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Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 01 – Cap. 04.5 – Intermissão 02: Os Suspiros da Duquesa Excel Walter

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Vamos falar sobre o sistema de nobreza deste país.

Após deixar a realeza e os três duques de lado, o povo poderia ser dividido em quatro grupos: os nobres, os cavaleiros, os plebeus e os escravos. (Refugiados, por não serem cidadãos, não se enquadram em nenhum desses grupos.)

Falaremos sobre a escravidão em outra ocasião, mas o que separa os nobres e cavaleiros dos plebeus é o fato de possuir terras ou não.

Por causa disso, a classe de nobres e cavaleiros também pode ser referida como lordes, e os plebeus que vivem em suas terras podem ser chamados de seus vassalos. (Os escravos são considerados bens móveis e, portanto, não estão incluídos neste grupo.) Os lordes têm vários direitos em suas terras e, ao mesmo tempo, responsabilidades militares e outras mais para com o país.

Os títulos e terras da nobreza e cavalaria são geralmente hereditários, mas os plebeus que se distinguem podem receber títulos e terras do país, elevando-os à cavalaria (para aqueles cujas realizações são militares) ou nobreza (para aqueles cujas realizações são administrativas).

Além disso, casar com uma família nobre ou de cavaleiros (neste caso, a pessoa fornece suas próprias terras) também é possível. Essas pessoas são chamadas de novos nobres ou novos cavaleiros.

Esta não é uma distinção formalmente existente, mas certas pessoas teimosas pensam neles como “arrogantes que não nasceram para ser nobres ou cavaleiros” e referem-se aos mesmos desta forma. Novos nobres e novos cavaleiros podem passar seus títulos hereditariamente. (Uma casa costuma poder fazer isso por cerca de três gerações.)

Por outro lado, mesmo nobres e cavaleiros podem, se seus crimes forem grandes o suficiente, ser rebaixados à categoria de plebeu ou escravo. Nestes casos, suas terras e títulos são tomados pelo país e, nos piores casos, toda a casa pode perder o seu status. Isso é conhecido como “destruição”.

A razão pela qual, como observado anteriormente, nobres e cavaleiros se distinguem de novos nobres e novos cavaleiros é que se orgulham de ter mantido o status de sua casa e de ter evitado essa “destruição” por três gerações.

A nobreza e a cavalaria não precisam administrar as suas terras pessoalmente. Principalmente por parte dos cavaleiros, que devem passar a maior parte do ano servindo no exército, o gerenciamento de suas terras fica a cargo dos membros da sua família. O capitão da Guarda Real Ludwin Arcs era um exemplo.

Além disso, entre a nobreza, há aqueles que deixam a gestão de suas terras para os membros de sua casa, residindo em Parnam, onde ocupam cargos importantes como cargos de chefia na burocracia ou como oradores no Congresso do Povo. Essas pessoas são chamadas de nobres da capital, com o ex-primeiro-ministro (e atual camareiro) Marx sendo um exemplo.

No entanto, no momento, o número de nobres da capital havia caído para quase metade do que existia no ano anterior. Os que sumiram foram aqueles cujas irregularidades foram descobertas na auditoria de gastos do governo de Souma. Os investigados haviam sido demitidos de seus cargos na capital e estavam em prisão domiciliar em suas terras.

Para aqueles cujos crimes foram menores, se reembolsassem o dinheiro que desviaram e renunciassem a chefia da família para outro membro da família, sua casa seria autorizada a continuar, mas para aqueles cujos crimes foram graves, todos os seus bens foram apreendidos e sua casa seria destruída.

É claro que não se podia esperar que o tipo de pessoa que se envolveria em tal corrupção consentisse com a destruição de suas casas e ficasse em silêncio. Eles pegaram as suas forças e bens pessoais e tentaram fugir.

No entanto, como Souma e Hakuya podiam ver facilmente através das suas intenções, as fronteiras foram fechadas e não puderam levar seus bens para outros países.

Incapazes de permanecer em suas terras ou fugir para outro país, finalmente, se dirigiram para o ducado do Duque Carmine. Foram até Georg Carmine, que era hostil ao rei, e esperaram por uma oportunidade para se rebelar.

A cidade central daquele Ducado Carmim era Randel.

Embora sua escala de grandeza não fosse tanto quanto a da capital real Parnam, ainda era grande se comparada a outras cidades, com uma população grande o suficiente para, por conta própria, se tornar uma cidade-estado.

O castelo do General do Exército Georg Carmine ficava nela, e uma cidade-castelo cresceu ao redor dele. Entretanto, os generais anteriores foram indiferentes à gestão da cidade e, assim sendo, ao contrário de Parnam, que poderia mudar muito com a direção que o rei escolhesse levá-la, a cidade passava uma sensação de nostalgia, provavelmente a mesma de há 100 anos.

Em uma esquina da cidade de Randel, uma única carruagem estava estacionada. Dentro dela estava uma beldade em seus vinte e poucos anos. Qualquer homem que a visse teria, quase certamente, deixado escapar um suspiro de admiração.

Mesmo envolta em um quimono que era semelhante em estilo aos usados no Japão, sua figura voluptuosa ainda ficava aparente. No entanto, a cauda reptiliana que se projetava das nádegas de seu quimono e os minúsculos chifres que brotavam de seu cabelo azul deixavam claro que não era apenas uma humana comum.

De dentro da carruagem, ela ouvia a agitação da cidade ao seu redor. Devia haver uma taverna por perto, porque podia ouvir um grupo de bêbados resmungando muito claramente.

— Sério, aquele novo rei… Quem ele pensa que somos…? Hic!

— De fato. Somos nós que apoiamos este reino por tantos anos.

— Mas o rei vai e nos ignora, promovendo novas políticas por conta própria!

— Por que o Rei Albert deixou o país para aquele molequinho…?

— Seus empregados não são melhores! Também são um bando de novatos inexperientes! O que há com aquele idiota sombrio de robe preto?! O que há com aquele porco humano?!

— Heh heh heh, tenho certeza que ele só valoriza aqueles que são bons o elogiando.

— Os jovens são propensos a essas coisas! Ele expulsa gente experiente como nós, só por querer ficar escutando elogios. Um rei assim não irá durar muito.

— Isso mesmo! Vamos tomar este país de volta com as nossas próprias mãos!

— Sim! Pelo reino que amamos!

— Pelo reino que amamos!

Pelo reino, é…? Ora, como eles gostam de falar da boca para fora. A mulher na carruagem suspirou. Mesmo aquele suspiro foi atraente.

São vocês que traíram o país com seus atos ilegais. Quando chegou a hora de confrontar a lei, fugiram, então com certeza é bastante ousado dizer que foram expulsos pelo rei. E o rei só valoriza quem o adula? Vocês não estavam olhando quando ele começou a reunir pessoal? Esse rei usaria mesmo aqueles que estavam insatisfeitos com ele, contanto que valessem o esforço. Ele usa Sir Hakuya e Sir Poncho porque são capazes. A razão pela qual não os usa, é por serem inúteis.

Já que eles não entendiam nem esse tanto, ela não se incomodou em ridicularizá-los.

Já passaram alguns meses desde que a coroa foi passada a Sua Majestade, Souma, mas ele não cometeu nenhum grave erro político ou perdeu o apoio do povo. Pelo contrário, demonstrou uma habilidade extraordinária na maneira como resolve a tão temida crise alimentar. Não importa o quanto respeitassem o Rei Albert por sua sagacidade, é um absurdo perguntar: “Por que ele escolheu aquele molequinho?”

A mulher apoiou os cotovelos no parapeito da janela, o queixo entre as mãos.

E pensou que a nobreza se tornou tão inferior às nobres e orgulhosas pessoas que fundaram o país… Seus ancestrais devem estar revirando em seus túmulos.

Embora parecesse ter vinte e poucos anos, esta mulher recordava da era do alvorecer deste reino, há mais de 500 anos. Ela pensou em seus camaradas, sorrindo tristemente.

Como descendente de serpentes marinhas, levaria mais de 500 anos até que fosse levada para o lado deles.

— É em tempos assim que se torna difícil pertencer a uma raça com tanta longevidade. Já me acostumei a me despedir dos que vivem pouco, mas sou forçada a ver coisas desagradáveis como essa. Invejo vocês, que foram capazes de morrer sem se importar com o que aconteceria depois.

Com essas palavras, a Almirante da Marinha Excel Walter, uma dentre os três duques, soltou uma risada autodepreciativa.

— Princesa do Mar!

Quando uma voz se dirigiu a ela de fora da carruagem, Excel se endireitou.

— Sim…?

— Senhora, chegou um relatório de Canaria — disse a voz.

— Mostre — ordenou ela.

— Sim, madame. Aqui está. — A pessoa que falava empurrou os documentos por uma abertura na porta da carruagem.

Excel pegou os documentos, os abriu e examinou o seu conteúdo. Enquanto os lia, seu rosto por fim se abriu em um sorriso.

Entendo… Então é assim que você o julgou. Ainda assim, deseja estar ao lado dele, você diz. Hmm… Isso é muito bom, mas acho que o elogio amoroso gotejando da sua escrita vai me dar azia. Sério, agora… Devo invejar a sua juventude.

Excel congelou os documentos com um suspiro, depois os deixou ir. Os documentos caíram, despedaçando-se ao bater no chão da carruagem.

Deixe-me corrigir o meu erro. Quando você vive por tanto tempo, há ocasiões em que encontrará uma nova luz da maneira mais inesperada. Esse sentimento é algo que vocês que morreram nunca experimentarão, não é?

Bem feito.

Excel tinha o sorriso de uma jovem, não mostrando nem um pouco da sua verdadeira idade.

 


 

Tradução: Taipan

 

Revisão: Roelec

 


 

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Vol. 01 - Cap 04.5