando destruí-lo. Isso não foi nada barato, sabia.

— Ei, vamos nos aventurar de novo algum dia. Eu juro que não direi nada sobre sua identidade.

Juno juntou as mãos em contemplação e eu dei de ombros.

— Bem, se você der com a língua nos dentes, acho que eu posso apenas aposentá-lo.

— Eu estou dizendo que não vou!

Depois disso, conversamos sobre outras coisas banais, e quando eu percebi, muito tempo já tinha se passado. Senti como se acabasse de ter uma boa conversa com um amigo que não encontrei por muito tempo. Conversar com um companheiro falador era realmente muito divertido.

Foi por isso que…

— Espero que possamos conversar assim outra hora. — Essas palavras saíram da minha boca naturalmente. — Quero ouvir mais sobre a cidade castelo e todo tipo de coisa inconsequente.

— … Quer que eu vire sua espiã? — perguntou Juno.

— Não é isso. Eu tenho os melhores espiões disponíveis, de todo modo.

— Bem, é claro que você tem… Eu aprendi isso em primeira mão. — Juno apertou seu peito e tremeu um pouco.  Ela deve ter ficado realmente aterrorizada por ser perseguida pelos Gatos Pretos.

— Se eu fico no castelo por muito tempo, começo a sentir que estou desconectado dos demais. — disse. — É por isso que quero escutar sobre as pequenas coisas que acontecem na cidade. Como aquela senhora que disse ” Esses vegetais são muito caros! Venda eles mais barato!” ou sobre como o bebê de Gonbe pegou um resfriado.

— Quem deveria ser esse tal de Gonbe?  — Juno indagou e acenou. — Claro. Quando tiver tempo livre, vou conversar com você. Essa é uma boa hora no dia?

— Vamos ver. Direi para os espiões te buscarem.

— Vou ser escoltada por aqueles caras…? Certo, tudo bem. — Tendo terminado, Juno se levantou e ficou de pé no topo do corrimão. — Nós realmente conversamos muito, não é? Bem, eu deveria ir agora.

— Tome cuidado no caminho de volta. Estou ansioso pelo dia em que conversaremos de novo.

— Claro. Tentarei preparar uma boa história para quando voltar.

— Tudo certo, vou arrumar algo para comermos na próxima vez.

— Ótima ideia. A comida da cafeteria era maravilhosa, afinal.

Juno se virou para partir, mas olhou para trás de repente.

— Caso fique cansado da vida no castelo, basta me dizer. Vou levá-lo para uma aventura a qualquer hora. — disse com um sorriso.

— Bem, caso se canse de viver uma vida agitada e queira arrumar algum lugar para sossegar, me avise. — respondi com uma risada. — Posso apresentá-la a um monte de lugares onde você pode trabalhar ou morar.

— Ha ha, boa resposta. Ok, até mais tarde.

— Sim. Te vejo na próxima, Juno.

Juno saltou do corrimão, pousando no telhado e desaparecendo na escuridão da noite. Ela era ágil, como era de se esperar da batedora de um grupo.

Contemplando as costas de Juno enquanto partia, murmurei para mim mesmo: Se eu me cansar de viver no castelo…Huh.

Esse dia jamais chegaria. Haviam pessoas preciosas para mim aqui.

Havia um debate sobre o que era mais feliz: a flor que desabrocha no campo ou a ave engaiolada.

Isso não tem sentido.

A flor e a ave tem suas próprias felicidades.

 


 

Tradução: Black Lotus

Revisão: Pride

 

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