Dark?

Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 05 – Cap. 04.4 – A Chegada da Santa

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— Nngh… Hm? — murmurei.

Quando a luz brilhou pela janela e me acordou, o rosto de Liscia estava bem na minha frente.

Estávamos compartilhando um único travesseiro, então estava bem perto. Ela dormia tranquilamente.

A cada respiração superficial de Liscia, seu peito macio subia e descia sob as cobertas. Apenas a visão dela assim me deixou com uma mistura indescritível de alegria, vergonha e amor, e estendi a mão para tocar sua bochecha.

Quando o fiz…

— Murgh…

Liscia se contorceu como se algo estivesse fazendo cócegas nela e então lentamente abriu os olhos.

Ela provavelmente ainda estava meio sonolenta. Parecia não saber onde estava e começou a olhar em volta inquieta. Então notou meu rosto ao lado do seu.

— Oh… Souma. Bom dia… — disse ela com um sorriso. Era um sorriso tão gentil quanto a luz da manhã brilhando lá fora.

A reação dela foi insuportavelmente fofa, então a abracei e dei um beijo em sua pálpebra esquerda semicerrada. Ainda grogue de sono, Liscia soltou uma risada delicada.

— Nossa, Souma, o que você pensa que está fazendo?

— Hmm, eu adoraria continuar olhando para você assim, mas… Desculpa, Liscia, levante-se, por favor.

— Huh…? — perguntou ela.

Enquanto eu lhe dava uma leve sacudida, desta vez os olhos de Liscia  abriram completamente. No momento em que seus olhos se abriram, o rosto dela ficou vermelho tão rapidamente que eu quase pude ouvir o efeito de um som cômico explodindo. Muito provavelmente, quando entendeu a situação atual, todo o seu constrangimento disparou de uma vez. Claro, isso também incluiu o suficiente para a noite anterior.

Dei um leve tapinha na cabeça de Liscia.

— Bom dia, Liscia.

— B-Bom dia. Ohh… Não olhe tanto para mim.

— Não olhar para você? Eu vi muita coisa na última… Mmph!

Liscia empurrou um travesseiro no meu rosto.

— Isso não torna as coisas menos embaraçosas! — choramingou.

Liscia abraçou o cobertor e olhou para mim meio ressentida.

Sim, ela com certeza era fofa. Eu quase quis pular nela ali mesmo. Mas, em vez disso, apenas empurrei o travesseiro de lado e me espreguicei.

— Sim… Acho que nunca mais quero fazer isso no escritório de assuntos governamentais.

— Por que não…? —perguntou ela.

— Porque este é o nosso local de trabalho, então vou ter que pedir que limpem o quanto antes. Eu quero flertar mais com você, e é triste ter que me levantar.

— E-Entendo…

Saí da cama e vesti as roupas que estava usando antes. Eu não tinha outra muda de roupas, então teria que voltar ao meu quarto para pegar uma.

Depois de me vestir rapidamente, perguntei a Liscia:

— Então… você está se sentindo bem?

— S-Sim… Mas me sinto um pouco mole…

— Certo. Então pode deixar que peço às criadas para limparem.

— Sim — disse ela. — Poderia fazer isso por mim?

Dei um beijo na testa de Liscia e saí do escritório de assuntos governamentais.

Quando saí pela porta, fui recebido por uma Carla com o rosto vermelho, que desviava os olhos, e uma Serina com um sorriso gentil. Entendi por que Carla estava lá, já que estava montando guarda, mas por que Serina?

Serina mostrou um leve sorriso impassível e disse:

— Vocês dois se divertiram ontem à noite.

Uau… Essa frase, quando alguém realmente diz isso para você na vida real, é realmente frustrante.

— Você acordou cedo, Criada Chefe — falei.

— Bem, sou a criada pessoal da princesa. — Com essa resposta, que eu não tinha certeza se classificava como uma, Serina me fez uma reverência elegante.

Pensei: Ah, sim, ela definitivamente está se divertindo com isso… mas eu sabia que se dissesse alguma coisa, haveria três vezes mais punhais verbais vindo em minha direção, então fiquei em silêncio. Era melhor deixar a sádica adormecida continuar adormecida. Se pudesse fechar os olhos para seu mau hábito de intimidar garotas bonitas, ela era extremamente competente em seu trabalho.

— Serina, Carla… Cuidem de Liscia e do quarto para mim — falei.

— Entendido — disse Serina. — Vamos ao que interessa, Carla.

— S-Sim, madame!

Serina e Carla se curvaram para mim e então entraram lá. Um momento depois, lá dentro…

— S-Serina?! Ainda estou nua aqui! — gritou Liscia.

— Precisamos limpar, então, por favor, saia já da cama. Se não o fizer, farei com que Carla a carregue para fora daqui, com cama e tudo.

— Espera, Carla! Não levante a cama!

— Desculpe… — disse Carla. — Se eu desafiar a criada chefe, serei humilhada mais tarde…

— Eeeek!

Bem, ouvi aquelas vozes e um monte de batidas.

Certo, Liscia. Aguente firme, pensei.

— Pois bem… — Dei um tapa nas minhas próprias bochechas. Era hora de uma mudança de mentalidade. Com meu relacionamento com Liscia se aprofundando, senti que precisava ser cada vez mais determinado.

A fim de defender minha amada família, eu ia acabar com a teocracia.

— Bem, vamos bolar um plano com Hakuya, eu acho.

Saltei pelo corredor.

 

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Alguns dias depois.

Enviei uma mensagem à Santa Mary, que estava hospedada na igreja Lunariana de Parnam, para informá-la de que teríamos outra reunião. Ela respondeu que iria ao castelo imediatamente.

E, assim, mais uma vez, Mary e eu nos encaramos na sala de audiências do Castelo Parnam. A plateia era constituída pelos mesmos rostos nos mesmos lugares da última vez. Eu não tinha sido capaz de me concentrar da outra vez porque algo parecia estranho nela, mas agora que eu sabia o truque, podia olhá-la com a cabeça limpa.

Ao revê-la depois de alguns dias, Mary ainda era linda e ainda parecia uma boneca. Troquei breves gentilezas com ela, então decidi ir direto ao assunto.

— Agora, então, em relação à questão de fazer da Ortodoxia Lunariana nossa religião estatal…

Ela esperou em silêncio.

— Se você puder aceitar duas condições, não me importo em fazer isso.

— Condições…? — Mary inclinou a cabeça para o lado interrogativamente.

Respondi a ela no tom mais leve que pude.

— Oh, não é nada muito difícil. A primeira é que você não me faça o Rei Sagrado da Ortodoxia Lunariana. Também não quero que você unilateralmente comece a me chamar assim. Quero um acordo firme a respeito deste ponto.

— Por que isso? Se você se tornasse nosso rei sagrado, ficaria acima dos adeptos da Ortodoxia Lunariana em todos os países, sabe? — Mary parecia perplexa.

Balancei minha cabeça com um sorriso irônico.

— Isso é porque eu mesmo não sou um adepto da Ortodoxia Lunariana. Mesmo que alguém como eu fosse subitamente nomeado rei sagrado, tenho certeza de que haveria resistência dos crentes. Sinto muito, mas terei que recusar a posição.

— Oh… Entendo.

Embora Mary tenha ficado desapontada, ela humildemente recuou nesse ponto.

Claro, a razão que eu havia apresentado era apenas uma fachada. Eu não tinha nenhum desejo de ser o rei sagrado deles, ou qualquer coisa assim, e também não podia nos deixar regredir para um país onde a igreja controlava a educação. Meu objetivo era impedir que o Estado Papal Ortodoxo me nomeasse rei sagrado e me fizesse carregar a bandeira em seu conflito com o Império.

— Agora, quanto à segunda condição… Vou pedir para que o Primeiro Ministro Hakuya que a explique — falei.

Hakuya levou a mão ao peito e fez uma reverência antes de dar um passo à frente.

— Deixe-me explicar. A outra condição que estamos apresentando é que queremos convidar um bispo do Estado Papal Ortodoxo para vir aqui e administrar os crentes da Ortodoxia Lunariana dentro do país.

— Claro que podemos fazer isso — disse Mary. — Eu tinha a intenção de vir pessoalmente.

Hakuya respondeu, acenando com a mão:

— Oh, nunca poderíamos pedir isso a você. Não temos nenhum desejo de nos impor à santa. Temos uma pessoa específica que gostaríamos de convidar como nosso bispo.

— Você tem alguém que quer convidar? E quem poderia ser?

— Bispo Souji Lester.

Mary ficou em silêncio. No momento em que ela ouviu o nome, franziu um pouco a testa.

Eu só o vi por um instante, mas era um olhar de repulsa. Foi a primeira reação humana que vi da boneca Mary.

Ela então perguntou a Hakuya com uma expressão ligeiramente rígida:

— Senhor Hakuya, você está… ciente de que tipo de homem ele é?

— Sim. Ouvi dizer que ele é muito afiado.

— Não, ele é apenas astuto — disse Mary. — Não posso dizer… que o recomendaria. Ele extorque grandes quantias de dinheiro dos crentes, bebe muito, brinca com mulheres e se envolve em muitos outros comportamentos indecentes. Normalmente, como um clérigo, ele teria jurado desistir de tais desejos, mas esse homem está atolado no que é profano e faz o que lhe agrada. Sua Santidade e os cardeais veem seu comportamento como um problema. Eu mesma… também o acho desagradável.

Foi uma rejeição firme. Ele era um homem que até essa garota parecida com uma boneca odiaria, pelo visto. Agora eu estava interessado.

— Como um homem assim se tornou bispo? — perguntei.

Mary retesou os lábios. Houve uma pequena pausa antes que ela os abrisse novamente para dizer:

— Isso é… uma coisa embaraçosa de se falar, mas nós no sacerdócio somos sustentados pelas doações dos seguidores. Alguns cardeais defendem o Bispo Souji porque, independentemente de seus métodos, ele consegue grandes doações…

Ah… Eu estava começando a ver como tudo funcionava.

Muito provavelmente, este Souji estava pagando subornos a vários cardeais. Mesmo que sua santa não fosse, os escalões superiores da igreja pareciam muito humanos e muito podres. Por isso, mesmo que quisessem removê-lo, não podiam.

— No entanto… — disse Mary a Hakuya — agora há vozes na igreja dizendo que ele deveria ser expulso. Acredito que é apenas uma questão de tempo até que ele seja excomungado. Você quer convidar um homem assim?

Mesmo enquanto ela olhava para ele com clara oposição em seus olhos, Hakuya nunca deixou seu sorriso quieto sumir.

— Isso soa perfeito para mim. Se pretende expulsá-lo, tomaremos a custódia dele aqui em nosso país. Sua Majestade gosta muito de reunir pessoas talentosas, sabe? Sendo assim,ele me disse que se houver um bispo assim, quer conhecê-lo.souji

Eu não me lembrava de ter dito uma coisa dessas. Não sabia nada sobre este Souji, ou até mesmo qual era o nome dele. No entanto, me disseram com antecedência que Souji seria um jogador chave na trama de Hakuya, então balancei a cabeça como se fosse verdade.

Mary olhou para Hakuya com aparente desagrado.

— Se ele vier aqui como bispo, isso o colocaria à frente de todos os crentes da Ortodoxia Lunariana neste país. Não consigo vê-lo à altura da tarefa.

— Se ele for insuficiente, podemos simplesmente receber outra pessoa em uma data posterior. — disse Hakuya com um olhar friamente arrepiante em seus olhos. — Se ele não estiver de acordo com nossos padrões, eu não me oporia a pessoalmente descartá-lo.

Uau… Hakuya com certeza tinha um olhar de vilão em seu rosto. Ele tinha um rosto de aparência inteligente desde o começo, então o sorriso frio se encaixava bem nele. Honestamente, ele era muito assustador.

Mary foi dominada por sua intensidade por um momento, e então se viu incapaz de dizer mais coisas.

— Muito bem… Se, em qualquer circunstância, ele não puder vir, eu o substituirei.

Hakuya inclinou a cabeça.

— Sim, se isso acontecer, por favor, faça assim.

Os dois olharam diretamente um para o outro, cada um tentando descobrir os motivos do outro. A boneca e o vilão se entreolharam, e não apenas as faíscas pareciam voar, um ar gelado desceu sobre toda a sala.

Esse ar era desagradável tanto para Liscia quanto para mim, e Aisha, que não estava acostumada com esse tipo de atmosfera, parecia um pouco doente. Independentemente disso, foi tudo resolvido.

Para resumir o que foi decidido, se resumiria a estes três pontos:

O Reino da Friedônia aceitaria a Ortodoxia Lunariana como sua religião estatal.

O Estado Papal Ortodoxo Lunariano não me nomearia rei sagrado.

Souji Lester seria despachado pelo Estado Papal Ortodoxo como bispo.

Com o assunto resolvido, Mary se despediu de nós e partiu. Ela não foi capaz de me transformar em seu rei sagrado, mas conseguiu que a Ortodoxia Lunariana fosse adotada como nossa religião estatal, então foi um resultado decente para ela. Achei que, com isso, retornaria ao Estado Papal Ortodoxo em silêncio.

Esperei pelo relatório de que ela havia saído do castelo, e então finalmente consegui me sentir um pouco menos tenso.

— Ufa… Acha que conseguiu lidar com isso? — perguntei.

— Provavelmente. — disse Hakuya. — A santa acredita que conseguiu alguma coisa, tenho certeza.

Então ele riu.

Assim como planejado… foi o que a risada de Hakuya parecia dizer.

Dei de ombros e disse a ele:

— Hakuya, você ainda está com sua cara de vilão.

— Perdoe-me… — disse ele, e retomou sua expressão indiferente habitual.

Perguntei:

— Então, você fez os preparativos para receber aquele bispo, Souji, ou qualquer que seja o nome dele?

— Sim. Os Gatos Pretos liderados por Sir Kagetora já se infiltraram no Estado Papal Ortodoxo. Tenho certeza de que já acompanharam Sir Souji a um lugar perto da fronteira. Presumo que o terão na capital real dentro de alguns dias.

Olhando para a capacidade de coleta de informações que ele demonstrou ao saber sobre o bispo chamado Souji, bem como a preparação que mostrou ao tomar medidas para protegê-lo, esse era o tipo de atenção meticulosa aos detalhes que eu esperava do nosso Primeiro Ministro do Robe Preto.

— Mas você realmente precisava enviar os Gatos Pretos para escoltá-lo? — perguntei.

— Pela reação da santa, parece que hesitam em despachar alguém que parece envergonhar seu país como bispo — disse Hakuya. — Para garantir nossa promessa de que reconheceríamos a Ortodoxia Lunariana como nossa religião estatal, ela aceitou nossas condições aqui, mas uma vez que voltar para casa, há o risco de renegá-las por “alguma razão”. Por exemplo, podemos ser informados de que Souji foi ferido em um acidente, e então enviariam outra pessoa… ou alguma outra história semelhante. É por isso que decidi mandar os Gatos Pretos para buscá-lo.

Ferido em um acidente… hein. Em minha mente, eu podia imaginar o Estado Papal Ortodoxo fazendo isso. Não havia garantia de que ele não “desaparecesse” em uma prisão, ou “morreria de uma doença repentina” que na verdade fosse um assassinato. Se ele tinha levado isso em conta, eu tinha que dar algum crédito a Hakuya.

— Honestamente, estou impressionado que você possa tramar tanto assim — falei provocando.

Liscia, que estava ao meu lado, me lançou um olhar frio.

— Você também é um grande conspirador, não é, Souma? Quero dizer, de certa forma, está enganando aquela pobre e inocente santa.

— Não me faça soar tão mal. — falei. — Não contei nenhuma mentira a ela.

Não houve mentira quando eu disse que faria da Ortodoxia Lunariana a nossa religião oficial.

— No entanto, podemos estar trabalhando sob diferentes definições do que é uma “religião estatal” — acrescentei.

— Sinceramente… É tudo uma questão de como você diz as coisas. — Pelo olhar exasperado que Liscia me deu, eu também devia estar com uma cara de vilão.

 

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Mais alguns dias depois…

O castelo real no Reino da Friedônia anunciou que todas as fés e religiões deveriam ser registradas no estado e que todas as religiões que recebessem reconhecimento dessa maneira seriam consideradas religiões estatais. Em outras palavras, o significado de uma religião estatal no reino foi alterado para ser o mesmo que uma corporação religiosa.

O Rei Souma apareceu na Transmissão de Voz da Joia pela primeira vez em algum tempo para se dirigir ao seu povo.

— Neste país, até agora, todas as pessoas, todas as famílias e todas as raças adoraram os deuses que quiseram — anunciou. — Além das religiões com a maioria dos crentes, sendo a adoração à Mãe Dragão e a Ortodoxia Lunariana, os elfos negros adoram a besta divina que dizem proteger a Floresta Protegida por Deus, e há também aqueles que adoram deuses do mar e da montanha. Todos nós somos de diferentes raças e crescemos em ambientes diferentes, então é muito natural que as coisas sejam assim.

As pessoas que viviam em cidades do interior, em aldeias da montanha e em cidades litorâneas, todas concordaram com suas palavras. Viviam em lugares diferentes, então era certo que as coisas que temiam e as coisas que adoravam seriam diferentes.

A imagem de Souma continuou falando ao povo de seu país.

— Este é um estado multirracial. Em nosso país, os costumes de muitos grupos diferentes se fundiram e se misturaram, criando novas formas de cultura a cada dia. Acredito que a fé deve ser da mesma forma. O que este reino precisa não é se unir sob um deus. Acho que a harmonia é obtida através do reconhecimento da liberdade que os indivíduos possuem para escolher o que eles querem acreditar. Assim como vocês têm seres nos quais acreditam, os outros também têm. Eu gostaria que todos vocês aceitassem isso e, por favor, fossem tolerantes. Se forem, tenho certeza de que outros também serão tolerantes com suas crenças.

As pessoas acreditaram apenas parcialmente no que Souma disse.

Neste país onde a mídia ainda não havia se desenvolvido, tinham um conhecimento limitado de outras religiões. Basicamente, não tinham ideia do que era ensinado nas igrejas de outras religiões. Era por isso que estavam em dúvida. A suspeita gerou ogros em lugares escuros e transformou a grama seca dos pampas em fantasmas.

Mesmo que um grupo fosse de simples adoradores da montanha, os mais céticos poderiam simplesmente pensar que eram uma organização secreta do mal. Souma estava bem ciente disso.

— O que precisamos para cultivar essa tolerância? — perguntou ele. — Entendimento mútuo. Não importa o quanto eu diga para que sejam tolerantes com outras religiões, não podemos aceitar crenças malignas que fazem coisas como sacrificar virgens para invocar demônios. Não pedirei que sejam tolerantes com esses casos. No entanto, tenho certeza de que é difícil dizer se a religião de outra pessoa é boa ou má sem conhecê-la.

Neste momento Souma fez uma pausa e enfatizou:

— E é por isso que estamos nacionalizando a religião.

Ele continuou:

— Quero que os representantes de cada organização religiosa registrem sua religião no país. Se passarem no exame, será reconhecida como religião estatal, sujeita a investigações adicionais uma vez a cada poucos anos.

“O processo de exame é simples. É necessário apenas se comprometer a não se envolver em atividades ilegais, como matar, roubar os bens alheios ou se envolver em violência sexual em nome de sua religião.

“Prejudicar as pessoas geralmente também é contra as regras, mas algumas religiões podem se envolver com automutilação. Para perguntas sobre detalhes específicos, como se tatuar alguém constitui dano, consultem as autoridades locais. Passei para eles diretrizes específicas, como aceitar coisas quando as pessoas pedem por conta própria, mas proibir coisas quando são forçadas a elas contra sua vontade, então sigam as instruções.

“Se alguma religião não puder firmar este compromisso, ou se recusar a se registrar, ela será tratada pelas autoridades. Portanto, estejam cientes disso. Nosso povo teria problemas para dormir à noite se as pessoas que seguem crenças tão perigosas pudessem viver por perto, tenho certeza. Quero que entendam isso.”

Com tudo isso dito, Souma respirou fundo. Então continuou, como se estivesse falando pessoalmente com cada um de seu povo.

— Por fim, acredito que a fé é algo que existe para os vivos, não para os mortos. Para não arrastar nossa tristeza conosco, para viver as dores de nossas vidas diárias e viver nossas vidas como pessoas boas, devemos ter fé. Rezo para que nenhuma pessoa seja prejudicada por esta fé.

Rezo para que nenhuma pessoa seja prejudicada por esta fé.

Essa era a coisa que Souma mais queria dizer.

Desde que o Domínio do Lorde Demônio apareceu, as pessoas não paravam de se preocupar com as coisas. Em tempos como este, a religião tornou-se mais ativa à medida que o coração das pessoas dependia dela para apoio, e quando a religião se tornou mais ativa, surgiram conflitos entre diferentes religiões e seitas. O apoio do povo se transformaria em algo que os machucaria.

Talvez não houvesse muitas pessoas no reino que entendessem isso completamente. No entanto, suas palavras ficariam em seus ouvidos.

Como se tentasse mudar o clima, Souma bateu palmas.

— Bem, já chega de conversa séria. Agora que todas as religiões que se registrarem se tornarão uma religião estatal, temos um pequeno evento planejado. Roroa explicará.

— Certo! Pode deixar comigo! — exclamou Roroa.

Quando Souma se afastou, uma garota adorável com o cabelo amarrado em duas porções foi até o lado dele.

— Olá, sou a antiga Princesa da Amidônia e a terceira noiva de Souma, Roroa. Como estão todos no Reino da Friedônia por aí?

Testemunhando seu suprimento inesgotável de alegria, o povo de Elfrieden ficou estupefato, enquanto o povo da Amidônia sorriu ironicamente e disse: “É a nossa princesa mesmo.” A atmosfera séria que estava se formando até aquele momento desapareceu como se tudo tivesse sido uma mentira, e nunca esteve lá. Até o Rei Souma ficou atordoado.

— Esse é o tom em que você fará isso, Roroa…? — perguntou Souma.

— Está tudo bem, querido — disse ela cheia de confiança. — Já que estou no “Juntos Com a Irmãzona”, de Juna, as pessoas já sabem que tipo de personalidade eu tenho.

— Achei que a escolha do elenco foi bem forçada, no entanto…

Souma deixou os ombros exaustos caírem. Ele parecia menos com o noivo dela e mais como um irmão mais velho sendo maltratado por sua irmã mais nova; mas o povo do reino sentia-se à vontade observando-os.

Então Roroa se virou para a tela, colocou as mãos nos quadris e disse:

— Agora vamos transformar todas as religiões que se registrarem conosco em religiões estatais, mas tenho um pedidozinho para todos que forem se registrar. Se algum de vocês tiver festivais interessantes para seus deuses, não deixe de nos contar, sim? No mundo do Querido, ouvi dizer que alguns eventos religiosos foram transformados em festivais nacionais, e crentes e não crentes os apreciam juntos. Por que não nos divertimos muito fazendo isso neste país também?

Roroa jogou os braços para cima e as pessoas aplaudiram. Parecia que, mesmo que não entendessem o que ela estava dizendo, reagiram à palavra “festival”. Estavam animados com algo divertido que poderia acontecer.

Aliás, logo depois disso, Roroa sussurrou:

— Além disso, se fizermos disso um festival, isso vai movimentar o dinheiro, e isso me deixaria bem feliz. — Porém, sua voz foi baixa o suficiente para fazer apenas Souma, que estava ao seu lado, vendo seu sorriso irônico, escutar.

Roroa piscou para a tela.

— Bem, já que tenho certeza que apenas falar sobre isso não está dando a todos uma boa noção do que quero dizer, eu provavelmente deveria dar um exemplo concreto. Então, Velho Souji, venha aqui e explique para as pessoas.

— Ah, vamos lá, Pequena Senhorita Roroa, me chamar de velho é um pouco demais… — Quem apareceu dizendo isso era um homem humano, com cerca de quarenta anos, de corpo musculoso. Ele falou com um tom irônico, esfregando sua cabeça lisa que estava tão bronzeada quanto o resto de seu corpo. — Eu ainda sou um bispo Ortodoxo Lunariano, sabe.

Com isso mencionado, o homem estava vestindo o uniforme (?) de um sacerdote Ortodoxo Lunariano. Esse (?) está ali porque ele usava um bem folgado… Bem folgado mesmo, na verdade, e foi modificado em um grau quase escandaloso. As mangas compridas eram curtas, e suas calças e manto cerimonial só desciam até um pouco abaixo dos joelhos. Quando esse homem em forma e bronzeado vestia a roupa, parecia um samue, uma roupa que os monges zen budistas japoneses usavam enquanto faziam um trabalho físico simples.

Roroa expressou uma objeção.

— Um velho é um velho. Além disso, acho que é um pouco demais para você chamar a futura terceira rainha primária de “pequena senhorita”.

Essas eram palavras de luta, e o homem respondeu na mesma moeda.

— E não volte com aquela coisa de polvo! Agora escute aqui, mocinha, você vai ser uma mulher casada em breve, então é melhor desenvolver pelo menos algum tipo de sensualidade transbordante.

— O-O que foi isso?! Olha aqui… — Roroa de repente fez uma pose e tentou gemer eroticamente, mas o homem apenas riu.

O fato de ele ter rido da melhor pose sensual (?) que ela conseguiu revelar fez Roroa ficar com raiva, e Souma teve que prender apressadamente os braços dela atrás de suas costas.

— Me solta, querido! — gritou ela. — Não posso ferver esse polvo assim!

— Acalme-se, Roroa. Achei você fofa — disse Souma e afagou a cabeça dela.

A cabeça de Roroa girou para olhar para ele.

— Sério mesmo…?

— Claro, você estava muito fofa.

— Hm… Bem, então vou perdoá-lo.

Isso bastou?! Pensavam as pessoas assistindo. Essas pessoas não estavam familiarizadas com as rotinas de comédia manzai de marido e mulher, então não sabiam exatamente o que estavam vendo, mas ficaram aliviados por tudo ter sido resolvido pacificamente.

Souma sorriu ironicamente e disse ao homem de uniforme personalizado de sacerdote:

— Agora, então, Sir Souji, se puder lidar com o resto da explicação.

— Entendido, Rei Souma.

Com isso dito, o homem deu um passo à frente.

— Saudações para vocês, povo da Friedônia. Sou o bispo que foi enviado pelo Estado Papal Ortodoxo Lunariano para cuidar dos fiéis neste país: Souji Lester.

 


 

Tradução: Sahad

Revisão: Lacerda

 

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