Dark?

Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 03 – Cap. 01.1 – Projeto Lorelei

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– 5° dia, 10° mês, 1.546° ano, Calendário Continental – Capital do Principado, Van –

Passaram vários dias desde o início das hostilidades com o Principado da Amidônia.

Na sala de guerra do castelo da agora ocupada Van, reuniam-se cinco pessoas. Eram: Liscia, Capitão Ludwin da Guarda Real, General em exercício do Exército, Glaive, Primeiro Ministro Hakuya, que havia retornado após terminar seu trabalho na Cidade Dragão Vermelho, e eu. Estávamos ao redor de uma mesa com um enorme mapa da área aberto sobre ela.

Quando olhava para o mapa, era possível ver que tínhamos ocupado apenas a capital, Van, e uma pequena área ao redor, mudando a fronteira apenas um pouco para noroeste. Tudo além disso continuava sendo território Amidoniano.

Perguntei a Ludwin:

— Existe algum sinal de uma contra-ofensiva do lado Amidoniano?

— Não, não estão fazendo qualquer movimento óbvio. — Ludwin colocou pequenos peões ao redor de Van, representando as cidades do Principado. Ele estava indicando como as forças inimigas estavam atualmente distribuídas. — Como você pode ver, se concentraram inteiramente em fortalecer as defesas nas cidades ao redor de Van. Devem estar muito exaustos por causa da batalha do outro dia. Desistiram de retomar a cidade e…

— Estão esperando a chegada do Exército Imperial, hein? — concluí.

O Império Gran Caos. Era o maior reino deste continente, excluindo o Domínio do Lorde Demônio. Esperávamos que fossem aparecer para intervir no conflito como mediadores, a pedido da Amidônia.

Perguntei a Hakuya:

— Só para referência, qual é a diferença de força entre nosso reino e o Império?

— O Império é superior a nós em termos de poder nacional, população, tropas, tecnologia e riqueza — respondeu ele. — Se estivesse perguntando apenas sobre o número de soldados, estaríamos em uma desvantagem de cinco para um. Se levar em consideração equipamentos e outras coisas que afetam nosso potencial de guerra, a vantagem deles é o dobro disso.

— Mais de dez vezes mais poder do que nós, hein… Ainda não somos páreos para eles.

Se quisessemos liderar em termos iguais com o Império, precisaríamos ficar mais fortes. Tínhamos conseguido sobreviver até então com o que já tínhamos, mas, a partir deste ponto, precisaríamos de coisas novas.

— É uma pena — disse Glaive, sua voz cheia de pesar e seus ombros baixos. — Do jeito que as coisas estão, seríamos capazes de tomar o resto da Amidônia.

Eu, porém, me sentia diferente.

— Ah, é? Mas não queremos isso — falei, sentando em uma cadeira, descansando meus cotovelos na mesa e deixando minhas bochechas entre as palmas das mãos. — Os recursos minerais deles são atraentes, mas o país é pobre demais. Acabamos de sair de uma crise alimentar. Embora sustentar esta cidade e a área ao redor não seja difícil, não podemos alimentar a Amidônia toda. E se tomássemos só as minas lucrativas, daríamos motivos para nos odiarem ainda mais.

— Quando você fala assim… — disse Glaive —, isso realmente não é atrativo.

— Pois é, né?

Bem, se o Império aparecesse ia dar tudo na mesma. Não importa o quanto nos esforçássemos e quanta terra tomássemos, quando o Império aparecesse, seríamos forçados a devolver tudo. Isso também se aplicava a Van.

— Além disso, os Amidônianos são um povo vingativo — falei. — Parece que foram doutrinados por gerações. Se tentássemos manter a ocupação, duvido que conseguiríamos estabelecer um governo estável.

— Você está certo — disse Liscia. — Com apenas Van, não temos problemas, já que temos uma força enorme, mas se tentássemos instalar um magistrado, duvido que as pessoas o obedeceriam.

Balancei a cabeça concordando.

— Sim. É por isso que quero “domar” o ressentimento deles.

— Quer domá-los? — perguntou Liscia.

— Sim — falei. — Já chamei a pessoa perfeita para o serviço.

Alguém bateu na porta da sala de guerra. Quando eu disse “Entre”, a porta foi aberta e uma beldade de cabelos azuis entrou fazendo uma reverência e dizendo “Perdão”.

— Sou Juna Doma, servindo sob o comando da Almirante da Marinha Excel — acrescentou —, vim ao seu comando. — Ela então parou diante de mim e me cumprimentou não com uma saudação, mas com uma reverência elegante.

Desta vez, não estava com sua roupa de sempre do café cantante Lorelei, mas sim com o digno uniforme branco da Marinha.

— Agradeço por ter vindo — falei. — Vejo que você também fica deslumbrante de uniforme.

— Fico profundamente envergonhada ao deixar que me veja vestida assim, Vossa Majestade — disse Juna.

— Não deveria ficar — falei. — Acho que você tem um semblante bonito e arrojado…

— Soumaaaa…? — Liscia se intrometeu, tentando impedir nossos gracejos. — Estamos em reunião. Pode deixar o flerte para depois?

Liscia tinha um sorriso no rosto, mas suas palavras tinham uma estranha intensidade por trás delas. Ela estava começando a emitir uma vibração extraordinariamente perturbadora, então decidi que estava na hora de levar a discussão adiante. Digo, não era como se eu tivesse chamado Juna, que estava na fronteira sul, só para gracejar assim com ela.

A madura Juna observava Liscia e eu com um sorriso. Enfim, continuando.

— Ahem. — Limpei a garganta. — Há uma razão pela qual chamei Juna aqui. Isso seria…

— Porque você gosta da figura dela aos olhos…? — terminou Liscia.

— Vamos lá, não seja assim… — falei. — Você sabe que o motivo não é esse.

— Hmph. — Liscia virou a cabeça para o lado, irritada.

Eu achava fofo quando ela fazia coisas femininas assim, mas… como Liscia mesma disse, estávamos em uma reunião. Quando olhei em volta, todos os demais presentes, inclusive Juna, estavam com sorrisos tensos. Decidi que depois tentaria apaziguar Liscia, mas, no momento, precisava seguir em frente.

— Ahem… Vamos voltar ao assunto — falei. — Há uma razão pela qual chamei Juna aqui. É para colocar em ação um plano que venho preparando há algum tempo.

— Plano? — perguntou Liscia, inclinando a cabeça para o lado de um jeito questionador.

Respondi ela, transbordando de confiança:

— Sim. Chamo isso de Projeto Lorelei.

Quando passamos da sala de guerra para a câmara de audiência, já havia três garotas esperando por lá, prostradas diante do trono.

As garotas eram de raças, aparências e idades diferentes. Uma era uma elfa clara com cabelo castanho escuro. Uma parecia uma adorável aluna do ensino fundamental. A última era uma garota do povo-fera, magrinha e com orelhas de gato. Todas as três poderiam ser chamadas de beldades.

Quando sentei no trono, Juna me saudou com a mão no peito.

— Trouxe as indivíduas solicitadas, Vossa Majestade.

— Não há necessidade para tornar isso formal — falei. — À vontade, todas vocês.

Quando falei isso, as três mulheres se levantaram, dizendo ao mesmo tempo:

— Prazer em conhecê-lo.

Sim, elas estão cheias de energia e em sincronia, pensei comigo mesmo. Quando dei um aceno satisfeito, Liscia estava parada ao meu lado, olhando para mim com outro “sorriso adorável” no rosto.

— Eeeeeeeei, Souma? — perguntou ela.

— O-O que?

— Espero que não tenha ficado cheio de si agora que capturou Van, e nem que esteja planejando manter essas garotas ao seu lado para fazer o que você bem quiser. Ou você está?

Ah, sim, seu rosto está com um sorriso, mas ela definitivamente não está sorrindo de coração, pensei comigo mesmo.

— Você entendeu tudo errado! — falei rapidamente. — Chamei essas garotas aqui porque são uma parte vital do meu plano!

— Hmm… — Liscia parecia em dúvida.

— Isso é verdade, tá? — falei. — E, espera, você não disse que me deixaria tomar até oito esposas?

— Bem, sim, eu disse — falou Liscia. — Mas, embora possa tolerar isso com alguém que conheço, como Aisha, ou caso você seja forçado a fazer isso por razões diplomáticas, não vou ficar feliz se você abusar do seu poder para reunir alguns rostinhos bonitos ao seu redor.

— Estou falando, não é isso, tá bom? — falei irritadamente. — Lembra de quando eu estava reunindo pessoal?

Durante meu grande evento de recrutamento, Aisha e os outros quatro foram contratados com muito alarde, mas contratei muitas outras pessoas discretamente, ou as adicionei a uma lista de pessoal que está sendo usado pelo país.

Aqueles que eram talentosos em aritmética, por exemplo, eram contratados como burocratas, enquanto um homem-tartaruga (idade estimada: oitocentos anos) que disse: “Leio livros há centenas de anos. Não vou perder para nenhum jovem mequetrefe quando se tratando de conhecimento de livros” foi nomeado bibliotecário-chefe na nova cidade que estava em construção.

Além disso, quando aqueles com o mesmo dom competiam, eu ainda contratava os perdedores, desde que pudesse ter certeza do talento deles.

Aisha tinha sido a vencedora do Torneio de Artes Marciais do Melhor do Reino, mas aqueles que perderam para ela também foram convidados a se juntar às forças que se reportavam diretamente a mim no Exército Proibido, desde que suas habilidades fossem suficientes. Porém, as forças sob meu controle direto eram vistas, naquela época, como uma força exclusivamente decorativa, então foram poucos os que aceitaram a oferta…

Agora, quanto a essas garotas reunidas, elas podiam ter sido derrotadas por Juna na competição do Talento do Reino, onde os competidores disputaram com seus talentos pessoais, como o canto. E podiam ter perdido no Grande Prêmio da Garota Bonita de Elfrieden, onde os competidores disputaram em beleza. Mas ainda demonstraram beleza e habilidade para competir em ambos os torneios.

— Depois que o recrutamento foi concluído, pedi que Juna avaliasse essas garotas para mim — expliquei. — Vamos lá, já falei que eu queria fazer programas de entretenimento pela Transmissão de Voz da Joia, não falei?

— Ah, sim… Você mencionou isso — disse Liscia, como se de repente tivesse se lembrado.

Continuei, aliviado por ela ter relaxado um pouco:

— Bem, quando se trata de programas de entretenimento, eu estava pensando em começar com um programa de canto. Afinal, não há ninguém que não goste de ouvir o som de uma bela voz. Essas garotas são as candidatas a cantoras desse programa. Desde o dia em que as convidamos até hoje, elas vêm treinando para melhorar o canto e dança no Lorelei, o café cantante onde Juna trabalha.

Embora, na verdade, a ordem das coisas estivesse um pouco confusa.

Sinceramente, eu queria começar um programa como o Nodo Jiman1É um programa japonês bem popular, semelhante ao The Voice, com cantores amadores., o concurso de canto amador, para acostumar as pessoas com a ideia de um programa de canto, e então fazer essas garotas estrearem como idols.

Aliás, quando uso a palavra “idol”, quero dizer no sentido de “Uma mulher bonita que canta bem.” O tipo que as pessoas veriam algumas décadas atrás, na Era Showa2O período Showa, ou Era Showa, é o período da história do Japão correspondente ao reinado do Imperador Showa, Hirohito, de 25 de dezembro de 1926 até 7 de janeiro de 1989.. Se eu tentasse apresentar um grupo de idols do estilo moderno a um país que sequer conhecia o conceito de idol, não entenderiam nada.

Se optasse por um formato de canto, entretanto, provavelmente reconheceriam isso como uma extensão dos bardos viajantes, dos artistas de rua nas esquinas ou das cantoras em um café ou bar cantante.

— Entendo, então esse é o Projeto Lorelei, hein — disse Liscia. — Mas isso é algo que você realmente deveria estar fazendo agora? Sendo que existem problemas pelo fato de estarmos ocupando Van?

Liscia parecia perplexa. Ela provavelmente não via o sentido por trás de começar a transmitir um programa de entretenimento logo depois de tomarmos a capital da Amidônia. Entretanto, estava errada.

— Este é o momento ideal para isso — falei. — Pois bem, Juna, pode cuidar das apresentações?

— Sim senhor — disse ela com uma reverência, então começando a apresentar as garotas.

Ela começou pela que estava mais à direita, a elfa clara que usava o cabelo amarrado para cima.

Neste mundo, elfos de pele clara, iguais a ela, eram chamados de elfos claros, enquanto os elfos de pele marrom, iguais a Aisha, eram chamados de elfos negros. No país de onde eu vinha, os elfos geralmente eram imaginados como louros, mas pensando nisso, eu já tinha visto elfos com cabelos iguais aos dela em filmes estrangeiros. Ela tinha pele pálida e olhos laranja. A julgar pela sua aparência, podia ter, talvez, vinte e poucos anos. Apresentava certa dignidade, assim como uma mulher de carreira.

— Esta é Chris Tachyon — disse Juna. — Ela é uma elfa clara, como podem ver.

— Olá, Vossa Majestade. Me chamo Chris Tachyon.

Chris colocou a mão na frente da barriga, curvando-se para mim em um ângulo de quarenta e cinco graus. Esse gesto e a vibração madura que ela emitia me fizeram pensar em uma comissária de bordo do meu velho mundo.

Juna passou a explicar os talentos de Chris.

— Ela é uma ex-barda e tem uma bela voz para o canto, mas sua recitação de poesia é ainda mais maravilhosa. A voz dela é agradável e ela é capaz de ler suavemente, então seus poemas são tão vívidos como se estivesse apresentando uma parte do cenário. Na minha opinião pessoal, ao invés de estrear como cantora, se encaixaria melhor em um programa de divulgação de informações, igual ao que transmitimos antes.

— Entendo — falei. — Então você a quer como uma apresentadora, não cantora.

Era verdade que, pelo que pude ouvir, a garota parecia ter a voz clara e falava com suavidade. Uma apresentadora poderia ter uma presença semelhante à de uma idol em um programa de notícias, e não havia qualquer problema com a sua aparência. Pedi para Hakuya preparar papel e caneta, depois fiz com que escrevesse uma pequena declaração e entregasse a Chris.

— Poderia tentar ler isso para mim? — perguntei.

— Isso? Vejamos… “Esta é uma obra de ficção. As pessoas, organizações, lugares e eventos descritos não têm nenhuma conexão com a realidade.”

— Sim, me parece bom — falei. — Vamos trabalhar em um programa de notícias, conforme sugerido por Juna.

— Muito obrigada — disse Chris com um sorriso, mais uma vez se curvando.

Liscia me perguntou em um sussurro:

— Que declaração foi aquela que você fez que ela lesse?

— Algumas palavras mágicas do meu velho mundo — falei. — Se disser elas, pode se safar de praticamente qualquer coisa.

Quando falei isso, Liscia inclinou a cabeça para o lado, parecendo não ter entendido direito.

Enquanto continuávamos conversando sobre isso, Juna passou a apresentar a próxima pessoa. Desta vez, era a adorável garota que não parecia ser muito mais velha do que Tomoe. Aquela roupa ao estilo lolita cheia de babados que estava usando lhe caiu muito bem.

— O nome dela é Pamille Carol — disse Juna. — Ela é uma kobito.

— Me chamo Pamille. Prazer em conhecer. — Pamille balançou a cabeça. Foi um gesto fofo, mas…

— O que é um kobito? — perguntei. — Uma pessoa pequena?

— Não, ela não é uma hobbit, é uma das sempre-jovens — disse Juna. — Não são muitas as raças que param de envelhecer, iguais aos elfos, mas essa característica é especialmente aparente nos kobitos. Mesmo quando atingem plena maturidade, parecem ser simples crianças de doze anos de idade. Pamille pode até não parecer, mas é bem mais velha do que eu.

— Sério?! — exclamei. — E pensar que existe uma raça assim neste mundo…

É como uma super-raça de lolis e shotas, pensei. Sei lá… Fico meio preocupado com essa raça. Talvez devesse criar um distrito destinado à proteção deles, com uma placa dizendo: “Apenas loli-shota. Não toque” na entrada, a fim de protegê-los de certos tipo de damas e cavalheiros que costumam existir por aí.

Além disso, quase deixei isso passar, mas parece que existem hobbits neste mundo, pensei. Espero que não tenha nenhum anel estranho perdido por aí…

Enquanto eu pensava nisso, Juna continuou com sua explicação.

— Ela tem a voz clara como um sino. E é especialmente boa em cantar músicas fofas de uma forma que as torna ainda mais adoráveis. As pessoas sempre me veem como sendo mais velha do que sou, então não sou adequada para cantar o mesmo tipo de música… Tenho um pouco de inveja desse dom dela.

— Bem, também te invejo, Juna — disse Pamille. — Quando soube que hoje compareceríamos diante de Sua Majestade, eu queria usar um vestido sem mangas, mas não tenho nada que fica balançando na parte da frente dele, então me disseram que eu não poderia.

Juna e Pamille pareciam estar se encarando de longe.

Faz sentido que Pamille se sinta assim, mas Juna está incomodada com o fato de parecer mais velha do que realmente é? Deixando a aparência de lado, pelo seu jeito maduro de agir, é difícil acreditar que ela tem só dezenove anos.

Assim que parei para pensar nisso, lembrei de uma frase que vi em um filme que assisti há muito tempo, a qual dizia: “Trate uma mulher mais velha como se ela fosse mais jovem do que você, e uma mais jovem como se ela fosse mais velha do que você.”

Juna é um ano mais velha do que eu, então, em vez de deixá-la me favorecer o tempo todo, preciso encontrar formas de deixá-la confiar um pouco mais em mim, pensei.

Juna pigarreou na tentativa de colocar as coisas de volta aos trilhos, então continuou com as apresentações.

— Agora, por último, mas não menos importante, esta é Nanna Kamizuki. Como pode ver, ela é do povo-fera.

— Heeeey! ♪ Sou a Nanna! ♪ — miou a garota com orelhas de gato enquanto mostrava um sorriso enorme.

Ela parecia ter uns quinze ou dezesseis anos. Comparada às outras duas, usava menos roupas, com uma peça única em estilo tubinho. Em seu rosto usava pintura facial, assim como faria alguém de alguma torcida organizada. Se eu fosse julgar apenas pela aparência, ela parecia uma garota de uma tribo que ganhava a vida pescando.

Glaive estava prestes a repreendê-la pela forma simples e inocente como se comportou perante o rei, mas fiz um gesto para que ele não o fizesse. Isso porque detectei um sotaque estranho.

— Será que ela não está acostumada a falar a língua deste continente? — perguntei.

Juna correu ao socorro da garota.

— É exatamente isso. Parece que ela imigrou do Arquipélago do Dragão de Nove Cabeças para Elfrieden e, desde então, tem vivido com um grupo de pescadores que vive em uma aldeia à beira-mar. Portanto, se às vezes acabar sendo um pouco rude, por favor, perdoe-a.

Entendi… Então ela é uma imigrante do Arquipélago do Dragão de Nove Cabeças, hein?

Muitos dos países do continente usavam uma língua comum, além de suas línguas nacionais, mas também existiam países isolacionistas, como os do Arquipélago do Dragão de Nove Cabeças, que usavam apenas a sua língua nacional.

— Entendo a situação dela, mas… mesmo assim ela consegue cantar? — perguntei.

— Não precisa se preocupar com isso — assegurou Juna. — Ela tem cantado celeumas3São cantos que piratas, barqueiros, velejantes e companhia usam para ritmar o trabalho. durante a pesca, então sua voz é poderosa, tanto feminina quanto masculina, e se der a ela uma música legal para que cante, pode facilmente me superar. Acredito que seja uma boa combinação para aquelas “animúsicas” que você me ensinou, senhor.

— Ah… Ela pode cantar alguma coisa? — perguntei melancolicamente.

— Sim — disse Juna. — Para testes, ensinei uma a ela. Nanna, poderia cantar para nós?

— Claro! ♪ Deixe isso para Nanna.

A pedido de Juna, a garota começou a cantar, entusiasmada. Era a música de abertura de um anime de mechas cantado por uma mulher. Deixando a escolha da música de lado, a melodia emocionante combinou bem com a voz de Nanna.

— A propósito, Liscia, você entende o significado da letra? — perguntei.

— Não — disse ela. — É como ouvir uma música em um idioma desconhecido. Mas posso dizer que é uma música bacana.

— Bem, contanto que seja assim, está tudo bem… Né? — falei.

Depois posso pedir para Juna criar uma letra para isso na linguagem deste mundo, creio eu.

Quando terminou de cantar, Nanna olhou para mim com um enorme sorriso.

— Vossa Majestade! ♪ Como me saí?

— É… — falei. — Você foi incrível.

— Fico feliz em ouvir isso! ♪

Nanna balançou a mão, como se dissesse: “Agora é a minha hora, né?” e então rapidamente voltou para a sua posição.

Ela é uma garota única… Não é tímida, não parece com nada que o povo já tenha visto, e a maneira como se move, sempre com movimentos amplos, com certeza parecerá impressionante durante a transmissão. Ela podia ser a mais adequada de todas para ser uma idol.

Terminando as apresentações, agradeci a Juna.

— Você conseguiu um bom grupo. Obrigado.

— Você é muito gentil — disse ela.

— Certo, todos os participantes já estão reunidos — continuei. — Com essas três, além de Juna, que pode lidar com as canções mais suaves e maduras, vamos criar o primeiro programa de entretenimento de Elfrieden. Não vamos transmitir apenas para Elfrieden, mas também para o Principado da Amidônia.

— Para a Amidônia também? — perguntou Liscia.

Em resposta ao olhar questionador em seu rosto, apenas fiz que sim com a cabeça.

— Sim. Afinal, conseguimos colocar as mãos na joia da Amidônia.

De todas as coisas que caíram em nossas mãos na tomada de Van, a que mais me agradou foi uma joia para a Transmissão de Voz da Joia. Era a única que a Amidônia possuía, e poderia ser usada para enviar um sinal a todos os receptores do país.

As joias de transmissão aparentemente eram artefatos de uma civilização antiga. Embora ainda não pudessem ser fabricadas, havia um bom número delas por aí. Com exceção dos países menores, como os que formavam a União das Nações Orientais, e o território autônomo dos dragões sábios na Cordilheira do Dragão Estrela, a maioria dos países as tinha.

Entretanto, fundamentalmente, não seria possível receber transmissões de outro país. Claro, isso fazia sentido, caso contrário, as informações destinadas ao próprio povo vazariam para além das fronteiras. Embora, tecnicamente, se alterasse as configurações de comprimento de onda no receptor ou joia, seria possível, então talvez fosse algo parecido com uma frequência de rádio.

Em outras palavras, agora que tínhamos conseguido a única joia da Amidônia, significava que tínhamos o monopólio dos direitos de transmissão para todos os receptores do país.

Se também usássemos uma joia de Elfrieden, poderíamos transmitir o primeiro programa de entretenimento da nação em dois países, e tudo ao mesmo tempo. Que tipo de mudanças essa transmissão traria para a Amidônia? Ou não teria qualquer efeito?

Só descobriríamos depois da transmissão real.

 


 

Tradução: Taipan

 

Revisão: Shibitow

 


 

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