Dark?

Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 06 – Cap. 02 – O Tempo Começa a se Mover

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— Ah… A paisagem é tão linda.

Não pude evitar de soltar um suspiro de admiração.

Este era o noroeste do Reino de Friedônia, uma pequena vila fronteiriça ao Estado Papal Ortodoxo de Lunaria.

Ao olhar mais ao oeste do centro da vila, os picos verdes azulados da Cordilheira do Dragão Estrela exalavam uma sensação de imponência. Mesmo estando tão longe, ainda pareciam tão grandes. Era uma cadeia de montanhas do tamanho do Monte Fuji, então dava para entender por que a vista era tão impactante.

Será que Dracul, onde viviam os dragões, ficava no meio dessas montanhas majestosas? Que tipo de lugar era esse? Eu não conseguia nem imaginar.

— Qual é o problema, Irmãozão?

Tomoe me perguntou enquanto eu olhava distraído para as montanhas.

— Hmm? Eu estava pensando que essas montanhas são bem grandes.

— Sim. Elas realmente são grandes.

Ao ver Tomoe e eu olhando para as montanhas, Hal objetou.

— Oh, me poupe. Vocês puderam ver a Cordilheira do Dragão Estrela por todo o caminho do castelo até aqui.

— Hal, você não entende — Kaede repreendeu o pragmático Hal com um sorriso irônico. — Tanto de longe quanto de perto, são visões de tirar o fôlego, mas de maneiras diferentes…

Aisha e Carla retornaram após deixarem os cavalos da carroça no estábulo da pousada.

— Então, Senhor Kazuma — disse Aisha —, devemos esperar aqui nesta aldeia até que eles venham nos “buscar”?

— … Uh, sim — eu disse. — É assim que vai ser.

Opa. Já que Aisha se dirigiu a mim como Kazuma, como havíamos planejado, demorei um pouco para responder.

Aliás, agora eu era o jovem herdeiro do Cervo Prateado e estava viajando por muitos países para encontrar produtos comerciais em potencial. Tomoe era a minha irmãzinha, e a fiz esconder suas orelhas e cauda de lobo sob o seu manto com capuz.

Os outros quatro, Aisha, Halbert, Kaede e Carla, estavam interpretando o papel de aventureiros que contratamos para nos proteger em nossas jornadas. Para esta viagem, eu conversei com a guilda de aventureiros e os registrei como tal.

Em um plano alternativo, eu também teria sido um aventureiro, mas o meu nível de habilidade claramente era bem baixo em comparação com o dos outros quatro, então tive que desistir. Afinal, tínhamos os melhores combatentes do reino conosco.

Voltando ao assunto.

O combinado era que esperaríamos aqui pela chegada de nossa escolta da Cordilheira do Dragão Estrela. No entanto, não havíamos definido uma data em específico. Como era possível que nos atrasássemos em nossa viagem para cá, demos uma estimativa arredondada, de um ou dois dias a mais ou a menos do previsto.

Então, eu disse:

— Bem, se nós apenas esperarmos…

 

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— Eles vão entrar em contato conos… Uh… Espere, o quê?

Eu estava respondendo a Aisha que estava ao meu lado, mas de repente ela sumiu. Na verdade, Tomoe, Hal, Kaede e Carla também sumiram. Além disso, tudo desapareceu em um instante, incluindo a vila e suas residências.

Quando percebi, já estava sozinho no meio de um campo.

Hã? Como vim parar aqui?!

Era um local desolado, desprovido de pessoas ou construções.

Deixe… Deixe-me contar o que aconteceu! Eu estava na aldeia, mas de alguma forma acabei em um campo. Vocês… vocês acham que não sei do que estou falando…

Espere, agora não era a hora de brincar.

Incapaz de acreditar na situação em que me encontrava, olhei em volta, inquieto, para tentar encontrar outra pessoa. Nesse momento, de repente, toda a área escureceu… Tinha nublado…? Não, não era isso! Havia algo enorme no céu, e estava encobrindo o sol. Quando olhei para cima para ver o que era, me deparei com um dragão gigantesco, de vinte metros de comprimento.

— Ahhhhhhh?!

Eu balbuciei incoerentemente com a visão incrível.

 

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Bzzt.

Hã? Acho que senti algo na minha bochecha… Ela pensou.

Ao mesmo tempo, em sua caverna no Planalto Dracul, Naden inclinou a cabeça para o lado.

Hoje, mais uma vez, havia se isolado para assistir a transmissão de programas do Império Gran Caos, mas sentiu algo estranho em suas bochechas, como se um pequeno inseto tivesse pousado ali. No entanto, quando esfregou suas bochechas macias, não havia nada lá.

— … Bem, que seja.

Naden voltou a assistir a transmissão do programa.

De repente, Pai correu até ela em forma humana.

— Você precisa ouvir isso, Naden!

Logo em seguida, bang, Pai bateu a perna na mesa. Enquanto se agachava e agarrava sua perna que latejava de dor, o chá ainda quente que estava sobre a mesa foi derramado por todo o rabo de Naden.

— Hiyahhhhhh!

Estava tão quente que Naden soltou um grito que poderia ter vindo de uma estrela do cinema de kung-fu. Se debatendo, ela quase derrubou o receptor, mas desesperadamente se conteve apenas o suficiente para não o quebrar. Enquanto isso, Pai, que já havia se recuperado da dor na perna, olhava para Naden exasperado.

Gemendo, Pai disse:

— O que você está fazendo, Naden?

— O que eu estou fazendo?! Isto é tudo culpa sua! Estava quente, ok?

— Espere, isso não importa agora — disse Pai. — Tenho algo importante para te contar.

— Era muito importante para mim! Se eu quebrar este receptor, posso não ser capaz de encontrar outro…

— Estou lhe dizendo, há algo mais importante acontecendo!

— Você pode tagarelar o quanto quiser. Eu vou dormir.

Naden foi se deitar na cama que havia adquirido no mundo exterior, mas Pai, que tinha um olhar irritado em seu rosto, a impediu.

— Não durma! Me escute! A Senhorita Tiamat te convocou!

— … Eep.

Naden congelou quando estava prestes a ir para a cama.

Tiamat, que também era conhecida como Mãe Dragão, a governante da Cordilheira do Dragão Estrela, era sagrada e inviolável, e sua existência era absoluta. Nem mesmo os dragões poderiam encarar sua reverenda face sem um bom motivo. Somente quando eram convidados por ela para desempenharem alguma função, ou alguma outra tarefa, podiam estar em sua presença.

Além disso, a única vez que ela os convocou foi quando pretendia concedê-los alguma honra, ou uma punição severa.

Pai olhou para Naden com pena.

— O que você vai fazer desta vez, Naden?

— Por que já está assumindo que estou sendo punida?

— Bem, você fez alguma coisa pela qual merecesse ser homenageada?

— … Não…

Enquanto Naden estava quebrando a cabeça pensando: O que eu poderia ter feito de errado…? O Idol cantando e dançando em seu receptor chamou sua atenção. Havia alguns dragões mais conservadores que se opunham a trazer coisas como essa do mundo humano.

— Você acha que é por isso?

Naden olhou para o receptor.

Pai suspirou.

— Dizem que Tiamat pode ver tudo no mundo inteiro. Ela definitivamente sabe.

— S-Se fosse um problema, ela teria me repreendido antes! — Naden protestou. — E isso nunca aconteceu, ok?

— Talvez ela apenas tenha feito vista grossa até agora? Ou você consegue pensar em outro motivo?

— Um motivo… Talvez por eu ter cruzado a fronteira mais de trinta vezes até hoje?

— Você tem saído tanto assim?! Espere, talvez seja outra coisa. Naden, você se recusou a participar da Cerimônia do Contrato, certo?

— Mas… eu…

O rosto de Naden ficou sombrio.

A Cerimônia do Contrato, quando os jovens cavaleiros do Reino dos Cavaleiros Dragão Nothung vêm para formar contratos de casamento com os dragões, era uma grande ocasião que acontecia apenas uma vez na vida. No entanto, para um dragão estranho e sem asas como Naden, era apenas um lugar onde seria motivo de chacota.

Pai sabia como Naden se sentia sobre isso, mas ela também sabia que adiar as coisas só iria isolar mais Naden, então foi severa.

— Você faltou nas aulas de dança para a Cerimônia do Contrato, não é?

Durante a cerimônia, um cavaleiro e um dragão dançavam juntos como prova de seu contrato recém-formado. Então, quando o dragão terminasse de dançar em sua forma humana, ele assumiria a forma de um dragão, e seu contrato seria formalmente estabelecido quando saíssem da Cordilheira Dragão Estrela juntos. As aulas de dança eram para se preparar para isso.

Naden inflou as bochechas e fez beicinho, virando a cabeça para o lado e se recusando a fazer contato visual.

— Não adianta praticar para um evento que não tenho intenção de participar.

Pai grunhiu.

— Você também não brigou com a Ruby e os outros há pouco tempo?

— Eles zombaram de mim por não poder voar!

— Você não acha que é a combinação de tudo isso a razão pela qual foi chamada? Na minha opinião, é impressionante que ela tenha deixado você se safar por tanto tempo.

— Urgh…

Naden ficou sem argumentos.

— Mas, se ela nunca te disse nada antes, não acho que você vai ser punida de repente — Pai disse com um suspiro. — Quando se faz algo errado, normalmente é repreendido logo em seguida.

— S-Sim! — Naden disse aliviada.

— Mas, mesmo que seja apenas uma advertência desta vez, isso mudará o seu comportamento? — Pai pousou a mão no receptor enquanto falava. — Se ela lhe dissesse para descartar todas as coisas que você pegou no mundo inferior…

— É como me dizer para morrer!

— É tão ruim assim? — perguntou Pai.

Naden tirou a mão da exasperada Pai do receptor e o escondeu atrás das costas.

— Eu não posso jogar isso fora. O receptor é o meu anseio pelo mundo exterior.

— E as novels?

— Meu desejo de que alguém me escolha.

— Está achando que é o quê? Uma donzela com a cabeça cheia de sonhos?

— Eu sou uma donzela. … Mesmo sendo como sou.

Pai encolheu os ombros em desânimo.

— Que seja, apenas se prepare. Mesmo que ela fique brava com você, quanto antes acabar melhor.

Com Pai a advertindo assim, Naden desligou relutantemente o receptor.

 

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O grande dragão descendo dos céus começou a brilhar quando tocou o chão. Os contornos de sua forma foram borrados pela luz, encolhendo até o tamanho humano.

Quando a luz diminuiu, diante de mim estava uma mulher vestida com túnicas brancas, um capuz sobre a cabeça e um véu fino sobre o rosto. Era difícil de ter certeza com o rosto todo coberto, mas talvez ela estivesse na casa dos quarenta. Bem, em um mundo com raças longevas, era basicamente impossível confiar na idade que alguém aparentava ter.

A mulher de branco se aproximou de mim.

— Presumo que seja o Rei Souma Kazuya do Reino Unido de Elfrieden e Amidonia?

— Isso mesmo… Você é da Cordilheira do Dragão Estrela?

A mulher levou a mão ao peito e se curvou para mim.

— Venho em nome da Senhorita Tiamat, nossa mãe dragão. Vou levá-lo ao Planalto Dracul na Cordilheira do Dragão Estrela.

“Nossa mãe dragão” … Oh, acho que é aquela Mãe Dragão. Tiamat era o seu nome? Espere, quê? Tiamat… não era esse o nome do dragão mais antigo a aparecer nas lendas da Terra? Eu me lembrava vagamente porque o nome tinha aparecido em todo o tipo de coisa.

Para começar, dizia-se que a Mãe Dragão existia desde antes que as pessoas deste continente formassem países, então ela fazia jus ao nome.

Perguntei à senhorita de branco:

— Posso perguntar com quem tenho o prazer de conversar?

— Não há necessidade de ser tão educado comigo. Sou uma das sacerdotisas a serviço da Senhorita Tiamat.

— Uma sacerdotisa?

— Sim. Os dragões são uma raça que vive mil anos. No entanto, se o parceiro de um dragão deixa este mundo antes que possam ter filhos, esse dragão vive em solidão por um longo tempo. Devido a isso, retornam à Cordilheira do Dragão Estrela, tornando-se sacerdotisas que servem a Senhorita Tiamat. Responsáveis por cuidar dela, do Castelo de Cristal e dos dragões mais jovens.

Em outras palavras, os dragões que perderam suas famílias retornaram à Cordilheira do Dragão Estrela para se tornarem Sacerdotisas.

— Elas não podem se casar novamente com outro cavaleiro? — perguntei.

— Há algumas que podem — disse a mulher. — Porém, é uma questão de ventura. Depende da orientação do destino e da bênção da Senhorita Tiamat que liga o futuro dos homens e dos dragões.

A orientação do destino, hein. Então, a Mãe Dragão era uma deusa cupido ou algo assim?

Deixando isso de lado, resolvi fazer a pergunta que já vinha me incomodando há algum tempo.

— A propósito, onde estamos? Tenho certeza de que estava com os meus companheiros na aldeia onde combinamos nos encontrar até agora há pouco…

— Este campo fica a cinco quilômetros a nordeste daquela vila — disse a mulher. — A Senhorita Tiamat usou seu poder para trazê-lo aqui.

Teletransporte, quem imaginaria?! Aparecendo em sonhos, teletransportando instantaneamente as pessoas… O poder da Mãe Dragão realmente era fora da curva. Eu conseguia entender por que as pessoas a adoravam.

— Todos os dragões podem fazer coisas assim?! — exclamei.

— Não — disse a sacerdotisa. — Apenas a Senhorita Tiamat que viveu uma eternidade e é adorada como um deus consegue. Pode-se dizer que é a intervenção divina dela. Porém, de uma coisa tenho certeza, ela nunca usará esse poder para seus próprios desejos egoístas.

— … Espero que eu possa acreditar nisso.

Afinal, se usado corretamente, era um poder com potencial destrutivo ilimitado. Este era alguém do qual eu não queria, nem podia me dar ao luxo de criar inimizade. Eu queria muito que ela fosse um deus que vigiasse o mundo, mas que não interferisse nele.

Eu cocei minha cabeça.

— De qualquer forma, você disse que me levaria para Dracul, mas e os companheiros que deixei para trás naquela aldeia? Posso não ter sido coroado ainda, mas eu sou um rei. Meu desaparecimento repentino não causou pânico?

A sacerdotisa dragão olhou para mim, inclinou a cabeça profundamente e se desculpou.

— Peço perdão. Devido a urgência das circunstâncias, embora seja rude, peço que venha a Dracul sozinho. Uma das minhas companheiras sacerdotisas está indo até os seus companheiros para explicar a situação. Os convidaremos para vir em outra data, em algum momento antes do dia da cerimônia.

— Eu vou receber alguma explicação dessas circunstâncias? — perguntei.

— Por favor, peça a Senhorita Tiamat os detalhes. Mas já posso adiantar que a Senhorita Tiamat deseja que você participe da Cerimônia do Contrato deste ano.

A Cerimônia do Contrato… Era onde os cavaleiros e dragões formavam contratos de casamento, certo? Isso significa que, assim como Hakuya esperava, eu estaria participando como um dos parceiros?

— Eu sou o Rei de Friedônia, sabe? — disse. — Não sou do Reino dos Cavaleiros Dragão Nothung, e não tenho absolutamente nenhuma intenção de me tornar um cavaleiro dragão.

— Isso não é um problema — disse a sacerdotisa com confiança. — Se a Senhorita Tiamat te considera digno de participar, então que assim seja. Além disso, ouvi dizer que o primeiro rei de Elfrieden foi um herói que fez um contrato com um dragão.

A sacerdotisa tinha certeza do que estava dizendo, como se as palavras da Mãe Dragão fossem absolutas. Mas mesmo que fosse o caso… eu não sabia o que dizer sobre ser mandado de repente para se casar com um dragão que nunca vi antes. Bem, meus noivados com Liscia e Roroa aconteceram da mesma forma, mas não era uma coisa com a qual você se acostumava.

— Mas o contrato não é um voto entre marido e mulher? — perguntei. — Ainda não me casei com elas, mas já tenho quatro noivas. Não tem problema?

— Nem um pouco — disse a sacerdotisa. — Este contrato não é, de forma alguma, algo que já foi decidido. Se você não deseja firmá-lo com ninguém, nem com humanos ou dragões, a escolha é inteiramente sua.

Ah, entendi, pensei. A Cerimônia do Contrato não é algo que serei forçado a participar. É mais como um encontro que é difícil sair porque não posso ofender os meus ou os pais dela. Se isso é tudo… então me sinto melhor com a situação.

— No entanto, a Senhorita Tiamat é aquela que liga o destino de humanos e dragões — disse a mulher. — Ela se deu ao trabalho de chamá-lo até aqui, então suspeito que haja alguém que você deve encontrar lá.

Eu fiquei sem palavras.

A sacerdotisa disse isso com a mesma confiança de antes.

Isso significava que havia um dragão na Cordilheira Dragão Estrela que estava destinado a ficar comigo? E, se eu fosse lá, não teria outra escolha a não ser tomá-la como minha esposa? Assim como a deusa cupido, a Mãe Dragão, havia afirmado?

Quando pensei em como Liscia e as outras reagiriam a isso, minha cabeça passou a doer.

Então, a sacerdotisa dragão começou a brilhar mais uma vez e se transformou em um dragão.

— Hora de levá-lo para Dracul.

— Quê?! Agora?!

— Sim. A Senhorita Tiamat disse que era urgente.

Urgente? As circunstâncias eram tão urgentes assim?

A sacerdotisa dragão me agarrou com força com sua grande perna dianteira. Oh, era coberta por uma fina camada de pelo, e estava meio quentinho… Mas ei, agora não era a hora de pensar nisso!

— Calma, não estou emocionalmente preparado para – espere, espere!

— Segure firme!

— Ahhhhhhhhhhhhhhhh!

Fui do chão ao céu em um instante.

 

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— Oh…

Por um instante, Naden sentiu suas bochechas zumbirem novamente.

Era um pouco entorpecente, como se um choque elétrico tivesse passado por elas. Também parecia mais forte do que da última vez.

Naden se perguntou o que poderia ser, mas ela tinha preocupações maiores. Afinal, havia sido convocada pela Mãe Dragão.

No centro do Planalto Dracul havia um lago, o Lago do Arrasto, grande o suficiente para que ondas se formassem em sua superfície. Naquele lago ficava o Castelo de Cristal, onde a Mãe Dragão residia.

Era feito de um material desconhecido que era translúcido como cristal, e mais maciço do que qualquer outro castelo no mundo fora da Cordilheira do Dragão Estrela. A dona daquele castelo, a Mãe Dragão, era do tamanho de um monte, então era natural que sua residência fosse tão grande.

Naden estava na sala de espera do Castelo de Cristal. Todos que eram chamados pela Mãe Dragão esperavam nesse local, e então eram magicamente convocados para aparecer diante dela quando tivesse tempo para vê-los.

Aliás, embora não houvesse regras rígidas sobre isso, era de senso comum assumir a forma de dragão para se encontrar com a Mãe Dragão. Isso porque a forma humana era temporária, assumida para o noivado com um cavaleiro, e usá-la para aparecer diante de uma besta divina como a Mãe Dragão era visto como inapropriado. No entanto, Naden ainda estava em sua forma humana.

Ela não tinha mudado porque apareceria diante da Mãe Dragão. Naden geralmente usava a forma humana. Ela odiava a sua forma de dragão, que a reduziu a um “lagarto que não voa” e a um “verme”. Para simplificar, Naden desenvolveu um complexo sobre isso.

Ter asas… e ser capaz de voar os tornam superiores assim…? Naden murmurou mentalmente.

A área ao redor dela de repente começou a cintilar. Então, no momento seguinte, um enorme dragão prateado do tamanho de um monte apareceu.

Seus olhos brilhavam como safiras. Seus chifres pareciam incrivelmente fortes. Suas asas eram grandes e poderosas, com penas como as de um pássaro, cada uma delas do tamanho de uma espada comprida.

Além disso, todo o seu corpo estava coberto de pelos lisos que, em contato com a luz que brilhava do teto aberto, brilhavam com uma cor que alternava entre prata e arco-íris. Ela era um ser tão absoluto que até Naden, que a tinha visto muitas vezes até hoje, engolia em seco e olhava com admiração cada vez que se encontravam

Ela era a rainha dos dragões, a sagrada mãe dragão: Tiamat.

 

 

 

Quando Naden voltou a si, se ajoelhou, colocou a mão sobre o peito e abaixou a cabeça.

— Naden Delal, ao seu dispor.

Naden fingia estar calma, mas seu coração batia forte. Não pôde evitar de se preocupar com o motivo de a Mãe Dragão estar irritada com ela.

É porque faltei nas aulas de dança para a Cerimônia do Contrato? Ou é porque briguei com os outros dragões? Ou… será que é porque eu trouxe um receptor feito no Império Gran Caos para cá? Oh, o que faço se ela me disser para me livrar dele?

— Levante a cabeça, Naden.

Naden ouviu aquela voz calma vindo de cima da sua cabeça. Tinha uma profundidade que parecia três pessoas falando ao mesmo tempo, como se estivesse ecoando dentro do próprio coração do ouvinte.

Quando levantou a cabeça como a voz lhe disse para fazer, aqueles olhos de safira estavam fixados em seu rosto. Nesse clima tenso, Naden jurava que podia sentir o suor escorrendo em suas costas.

— Hm… Er…

Naden tentou dizer alguma coisa, mas sua língua simplesmente não se mexia direito.

Tiamat não parecia estar zangada com ela. Seu olhar suave transmitia isso.

Ela não vai ficar brava comigo? Então por que fui chamada aqui? Por que a Senhorita Tiamat está me encarando com olhos tão gentis?

Essas perguntas vieram à sua mente uma seguida da outra, deixando-a ainda mais perdida.

— A engrenagem que se move furiosamente se aproxima da engrenagem que parou.

— … Hã?

Naden não tinha ideia do que Tiamat acabara de dizer.

Engrenagens? Do que ela está falando?

Sem se importar com a confusão de Naden, Tiamat continuou.

— Eventualmente, as duas engrenagens vão se engatar. A engrenagem parada será forçada a se mover, e a engrenagem que gira furiosamente como se impulsionada por algo diminuirá seu ritmo. No entanto, isso não é motivo de tristeza. Apenas significa que elas girarão no mesmo ritmo.

— H-Hmm… eu não tenho ideia do que você está falando…?

Era muito abstrato para Naden entender. Ela tinha sido chamada aqui para ouvir isso? A engrenagem girando furiosamente… A engrenagem parada… O engate das duas…?

— Naden.

— S-Sim!

Com os olhos de Tiamat fixos nela, Naden endireitou a postura.

— Esteja preparada. Logo começará a se mover.

Preparada? Começar a se mover? O que exatamente?

— Hum… Senhorita Tiamat… o que vai começar a se mover? — Naden perguntou.

Tiamat fez uma feição parecida com a de um anjo entregando uma iluminação, ou uma mãe cuidando de seu filho, e disse a ela:

— O seu tempo.

 


 

Tradução: Another

Revisão: Gabas

 

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