Dark?

Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 01 – Cap. 08.2 – História Extra 02 – A Princesinha Tanuki da Amidônia

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A capital do Principado da Amidônia, Van.

Como era de se esperar de uma nação de guerreiros, a cidade era cercada por enormes muralhas e os prédios eram acinzentados, livres daquele excessivo floreio estilístico. Talvez porque o foco de seu governante fosse tão voltado para os militares, a organização da cidade era bagunçada e cheia de becos.

No exato momento, havia uma jovem correndo pelos becos. Ela tinha dezesseis anos, talvez, com um físico pequeno e esguio. Seu rosto possuía traços comuns e ela prendia o cabelo para trás, em duas tranças.

Era a filha do atual Príncipe Soberano Gaius VIII, Roroa Amidônia.

Ela possuía uma atmosfera diferente da de seu severo e austero pai, Gaius, ou de seu irmão frio e calculista, Julius. O jeito como era curiosa a respeito sobre toda e qualquer coisa a tornava tão adorável quanto um animalzinho.

Quando saía pela cidade, as pessoas sempre corriam para chamá-la.

— Ora, é a pequena Roroa. Olá — disse uma mulher, preparando-se para abrir uma loja.

— Olá, Madame. Os negócios estão indo bem?

— Não mesmo. A economia está ruim por todos os lugares.

— Entendo. Sinto muito por isso. Meu velhote idiota não é um governante dos melhores.

— Você deve ser a única neste país que poderia dizer isso… — disse a mulher com um sorriso forçado. Como comum em estados militaristas, qualquer crítica aos governantes logo faria com que um civil acabasse preso. A única razão pela qual Roroa conseguia falar daquela forma era por ser a primeira princesa da nação.

Porém, Roroa respondeu com um sorriso que não parecia natural a uma princesa.

— Só espere. Farei algo a respeito disso.

— Hahaha, fico ansiosa por isso.

— Claro!

Com um aceno para a mulher, Roroa saiu caminhando novamente.

Havia ali, na rua comercial de Van, uma loja que vendia roupas masculinas. A plaquinha na frente dizia “A Corça Prateada” com uma escrita estilosa. Roroa abriu a porta do estabelecimento com bastante força, gritando o nome do dono do local.

— Seeeebastiaaaan~♪ Vaaaaaaamos brincaaaaaaaar~♪

— Lady Roroa…

Quando ela fez isso, um homem de meia-idade com cabelos grisalhos que estava vestido como um bartender apareceu. Ele parecia o tipo de homem elegante e pensativo com o qual o aroma de chá preto combinaria muito bem, mas estava segurando a cabeça, como se de repente tivesse sido assaltado por uma dor de cabeça.

— Não grite o nome das pessoas tão alto. O que quer dizer com vamos brincar?

— Nossa, você não é nada divertido, Sebas.

— É Sebastian, e agora estou ocupado…

— Hmm? Achei que você não tinha nenhum cliente.

Roroa olhou por toda a loja, mas não viu nenhum cliente. O estabelecimento tinha um ambiente agradável e muitos dos itens expostos eram de bom gosto, então era estranho ver os negócios tão mortos assim.

— Bem, os homens de Van nunca ligaram muito para a moda… — disse Sebastian com uma risada irônica.

A Corça Prateada tinha filiais por toda a Amidônia, mas, apesar de a loja de Van ser a sede, as vendas eram terríveis. Dada a austera aspereza que caracterizava o caráter nacional, os homens da Amidônia não se preocupavam com as vestimentas, e essa tendência se tornava especialmente notável em Van.

— Normalmente, seriam as mulheres que sairiam para comprar coisas elegantes como estas.

— O dia em que eu começar a estocar roupas elegantes para mulheres será o dia da falência desta loja.

Na sociedade patriarcal da Amidônia, se vistas andando com trajes desnecessariamente vistosos, as mulheres seriam vistas com desdém. Era por isso que as mulheres da Amidônia só usavam roupas de cores suaves, então mesmo que a loja começasse a estocar roupas femininas elegantes, não venderia.

Essa era outra coisa com a qual Roroa estava insatisfeita.

— Sério, isso é uma idiotice. O mercado é definido pela demanda do cliente. A expansão do mercado é o que leva ao desenvolvimento econômico, mas a nossa sociedade está limitando a demanda.

Mesmo sendo uma princesa, Roroa também tinha um raro senso econômico. Junto de gente como Colbert, o Ministro da Fazenda, ela andava pela capital financeira do país em busca de lucros para enriquecer o país. Entretanto, seu pai, Gaius, gastava a maior parte desse lucro só na expansão do exército.

— Sério, se eu quiser reconstruir este país, talvez precise primeiro nivelar tudo. Isso pegaria as ideias fixas que estão nas cabeças do povo e as explodiriam.

— Sinceramente… Você poderia não dizer coisas tão perigosas em meu estabelecimento? — disse Sebastian com um suspiro de consternação. — Então, Lady Roroa, como posso lhe ser útil?

— Hm? Ah, certo. Eu queria te perguntar uma coisa aí.

Ao dizer isso, Roroa aproximou-se de Sebastian assim como faria um gatinho carente. Ao fazer isso, ela parecia mesmo com um animalzinho.

— Escuta, você tem conexões com mercadores de fora do país, Sebastian?

— Bem… Até certo ponto, sim.

— Então, basicamente, isso significa que você tem informações sobre vários outros países. Bem, nesse caso, há algo que eu esperava que você pudesse me dizer sobre o Reino Elfrieden.

— Sobre o Reino de Elfrieden?

O Reino de Elfrieden era um dos países vizinhos do Principado da Amidônia. Além disso, há cerca de cinquenta anos o Principado tinha perdido quase metade do seu território numa guerra com o Reino e, por isso, entre outras coisas, era considerado um inimigo ferrenho.

— Então, o que quer me perguntar?

— Ah, eu ouvi o meu velho dizendo que houve uma mudança de rei repentina por lá, sabe.

— Ahh. Você deve estar falando sobre como o Rei Albert cedeu seu trono a Souma Kazuya.

— Sim, isso mesmo! Eu queria te perguntar sobre esse Souma! — Ao terminar de falar, Roroa cruzou os braços e inclinou a cabeça para o lado. — Eu já até sei alguma coisinha. Ele é aquele herói que convocaram de outro mundo, certo? Não sei como ele acabou virando o rei, mas o que entendo menos ainda é que, embora seja um herói, não estamos ouvindo nenhuma história sobre os seus feitos heróicos. Não se supõe que heróis, sabe, explodem monstros e limpam as masmorras com facilidade e coisas do tipo?

A maneira como Roroa falava usando pequenos gestos para cada coisa levou um sorriso ao rosto de Sebastian.

— É verdade, não ouvi nenhuma história assim sobre o rei em questão.

— Eu sabia, viu? Meu velho acha que colocaram um filhotinho inexperiente no trono, e ele está convicto e pronto para tirar vantagem disso, mas… Há algo me incomodando. Ouvi dizer que o último rei deles foi um líder medíocre e bonzinho demais para ser verdade, mas ele realmente entregaria o trono com tanta facilidade no caso de esse cara ser só uma criança?

— Suponho que não…

Roroa era inteligente. Ela tinha uma capacidade para ver o cerne das questões maior do que seu pai ou irmão. Se Roroa pudesse tomar o trono, o principado com certeza se desenvolveria muito. Entretanto, ela carecia da crueldade que precisaria para prejudicar seu pai e irmão e tomar o trono para si. Embora Sebastian achasse que ela nunca fosse se sentar no trono algo lamentável, também a via com bons olhos por possuir uma personalidade que a tornava incapaz de fazer isso.

Era por isso que passou todas as informações que tinha à Roroa.

— Ouvi dizer que este Souma está construindo estradas para combater uma crise alimentar, ou coisa do gênero.

— Hein? Construindo estradas para lutar contra uma crise alimentar?

Por um momento, Roroa foi pega de surpresa, mas logo soltou uma gargalhada. A gargalhada, entretanto, não era para zombar de uma política equivocada.

— Ahahaha! Entendo, ele quer construir uma malha de transporte para aumentar a capacidade logística e assim passar pela crise. Bem, ele ainda é jovem, mas mesmo assim está criando políticas melhores do que as do meu velho.

Ela havia visto através do cerne político de Souma. Ao aumentar a fluidez da distribuição, ele pretendia ajustar os excedentes e cuidar da escassez de suprimentos. Roroa enxugou os olhos e prendeu a respiração.

— Certo! Este novo rei Souma chamou a minha atenção. Sebastian, se importaria de usar a sua rede para me conseguir o máximo de informações que puder sobre ele?

Vendo o quão cheia de energia Roroa havia ficado, Sebastian encolheu os ombros.

— Não me importo, mas… O que eu ganho com isso?

— Pense nisso como um investimento no futuro. Tenho certeza absoluta…

Vamos fazer uma fortuna com isso…

Ao falar essas palavras, ela exibiu um sorriso ousado.

 

Aisha: Dia da Partida

Aconteceu na vasta região arborizada no sul do Reino de Elfrieden, também conhecida como Floresta Protegida por Deus.

Esta floresta, supostamente protegida por um deus-fera, também era o domínio dos elfos negros.

Com enorme habilidade marcial, eles se orgulhavam de seu papel como protetores da floresta e pensavam em si mesmos como um povo que vivia e morria com a floresta. Não se socializavam com outras raças e, embora fossem parte do reino, era apenas porque haviam determinado que, caso o reino caísse, a Floresta Protegida por Deus estaria em perigo.

Entretanto, recentemente, a situação na floresta havia mudado. Normalmente, a entrada na Floresta Protegida por Deus era proibida a todos, exceto aos da raça dos elfos negros, mas agora os membros de outras raças do reino haviam começado a invadir. A causa disso era a crise alimentar que surgiu após o aparecimento do Domínio do Lorde Demônio. Outras raças nas proximidades, lutando para encontrar algo para comer, começaram a entrar na floresta em busca de sua fartura natural.

Porém, a abundância da floresta não era ilimitada. Os elfos negros podiam entender que a crise alimentar estava dificultando a vida dessas pessoas, mas precisavam da fartura da floresta para se sustentar. Como resultado, aconteceram confrontos nos arredores da floresta, entre elfos negros que se protegiam contra intrusões, e membros de outras raças com a intenção de entrar na floresta.

Se as coisas seguissem nesse curso, havia o risco de que isso evoluísse para um conflito armado ainda maior. Algo precisava ser feito.

Tendo decidido fazer esse algo, uma jovem está prestes a partir da floresta.

— Adeus, Pai. Voltarei em breve — disse uma garota de pele morena clara que parecia ter 18 ou 19 anos, segurando uma grande espada nas costas.

Era Aisha Udgard, a única filha de Wodan Udgard, chefe da aldeia dos elfos negros.

— Juro que sairei vitoriosa no torneio de artes marciais e ficarei diante do rei — acrescentou Aisha, batendo no peito com orgulho.

Recentemente, parecia que o trono havia passado de um rei para outro. Além disso, tinham ouvido falar que o novo rei estava lançando uma ampla rede em busca de pessoas talentosas. Como parte desse processo, realizaria o Torneio do Melhor em Artes Marciais do Reino, onde os lutadores competiriam para demonstrar seu dom de habilidade marcial. Se ela ganhasse o torneio, poderia participar de uma cerimônia de premiação realizada pelo próprio rei. Em outras palavras, poderia se encontrar pessoalmente com ele. Se tivesse essa chance, poderia fazer um apelo a respeito da situação da floresta.

Os confrontos já estão começando a se intensificar além do que podemos controlar. Devo fazer com que o novo rei tome medidas para evitar mais intrusões!

Era esse o seu plano.

— Você tem mesmo que ir? — Enquanto a observava partir, Wodan parecia preocupado. — Um apelo direto ao rei será visto como uma afronta. Este jovem, Souma, acabou de assumir o trono. Não há como dizer qual será a sua decisão. E também não há necessidade de alguém tão jovem quanto você ir, não é?

Vendo a preocupação de seu pai, Aisha silenciosamente balançou a cabeça.

— Pai, você sabe o quão capaz eu sou em batalha. Sou a mais forte da nossa aldeia. Devo ser capaz de ganhar o torneio e me encontrar com o rei. Então vou apelar diretamente a ele a respeito da situação da nossa floresta.

— Hmph! Um rei humano nunca ouvirá os nossos pedidos — disse uma voz desdenhosa. Era o irmão mais novo de Wodan (tio da Aisha), Robthor, que também estava ali para se despedir dela. Ele sempre foi conservador, mas, nos últimos tempos, toda vez que surgia um confronto, tomava os guerreiros consigo e se dirigia ao local. Isso o levou a desenvolver uma desconfiança em relação a outras raças.

— Tio, primeiro precisamos nos encontrar com ele e conversar — disse Aisha. — Felizmente, ouvi dizer que o novo rei é sábio.

— Você é muito otimista — retrucou o seu tio. — Você pode acabar descobrindo que ele é também ardiloso.

— Mesmo assim, primeiro devo conferir pessoalmente que tipo de homem ele é.

— Hmph! Faça como quiser.

Com essas palavras, Robthor se afastou bufando. Com um sorriso amargo graças ao comportamento de seu irmão mais novo, Wodan levou a mão ao ombro de Aisha.

— Independentemente de qualquer coisa, só peço que retorne para casa e para mim em segurança. Não importa qual seja o resultado, não vou culpá-la. Desde que volte em segurança, isso é tudo que eu peço.

— Sim! Definitivamente! — Aisha balançou a cabeça com firmeza e Wodan fez o mesmo em retorno.

— Dito isso — continuou ele, assumindo um olhar de preocupação —, você nunca deixou a floresta antes, não é? É isso que me preocupa.

— O que há para temer? Mesmo entre os homens desta aldeia, ninguém pode se comparar à minha força.

— Nem todos os perigos do mundo exterior vêm daqueles que são hostis a você. — Wodan tentou colocar em termos que Aisha pudesse entender. — Aisha, você é uma excelente guerreira. Entretanto, ainda assim é uma glutona.

— S-sou, sério…?

— Se alguém te der alguma comida deliciosa, você não pode seguir essa pessoa para onde quer que ela te leve, entendido?

— N-não vou esquecer a minha tarefa! — protestou Aisha, mas Wodan não parecia muito inclinado a acreditar nela.

— Então, e quando a sua tarefa estiver concluída? E se quem te oferecer comida for um homem? Se um homem te domar com comida, você vai querer tanto ficar com ele que não vai mais voltar para a floresta?

Assim que suas queixas tinham acabado de se transformar nas de um pai preocupado que sua filha pudesse se deparar com homens maus, Aisha respondeu, indignada:

— Nunca aceitarei um homem mais fraco do que eu como o meu marido! E não serei domada com comida!

— Sério, então…

— É verdade! Eu juro, não vou ceder à tentação da comida!

— C-certo…

Isso parece, de alguma forma, ser uma causa perdida…, parecia estar pensando Wodan.

— Tenha um pouco mais de fé em mim! — disse Aisha, indignada. — Agora, estou indo…!

E, assim, ela partiu da Floresta Protegida por Deus.

Mais tarde, Wodan recebeu um mensageiro kui (uma coisa parecida com um pombo-correio) de Aisha. Na carta, dizia que ela havia vencido o torneio e sido capaz de fazer um apelo ao rei, tudo conforme planejado. Dizia que o rei havia dado um parecer favorável e que ela não foi culpada por apelar diretamente a ele. Além disso, mencionou que o rei ofereceu uma visão valiosa de como cuidar da floresta.

Dizia todas essas coisas, mas isso compunha apenas dois décimos do que havia escrito… Nos oito décimos restantes, em dois décimos exaltava o quão maravilhoso era o novo rei, em cinco relatava como eram deliciosos todos os alimentos que havia provado enquanto estava com Sua Majestade, e seu relato sobre os acontecimentos mais recentes ocupavam menos de um décimo da carta.

Enquanto Wodan ficava aliviado por sua filha ter concluído o seu objetivo com sucesso, sabia que o que ele mais temia havia acontecido, e soltou um profundo suspiro como o seu pai.

— Ah… bem, ela parece alegre, acho que isso é bom o suficiente — murmurou Wodan, olhando em direção à capital.

Naquele momento, a voz de Aisha soou alegremente pelo refeitório do Castelo Parnam:

— Vossa Majestade, mais, por favor!

Diário de Observação de Pessoas da Tomoe

Meu nome é Tomoe Inui.

Sou uma loba mística de dez anos. Quando o Domínio do Lorde Demônio apareceu, fui expulsa de minha casa no norte e vim para o Reino de Elfrieden como refugiada. Minha mãe e meu irmão mais novo também vieram comigo.

E isso é o que eu era, mas há pouco tempo fui adotada pelos antigos rei e rainha deste país.

Fizeram isso porque eu podia falar com animais e monstros, e isso acabou chamando a atenção do novo rei, o Irmãozão Souma. Ele me disse que essa era uma habilidade muito importante. Então me adotaram, e minha mãe verdadeira e o meu irmão menor, Rou, também receberam permissão para morar no castelo, então eu sempre poderia vê-los.

Isso também significava que eu agora tinha duas mães. A Mamãe e a antiga rainha cuidavam bem de mim, então fiquei muito feliz.

Hoje, gostaria de falar sobre as pessoas da minha vida.

Primeiro, vou começar com a Irmãzona Liscia.

Ela é a filha do rei e rainha antigos e tem um casamento arranjado com o Irmãozão Souma. E, graças à adoção, também sou sua irmã mais nova. Ela é corajosa, e forte, e bonita e legal. É uma ótima irmã mais velha.

— Souma, você vai mesmo importar algo assim?

— Sim. Definitivamente preciso disso, e não consigo encontrar neste país.

— Certo, entendi. Mas… para que vai usar as cinzas vulcânicas?

— Bem, espere e verá.

É assim que é a Irmãzona Liscia, mas…

— Obrigado por toda a sua ajuda, Liscia.

— Quê…? Isso não é grande coisa… Digo, você está fazendo isso pelo país…

Ela ainda não consegue ser honesta a respeito de seus sentimentos pelo Irmãozão Souma.

— Ora, Madame Tomoe. Você veio almoçar? — disse Aisha para mim bem na frente do refeitório do Castelo Parnam.

A Senhora Aisha Udgard é uma elfa negra que está sempre protegendo o Irmãozão Souma. Ela é muito forte. Ouvi dizer que mesmo que um bando de homens se unisse contra ela, ainda não conseguiriam a derrotar. Ela também é bonita, e alta e “peituda”. Eu admiro a sua silhueta. Será que algum dia serei assim?

A Aisha é assim, mas…

— Ei, Aisha. O Poncho está desenvolvendo um novo molho para pratos à base de farinha. Sobraram algumas amostras. Quer comer elas? — O Irmãozão Souma enfiou a cabeça para o lado de fora do refeitório e chamou por ela.

— Vou te seguir pelo resto da minha vida, Vossa Majestade! — Aisha correu direto para ele.

Isso é tão estranho… Aisha é uma elfa negra, mas quando o Irmãozão Souma e a sua comida estão na frente dela, ela balança o traseiro para um lado e para o outro. Faz parecer até que tem um rabo.

E há outra pessoa que admiro. O nome dela é Juna.

É uma ótima cantora com lindos cabelos azuis. Ela é graciosa e passa a atmosfera de uma mulher madura, eu a admiro, mas de uma forma diferente da Irmãzona Liscia e da Aisha.

Juna parece estar sempre dando um passo para trás de onde estão todos e dando uma olhada em todo o cenário. Ela apoia todos pelas sombras, e também é muito madura. O tempo todo a admiro mais e mais.

É assim que é a Juna, mas…

— …

— Um… Juna?

— Ah, o que é isso, Tomoe?

— Não é nada não…

— Hm?

Há momentos em que a Juna parece um pouco solitária enquanto vê o Irmãozão Souma com a Irmãzona Liscia ou com a Aisha… Mas quando o Irmãozão Souma se vira para olhar para ela, ela sempre se esconde atrás de um sorriso gentil.

Acho que Juna se sente sozinha, e deveria dizer isso, mas ela nunca permite que o Irmãozão Souma a veja assim. Não entendo os adultos.

Há uma certa sala que sempre vou visitar.

Pertence ao primeiro-ministro deste país, Senhor Hakuya Kwongmin.

Quando bati e entrei, Hakuya estava olhando para uma pilha de papéis. O Irmãozão Souma parecia ocupado, mas Hakuya estava sempre tão ocupado quanto. Mesmo tão ocupado assim, ele arruma tempo para mim.

Quando Hakuya percebeu que eu estava entrando, falou:

— Ah, Irmãzinha. Já está na hora? — disse ele com um sorrisinho.

Fiz uma breve reverência.

— Agradeço o seu tempo hoje novamente, professor.

— Tá bom — disse ele. — Bem, então, hoje vamos começar revisando a história deste país.

— Certo!

Desde que vim para este castelo, Hakuya tem me ensinado. Leitura, escrita, matemática e até mesmo a história deste país. Ele sabe muito e é um bom professor. Não estou sendo forçada a estudar; eu quem pedi para me ensinar.

Mesmo que tenha sido graças à minha habilidade, sou grata ao Irmãozão Souma e à Irmãzona Liscia por me adotarem como uma irmãzinha honorária, então quero ser uma das inteligentes da qual possam se orgulhar.

Quando falei isso a Hakuya, ele disse, com um sorriso forçado:

— Tenho certeza de que Sua Majestade e Lady Liscia querem que você se divirta como uma criança da sua idade…

Ainda assim, quero poder ajudar meu irmãozão e irmãzona o quanto antes. Quero fazer isso para que possamos todos caminharmos juntos pelo país. E é por isso que vou estudar muito!

Toc, toc.

— Vossa Majestade, posso ter um momento?

— Hm?

— Eu trouxe a sua irmãzinha.

— Zzz…

— Ah, ela adormeceu de novo, hein?

— Sim. Ela se esforça muito para ler, escrever e calcular, mas isso sempre acontece quando chegamos em história…Você acha que as minhas aulas de história são chatas?

— Não deixe isso te abalar. Ela tem dez anos, então não pode culpá-la. Mais tarde irei levá-la para a mãe dela. Deite-a na cama para mim.

— Sim, majestade.

— Sinceramente… Ela não precisa crescer tão rápido…

— Ela está na idade em que quer agir com maturidade. Você também deve ter passado por algo assim na sua vida, não passou?

— Passei… Mas, por agora…

Boa noite, Tomoe…

Juna – Better Days Are Coming1Ouça clicando aqui. Tradução do nome: Dias Melhores Virão.

Na capital do Reino Elfrieden, Parnam…

O café cantante Lorelei ficava em uma esquina da rua comercial desta cidade castelo.

Este negócio, com a sede na Cidade Lagoon da Duquesa Excel Walter, era um dos populares locais que permitia que seus clientes desfrutassem de chá e lanches durante o dia e bebidas alcoólicas em um ambiente mais requintado à noite, tudo enquanto ouviam as belas vozes das cantoras que ali trabalhavam.

Havia uma cantora cuja popularidade era de primeira classe, mesmo para os seus padrões; uma diva de cabelo azul que dizia ser descendente de Loreleis, Juna Doma.

Seu belo rosto iludia todos que o contemplavam, cada um de seus gestos possuía uma elegância silenciosa e sua voz cantante era forte e bela.

No evento que fora realizado para buscar os talentosos, ela havia vencido nas categorias “Beleza” e “Talento”, e, mesmo durante a sua audiência com o rei, era dito que sua voz havia roubado o coração dele.

Aquela poderosa cantora, Juna, estava mais uma vez cantando no Lorelei.

A música era “Better Days are Coming“.

Era uma das canções que aprendera com Souma.

Fechando os olhos, ela cantou de forma poderosa. Em sua mente, visualizava aquele jovem rei.

Ele é mesmo… Um cavalheiro misterioso…

Enquanto cantava, Juna se lembrava das suas memórias com o Rei Souma.

— Bem, então, trabalhar com você será um prazer, Vossa Majestade.

— Ah, sim… Um prazer…

Souma e Juna estavam sentados, em uma sala do castelo, frente a frente.

Além desses dois, as únicas que estavam presentes eram as duas criadas de pé junto às portas. Do lado de Souma havia apenas uma cadeira, mas do lado de Juna havia uma escrivaninha com papéis e instrumentos de escrita. Comparada à ousada Juna, Souma parecia um pouco nervoso e inquieto.

— Sabe, eu simplesmente não consigo me acostumar a fazer isso…

Talvez fosse a aura madura de Juna, mas apesar de ter quase a mesma idade, e apesar de ser o rei, Souma tendia a falar formalmente quando perto dela.

Isso era, para ela, muito gentil, mas mesmo pedindo que não fizesse mais isso, parecia improvável que ele mudasse a forma como falava.

— Bem, realmente preciso que você se acostume a isso. Além disso, foi você quem sugeriu que fizéssemos isso, lembra?

— Aquilo foi… Bem, sim. Mesmo assim, cantar na frente de outra pessoa é um pouco difícil para mim…

— Só é constrangedor no começo. Isso vai mudar para prazer assim que você começar a se acostumar.

— Você está fazendo isso parecer meio indecente, sabia?! Enfim, vamos lá… — Depois de dizer isso, Souma começou a cantar, hesitante.

Ele cantou uma música do mundo de onde viera. Juna escreveu a melodia como uma partitura. Tudo começou com o desejo de Souma de compartilhar as canções de seu mundo com o povo deste.

No começo, ela ouvia os arquivos de música direto pelo smartphone dele, entretanto, como as baterias acabaram depois de algum tempo, mudaram para este formato. Souma cantava primeiro, Juna anotava a partitura, e então ela cantava para que ele verificasse se estava correto.

Então, quando a música estava completa, Juna prepararia a letra na língua desse país, fazendo o possível para não mudar o significado. Como o senso musical de Souma não era bom o suficiente para captar a harmonia ou os meandros da melodia, o resultado sempre acabava soando como uma versão cover, mas, mesmo assim, um bom número de canções da Terra tinha chegado ao mundo por meio desse processo.

Claro, já que eram todas músicas que Souma conhecia, a seleção foi abertamente tendenciosa para seus próprios gostos, o que significa que inevitavelmente havia mais músicas de animes, videogames e tokusatsu

Nesse momento, Souma cantava o tema de abertura de um determinado jogo.

— Será que é assim…?

Depois de terminar de escrever a partitura, Juna cantarolou a melodia.

A música era “reset2Ouça clicando aqui.” por Ayaka Hirahara.

Naquele momento, “Ah!” Souma arregalou os olhos e as lágrimas começaram a correr pelo seu rosto. Ao ver isso, a normalmente calma e composta Juna parou de cantar e correu para o seu lado.

— A-algum problema?! Eu fiz algo de errado?!

— Não. …Não é isso… Não é nada disso…

Dito isso, Souma cobriu os olhos com uma das mãos e olhou para cima.

— Eu amava essa música… A melodia também, e isso tem um toque de nostalgia, então… Quando ouvi alguém cantando, simplesmente não pude evitar… Isso despertou algumas memórias…

Juna entendeu. Ela tinha ouvido que o jovem rei tinha sido convocado de um outro mundo.

Ele foi, em outras palavras, tomado à força da sua terra natal.

A música de Juna deve ter causado um assalto de saudades de casa.

— Majestade… — Juna colocou sua mão sobre a dele. Ela pensou que poderia ser repreendida por sua impertinência, mas as criadas em pé junto à porta fizeram vista grossa a isso.

Então falou com a voz mais gentil que pôde a Souma:

— Majestade… Por favor, não se esforce.

— Juna?

— Há mais pessoas que se importam com você do que você imagina. A princesa, Madame Aisha, e também… Eu. Desejo fazer tudo o que puder para apoiá-lo.

Tendo afastado as mãos dele de seus olhos, Juna o encarou e sorriu.

— Tudo bem chorar. Desde que isso te ajude a voltar a sorrir. Se não pode deixar que a princesa te satisfaça por ela ainda ser jovem, por favor, permita que eu faça isso. As mulheres das cidades portuárias têm uma mente aberta. Permita-me lavar as suas lágrimas com uma compaixão tão vasta quanto o mar.

— Isso soa quase como uma confissão de amor… — disse Souma, mostrando um sorriso irônico em meio às lágrimas.

— Heehee, quem sabe se não é?

— Você está me provocando?

— Não, não havia falsidade em minhas palavras.

Dito isso, Juna pressionou a cabeça de Souma contra o peito.

— Se a princesa revelar os seus pontos fortes, então irei esconder as suas fraquezas.

Enquanto cantava, Juna pensou naquele dia, nas lágrimas que Souma derramou.

Quando eu disse que queria apoiá-lo… As palavras saíram com tanta facilidade. Tenho certeza… Foi porque eu estava falando do fundo do coração…

Quando a música chegou ao refrão, ela viu a porta da cafeteria sendo aberta.

Entraram três pessoas. Um jovem humano, uma garota e uma elfa negra. Talvez por estarem disfarçados, estavam todos usando uniformes da Academia de Oficiais.

Quando viu o jovem, um sorriso involuntário apareceu no rosto de Juna.

Tudo bem, Sua Majestade… Não importa o quanto as coisas sejam dolorosas, como diz nesta música, “better days are coming”. Não vamos deixar você embarcar no “ship of sadness3Navio da tristeza. Trata-se de um trecho da música Better Days Are Coming.“.(Na música original, isso era um “trem”, mas por não existirem neste mundo, Juna traduziu como “navio”.)

Tendo se decidido, ela colocou todas as suas forças para cantar.

 

O Que Eles Queriam Ser

Liscia: Souma, havia algo que você queria se tornar?

Souma: O que é isso, de repente?

Liscia: Bem, nós o forçamos a se tornar o rei por nós mesmos, certo? É por isso que pensei em pelo menos perguntar. E então?

Souma: Hmm… um funcionário público. Eu queria, basicamente, um trabalho burocrático. Porém, se você perguntar se eu queria mesmo me tornar um, talvez nem tanto. Eu só queria um emprego estável… Ah! Mas quando eu era pequeno, queria ser professor de creche. Sabe, como o que a mãe da Tomoe faz no castelo.

Liscia: Uau, por essa eu não esperava. Você gosta de crianças?

Souma: Ver as coisas que as crianças fazem e dizem me faz sorrir, sabe? Por mais que os professores cuidem dos filhos de outras pessoas, tenho certeza que teria sido um trabalho difícil… O que você queria ser quando era pequena, Liscia? Queria ser uma soldada em vez de princesa?

Liscia: Eu? Quando era pequena, queria ser… uma noiva.

Souma: C-certo…

Souma & Liscia: B-bem, isso ficou bem constrangedor…

 

Liscia: Escolhendo uma Roupa

— Augh! O que será que eu visto?!

Em um quarto no castelo em Parnam, capital do Reino de Elfrieden, Liscia estava revisando o conteúdo de sua cômoda enquanto murmurava para si mesma.

Este era o seu quarto. Graças aos seus longos anos na escola de oficiais e no serviço militar, junto com sua personalidade obstinada e extremamente séria, isso não se parecia nada com o que seria esperado de uma garota de dezessete anos.

Ela, tecnicamente, já tinha sido a princesa deste país, então tinha vestidos lindos, e como tendia a cuidar muito bem dos seus pertences, as vestimentas que seus pais lhe deram há muito tempo continuavam guardadas em segurança na sua cômoda, e isso era fiel à personalidade de Liscia, de não deixar essas coisas expostas.

Liscia, entretanto, com a sua personalidade de alto nível, estava agora espalhando suas roupas por todo o quarto. A causa para isto estava nas palavras do homem que era o atual rei (provisório) deste país, bem como noivo de Liscia, Souma.

— Nós temos um dia de folga. Que tal sairmos para um encontro na cidade castelo?

Desde que Souma recebeu o trono de seu pai, Albert, ele estava transformando seus próprios ossos em pó, trabalhando muito duro. Ela sabia que era por isso que o Primeiro-Ministro Hakuya teve que forçá-lo a tirar um dia de folga. Mesmo pelo que ela mesma viu, Liscia sabia que Souma estava trabalhando muito duro.

Mas, ainda assim… ser de repente convidada para um encontro a deixou em um estado de confusão e desordem.

Liscia nunca antes teve qualquer perspectiva romântica. Em seus anos na Academia de Oficiais, houve muitos filhos da nobreza que a ajudaram por causa de seu status, mas seus motivos ocultos eram claros de se ver, e nenhum deles jamais cumpriu com as expectativas de Liscia. Antes que ela percebesse, se tornou mais popular com as garotas do que com os garotos, e seu status como uma conquista romântica inatingível lhe valeu o apelido de “O Palácio de Gelo Dourado”.

Honestamente, Liscia achava que a reputação era exagerada. Ela não estava afastando os garotos. Era só que não havia garotos que valessem a pena. Como prova disso, ela agora tinha sido convidada para um encontro, e ainda por cima por um garoto pelo qual estava começando a desenvolver sentimentos, e estava perdendo a cabeça graças a isso.

— Ei, Serina, Tomoe, que roupa vocês acham que ficaria bem em mim?

Liscia ergueu duas roupas para as duas examinarem. Tomoe era uma garota loba mística que recentemente se tornou sua irmã adotiva, e Serina, sua criada pessoal, era como uma irmã mais velha para Liscia. As duas estavam a observando, e Serina achou a cena meio comovente e meio exasperante de se ver.

— Um… Tudo combina com você, Irmãzona — arriscou-se Tomoe. — E eu acho que… não importa o que você vista, o Irmãozão Souma dirá que você ficou bonita.

Tomoe havia oferecido algumas palavras de encorajamento inocentes e inofensivas. Serina, por outro lado…

— Se você vai se apegar ao apoio de uma garotinha de dez anos, devo dizer que isso é realmente lamentável.

Suas palavras foram contundentes…

— Urkh… — murmurou Liscia. — Tudo bem, você escolhe por mim, Serina.

— O que você está dizendo? Você escolher as próprias roupas é o que dá significado a elas. Os sentimentos por esse homem em seu coração, e como você deseja ser vista por ele, ficarão evidentes nas roupas que você escolher.

— O-o homem em meu coração… Souma não é assim, ainda não…

— Se você demorar muito, a sua posição como a primeira rainha será tomada por outra esposa que ele tomar depois — disse Serina bruscamente. — Já sei… será que devo me apresentar diante de Sua Majestade? Vestida com uma roupa que eu mesma escolhi?

— V-você não pode! — exclamou Liscia.

— Hee hee, eu estava brincando. Veja como você está afobada. Isso é tão adorável.

— Nossa!

Serina era uma criada capaz, mas tinha o péssimo hábito de intimidar garotas bonitas. Em outras palavras, era uma completa sádica. Mas, em vez de infligir simples dor física, preferia brincar com o psicológico delas e envergonhá-las com as suas palavras. Nesses dias, quem mais recebia a sua “afeição” era Liscia.

— O-o que achou dessa roupa? — perguntou Liscia, segurando um uniforme militar feminino e colorido. Era algo que não pareceria deslocado em uma produção teatral sobre a Revolução Francesa.

Serina enterrou o rosto na palma da mão.

— Por quê… Por que é um uniforme militar?

— P-porque Souma disse… Que eu fico bem com eles?

O jeito envergonhado dela falar, que era cheio de um charme puro, era um banquete para os olhos de Serina, mas…

— Um uniforme militar não vai servir — disse ela com um suspiro. — É verdade que você fica bem com eles, mas isso não é roupa para usar em um encontro romântico. Além disso, em um dia especial como este, ao invés de deixar que ele a veja da mesma forma de sempre, não acha que seria melhor um lado diferente de você?

— Um lado diferente… de mim… — murmurou Liscia.

— Tomoe. Da sua perspectiva, como a princesa parece?

— Ela é corajosa e legal — disse Tomoe, seus olhos brilhando.

Serina concordou com a cabeça.

— Sim. É assim que as outras pessoas a veem, princesa. Agora, se a legal e corajosa princesa mostrasse um lado seu que é diferente do normal, não acha que isso poderia tomar o coração de Sua Majestade Souma?

— Um lado meu que é diferente do normal… — murmurou Liscia.

— Por exemplo, acho… Por que não ir com algo mais sensual? — Com essas palavras, Serina pegou um vestido de festa vermelho. Ele tinha as costas abertas e também um decote bem ousado.

Embora possuísse vestidos como esse para eventos sociais, Liscia não conseguia imaginar que combinassem com ela, e nunca os usava.

— V-você quer que eu use isso?!

— Normalmente, você se enrola toda com isso — disse Serina. — E é isso que torna o ato de depois tirar a roupa divertido, mas por que não manter os olhos dele colados em você, mostrando um pouco daquela sensualidade que você não costuma mostrar?

— Estou sentindo uma aura indecente em cada palavra que você diz! E, calma aí, estou preocupada com o que vestir num encontro! Eu não poderia usar uma coisa dessas na cidade!

— Bem, é verdade, iriam te confundir com uma dama da noite, tenho certeza — concordou Serina.

— Você recomendou sabendo disso?!

— Nesse caso… O que acha desse outro?

Ignorando os protestos de Liscia, Serina pegou outra roupa. Era um vestido rosa com muitos babados brancos.

— I-isso…

Aquela peça única tinha sido algo que sua mãe praticamente a forçou a aceitar como um presente há cerca de meio ano atrás. Ela provavelmente estava preocupada com os trejeitos masculinos de sua filha, e “Torne-se uma garota que ficará bem com isso” foi a mensagem que quis dar, tudo graças a sua preocupação maternal. Entretanto, como não era do gosto de Liscia, ela o empurrou para o fundo de seu armário sem nem mesmo experimentar.

— É bonitinho, suponho que você possa chamar disso — disse Serina. — Isso pode ajudar a desenvolver um lado totalmente novo em si mesma, princesa.

— Eu não quero que isso aconteça! Esse monte de babados é completamente terrível!

— Acho que você ficaria adorável nele, igualzinha a uma boneca…

— Não! Nunca!

Depois disso, pegaram muitas outras roupas, discutindo a respeito de todas. Tomoe, por fim, que hesitantemente observava de longe, levantou a mão para falar.

— Um…

— Ah, o que é, Tomoe? — perguntou Liscia.

— Um… Vocês dois são muito famosos. Se estão indo para a cidade castelo, não precisam usar roupas que não vão se destacar?

Liscia ficou em silêncio.

Conforme mencionado, Tomoe estava certa. Hakuya estava falando algo sobre mostrar o quão próximos eram do povo, mas se o futuro rei e rainha estivessem andando por aí em plena luz do dia, isso causaria um enorme rebuliço. Em outras palavras, não deveria ter escolhido uma roupa adequada para um encontro, deveria ter escolhido roupas que não deixassem claro quem ela era. As pernas de Liscia cederam e ela caiu no chão coberto de roupas.

Enquanto olhava, Serina, que percebeu isso desde o começo, estava com um sorriso radiante.

 


 

Tradução: Taipan

 

Revisão: PcWolf

 


 

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