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Como um Herói Realista Reconstruiu o Reino – Vol. 01 – Cap 02.3 – Começo em X

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Trinta minutos após o Rei Souma pedir uma pausa, a cerimônia de premiação foi retomada. No exato momento, a garota loba mística estava sendo agraciada.

Enquanto a cena se desenrolava, fiquei assistindo com os outros vencedores.

— Seu dom é notável — disse ele à garota loba. — Espero que o coloque a serviço do nosso país.

— T-tá! E-entendi!

Ela está gaguejando o tempo todo…, pensei. Que adorável.

O que aquela adorável garotinha poderia ter dito para alarmar tanto o rei, para fazê-lo pedir até uma pausa? Além do mais, aquela garotinha foi a única que foi chamada para outro lugar durante a pausa. Estava claro que foi por um motivo importante, mas no momento não havia como eu saber o que era.

Desde o momento em que cheguei, fiquei observando o rei em questão. Ele parecia normal. Tinha ouvido que fora convocado como um herói, mas parecia ser exatamente como qualquer outro cidadão comum. Ele não usava coroa, não carregava cetro, não usava capa e, embora seu modelo fosse incomum, enquanto ficava ali com aquelas roupas casuais, não parecia ser um rei, mesmo ficando em pé diante do trono.

Se eu olhasse em sua direção, seu olhar às vezes assumia a aparência de um estadista. Era um homem muito difícil de se definir. Pela maneira como agia, poderiam dizer que se tratava de um rei aceitável, suponho.

Com o apelo direto da guerreira elfa negra, havia mostrado magnanimidade e, mesmo sem querer, encontrou uma solução para o problema dela. Pelo que aconteceu com a garota loba mística, parecia que também poderia improvisar quando necessário. Era um pouco estranho, mas, bem, eu lhe daria uma nota de aprovação.

No entanto, seu verdadeiro julgamento estava por começar.

O gordo ao meu lado suava profusamente, embora eu não soubesse se era suor frio ou gorduroso. Me virei para encará-lo. Em seguida, seria sua vez de receber o prêmio.

No caminho, ele mesmo me disse qual era o seu dom. E, no que me dizia respeito, era “o dom que este país mais precisa no momento.”

Quando ele o descobrir, qual será o julgamento do jovem rei?

Irá menosprezar a aparência do homem (uma barriga enorme e um rosto redondo), que ninguém acharia atraente, com lisonjas vazias?

Será que irá zombar dele na frente de todo o país?

Mesmo se não for tão longe, deixará a importância do dom do homem passar em branco? Se fizer qualquer uma dessas coisas, eu…

— Em seguida, Poncho Panacotta da Vila Potte, dê um passo à frente!

— S-sim, vou fazer isso, sim!

Quando o primeiro-ministro Marx chamou seu nome, o gordo chamado Poncho avançou com passos pesados, sua barriga redonda balançando. O jeito cômico como ele andava arrancou risadas de todos os lados. Até a Princesa Liscia estava lutando para reprimir um sorriso.

Quando olhei para ver a reação do rei, seu rosto estava sério. Sem sorrir, sem desagradar, apenas olhando para Sir Poncho com uma expressão séria.

— O dom deste aqui, como você deve ter adivinhado pela aparência dele, é comer — disse Marx. — Durante o processo de inscrição, várias pessoas afirmaram ter o “dom de ser um grande comedor”, mas nenhuma conseguiu derrotá-lo. Além disso, sua postura em relação à busca por comida é incomum. Ele já viajou o mundo, comendo os famosos e bizarros pratos de cada região. Em suas próprias palavras: “Se for comestível, eu como.” No entanto, parece que ele gastou toda a sua fortuna viajando e comendo, então não está tão bem quanto poderia estar… Ahem. Apesar disso, pode-se dizer que ele tem um dom único em nosso país, então…

— Estive esperando por você! — O rei começou a se mover antes mesmo que Marx pudesse terminar de ler sua explicação. Quando ele chegou até Poncho, segurou sua mão com ambas as mãos, sem se preocupar em esconder a sua alegria. — Fico feliz por você ter respondido ao meu chamado! É por uma pessoa como você que eu esperava!

— Huh… uh… Hein? — Sir Poncho arregalou os olhos. Seu cérebro não conseguia acompanhar a situação.

Eventualmente, perdeu a noção e seu rosto enrijeceu.

— E-eu, Vossa Majestade?

— Exatamente! Você é aquele por quem este país estava esperando! Mais do que qualquer uma dessas outras pessoas talentosas, estou feliz por você ter vindo! Sempre pensei que alguém como você estaria entre os funcionários públicos, então valeria à pena recomendar que eles se inscrevessem!

— V-você pensa tanto assim de mim, é?

— Sim. Seu conhecimento por vagar pelos cantos do mundo comendo alimentos famosos e bizarros será a chave para salvar este país!

Quando o rei disse isso, Sir Poncho deixou um rio de lágrimas correr.

— E-eu… Todo mundo sempre me chamou de gorducho… Um idiota que desperdiça todo o dinheiro com comida… Quanto a mim, só saía comendo por aí porque queria comer, então achei até que todos tinham razão… Até a minha gula pode ser de serventia para este país?

O rei deu um tapinha no ombro de Sir Poncho, que chorava.

— Deixe que digam o que quiserem sobre você. Não importa quão trivial alguma coisa seja, se você a dominar, isso é um dom. Fique orgulhoso! O apetite que te fez não hesitar em gastar sua fortuna salvará este país! Por favor, compartilhe sua sabedoria comigo!

Ouvindo o pedido sincero de seu rei, Poncho enxugou as lágrimas com a manga.

— S-sim! Se meu conhecimento ajudar, por favor, use-o, sim! — respondeu ele alegremente.

Quando olhei ao redor, vi que a maior parte do público ali estava boquiaberta, incapaz de digerir a situação. Em meio a tudo isso, o Rei Souma voltou ao trono, virou-se para Marx e disse:

— Neste país, há uma tradição de o rei recompensar os servos merecedores, ou aqueles por quem tem grandes esperanças, com um novo nome, não há?

— Ah, sim… Isso mesmo, senhor.

— Nesse caso, Poncho, dou a você o nome de Ishizuka. Em minha terra natal, esse era o nome de um “buscador insaciável e evangelista da comida.” Trabalhe duro para não envergonhar esse nome.

— Si… Sim senhor! Sim, obrigado!

Este foi o momento explosivo em que Poncho Ishizuka Panacotta nasceu. A primeira pessoa que o rei Souma deu as boas-vindas pessoalmente como um de seus apoiadores foi o homem rotundo com um apetite vigoroso, Sir Poncho.

Eu queria chorar de alegria. Esplêndido! Este era um rei que tinha suas prioridades bem definidas!

Se iria contratar Poncho ou não, era o critério básico para este rei. Pensei que se ele falhasse em reconhecer o valor do homem, mas o contratasse pelo potencial que um dia poderia se provar útil, já serviria de aprovação. Se ele tivesse escolhido não contratá-lo baseado apenas em sua aparência, isso seria um fracasso. Nunca ousei imaginar que ele o receberia com tanto entusiasmo. Foi um feliz erro de cálculo da minha parte.

Este homem pode muito bem salvar este país.

Senti algo brotando dentro de mim.

Parece que não posso mais ficar só assistindo…

— Rei Souma, uma palavra com você, se me permite — falei.

— Rei Souma, uma palavra com você, se me permite.

Com todos os prêmios entregues, quando eu estava prestes a declarar o fim da cerimônia, o jovem de robe preto, Hakuya Kwonmin, deu um passo à frente e ajoelhou-se. Agora seus olhos sonolentos estavam bem abertos. Só com isso, ele misteriosamente passou uma sensação diferente.

Sentindo algo como uma leve premonição, virei-me para Hakuya e perguntei:

— Você tem algo a dizer?

— De fato. Embora eu esteja aqui por recomendação de outro, agora minha recomendação é de meu desejo.

Uma auto-recomendação. Então ele quer se vender por méritos próprios?

— Hmm… Já te prometi o cargo de bibliotecário dos arquivos do palácio. Se quer se auto-recomendar, então significa que está insatisfeito com isso? O que é que você busca?

— Se possível, desejo colocar-me a seu serviço, Vossa Majestade.

— Mas não como bibliotecário?

— Correto. Com minha sabedoria, procuro apoiar sua supremacia.

— M-minha supremacia?

Supremacia é uma coisa ousada para se reivindicar, pensei. Se ele pretende apoiar isso com a sua sabedoria, o que planeja se tornar? Um general encarregado de assuntos militares e relacionamentos internacionais ou um primeiro-ministro encarregado por assuntos internos…?

Olhei diretamente para Hakuya.

— Interessante, mas você tem um dom bom o suficiente para fazer isso?

— Humildemente declaro que sim.

— Então você pode fazer mais do que recitar as leis de memória?

— Com todo o respeito, creio que já lhe disse isso. Disse que “Leis, literatura, manuais técnicos, leio qualquer coisa.” Tenho informações sobre todos os campos de estudo armazenadas na minha cabeça.

— Entendo… — Então soube o que esteve me incomodando antes. Embora pudesse recitar as leis de memória, ele disse que lia todos os tipos de livros. Isso significava que seu conhecimento não se limitava apenas às leis. Para ele, as leis que havia memorizado eram apenas um pequeno fragmento dos diversos conhecimentos que possuía. — Por que você não disse isso antes?

— Procurei julgar se você era um governante digno de meu serviço.

— Então, isso significa que sou digno?

— Você recebeu uma nota de aprovação, suponho.

Que insolência, pensei. Mas, ainda assim… Ele é interessante. Está se gabando ou tem alguma habilidade para apoiá-lo…? De qualquer forma, acho que ainda não há como saber.

— Vou deixá-lo com Marx! — falei. — Julgue o dom deste e dê a ele uma posição adequada para tal.

— Como desejar, senhor.

— Muito obrigado.

Marx e Hakuya se curvaram.

Poucos dias depois, Marx correu para o escritório de assuntos governamentais, gritando: “Senhor, você me pediria para ensinar um wyvern a voar?!” Era uma expressão idiomática deste mundo usada ao tentar ensinar a alguém mais do que você sabe.

Naquela época, eu não tinha como saber que aquele era meu primeiro encontro com o homem que viria a ser conhecido como o Primeiro-Ministro do Robe Negro.

Na história, existem algumas cenas que são facilmente dramatizadas pelas gerações posteriores. Existem algumas condições para isso:

Primeiro, deve ser o momento decisivo de uma era.

Segundo, deve haver um certo talento quando dramatizado.

Estas são as duas condições.

Na história de Elfrieden, a cena mais dramatizada nos anos posteriores foi a “Reunião de Pessoal do Rei Souma”. Dizia-se que existiam três personagens principais neste ato.

Visto da perspectiva de Souma, foi uma de suas maiores realizações. Da perspectiva do homem que viria a ser chamado de Primeiro-Ministro do Robe Negro, Hakuya Kwonmin, isso se tornaria “o ponto de virada de uma era”. E da perspectiva de uma certa outra pessoa, era o ponto de virada na história da Cinderela de sua vida.

No entanto, existem diferentes teorias sobre quem é essa terceira pessoa.

Alguns dizem que era a Guerreira do Vento Oriental, Aisha Udgard, que, apesar de ser uma elfa negra que vivia na floresta, jurou lealdade ao rei, e daquele ponto em diante esteve sempre ao seu lado servindo-o.

Alguns dizem que foi a Prima Lorelei, Juna Doma, que foi reconhecida pelo rei, aprendeu as canções de seu país, deu origem ao conceito de uma lorelei, cuja palavra passou a indicar uma cantora ídola em Elfrieden, e foi amada pelo rei e pelo povo.

Alguns dizem que foi a Princesa Loba Sábia, Tomoe Inui, que, apesar de ser uma refugiada, foi instantaneamente adorada pelo Rei Souma e pela Rainha Liscia, e tida como irmã adotiva da rainha.

No entanto, o que mais se destacava nas dramatizações era Poncho Ishizuka Panacotta.

Zombado por todos ao seu redor por causa de seu peso, o glutão nada espetacular foi, por meio da “Reunião de Pessoal do Rei”, capaz de mudar sua vida. Para as pessoas exauridas pela vida diária, essa história verdadeira os comovia e dava energia, e por isso passou a ser dramatizada muitas vezes.

Parece estranho chamar a história de um homem roliço de história da Cinderela. No entanto, apesar de ele ser um pouco desmiolado, era difícil não gostar dele. Foi amado por todos e, por isso, disseram que isso era perfeito para ele.

Além disso, como a emocionante recepção do Rei diante de Poncho foi transmitida por todo o reino, teve o efeito colateral inesperado de muitas pessoas talentosas se reunindo em Elfrieden, pensando: “Se um cara daqueles pode ser alguém importante, então eu também posso…” A partir desse evento, nos últimos anos, um novo provérbio que significa “comece com as coisas pequenas” foi criado.

“Comece com Ishizuka.”

 


 

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