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Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 05 – Cap. 00 – Prólogo: O Início do Iluminismo

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1º dia, 1º mês, 1.547º ano, Calendário Continental

 

Esta foi a primeira vez que o Dia de Ano Novo chegou desde que o Reino de Elfrieden absorveu o Principado da Amidônia e se tornou o Reino de Elfrieden e Amidônia, ou o Reino da Friedônia, para abreviar.

Na capital real, Parnam, e na antiga capital do Principado, Van, assim como em qualquer outra cidade que tivesse um receptor para a Transmissão de Voz da Joia instalado em sua praça, havia um grande número de pessoas reunidas lá. Afinal de contas, o jovem rei estaria usando a Transmissão de Voz da Joia para emitir uma saudação de Ano Novo para o povo. O povo tinha se reunido para ouvi-lo.

Não que Souma estivesse fazendo algo para forçar o povo a ouvir. Mas toda vez que ele usava a Transmissão de Voz da Joia, tinha dado início a um evento para reunir pessoal; ou os ensinava sobre novos alimentos como contra-medida contra a crise alimentar; ou iniciava um programa musical… Era tudo tão aleatório, e as pessoas estavam interessadas em ver se ele poderia ter planejado algo divertido novamente. Além disso, quando as pessoas se reuniam assim, as barracas dos comerciantes saíam para ter lucro, e quando as barracas saíam, mais pessoas se reuniam para ver o que era todo esse alvoroço… Esse ciclo de acontecimentos tinha começado, e foi por isso que, embora Souma tivesse apenas anunciado que faria um discurso de Ano Novo, ainda havia tantas pessoas reunidas.

Uma mãe e sua criança estavam conversando enquanto esperavam pela transmissão.

— Sua Majestade vai fazer algo de novo?

— Sim, querida. Imagino o que será.

O receptor montado na fonte começou a projetar a imagem de Souma.

Atrás dele estavam suas noivas, Princesa Liscia e Princesa Roroa, esta última sendo a ex-Princesa Soberana da Amidônia, cujo noivado com Souma fora anunciado ao mesmo tempo que a anexação de seu país.

Liscia e Roroa exibiam sorrisos perfeitos, acenando para o povo. As princesas de duas nações que um dia foram inimigas estavam na mesma tela, sorrindo. Isso tranquilizou o povo de Elfrieden e da Amidônia sobre seu novo reino unido.

Eventualmente, a imagem de Souma começou a falar.

— Para meu amado povo em nossos reinos unidos de Elfrieden e Amidônia, desejo-lhes um feliz ano novo.

Souma, Liscia e Roroa baixaram a cabeça ao mesmo tempo.

Houve alguns murmúrios sobre como o rei tinha acabado de abaixar a cabeça no início do novo ano, mas quando seu rosto se ergueu mais uma vez, Souma estava com um sorriso provocador.

— Esta é uma saudação tradicional de Ano Novo no mundo de onde vim. “Você fez muito para me ajudar no ano passado. Espero poder contar com você novamente neste”.  Esse é o tipo de sentimento que deve ser expresso.

Enquanto o povo do reino ainda era tomado de surpresa, Souma se pôs a par do tema principal.

— Agora, ouvi dizer que na Região da Amidônia, era costume que seu governante anunciasse a política nacional para o próximo ano. Roroa sugeriu que eu fizesse o mesmo, então… Nossa, vou tentar. Por enquanto, a meta da nação para este ano será…

Uma onda de tensão percorreu a multidão ouvindo a transmissão na Região da Amidônia.

O povo do antigo Principado da Amidonia lembrava o rosto de Gaius VIII quando ele fazia suas proclamações a cada novo ano. Com uma expressão severa, juraria vingança contra Elfrieden, então estabeleceria seu objetivo como a recuperação de suas terras roubadas.

Para os Amidonianos, o anúncio das políticas no primeiro dia do novo ano sempre foi feito a fim de elevar seu espírito de luta. Dificilmente poderiam ser culpados por ficarem tensos na expectativa de que poderia haver uma guerra com algum outro país.

Para onde este país estava indo? Iriam invadir algum outro lugar? Para derrubar o Império e reivindicar a hegemonia sobre o continente? Ou atacar o Domínio do Lorde Demônio, e assim libertar as terras do norte…?

Os ouvintes engoliram em seco em antecipação e, por fim, Souma falou:

— Acho que vou dizer que é “Fazer um país melhor”.

Um silêncio caiu sobre a multidão.

Isso é muito vago! Todos na platéia tiveram o mesmo pensamento. Parecia que Souma já esperava por isso, porque ele riu.

— Acho que pode ser um pouco vago, mas é muito importante. Primeiro, há a questão de como definir um “bom país”. Talvez seja mais fácil começar pensando em como é um “país ruim”.

Souma cerrou os punhos com uma das mãos, levantando um dedo após o outro enquanto explicava.

— Primeiro, um país onde as pessoas passam fome. Em segundo lugar, um país onde as pessoas congelam. Poderia reformular esses dois como um país onde as pessoas sofrem na pobreza, talvez. As pessoas passam fome ou morrem de frio porque não podem comprar comida e não conseguem comprar um lugar para morar ou roupas para vestir. Acho que nem é preciso dizer que um país onde qualquer uma dessas coisas pode acontecer é ruim. Em um país onde as pessoas passam fome ou morrem de frio, não há como unir os corações de seu povo.

Essas foram palavras com as quais as pessoas de Elfrieden e Amidônia concordaram. Ambos tinham experiência com escassez de alimentos. As pessoas do lado Amidoniano sentiram isso de forma particularmente aguda. Eles haviam desviado seus olhos do problema por causa de seu ódio por Elfrieden, mas agora que haviam se recuperado graças ao apoio que haviam recebido do reino, sentiram um forte desejo de nunca mais voltarem a ser como haviam sido as coisas no ano anterior.

— Terceiro, um país com má ordem pública — continuou Souma. — Por exemplo, mesmo que um país não tenha falta de comida e calor, se houver ladrões, bandidos e piratas agindo de forma desenfreada, provavelmente não é um lugar onde você gostaria de viver. Dito isto, esses tipos de marginais geralmente nascem da mesma causa que eu mencionei anteriormente: a pobreza. No mundo de onde venho, havia um ditado: “Somente quando estamos vestidos e alimentados podemos nos dar ao luxo de ser educados”. Quando é preciso tudo o que você tem apenas para se manter vivo, você perde o espaço de cuidar dos outros no seu coração.

“Quarto, um país que passa todo o seu tempo em guerra. Mesmo que ganhem todas as batalhas, uma guerra é um fardo para o tesouro nacional, e as pessoas morrem nela. É ainda pior quando você perde. Se ganhar a inimizade de outro país, haverá terrorismo, e isso leva a um agravamento da ordem pública. Isto lhe rouba todas as coisas que são mais importantes.

“Quinto, um país que, ao contrário do meu quarto exemplo, não consegue se proteger. Se o país negligenciar sua capacidade de se defender porque o povo não quer lutar, outros países vão tirar vantagem. O resultado será o mesmo que para o quarto país. Seria ainda pior em nossos tempos atuais, já que o Domínio do Lorde Demônio apresenta uma ameaça imprevisível.”

Enquanto dizia isso, Souma estendeu sua mão agora completamente aberta para o povo.

— Mesmo com esse esboço rudimentar, acho que podem ver que todos esses cinco países são ruins. O que é, então, um bom país? É o oposto desses países ruins?

Souma virou a mão para que as costas dela ficassem de frente para todos, então abaixou os dedos enquanto falava.

— Um país independente onde as pessoas não passam fome, onde não tremem de frio, onde a ordem pública é mantida, onde não há invasões excessivas de outros países, e onde estaremos bem mesmo que outro país ou o Domínio do Lorde Demônio resolva atacar. Acho que isso provavelmente seria um “bom país”, e esse é um objetivo que este país deveria buscar.

Souma segurou sua mão, que estava fechada em um punho mais uma vez, para que as pessoas vissem.

— Mesmo que essas coisas, tomadas individualmente, cada uma pareça óbvia, é bastante difícil realizá-las todas de uma só vez. Especialmente nos dias de hoje, com o aparecimento do Domínio do Lorde Demônio jogando tudo no caos. Estes são tempos difíceis para fazer as coisas que devem ser feitas. Será preciso muito mais poder para fazer tudo do que em tempos de paz. Na verdade, será preciso tanto poder que sinto que conquistar todo o continente seria relativamente simples em comparação a isso.

Neste ponto Souma fez uma pausa, respirando fundo.

— Então, tudo isso dito, há algo que eu gostaria muito que vocês, o povo deste país, fizessem.

A multidão engoliu em seco novamente.

Para obter o poder de que ele falou, o que queria que fizessem?

A primeira coisa que passou pela cabeça foi um aumento nos impostos. Se a tributação fosse mais pesada, a renda do país aumentaria e poderiam gastar mais com os militares. Poderia não ser um movimento errado, dependendo da situação, mas tornaria a vida mais difícil para as pessoas.

A segunda coisa que passou pela cabeça foi o recrutamento. Este país já tinha soldados profissionais, mas o povo temia que até mesmo os civis tivessem que passar por um treinamento básico para recrutas.

Eles estavam pensando que o “poder” de que Souma havia falado era o “poder militar”. No entanto, isso foi um erro.

Souma disse:

— Meu povo, eu os convido a estudar!

 

 

— Meu povo, eu os convido a estudar! — gritei dentro da Sala da Voz da Joia no castelo. — Deixe-me apresentar a vocês uma metáfora. Imaginem duas pessoas prestes a lutar com espadas. Na maioria dos casos, o mais forte vencerá, ou aquele com a melhor espada. Agora, quando dois indivíduos igualmente fortes lutam com espadas igualmente boas, o resultado é simplesmente sorte?

“Não, eu digo. Aquele que conhece melhor a espada vencerá. Mesmo que seus níveis de força fossem os mesmos e suas armas idênticas, se um cozinheiro e um ferreiro lutassem com espadas, tenho quase certeza de que o ferreiro venceria. Um ferreiro vê espadas todos os dias como parte de seu trabalho e deve estar bem familiarizado com seu comprimento e alcance.”

Bati um dedo na minha têmpora.

— Se vocês sabem mais do que outras pessoas, isso, por si só, pode ser uma arma. Um grande general pode travar cem batalhas e vencê-las porque conhece a guerra; conhece suas próprias forças; e até conhece as forças de seu inimigo. Ele evita batalhas impossíveis de vencer, optando apenas por lutar aquelas que pode vencer. A razão pela qual um general medíocre perderá no momento crítico é porque não conhece a guerra e não conhece suas próprias forças ou as de seu inimigo. Ele luta sem necessidade por vitórias e derrotas repetidas, incapaz de se concentrar apenas nas mais importantes.

“Havia um estrategista no mundo de onde eu vim que disse: conheça a si mesmo, conheça seu inimigo, e não precisa temer o resultado de cem batalhas, mas… isto é algo que também se aplica fora do domínio da guerra.

“Se ambos negociam com as mesmas mercadorias, mas o Comerciante A prospera enquanto o Comerciante B não, é porque o Comerciante A sabe mais sobre como fazer negócios.

“Embora possam usar os mesmos materiais como base, a razão pela qual as obras de um grande artesão estão muitos níveis acima de um artesão médio é porque ele tem um conhecimento profundo das propriedades desses materiais.

“Embora ambos cultivem a mesma coisa, os produtos que saem do campo de seu vizinho são mais saborosos do que os que saem do seu próprio campo, porque o fazendeiro do lado tem conhecimento sobre a maneira adequada de cultivar essa cultura.

“Embora ambos cozinhem a mesma coisa, a razão pela qual o prato de um chef tem um sabor melhor que o seu é porque um chef conhece os traços bons e ruins de cada ingrediente, e tem um conhecimento profundo das maneiras de prepará-los.

“A razão pela qual o caçador superior volta com uma caça cada vez que sai é porque ele tem um profundo conhecimento do terreno, bem como dos rastros dos animais que ele procura.

“No mundo do entretenimento, um ator famoso é capaz de inspirar emoção nas pessoas com cada uma de suas apresentações porque tem um profundo conhecimento do coração das pessoas.

“Também é o mesmo para reis e nobres. Os reis que foram chamados de grandes eram aqueles que tinham um profundo conhecimento de como governar bem um país sem enfrentar a resistência de seu povo. Eu, eu mesmo, ainda tenho um longo caminho a percorrer, mas estou trabalhando duro para aprender.”

Fiz uma pausa.

Yukichi Fukuzawa havia dito em Um Incentivo ao Aprendizado: “Os céus não criam homens que estejam acima de outros homens, nem criam homens que estejam abaixo de outros homens.” Então, por que, no mundo real, havia um abismo tão grande entre os ricos e os pobres?

Ele havia sugerido que era uma questão de aprendizado. Aqueles sem aprendizado só poderiam fazer trabalho manual, assim suas posições na sociedade cairiam. Aqueles com aprendizado poderiam fazer trabalhos mais difíceis, assim se tornariam mais importantes.

Achei que era um argumento meio extremo, mas conforme continuei lendo, descobri que haviam partes com as quais poderia concordar.

Continuei:

— A forma de adquirir um conhecimento profundo das coisas é aprendendo sobre elas. Aprenda com aqueles que possuem conhecimentos e habilidades superiores. Se vocês têm conhecimentos e habilidades superiores aos dos outros, então devem ser aqueles a ensiná-los. Aqueles que pedem para ser ensinados devem apresentar seus respeitos àqueles que ensinam; e aqueles que ensinam devem mostrar compaixão por aqueles que procuram aprender. Aprendendo uns com os outros dessa maneira, podemos desenvolver habilidades ainda melhores. Estou confiante de que, não importa quais sejam suas ocupações, fazer isso lhes permitirá viver uma vida mais próspera do que a que vivem agora.

Em silêncio, repeti: Aqueles que pedem para serem ensinados devem prestar seus respeitos àqueles que ensinam, e aqueles que ensinam devem demonstrar compaixão àqueles que buscam aprender com eles… Eu havia inserido essa linha para tratar dos direitos de ambas as partes. Como estadista, eu tinha que tomar cuidado para que aqueles que estavam ensinando não o fizessem com completa perda para si mesmos. Ainda assim, mesmo que tentasse explicar isso às pessoas neste momento, elas não iriam entender, então eu não tinha nenhum desejo de aprofundar o assunto.

— Quero elevar o padrão de vida médio das pessoas que vivem neste país — falei. — Isso porque, assim, aumentaremos o “poder” deste país. Se todos vocês se tornarem mais ricos, a receita tributária subirá. Com receitas tributárias mais elevadas, eu deveria ser capaz de desviar alguns fundos para equipamentos militares e para o fomento de novas indústrias. Todo o país se tornará próspero e forte.

“Para isso, quero que vocês, o povo, estudem. Eu gostaria que vocês começassem lendo e escrevendo. Se tudo o que puderem fazer é ler e escrever, isso permitirá comunicar-se com as pessoas à distância. Depois disso, quero que aprendam aritmética. Se puderem fazer isso, expandirão amplamente a gama de assuntos que podem aprender.”

Dei o sinal e Liscia saiu de trás de mim e ergueu um pedaço de papel com o kanji para “Escrever” escrito nele.

Apontei para aquele símbolo e continuei:

— Quero que todo adulto neste país seja capaz de ler, escrever e fazer contas. Atualmente estamos trabalhando para abrir centros de educação chamados centros de treinamento em todas as grandes cidades, bem como escolas mais simples em cada cidade. Esta marca de “Escrita” mostrará quais instalações de treinamento e escolas foram aprovadas pelo estado. Durante o dia, oferecerão aulas apenas para crianças, mas à noite os adultos também poderão aprender lá. Se ainda tiverem forças para participar depois do trabalho, gostaria que vocês entrassem e aprendessem, mesmo que seja um pouco de cada vez. A propósito, esta marca de “Escrita” indica que vocês podem aprender a ler, escrever e fazer aritmética de graça nos locais que a exibem. Não temos a intenção de impedir ninguém de abrir suas próprias escolas particulares, então tenham isso em mente.

Parei por um momento para recuperar o fôlego. Como eu não estava me controlando enquanto tentava enfaticamente explicar as coisas, estava começando a ficar tonto. Mas eu ainda não conseguia parar. Não tinha contado tudo a eles.

— Além disso, gostaria de me dirigir a todos vocês que já sabem ler, escrever e fazer aritmética. Por favor, não fiquem satisfeito apenas com isso. Porque ainda não sabemos nada.

Quando dei o sinal, desta vez Roroa avançou, abrindo um mapa deste mundo.

Apontei para ele.

— Como vocês já sabem, o Domínio do Lorde Demônio apareceu no norte deste continente. No entanto, devo observar, não sabemos nada sobre o Domínio do Lorde Demônio. Aparentemente, há um Lorde Demônio… ou assim as pessoas dizem, mas ninguém nunca o viu de verdade. O que é o domínio do Lorde Demônio, afinal? Há monstros no Domínio do Lorde Demônio, mas também há monstros nas dungeons. Qual a diferença entre os dois? Existe alguma? Como o Lorde Demônio, os demônios e os monstros do domínio estão conectados? É uma relação hierárquica? Ou são hostis uns aos outros? Nós não sabemos nada…

“Lançar uma invasão sem esse conhecimento causou uma grande tragédia uma vez no passado. Se as pessoas tivessem entendido a diferença de poder, não teriam iniciado uma guerra imprudente e matado tantas pessoas, tenho certeza.”

Fiz um gesto para que Liscia e Roroa voltassem a ficar atrás de mim e continuei:

— Isso não é verdade apenas para o Domínio do Lorde Demônio. Há muitas coisas sobre este mundo que não sabemos. A magia é um bom exemplo. Faz parte de nossa vida cotidiana, mas não sabemos nada sobre ela. Para começar, o que é magia? Por que todos podem usá-la aparentemente por natureza? Não havia magia no mundo de onde eu vim, então isso é um mistério para mim. Como vocês podem produzir fogo do nada? Porque existe magicium? Bem, o que é magicium, então? É um gás, um líquido, um sólido? A raça de três olhos pode ver bactérias e microorganismos que outras raças não podem ver sem um microscópio, mas mesmo eles não podem ver nada deste chamado magicium. Como podemos provar que isso existe?!

Coloquei ênfase em minhas palavras:

— Como vocês podem ver, este mundo está cheio de mistérios. Não parem de pensar só porque esses mistérios sempre estiveram aí! Não acreditem nas coisas só porque as histórias tradicionais dizem isso! Não se deixem enganar por aqueles que têm muita influência! Não fujam dizendo que é obra de Deus, além da compreensão humana! Não digam que deve ser culpa dos demônios! Duvidem de tudo; estudem, deixem suas opiniões colidirem com as dos outros e descubram a verdade! Porque um coração que busca a verdade é a marca de um ser senciente!

Finalmente, terminei meu discurso.

— É isso que defini como nossa política nacional. Obrigado por ouvirem.

Com essas como minhas últimas palavras, a primeira Transmissão de Voz da Joia do novo ano chegou ao fim.

Quando tive a certeza de que não estávamos mais transmitindo, desabei na hora.

— Nossa, isso foi exaustivo…

— Bom trabalho — disse Liscia. — Acho que você se saiu muito bem, sabe?

— Claro que sim — concordou Roroa. — Você estava agindo como um verdadeiro rei. Estou me apaixonando por você de novo, querido!

Elas poderiam dizer isso, mas eu estava no meu limite. Eu tinha me acostumado a apresentar vários programas, mas fazer um discurso real na frente do povo ainda me deixava tenso. Em tempos de crise, eu não tinha o luxo de pensar sobre isso, então podia fazer discursos, mas era cansativo também ter que vestir minha persona rei em tempo de paz.

— Ugh, eu suei muito — falei. — Desculpe, poderia me trazer um copo de água?

— Tudo bem — disse  Liscia. — Roroa, você poderia?

— Sim, sim, senhor. — Roroa fez uma saudação e depois foi buscar a bandeja com um jarro de água e copos que haviam sido deixados no canto da sala. Quando peguei um copo, Liscia colocou um pouco de água para mim.

Assim que terminei de engolir todo o conteúdo do copo, finalmente me senti um pouco mais relaxado.

— Ufa… Isso me trouxe de volta à vida.

— Hee hee… — Liscia riu. — Você acha que agora as pessoas vão entender a importância da leitura, da escrita e da aritmética? — Ela ainda estava segurando a jarra de água.

— Ha ha, não vai ser tão simples — falei. — Afinal, estudar pode ser chato e tedioso. Apenas esse pouco de incentivo não vai mantê-los nisso por muito tempo.

— Você quer dizer que fazer discursos sobre isso não vai ajudar muito?

— Se tudo o que eu fizer for falar com eles, sim — concordei. — Mas existem maneiras.

— Maneiras? — repetiu ela.

— Há maneiras de se divertir enquanto se aprende naturalmente.

Uma batida repentina soou da porta. Quando eu falei “Entre”, Juna e Aisha, que carregava uma espécie de caixa grande, entraram.

— Viemos a seu pedido, Vossa Majestade — disse Juna formalmente.

— Além disso, o Departamento de Produção da Transmissão de Voz da Joia nos pediu que trouxéssemos tudo isso para Vossa Majestade.

Quando Aisha colocou a caixa que parecia tão alta quanto ela no chão, ouviu-se um barulho dentro dela.

Roroa olhou para a caixa com curiosidade.

— Ei, querido, o que há na caixa? Isso fez barulho.

— Ah, provavelmente é o “equipamento” que eu pedi.

— Equipamento? Você vai usá-lo, Souma? — perguntou Liscia, com um ponto de interrogação flutuando sobre sua cabeça.

Eu não saí para o campo de batalha, tanto por razões práticas como por causa da minha posição, então quando ouviram a palavra “equipamento” sair da minha boca, todas, não apenas Liscia, olharam para mim de forma duvidosa.

Eu sorri de volta para elas.

— Não é para mim. Bem, esperem e verão.

— Quando você fica com esse olhar no rosto, Souma, sei que está prestes a fazer alguma loucura. — Liscia olhou para mim exasperada, e minhas outras noivas concordaram com a cabeça.

— Vocês não têm nenhuma fé em mim, hein? — perguntei.

— Posso não ter fé, mas confio em você — disse Liscia.

— Hm? Qual é a diferença?

— Com base em experiências anteriores, sei que você vai nos fazer correr como loucas, por isso não tenho fé em você. Mas parece que vai dar certo no final, apesar da dor de cabeça, por isso confio em você.

— Concordo! — Todas as outras acenaram com a cabeça e concordaram com Liscia, suas caras sérias.

Ha ha ha, todas elas me entendem tão bem… Uff…

 


 

Tradução: Nagark

Revisão: Sonny Nascimento

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