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Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 07 – Cap. 01 – Da Nova Cidade, Venetinova

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Esta é uma história da época em que Souma partiu para a república.

O palco é Venetinova, uma cidade costeira ao leste do Reino de Friedônia.

A costa da cidade era curvada com a forma de “ < ”. Para incentivar uma melhor distribuição de mercadorias através do país, o rei Souma patrocinou a construção de Venetinova na extremidade da costa.

Se havia algo único nesta cidade, era sua arquitetura bi-nivelada. No nível inferior, voltado ao mar, havia um porto de pesca, uma praça, parques e muito mais; já o bairro residencial, a mansão do governador e outros edifícios similares se encontravam no nível superior.

Quase todas as áreas comerciais ficavam ao longo da estrada que liga esses dois níveis. A estrutura da cidade foi feita em preparação para o grande terremoto, que dizem ocorrer uma vez a cada cem anos.

Em uma das clínicas ao longo dessa estrada havia um bebê de oito meses balançando as pernas enquanto era segurado por sua mãe.

— Goo Goo! — O bebê balbuciou.

Este bebê saudável recebeu o nome de Fuku. Durante a visita de Souma ao campo de refugiados, Hilde Norg, uma médica pertencente à raça dos três-olhos, e Brad Joker, um cirurgião, o trouxeram através de uma cesariana. Aliás, o próprio Souma havia dado o nome ao menino.

Hoje, o pequeno Fuku veio com sua mãe para um check-up de rotina..

Hilde era a médica que o examinava.

— Hm… não há nada fora do normal. Ele está cheio de saúde.”

Até recentemente, ela estava treinando médicos na “Escola Profissionalizante de Ginger”, em Parnam. Assim que tudo isso começou, Hilde, que sempre se sentiu mais à vontade cuidando do povo comum do que escondida em um laboratório, deixou os deveres para seus calouros na escola. Para poder acompanhar os ex-refugiados, Hilde, preocupada com eles, os seguiu até aqui e fundou uma clínica.

Dito isso, Hilde era considerada uma das duas maiores mentes do mundo médico, e a outra era Joker, o cirurgião. Assim, ambos eram frequentemente solicitados na faculdade de medicina em Parnam, mas recentemente, por um certo motivo, ela estava em Venetinova.

Ouvindo de Hilde que seu filho estava bem, a mãe de Fuku curvou sua cabeça.

— Muito obrigada. É tudo graças a senhora e ao Dr. Joker que Fuku e eu ainda estamos aqui.

— Não precisa me agradecer —, disse Hilde. — É o meu trabalho, você sabe. Mais importante, como o rei lhe disse, você realmente deveria agradecer ao seu filho por decidir nascer quando nós dois estávamos lá.

Talvez para esconder a própria timidez, Hilde virou o olhar para o outro lado enquanto escovava os cabelos de Fuku, que finalmente começaram a crescer uniformemente.

Fuku bateu palmas de alegria.

A mãe de Fuku assistiu a cena com um sorriso leve. — Eu acho que você está certa. Agora podemos esperar juntos a volta do meu marido.

— Oh, verdade, eles encontraram seu marido, não é?

— Sim, — disse outra mulher, dando um passo à frente. — Recebi as notícias pelo meu irmão mais velho.

Quem respondeu a essa pergunta foi uma garota de dezoito anos vestida com roupas que se assemelhavam ao esteriótipo de um Nativo Americano, mas com pinturas nas bochechas que pareciam magia.

Seu nome era Komain, que originalmente fora encarregada de lidar com os refugiados no lugar de seu irmão, Jirukoma. Agora, Komain é uma líder para os ex-refugiados que se estabeleceram em Venotinova.

Ela veio hoje para dar suporte ao Fuku e sua mãe durante a consulta de rotina. — De acordo com o mensageiro kui que meu irmão enviou, seu marido deve estar a caminho daqui nesse momento.

Jirukoma retornou ao norte, liderando todos que recusaram se tornar membros deste país, assim como aqueles que insistiram em retomar suas terras natais. Ele agora estava no Reino da Lastania, um dos pequenos países pertencentes a União das Nações Orientais, como um soldado voluntário que respondeu ao pedido do país por tropas.

Naquele lugar, ele também reunia informações sobre aqueles que ficaram dispersos após suas expulsões para o norte. O pai de Fuku foi apenas um daqueles encontrados desta maneira.

— Ele disse que seu marido estava te procurando em um dos países vizinhos da Lastania. — Disse Komain. — Quando meu irmão lhe disse que você estava segura e que seu filho havia nascido, ele deixou tudo para correr até aqui e ficar ao seu lado.

— Honestamente… Esse homem sempre foi apressado. — Disse a mãe de Fuku, aparentando estar verdadeiramente feliz.

Hilde deu de ombros exasperadamente, — Olha, é bom ter a família reunida. No entanto, deixe-me te alertar sobre uma coisa.

— Huh? Ah, claro.

— Já abrimos sua barriga uma vez para a cesáriana. O procedimento ocorreu perfeitamente e você provavelmente pode ter um segundo, mas… após o primeiro procedimento, a barriga se torna frágil e um parto natural se torna mais difícil. Então, na próxima vez que for dar a luz, será mais seguro para você e o bebê se abrirmos você novamente e tirarmos o bebê de lá.

A mãe de Fuku e Komain engoliraram o seco.

Hilde sorriu para elas. — Quando seu marido retornar, vocês irão ter algum momento romantico, certo? Se isso fizer você decidir que realmente quer um segundo, será melhor consultar uma aprovação médica minha ou do país.

— Certo! — A mãe de Fuku respondeu entusiasticamente.

Ouvindo isso, Fuku também soltou um grito de confiança, que resultou nas três se entreolharem e sorrirem entre si.

— A consulta terminou? — Brad surgiu do interior da clínica. Ele era um homem cuja expressão normalmente era calma, mas ele encarava Hilde com preocupação nesse momento. — Um… está tudo bem?

— Eles estão bem, — Disse Hilde. — Tanto a mãe quando a criança estão saudáveis.

— Não… não foi isso que eu quis dizer…

— Honestamente… você está mais nervoso do que eu esperava. — Hilde levantou e enxotou Brad de volta para o interior da clínica. — Para começar, não há nenhum homem permitido a entrar enquanto minha paciente for uma mulher.

— Não, você estava atendendo o bebê… eu apenas…

— Basta. Você saia e procure estar pronto para amanhã! Você precisará seguir para a capital e ver a princesa. Dizem que ela ficou doente.

Tendo forçadamente feito Brad ir embora, Hilde retornou ao seu assento.

 — Pelos deuses, — Ela suspirou.

Tendo visto a interação entre esses dois. Komain inclinou a cabeça para o lado de forma interrogativa. — Dr. Brad está aqui também, huh? Eu ouvi que ele teve uma epifania para viajar e estava visitando paciente por todo país.

Brad estava, de fato, propenso para isso. Ele é do tipo que diria na cara do rei Souma, “Quero curar os pobres, não os ricos.” Colocando de uma forma mais sofisticada, ele era do tipo solidário. Já de uma forma menos sofisticada, ele ainda sofria com a síndrome da oitava série.

Apesar dele receber um pedido de Souma para dar aulas, ele ainda estava viajando pelo país procurando e curando pacientes. Tecnicamente, no entanto, ele levou aprendizes com ele e chamou isso de treinamento de campo.

Esse era o porquê de Komain se surpreender com Brad estar aqui.

No entanto, Hilde bufou. — O que tem para se surpreender? Homens são muito simples, — Ela disse, acariciando a barriga.

O gesto disse tudo que Komain precisava. — Você também, doutora?!

— Nossa, parabéns! Gritou a mãe de Fuku.

— Hmph… — Hilde olhou para o lado envergonhada. Mas ainda assim, com uma voz apagada, respondeu, — Sim, sim… Obrigada.

 A forma com que ela disse fez as outras duas cairem na gargalhada apesar da situação.

— Komain, obrigada por ter vindo me ver hoje, — Disse a mãe de Fuku, curvando a cabeça.

— Dooo, — O pequeno Fuku concordou.

Havia acabado de passar das três da tarde. Na estrada inclinada em frente à clínica da Hilde, Komain arregaçou as mangas e disse,

— Não é nada demais. Meu irmão me pediu para cuidar de todos, então se houver qualquer coisa em que eu possa ajudar, por favor, vá em frente e me conte.

— Obrigada, está indo para casa agora?

— Não, tenho documento para enviar ao governador, então planejo ir lá primeiro.

— Oh, mesmo? Bom, continue o bom trabalho.

— Com certeza irei! Vejo você depois, Fuku.

Pegando a mão de Fuku e balançando, Komain disse suas despedidas aos dois e correu para a colina, afinal a mansão do governador era no ponto mais alto da cidade. Enquanto Komain corria através da rua do comércio, a moça que diriga uma lojas de frutas a chamou.

— Koma, você sempre parece estar ocupada. Você tem comido direito?

— Huh? Uh, agora que você mencionou, eu devo ter pulado o almoço hoje.

— Isso não é bom. Mesmo que você esteja ocupada, você tem que comer! — A moça jogou uma das maças que estava vendendo para Komain.

— O qu… Obrigada, madame! Komain pegou a maçã, acenou vigorosamente para a moça e então seguiu seu caminho.

Pessoas frequentemente acenavam para Komain quando ela estava correndo pelas ruas. Ela estava fazendo vários trabalhos recentemente, tudo desde limpeza, lavanderia e babá, até mesmo entregas e removendo ninho de abelhas. Apesar de ser uma garota jovem, ela assumiu firmemente seu papel como ‘organizadora da comunidade’ para os refugiados, e como ela tinha culhões para dizer o que pensava aos homens locais, mesmo aos que faziam trabalhos pesados e pudessem ser meio durões, não era de se espantar que fosse tão popular. Ela não sabia, mas ela já era chamada de garota-propaganda de Venetinova.

Mas… eu não posso fazer isso para sempre, Komain pensou enquanto corria pelas estradas. Os refugiados estão começando a se enraizar na nova cidade. Se nós estaremos nos assimilando a este país, será melhor se não houver nenhum “muro” entre aqueles que são ex-refugiados e os que não são.  Minha ocupação como organizadora é o emblema desse muro, então eventualmente eles não precisarão mais de mim. Isso por si só é uma boa coisa, porém…

Komais mordeu a maçã que lhe foi dada e soltou um pequeno suspiro.

Deve ser a hora de eu começar a procurar uma forma de viver por mim mesma, assim como meu irmão fez quando foi ao norte

Komain pensava enquanto corria, e enquanto pensava, chegou ao seu destino: a mansão do governador.

Era onde o governador que liderava a cidade vivia.

Não era a mansão do lorde porque Venetinova era parte do domínio real, e portanto o lorde era o próprio rei Souma, No entanto, ele precisava dispachar alguém para administrar Venetinova enquanto permanecia na capital.

Havia ocasiões onde a administração de grandes cidades era deixada para nobres e cavaleiros trabalhando para o escritório do governo, mas considerando a importância de Venetinova, um mero magistrado não seria o bastante.

O título criado para esse posto foi chamado de “governador”. Era um posto novo, criado para a pessoa que governará essa importante cidade em nome de Souma, e o lugar onde o governador vivia é chamado de mansão do governador.

Agora, para quem era o atual governador…

— Com licença, O Governardo Poncho se encontra no momento?

De fato, é o antigo Ministro da Crise Alimentar e atual Ministro da Agricultura e das Florestas. Poncho Ishizuka Panacotta.

Como esta importante cidade não poderia ser deixada nas mãos de ninguém menos do que competente, Poncho foi escolhido, ainda que temporariamente, para o trabalho. Devido a isso, os dias de Poncho estavam passando muito rapidamente, com ele indo trabalhar no castelo pelas manhãs e retornando à Venetinova toda tarde.

Tecnicamente, seu substituto já havia sido escolhido, este era o Lorde de Altomura, Weist Garreau, que havia se destacado na guerra, no entanto até que ele estivesse preparado para a posse, os dias corridos de Poncho continuavam.

Além disso, outro lote de problemas se aproximavam de Poncho.

— O governador está presente, mas se você estará diante de uma longa espera caso queira uma audiência com ele. — O guarda disse com um sorriso forçado que parecia insinuar algo a mais

— Eu entendo, — disse Komain. — Eu tenho alguns documentos para entregar, se importa se eu aguardar?

— Compreendo. Vá em frente, Madame Komain. Você pode aguardar nessa sala.

Graças em parte a ela ser um rosto familiar, o guarda a deixou entrar facilmente.

A empregada em frente a entrada da mansão, que estava encarregada de guiar os convidados, a levou para a sala de espera, onde já havia quatro mulheres aguardando

As mulheres pareciam ter se juntado em um dos cantos da sala enquanto conversavam sobre algo. Todas vestiam roupas exuberantes, Komain podia dizer que eram damas de boas linhagens. As mulheres a olharam quando Komain entrou na sala, então se aproximaram e começaram a cochilar entre si.

Komain, sentindo incomodada, sentou-se distante dessas mulheres. Quando o fez…

— O que é essa roupa? Essa menina está tentando se tornar a esposa do Sir Poncho?

— Que garota mais comum. Ela pensa que, se for o Sir Poncho, até mesmo uma garota como ela poderia seduzi-lo?

Komain podia ouvir seus cochichos perfeitamente. Ela era de uma tribo de caçadores que viviam no norte, sensíveis à presença de suas presas entre outros sons. Ela poderia ouvir vozes abafadas como as delas independentemente de querer ou não.

Komain suspirou. Eu sabia… como eu pensei, são mulheres que vieram discutir um possível casamento com Sir Poncho.

Houve uma declaração pública de que o Rei Souma realizaria uma cerimônia para celebrar seu casamento com a Princesa Liscia e suas outras rainhas. Em resposta a isso, havia agora uma onda de ofertas de casamento daqueles que queriam assegurar uma posição de rainha para si também. Não apena isso, essas ofertas também estavam chegando em massa para todo homem solteiro entre os vassalos de Souma que parecia ter um futuro promissor.

O inteligente e atraente Primeiro Ministro, Hakuya, e o bonito Capitão da Guarda Real, Ludwin, eram populares, no entanto a pessoa que mais concentrava ofertas era Poncho.

Sendo um nobre arrivista, Poncho era de uma família de baixo status, provendo uma resistência fraca à entrada de tais propostas. Acima disso, havia seu corpo rechonchudo; aquelas com confiança em suas aparências pensaram que seria fácil seduzi-lo. Além disso, muitas tinham uma afeição honesta por ele ser um dos que ajudaram a acabar com a crise alimentar.

Resumindo, Poncho recebeu visitas de moças com variados status. Havia aquelas interessadas por ambição e aquelas que eram puras… Era realmente diverso o grupo de mulheres que vinham propor casamento a ele. Já o grupo que se reuniu hoje com certeza fazia parte do grupo ambicioso.

—  Apenas observe, — Disse uma delas. — Farei esse gordinho se tornar meu com esse lindo rosto.

—  Ele parece ser meio tímido, então, se eu forçar o bastante ele deve se render facilmente.

— Dada sua aparência, ele não deve estar acostumado com mulheres bonitas.

As mulheres continuaram cochichando.

Isso é meio desagradável, pensou Komain, eu não me importo com o que dizem sobre mim, mas Sir Poncho trabalhou com Sua Majestade para prover comida para nós, refugiados, quando as coisas estavam dificeis. Eu quero que ele seja feliz, e eu preferiria não ver alguém muito estranho se tornar sua esposa. 

No entanto, como as mulheres diziam, Poncho nesse quesito era pouco confiável. Se elas decidissem força-lo, dada sua personalidade, ele talvez não seja capaz de recusar. Komain estava preocupada com ele, mas então uma questão veio em sua mente.

Huh? Mas então por quê ele não casou ainda?

É verdade que Poncho é facil de ser coagido. No entanto, apesar disso, ela nunca ouviu nada sobre ele estar noivo. Isso apesar das várias propostas que recebia.

Ele está recusando todas as propostas dessas mulheres? O mesmo Sir Poncho que conheço?

Enquanto Komain ainda estava divagando sobre isso, a empregada veio até elas, e todas as mulheres presentes para discutir um potencial casamento foram guiadas uma por uma.

Quando ela percebeu, Komain estava sozinha.

Então a empregada foi até ela, informando Komain que sua vez havia chegado.

— Peço perdão pela demora. Madame Komain, por aqui, por favor.

Enquanto seguia a empregada pelo corredor, Komain viu uma das mulheres que estavam na sala de espera caminhar rapidamente em sua direção pelo outro lado do corredor. Seu rosto estava tenso e ela passou por Komain sem parecer notá-la.

O q-que foi isso? Ela parecia estar no limite. Será que sua audiência não correu bem?

Enquanto ela estava pensando sobre isso, eles chegaram em frente a sala de recepção. A empregada bateu de leve na porta e então esperou pela resposta antes de abrir e anunciar a chegada de Komain.

— Por favor, entre sim.

Ouvindo a voz de Poncho, Komain respondeu “Com licença”, e então entrou na sala.

Dentro da sala de recepção, um Poncho aparentemente meio cansado estava sentado em um sofá com uma emprega de pé atrás dele.

Komain arregalou os olhos assim que ela viu aquela empregada. Por um momento ela ficou estupefada por essa mulherar que parecia ter acabado de passar dos vinte anos, com um rosto bonito e uma postura que demonstrava seu grande intelecto.

Não é de se espantar que aquela mulher parecia tão pressionada…

Com uma beleza como essa atrás de Poncho, sem dúvida destruiria qualquer confiança que as visitantes tinham em suas próprias aparências. Foi apenas somente a ela que, apesar de todas as ofertas, nenhuma mulher tenha sido capaz de forçá-lo? Nesse caso…

Huh?! Ela está me encarando?! Komain sentiu como se a empregada de pé atrás de Poncho tivesse lhe lançado um olhar intimidador.

Quando uma bonita fazia esse olhar, o impacto era multiplicado. Komain sentiu um frio na espinha, mas esta era a mesma Komain que passava seus dias falando abertamente o que pensava para homens corpulentos.

Ela encarou de volta, como se disesse, não irei perder.

Com Komain encarando de volta, a empregada aumenta a intensidade.

Seus olhares colidiram. Era como se a imagem de um lobo e de um falcão pudessem ser vistos por trás delas.

 

 

 

— Hum, vocês duas, aconteceu alguma coisa? — Poncho perguntou hesitantemente, sentindo a atmosfera estranha entre elas.

Sendo abordada por ele, Komain foi a primeira a voltar a si. — Oh, é verdade. Poncho, eu lhe trouxe a lista dos novos refugiados.

— Bem, bem. Obrigado pelo seu trabalho duro, sim.

Quando Komain deu os papéis a Poncho, a vibração opressiva vindo da empregada desapareceu, na verdade, ela se curvou para Komain e disse,

— Irei preparar um chá agora — e então deixou a sala.

Enquanto ainda havia um sinal de interrogação plantado no rosto de Komain, devido às mudanças de atitude, Poncho disse.

— Me desculpe, parece que você teve que esperar, sim. — Ele se desculpou enquanto folheava os documentos.

— Oh, não. Hum… Tem muitas pessoas expressando interesse em se casar com você?

— S-sim. Deixe-me ver. Pelo que ouvi, muitos homens solteiros entre os Vassalos de Sua Majastade tem recebido tais ofertas, sim. Mesmo eu tenho recebido um grande número. Se Madame Seria, a empregada chefe do castelo, não tivesse cuidado delas para mim, as coisas estariam ainda piores, sim.

Serina… Essa era a empregada incrivelmente bonita de antes? Se ela é a empregada chefe do castelo, então ela deve ser muito capaz.

Poncho deu um sorriso preocupado. — Claro, talvez seja por conta da minha aparência. Eu recebi uma desagradável quantia de ofertas para discutir o assunto, mas nenhuma delas deu certo, sim. Me falam frequentemente, “Na verdade, vamos cancelar isso tudo”, no memento que veem meu rosto na entrevista.

Huh? Isso significa que…

Komain relembrou o momento que entrou na sala. Ela avistou o gentil Poncho e a super linda empregada Serina de pé atrás dele.

Sim… Essa era a primeira barreira. Aquelas com um pouco de confiança em sua aparência que pensavam poder seduzir facilmente Poncho, no momento que viam o rosto de Serina, ficavam propensas a rapidamente se retirnar. Em seguida, aquelas mais confiantes, receberiam uma onda de intimidação de Serina. Uma mulher comum provavelmente não conseguiria aguentar tal pressão.

Mesmo Komain sentiu algo parecido com a sensação de estremecer diante de um grande lobo.

— Serina tem sido gentil o bastante para administrar coisas, então me sinto mal por ela, sim.

Poncho disse se desculpando

Não, não é por causa de Serina que nenhuma dessas ofertas tenham funcionado?!

Komain quase disse em voz alta, mas a empregada a interrompeu.

— Perdoem-me. Eu trouxe o chá. — Serina trouxe o chá no que parecia um momento meticulosamente calculado, então essas palavras nunca saíram da boca de Komain.

Enquanto bebia o chá delicioso, a mente de Komain girava confusa.

Madame Serina está se intrometendo nas propostas de Poncho? Mas por quê? Como foi enviada pelo castelo, está sob ordens de Sua Majestade? Não, não pode ser isso. Não consigo ver o rei fazendo algo tão desagradável. Então esse é o desejo dela? Ela tem algo contra o Sir Poncho, talvez?

Enquanto Komain pensava nisso, Poncho gentilmente começou a falar com ela. — Como vão os ex-refugiados ultimamente? Há algo os incomodando?

— Oh, certo, — Komain disse. — Todos estão se acostumando a vida aqui. É um processo gradual, mas estou recebendo menos pedidos de mediação do que antes.

— Isso é bom, sim. Paz é o mais importante.

— Realmente é. Do meu ponto de vista, como organizadora comunitária, sinto que é um peso a menos em meus ombros, então estou aliviada. Ao mesmo tempo, tenho cada vez menos a fazer, então tenho pensado em começar algo novo. Sir Poncho…você está ocupado como sempre, não está?

— Sim, além do meu trabalho como governador, tenho que encontrar todo esse pessoal fazendo propostas e sua majestade também me instruiu a estudar algo novo também. Então, estou ocupado, sim.

Ponho olhou para a montanha de livros atras de sua mesa e suspirou.

— Estudar…? O que exatamente? — Komain perguntou.

— O transportador de provisões. De acordo com Sua Majestade, fará uma grande diferença em toda a moral do exército se meu nome estará ou não listado entre o pessoal administrando a comida de nossos soldados . Esse é o porquê, mesmo que por aparência, ele quer me colocar em um posto importante, então estou no processo de ter o mínimo de conhecimento necessário martelado em mim, sim.

Poncho era tão amplamente conhecido como um especialista em comida que o povo comum se referia a ele como “Ishizuka, o Deus da Comida”. Mesmo apenas tendo seu nome listado como um dos administradores das provisões seria o bastante para convencer os soldados de que eles teriam algo para comer, e assim aumentar sua moral.

Esse é um problema que você enfrenta por ser famoso, eu acho, pensou Komain

Serina se inclinou para sussurrar alguma coisa no ouvido de Poncho.

— Madame Komain é sua última visitante do dia. Obrigada pelo trabalho duro.

— Oh, ela é? Obrigado você também, Madame Serina, sim.

— Não, eu fui ordenada por Sua Majestade para te dar suporte, afinal.

— Ainda assim, sou sempre grato, sim.

A audição muito sensível de Komain captou toda a conversa sussurrada.

Ouvindo suas vozes, Komain rapidamente derrubou sua teoria anterior. Não havia nenhum traço de hostilidade na voz de Serina. Mais que isso, havia uma excitante “doçura” em sua voz. Era incrível como Poncho conseguia manter a cabeça no lugar enquanto ela sussurrava dessa forma para ele.

— Se você realmente está grato, então faça aquilo de novo essa noite, — Serina sussurrou.

— Você realmente gosta disso, huh, Madame Serina? — Poncho sussurrou de volta.

Komain quase cuspiu seu chá.

Essa noite?! Gosta disso?! Huh, que?! Sobre o que esses dois estão falando?!

Enquanto fingia beber, Komain observou os dois sob a borda da xícara.

E-esses dois tem esse tipo de relacionamento, talvez? Oh! Isso explicaria porquê Madame Serina estava sendo tão intimidativa! Para evitar que alguém tome Sir Poncho dela… Huh? Mas isso é uma surpresa. Me perguntou por quê uma beldade como ela está tão profundamente apaixonada por Sir Poncho…

A cabeça de Komain agora estava cheia com um tipo diferente de confusão, e isso a preocupou.

— Oh, é verdade, — disse Poncho. — Madame Komain.

— Huh?! Uh, sim…?! — Komain sem querer deixou sua voz sair de forma meio estridente.

— Você tem trabalho depois disso, Madame Komain?

— Não, essa era a última coisa do dia… Por que a pergunta?

Poncho vestiu um sorriso feliz e disse, — Oh, nada de mais. Eu apenas pensei em te convidar para jantar, sim.

C-como as coisas terminaram assim…?

Komain não entendia a situação em que ela se encontrava.

Ela estava na sala de jantar privada do governador. Ali, Serina e Komain estavam sentadas na mesa uma de frente para a outra. Poncho estava longe cozinhando, então Komain se sentiu incrivelmente embaraçada.

 Seria de repente curvou a cabeça. — Madame Komain, devo me desculpar por antes.

— Huh…? Por que?

— Por te olhar com olhos avaliativos. Eu pensei que você seria mais uma dessas mulheres que pensam que podem facilmente seduzir Sir Poncho.

Parece que o olhar não era uma encarada, e sim avaliativo. Komain estava aliviada em perceber que Serina tem protegido Poncho das garras venenosas de mulheres ambiciosas.

— Hum… Eu estava me perguntando, há muitas pessoas que buscam uma audiência com Poncho para falar sobre casamento e essas coisas? — Komain ousou perguntar.

— Sim. Como você viu, ele é um homem de muitas fraquezas. Fui solicitada por Sua Majestade para assegurar que Sir Poncho não seja apanhado por nenhuma mulher estranha, mas muitas delas fogem ao meu olhar. Gostaria que elas, pelo menos, nos dessem a forma mais básica de respeito.

Bem, é, com certeza elas iriam fugir.  Komain quase soltou, mas conseguiu engolir as palavras antes de saírem de sua boca.

As intenções de Serina deviam ser apenas probatórias, mas mesmo aquelas com nenhuma má intenção correriam assustadas ao encontro de olhares.

— Mas você não correu, não é, Madame Komain? — Serina perguntou.

— Eu vim de uma tribo de caçadores. Senti como se estivesse sendo encarada por um lobo enorme, mas você não pode ser um caçador se deixar o medo levar a melhor.

As palavras de Komain parecem ter deixado Serina meio chocada. — Meu olhar estava no nível de um lobo enorme?

Nesse momento, Poncho retornou carregando uma grande panela. — Desculpe por deixá-las esperando. Este é o nosso prato experimental do dia, sim.

Poncho passou a servir porções da panela em cada um de seus pratos. Quando ela viu o que foi servido, Komain estremeceu por um momento. Seu prato estava inteiramente coberto de marrom. Além disso, parecia pouco apetitoso.

Isso é…o arroz que os lobos místicos estavam cultivando? Mas eu posso ver pedaços que parecem macarrão fino aqui e ali. Além de tudo, a coisa toda é marrom também…

— Ohhh, isso é maravilhoso, Sir Poncho. — Diferente de Komain, Serina estava fascinada pela visão do prato — Isso é como o “yakissoba ao molho” que você serviu antes, mas agora junto com arroz também. O macarrão é fino, tornando fácil comê-lo com arroz. Essa visão pecaminosa de um alimento básico cozinhado junto com outro alimento básico combinado com a essência do molho… É simplesmente o melhor.

Serina elogiou a comida como se fosse uma donzela apaixonada. A diferença entre ela agora e a beldade intelectual que ela parecia ser anteriormente era tão grande que Komain achou meio desconcertante. No entanto, Poncho parecia razoavelmente acostumado a essa reação, e tornou a suavemente explicar o prato.

— No mundo de Sua Majestade, isso é aparentemente chamado de “soba meshi”. Primeiro, você prepara o yakissoba ao molho e então adiciona arroz. A partir daí você coloca coisas como tendões e mistura tudo junto. Estou pensando em servir no meu restaurante experimental no castelo em breve, sim.

— Vou cavar isso aqui

Serina pegou um pouco do soba meshi com uma colher e levou até sua boca; no momento que assim o fez, Serina quebrou em um sorriso de êxtase como se tivesse acabado de receber uma revelação dos céus.

Poncho a observava com um sorriso em seu rosto. — Eu devo dizer…você realmente gosta disso, Madame Serina.

Ouvindo essas palavras, Komain relembrou dos sussurros anteriores. Parece que essa era a coisa que ela “gostava” e que iriam fazer “esta noite”.

Se sentindo meio envergonhada com o que tinha imaginado, Komain pegou um pouco do soba meshi em seu prato sem hesitar, e…

Ohhhh! Komain também sentiu como se tivesse recebido uma revelação dos céus. O que é isso?! Parece horrível, mas é tão delicioso!

O molho doce e picante estimulou seu apetite, e a colher retornou para uma colherada após outra de soba meshi. Que sabor encantador. Ela podia ver o porquê o rosto de Serina se derreter de tal forma. Enquanto se satisfazia com sua explicação, relembrou o que Serina havia dito.

“Se você realmente está grato, então faça aquilo de novo essa noite”

faça aquilo de novo essa noite… Serina havia dito “de novo”. Em outras palavras, não quer dizer que Serina vem saboreando deliciosas comidas como essa com Poncho quase toda noite?

No momento que tal pensamento lhe ocorreu, Komain não pôde se conter. Ela chutou sua cadeira para trás e se levantou, então se ajoelhou no chão em frente de Poncho.

— Sir Poncho!

— S-sim! Hum, Madame Komain? O que você está fazendo, se ajoelhando de repente dessa forma?

— Madame Komain? — Serina perguntou, assustada.

Vendo os olhares incertos em seus rostos, Komain soltou adiante todos os sentimentos que ela não poderia mais guardar. — Se eu puder comer pratos assim, eu quero lhe servir, Sir Poncho! Por favor, me tenha ao seu lado.

Komain de repente estava oferecendo servi-lo

Enquanto Poncho ainda estava sem palavras pela súbita mudança de eventos, Serina levantou-se para ficar em frente à ajoelhada Komain. Seus olhos tinham a mesma intensidade daqueles que expulsaram as mulheres que buscavam discutir casamento com Sir Poncho.

Enquanto lançava em Komain o olhar feito para diminuir quem os encontrava, ela disse, — Isso é… algo que você verdadeiramente sente?

— Sim! Eu juro pela honra do meu povo.

Komain olhou em direção a ela, seus olhos inabaláveis.

Serina e Komain estavam ignorando o homem que, normalmente, deveria ser o centro da conversa, para poder encarar uma a outra.

Poncho, como sempre, estava confuso.

Logo, Serina descansou seus ombros em resignação.

— Parece que você está séria… Muito bem. — Dito isso, Serina estendeu a mão para Komain. — Eu te aceito. Bem vinda a mesa da família Ishizuka.

— Madame Serina!

As duas trocaram um forte aperto de mãos. Ambos seus corações foram roubados pela mesma coisa.

Neste dia, as duas que ficaram extasiadas com um prato gourmet de classe B formaram um laço mais forte que qualquer prato.

A propósito, Poncho, que ficou de fora disso, continuou calmamente comendo seu soba meshi sozinho.

Ademais, apesar disso ser apenas uma nota secundária, desse dia em diante, haviam duas mulheres de pé atrás de Poncho quando outras viessem falar de casamento com ele.

 


 

Tradução: Sincronize

Revisão: CastroJr

 

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Vol. 07 – Cap. 01