Dark?

Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 01 – Cap. 05.1 – O Lendário Velho

A+ A-

Na câmara de audiência do Castelo Parnam…

Um grande número de pessoas fez fila neste lugar onde a convocação do herói e a cerimônia de premiação por talento foram realizadas. Esses eram os burocratas do ministério das finanças.

Cada um exibia uma expressão exausta no rosto.

Suas bochechas estavam encovadas, tinham olheiras, alguns exibiam sorrisos secos, enquanto outros pareciam estar à beira do colapso. Apesar disso, todos tinham um brilho nos olhos.

Eram os olhos de guerreiros que sobreviveram a uma batalha sangrenta.

Desde que me tornei o rei e lancei as minhas reformas para salvar a economia que estava à beira do colapso, eles serviram como minhas mãos e pés, trabalhando duro, como cavalos puxando uma carruagem. Quem trabalhava só para o enriquecimento próprio era demitido, deixando apenas aqueles sérios para trás. Eram pessoas que trabalhavam duro, relutantes em tirar uma folga até para dormir.

Um deles poderia passar o dia inteiro comparando os números entre conjuntos de documentos, enquanto outro poderia passar a maior parte do dia em cima de um cavalo, procurando garantir que os fundos estivessem sendo usados da devida maneira. Passavam os dias voltando para casa só para dormir. Não… muitos nem voltavam para casa, só dormiam no dormitório do castelo mesmo, voltando ao trabalho assim que acordavam.

Alguns tinham família.

Alguns tinham filhos.

Alguns tinham se casado recentemente.

Porém, o tempo que poderiam ter passado com as suas famílias… deixaram de lado, continuando a trabalhar.

O rosto de uma esposa insatisfeita com o marido por colocar o trabalho na frente dela, o rosto de uma criança solitária porque o pai não brincava com ela, o rosto de uma esposa recém-casada sinceramente preocupada com o marido… Eles desviaram os olhos desses rostos, dizendo a si mesmos que era só temporário, e trabalharam com diligência.

Tentando fervorosamente salvar este país do colapso.

Tentando sinceramente proteger aqueles que amavam este país.

Olhei para todos enquanto estava sentado no trono. E não devia parecer muito melhor do que eles neste momento. Embora pudesse descansar as partes não utilizadas da minha consciência em turnos, estava lidando com cinco vezes a minha carga de trabalho normal e trabalhando o dia e a noite sem parar. Embora meu corpo pudesse estar bem, eu podia sentir meu espírito sendo esmagado.

— Essa aparência que todos vocês têm em seus rostos agora é bem bela. — Levantei-me, falando em voz sempre baixa. Então desci até eles, colocando minha mão no ombro de um homem magro. — Seus olhos estão vazios e sem vida. Você tem o rosto de um carniçal.

Não disseram nada.

— Sei como têm sido as coisas — falei. — Esses dias de renúncia ao sono, lutando com os números dia após dia, ignorando os apelos de suas famílias para que parem de vir ao castelo. Vocês são o meu maior tesouro! Sintam orgulho disso! A cada momento que vocês gastam colocando as suas almas em prova, salvam o povo deste país!

— Ohhhhhhhhhhhhhhh!

Pálidos e emaciados, qualquer um podia ver que esses homens eram do tipo que ficavam em casa, mas agora rugiam como bárbaros. Ergueram os punhos ao ar, entoando: “Souma! Souma!” Esperei um momento para que o fervor diminuísse, e então continuei.

— Graças a todos vocês, conseguimos garantir os fundos de que precisamos no momento. Agora, o Projeto Venetinova pode começar para valer. Quando este projeto se concretizar, a crise alimentar deste país estará completamente resolvida. Será porque todos vocês estão cumprindo seus deveres, endireitando esta economia em dificuldades e encontrando os fundos para fazer isso acontecer! No lugar do povo, eu agradeço!

— Rei Souma!

— Rei Souma!

— Vocês trabalharam duro, mesmo na sombra, por este país! Ao contrário dos heróis, seus nomes não serão deixados nos livros de história. Entretanto, salvaram muito mais vidas do que qualquer herói poderia salvar em um campo de batalha! Eu, Souma Kazuya, vou me lembrar desse fato para o resto da minha vida! Vocês são os heróis sem nome deste país!

— Glória ao nosso rei!

— Glória ao Rei Souma e Elfrieden!

— Vocês realmente se superaram — continuei. — Assim, concedo a vocês este presente. Concedo a vocês cinco dias de férias, começando amanhã! Voltem para as suas famílias, descansem os seus corpos e restaurem os seus espíritos!

— Ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

Essa é a maior comoção que já vi, pensei. Entendo como vocês se sentem. Vocês estão famintos por um descanso. Sinto muito por dirigir este lugar como se fosse uma fábrica exploradora.

— Sinceramente, quero pagar até mesmo um bônus para todos, mas se eu fosse usar os fundos que deram tão duro para juntar com isso, iria contra o propósito em si. Sinto muito mesmo.

Ficaram todos em silêncio.

— Em vez disso, após uma reunião com o primeiro-ministro, decidi dar a cada um de vocês uma garrafa cara da adega do castelo! Tomem uma bebida para comemorar ou vendam, façam como preferirem!

— Ohhhhhhhhhhhhhhh! Vossa Majestade! Rei Souma!

Enquanto olhava para os burocratas aplaudindo, balancei a cabeça, também repleto de emoção. Entretanto, Liscia, que estava assistindo bem ao meu lado, ficou claramente desconcertada com esta cena.

— Souma… você está exausto — disse ela.

— Não vou negar… — respondi.

Assim que voltamos ao escritório de assuntos governamentais, ela falou comigo, parecendo preocupada.

É, eu não deveria ter exagerado. Olhando para trás, agi de um jeito meio pirado.

— Isso é porque fiquei acordado quase a madrugada toda trabalhando. A falta de tempo para dormir estava me deixando meio extremo — respondi enquanto me deitava na cama arrumada no canto do escritório de relações governamentais, assim como costumava sempre fazer.

“Não vou insistir para que seja luxuoso, mas, por favor, arrume um quarto” disse Hakuya certa vez com bastante amargura. “Se o governante da nação dorme no escritório de assuntos governamentais, não está dando o exemplo adequado para os seus súditos.”

Mas eu não podia abrir mão da comodidade de poder trabalhar assim que acordasse, então as coisas continuaram do mesmo jeito. Achei que provavelmente dormiria no mesmo lugar até que as coisas pelo país se acalmassem um pouco.

Liscia foi se sentar na ponta da cama. Naquele momento, suas pequenas e bem torneadas nádegas apareceram de repente diante dos meus olhos, então me virei e olhei para o outro lado. Ela sempre usava aquele uniforme de oficial justo, então eu podia facilmente distinguir as linhas dos seus quadris.

— Mas, Souma, você é capaz de descansar a sua consciência em turnos, não é? — perguntou ela.

— Huh? Uh… Sim, algo assim. Mas estávamos quase no ponto em que poderíamos pagar pelo orçamento de um projeto de grande escala, então acabei trabalhando com toda a minha consciência para dar um último empurrãozinho.

Quando falei isso, Liscia suspirou um pouco.

— Sei que você está trabalhando duro, mas… não me preocupe. Porque você é insubstituível, entendeu?

— Ha ha, se chegar a isso… você pode só invocar um outro herói, não pode? — perguntei.

— Seu bobo! Se disser algo assim mais uma vez, vou te dar um tapa!

Virei o meu rosto para encarar Liscia. Havia raiva real em seus olhos.

— Mesmo se invocássemos outro herói, essa pessoa não seria você — retrucou ela. — É você quem eu quero, Souma.

— C-certo… — Eu vacilei.

— Nunca esqueça. Você é aquele que quero como o rei, Souma. Não aceitarei substitutos. Se meu pai exigisse a coroa de volta, eu lutaria ao seu lado contra ele.

Quando ela fez essa declaração incrível com o rosto sério, tudo que pude fazer foi acenar com a cabeça.

De alguma forma, parecia que eu tinha visto um relance da sua coragem maternal nesse momento. Liscia algum dia seria uma noiva incrível. O fato de eu ser (planejado) o noivo, entretanto, era algo que eu ainda não achava correto.

Mas por enquanto Liscia parecia satisfeita com a minha resposta.

— Então? Você estava falando sobre um orçamento, mas para que precisa de todo esse dinheiro?

— Ah, para começar, estava pensando em construir uma cidade.

— Uma cidade? — perguntou ela.

Pedi para que pegasse um mapa do país na minha mesa de trabalho. Visto como um todo, o território do país parecia em forma de “<“, e apontei bem para o centro dele.

— Vamos construir uma cidade costeira bem aqui. Além disso, avançaremos ao mesmo tempo com a construção de estradas. Se tivermos uma rede de transporte de uma cidade costeira para todas as outras cidades, podemos controlar tanto o transporte marítimo quanto terrestre. Isso deve nos ajudar a tornar a distribuição das coisas mais suave. Para ser honesto, achei uma maravilha que essa propriedade real de primeira linha tenha ficado intocada até agora.

A propósito, a nordeste deste local ficava a Cidade Lagoon, uma cidade costeira governada por um dos três duques, a Almirante da Marinha Excel Walter. Atualmente, a Cidade Lagoon era o maior porto comercial do país, mas ao mesmo tempo também era uma base naval com um cais para navios de guerra. Com um porto comercial onde as mercadorias do mundo todo se reuniam e uma base naval com a sua necessidade de confidencialidade interligados, existiam prioridades incompatíveis. Em uma crise, isso poderia resultar em uma interrupção comercial.

Também era por isso que a construção de uma nova cidade com um porto comercial era urgente.

— Esta cidade costeira será o coração deste país, e as estradas que sairão dela serão como as veias — expliquei. — Se a distribuição não passar por dificuldades, quando houver escassez de alguns produtos no sul, poderão ser enviados dos lugares em que forem abundantes no norte. Sabe o que isso significa?

— Um… Você compra bens onde os preços foram reduzidos pela abundância, depois os revende em lugares onde o preço aumentou devido à demanda… ou algo assim? — perguntou ela.

— Não, não, eu não sou um comerciante. Não pode ser o rei a fazer isso.

— Não pode? — Ela pareceu surpresa.

— De que adiantaria tirar dinheiro do meu povo, sendo que estou tentando torná-lo próspero? — perguntei.

Bem, se estivéssemos falando sobre o comércio exterior, ela estaria correta, mas para o comércio interno, precisávamos pensar não como indivíduos, mas como nação.

— Com certeza, em um primeiro momento, haverá comerciantes que farão isso e ganharão muito dinheiro. Entretanto, eventualmente, a escassez de oferta será solucionada. Uma vez que a oferta e a demanda estejam em equilíbrio, os preços altos devem voltar a cair aos poucos. Assim podemos planejar a homogeneização de preços por todo o país. Basicamente…

— As pessoas poderão comprar coisas que antes eram caras demais para elas…? — terminou ela.

Respondi Liscia com um balanço de cabeça satisfeito.

— Atualmente, a maior demanda crescente na maior parte deste país é por alimentos. A fim de estabilizar os preços, precisamos garantir rotas de distribuição urgentemente. Além disso, mais da metade da fronteira do país é banhada pelo mar. Devemos ser capazes de colher muitos produtos marítimos. Se eles puderem ser transportados por terra, podemos resolver a crise alimentar em um instante.

— Mesmo agora, podemos trazer produtos secos e em conserva para o interior, sabe? — disse ela.

— Bem, você pode viver de peixe seco e em conserva para sempre? — perguntei.

— Bem, eu ficaria cansada disso.

— Bem… Sim, suponho que eu também.

Carapau seco pode ser saboroso, mas eu definitivamente não gostaria de comer isso todos os dias. O sal nele existia para combater as bactérias e a decomposição, então o sabor não mudaria, mesmo depois de enjoar dele. O peixe também estraga rápido, e, mesmo seco, vence em questão de dias. É por isso que a velocidade com que podíamos mover os peixes e crustáceos para o interior era tão importante.

— É para isso que serve a rede de transportes, huh? — ponderou Liscia.

— Exatamente. …Bem, agora. — Soltei um enorme bocejo e fechei os olhos. — Deixe-me dormir um pouco. Quando eu acordar, iremos juntos ao local designado para ser a nova cidade. Ludwin e os seus homens já estão começando as coisas por lá… Preciso ir encontrá-los…

— Tá bom. — Ela balançou a cabeça. — Durma bem, Souma.

— Sim, boa noite…?!

Houve uma sensação suave e quente na minha bochecha direita. Abri meus olhos, em choque, mas Liscia já havia partido.

Ah… Um beijo de boa noite… F-foi isso, certo? Eles não eram tão incomuns em outros países, certo? É, isso aí, totalmente normal. Nada de especial quanto a isso. Liscia fez isso casualmente, aposto. Não devia haver nenhum significado mais profundo por trás disso. Provavelmente. Tenho certeza.

No final, não consegui nem dormir…

 


 

Tradução: Taipan

 

Revisão: Roelec

 


 

📃 Outras Informações 📃

 

Apoie a scan para que ela continue lançando conteúdo, comente, divulgue, acesse e leia as obras diretamente em nosso site.

 

Quer dar uma forcinha para o site? Que tal acessar nosso Padrim

 

Acessem nosso Discord, receberemos vocês de braços abertos.

 

Tags: read novel Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 01 – Cap. 05.1 – O Lendário Velho, novel Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 01 – Cap. 05.1 – O Lendário Velho, read Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 01 – Cap. 05.1 – O Lendário Velho online, Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 01 – Cap. 05.1 – O Lendário Velho chapter, Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 01 – Cap. 05.1 – O Lendário Velho high quality, Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 01 – Cap. 05.1 – O Lendário Velho light novel, ,

Comentários

Vol. 01 - Cap. 05.1