Arthur, Vale Cinza.
Minha cabeça dói. Onde estou?
Quando minha vista focou, eu mal enxergava as paredes de terra em formato de cúpula em que estávamos.
Vi meus companheiros, ainda inconscientes e me esforcei para lembrar de tudo o que havia acontecido na noite anterior. O sufoco, o Olho, o medo.
Não sabia onde estava, nem como havia chegado lá, mas os outros também não pareciam fisicamente feridos. Galileu não estava conosco.
Quando comecei a me levantar, senti algo pontiagudo contra minha perna. Levei a mão ao bolso e encontrei o amuleto que Thane havia nos dado, partido ao meio.
Puta merda. Nossa melhor forma de falar com Thane estava em pedaços.
Travei minha respiração enquanto buscava o pingente em meu pescoço. Suspirei ao garantir que estava intacto.
— Arthur…?
A voz de Sanir me pegou desprevenido, me levantei com um salto.
— Você me assustou. Está ferido?
— Não… só meio tonto.
Um barulho veio de cima, como se algo estivesse se chocando com a pedra. Poeira começou a cair do topo da cúpula enquanto os golpes continuavam, seguidos de um estalo.
Me preparei para desembainhar minhas espadas assim que necessário.
***
Shimitsu Morioka, Refúgio da Raposa, manhã.
— Pessoal, é uma carta da Trégua!
Tousha balançava uma carta logo acima da cabeça, enquanto corria pela vila. Nosso lar fica em uma clareira na Grande Floresta de Aldoria.
Todos na vila eram Kitsunes, raposas humanoides com pelagens de diversas cores. No caso do mensageiro, o verde limão predominava, agora sujo de terra. Essa é uma das características que nos diferem de outros homens-raposas comuns, acredita-se que nossos ancestrais pertenciam a outro lugar muito distante.
Quando todos se reuniram na praça, Tousha arrancou a cera da carta e começou a ler em voz alta.
“Olá a todos, espero que estejam todos bem. Durante minha jornada aprendi muitas coisas que adorarei compartilhar com vocês. A saudade de casa ocupa um espaço muito maior em minha mente do que consigo explicar. Passarei por uma cidade chamada Declive Profundo para reabastecer minha bolsa de suprimentos e estarei de volta até o fim do mês. Trago presentes. Até lá, fiquem bem. Trégua.”
Todos se alegraram com a notícia, afinal nossa maior espadachim e mentora estava retornando. Todos se prepararam para o dia em que ela chegaria, seria um verdadeiro festival.
Um festival que nunca aconteceu.
Dois meses se passaram desde que a carta chegou. Os outros Grandes Mestres decidiram que algo deveria ser feito.
Os principais discípulos de nossos líderes foram designados para se espalharem pelo continente em busca da desaparecida.
Eu, Shimitsu Morioka, primeiro discípulo de Trégua, também fazia parte da missão.
— Shimi, como foi a reunião? — minha mãe, uma Kitsune de pelagem branca e vermelha, estava regando as flores no jardim quando cheguei.
— Tudo bem, mãe, mas precisamos conversar. Todos nós.
Sua postura ficou séria e ela rapidamente terminou o que tinha a fazer e foi chamar os outros.
— Querido, Mirai, Kiiro, reunião de família. — pude ouvir o chamado enquanto limpava meus pés antes de entrar.
O primeiro a chegar foi meu irmão, que assim como eu, tinha uma mistura dos traços de meus pais. A segunda foi minha irmã, com sua cor amarela, única na família desde que minha avó se foi. O último foi meu pai, que tinha os pelos brancos com traços azuis, me dando um aceno de cabeça, indicando que era hora de começar a falar.
— Os anciões decidiram que precisamos encontrar Trégua. Preciso partir amanhã — declarei, tentando manter a voz firme apesar da turbulência de emoções dentro de mim.
— Se é o que você deve fazer, não podemos fazer nada além de desejar boa sorte — respondeu meu pai, sua expressão inexpressiva revelando a preocupação que tentava ocultar.
— Quando você volta? — Kiiro perguntou, sua voz carregada de ansiedade.
— Quando eu encontrá-la, mas se a missão demorar, prometo escrever sempre que possível. Mirai, não esqueça do seu treinamento enquanto eu estiver fora — disse, dirigindo-me a eles com um olhar sério, consciente da responsabilidade que recaía sobre mim como irmão mais velho.
Olhei para meus irmãos, agora não mais crianças, mas jovens capazes e fortes. Mirai tinha 17 anos, enquanto Kiiro tinha 15. Eles assentiram com determinação, demonstrando uma maturidade que me encheu de orgulho, mesmo que estivesse misturada com a preocupação pela jornada na qual eu estava prestes a embarcar.
***
Enquanto estudava um mapa do continente, tracei minha rota, passaria por algumas cidades élficas até chegar na Grande Muralha. Assim que atingisse seu topo, a cruzaria para chegar em Vantrol. Lá, haveria apenas uma cidade chamada Vale Cinza no caminho.
No dia seguinte, com minhas coisas já preparadas, dei um abraço em cada um deles e parti em direção a Declive Profundo.
Quando parti, estava acompanhado de mais três companheiros. Já havia treinado com eles várias vezes antes.
Mais uma característica que diferencia as Kitsunes de homens-raposas, é a capacidade de se disfarçar. Em vez de meus traços habituais, adotei a forma de um humano pálido com cabelos brancos, camuflando minha verdadeira identidade para evitar qualquer atenção indesejada em nossa jornada.
Ao anoitecer do primeiro dia de viagem, chegamos em uma cidade élfica. Nosso caminho seria por dentro da densa floresta, então deveríamos fazer toda a jornada a pé.
Enquanto nos acomodávamos na pequena pousada da cidade, uma atmosfera de expectativa permeava o ambiente. Após um dia inteiro de viagem, estávamos exaustos, mas também ansiosos pela próxima etapa da nossa jornada. Sentados ao redor da mesa no quarto compartilhado, discutíamos nossas próximas ações.
— Somos quatro e temos cinco cidades para investigar — comecei, enquanto os outros olhares se voltavam para o mapa estendido diante de nós. — seria sensato nos dividirmos.
Isa, sempre prática em suas sugestões, propôs:
— A partir da próxima cidade, um de nós poderia ficar para investigar, enquanto os outros seguem em frente.
Concordamos com a ideia, vendo sua lógica.
— E assim que alguém terminar com uma cidade, passa para a próxima que ainda não foi investigada — acrescentei. — devemos deixar mensagens antes de partir, para que possamos nos encontrar depois e compartilhar o que descobrimos.
Com o plano traçado, nos dispersamos pela noite, aproveitando para relaxar e nos preparar mentalmente para os desafios que viriam pela frente. Enquanto alguns de nós percorriam as ruas, absorvendo a cultura local e coletando informações valiosas, outros se dedicavam a garantir que tivéssemos suprimentos suficientes para a jornada que nos aguardava.
E assim o fizemos. Ao chegar na última cidade antes da Grande Muralha, reabasteci meus suprimentos para seguir sozinho.
Seguiria por uma estrada que me levaria direto para Vale Cinza. Como ainda não havia anoitecido completamente, fui até uma taverna.
— Quero uma dose de hidromel e uma informação. Conhece alguém que possa me dar uma carona até Vale Cinza? — perguntei ao taverneiro, colocando algumas moedas na mesa.
— Conheço um comerciante — me respondeu, servindo a bebida — ele partirá amanhã para Vinar, mas pode te deixar no caminho. Ele deve estar terminando de carregar as carruagens. Aqui o endereço. — escreveu algo em uma tira de papel e me entregou.
— Muito obrigado.
Ao chegar no endereço indicado, me encontrei em frente a um tipo de depósito, onde cinco carruagens estavam sendo carregadas com caixas de madeira.
— Como posso ajudá-lo, amigo? — perguntou um Elfo que se aproximava.
— Estou procurando o responsável por essa caravana.
— Este seria eu, Phineas. Do que precisa?
— Muito prazer, Shimitsu. — Estendi minha mão esquerda, única que tenho, em cumprimento. — Ouvi que você passará por Vale Cinza amanhã e gostaria de saber se poderia me levar até lá.
Phineas olhou para as duas espadas em minha cintura, depois para meu ombro onde faltava um braço.
— Você luta?
— Fui treinado pela melhor.
— Então poderia fazer serviço de escolta até cruzarmos as montanhas. Há muitos saqueadores por lá.
Ao amanhecer, sentei-me ao lado do cocheiro de uma das carruagens puxadas por dois cavalos cada.
Ao meio-dia estávamos descansando no topo da Grande Muralha. Essa seria uma viagem que me custaria no mínimo três dias se fosse andando, mas ainda hoje chegarei lá.
Assim que retomamos nossa jornada, já me perguntava quando avistaria a cidade ao horizonte. O condutor ao meu lado soltou um suspiro, visivelmente aterrorizado.
O som agudo de um grito ecoou pelo ar, fazendo a caravana parar abruptamente.
Saltando do meu assento, corri para a frente, onde encontrei Phineas olhando paralisado para o horizonte vazio.
— O que aconteceu? — perguntei, minha mão indo instintivamente para o cabo de minha espada, pronta para qualquer ameaça que surgisse. — Algum problema à frente?
Phineas engoliu em seco antes de responder, sua voz carregada de temor.
— O problema não é o que está lá, mas sim o que não está. A cidade inteira… desapareceu.
— O que disse? — não pude esconder a surpresa em minha voz.
— A cidade inteira… se foi. Ontem mesmo recebi uma carta de meu amigo e sócio, ele estava aqui ontem. — Phineas estava com os olhos arregalados, enquanto outros se aproximavam, em pânico e com lágrimas nos olhos.
O pânico ensaiava aparecer em minha mente. Trégua estaria naquela cidade quando desapareceu? O que seria capaz de fazer com que uma cidade inteira desaparecesse assim?
— Sigam o caminho de vocês, procurarei por rastros do que pode ter acontecido aqui.
— Alguns de nós tínhamos amigos e família nessa cidade, não podemos simplesmente ignorar isso.
— Ainda pode ser perigoso ficar por aqui, investigarei primeiro e os informo sobre o que encontrar, meu próximo destino é Declive Profundo, posso deixar uma mensagem por lá.
O Elfo pensou por um longo momento antes de se virar para seus companheiros, tentando sem sucesso manter uma expressão de confiança em seu rosto.
— Seguiremos em frente até descarregarmos, após isso retornaremos. Precisamos levar a notícia do que aconteceu aqui para as outras cidades, se é que ainda não sabem.
Todos voltaram em silêncio para seus lugares e assim que chegamos na grande cratera que agora havia entre a descida de uma montanha e a subida de outra, agradeci ao cocheiro a quem eu estava acompanhando, dei um aceno a Phineas e deixei a caravana.
Não havia poeira ou detritos no chão. Era como se a terra tivesse sido prensada por uma força estrondosa.
Nada sobrou da cidade. Nem um único resquício de que ali um dia havia sido habitado.
Nada de destroços, nada de corpos, nada.
Segui andando procurando por algo, qualquer tipo de sinal que me revelasse o que haveria acontecido ali.
Já começava a perder as esperanças quando vi algo que se destacava no chão. Um pequeno monte de terra que parecia ter se protegido da destruição.
Assim que cheguei, notei que a terra estava dura, era como se aquela força que caiu sobre o local tivesse sido impedida ali.
Essa dobradura no solo tinha menos de meio metro de altura e um formato circular com cerca de três metros de diâmetro.
Testei pisar nessa área e percebi que era oca, mas resistente.
Busquei uma pequena adaga em minha mochila e usei seu cabo para golpear a cúpula.
Quando comecei a fazer progresso, ouvi uma voz jovem com sotaque arrastado vindo de baixo.
— Ei vocês, acordem! Parece que tem alguém lá em cima.
— Vocês estão bem? Que merda que aconteceu aqui? — Perguntei.
— Nos ajude a sair daqui e te explicamos. — disse uma voz mais velha. — Cuidado aí.
Senti uma forte pancada no chão empedrado e uma pequena fenda começou a se abrir.
Continuei golpeando até que fui capaz de ver um grande rosto de pele cinza-azulada, com um cristal azul-escuro que refletia a luz que entrava no buraco onde estavam.
— Afaste-se. — ele disse, então eu o fiz.
Logo em seguida, vi o cabo de sua arma abrindo espaço suficiente para que uma pessoa pudesse passar.
Olhei pelo buraco — que tinha quase três metros de profundidade — e vi que ele empunhava um tridente, além dele haviam outras três pessoas.
Ele se virou para seus companheiros e sinalizou em minha direção enquanto eu guardava minha adaga.
— Vamos sair daqui, eu dou apoio a vocês.
O primeiro a sair foi um halfling, que quase foi arremessado pelo Golias.
— Valeu aí, meu nome é Sanir Galho-Negro, qual o seu? — disse tirando a poeira de suas roupas
— Shimitsu Morioka, e sem problemas.
O próximo foi um humano jovem de cabelos castanhos, que estendeu a mão direita para me cumprimentar, mas a trocou logo que percebeu que eu tinha apenas o braço esquerdo.
— Arthur, é um prazer.
Os outros dois os seguiram e assim que todos estavam acima do chão, se apresentaram a olhar ao redor. Pareciam surpresos.
Eles ainda não sabiam. Pensei.
— Vocês sabem o que aconteceu aqui?
Arthur abriu a boca para falar.
— Ontem à noite estávamos na taverna, então um olho triangular, roxo e gigante apareceu no céu. Centenas de milhares devem ter morrido. — a voz do jovem, que não parecia ter atingido a maioridade a muito tempo, carregava dor, ele sentia o peso de cada morte, não só ele como todos daquele grupo, os únicos sobreviventes.
Eu sabia disso, já que nós Kitsunes temos facilidade em perceber os sentimentos dos outros. E algo me chamou a atenção nesse humano.
Posso tê-lo conhecido há menos de cinco minutos, mas eu pude sentir, ele esconde algo.
— Hum… tudo bem? — ele perguntou.
Percebi que eu o encarava por quase um minuto.
— Não é nada, só tem algo estranho…, mas melhor deixar pra lá por enquanto. Isso é tudo o que vocês sabem? Um olho gigante?
— Ele tinha uma presença grandona — continuou Sanir — e quando saímos da taverna o chão desabou. E então acordamos lá embaixo.
— O que fazemos agora? — Thorian questionou — mais pessoas podem ter sobrevivido. Aqueles caras devem estar vivos ainda, não é? E Galileu?
— Aqueles caras? — perguntei.
— Não é nada de mais.
Eu sabia que não era verdade, mas deixei passar.
— Vamos ver se encontramos mais alguma coisa e então vamos para uma cidade aqui perto. — sugeri.
Após uma hora de busca não havíamos encontrado mais nada. Se minha mentora estava naquela cidade, não haveria nenhum vestígio, assim como as outras pessoas não os deixaram. Aquele grupo era realmente o único sobrevivente, pelo menos o único que ainda estava por ali.
— Vamos até Declive Profundo, eu já estava indo para lá mesmo, vocês precisam descansar.
Durante o caminho, Sanir apareceu ao meu lado.
— Aí, o que tá fazendo aqui? E como você perdeu seu braço? E por que você tem duas espadas? Você não segura ela com a boca, né?
— Sanir, não se faz esse tipo de pergunta para alguém que você acabou de conhecer. — o Golias interviu.
— Não tem problema. Estou procurando alguém. Perdi meu braço em batalha e eu não uso uma espada na boca, isso nem faz sentido.
Notei que desde que encontrei o grupo, aquele chamado Jack não havia tirado seu capacete e estava em silêncio total, apenas ouvindo.
Era perceptível que estavam todos abalados. Quem não estaria? Eles acabaram de sobreviver a algo que apagou uma cidade inteira, junto de milhares de vidas.
A paisagem mudou enquanto descíamos a montanha.
A caminhada até Declive Profundo foi longa. Fizemos uma pequena pausa no meio do caminho.
A tensão no ar se aliviou quando a cidade começou a surgir em nossa visão. Rodeada por plantações e fazendas. A estrada de terra batida na qual estávamos nos levava diretamente até a concentração de casas, onde vivia a maior parte da população, e principalmente onde haveria comércio. E informações.
— Vamos até uma taverna, vocês precisam de uma bebida.
Assim que chegamos em Declive Profundo, a cidade estava calma. Poucas pessoas andavam pelas ruas e pude sentir um fraco rastro de medo pairando no ar.
Fomos em direção ao primeiro bar que encontramos, mas antes mesmo de entrar, podíamos ouvir um tumulto acontecendo lá dentro.
— Nos traga mais duas dessa. — uma voz masculina berrava em tom de ameaça.
— Senhor, não temos mais, você já tomou todo nosso estoque, essa é uma bebida cara. — respondia uma voz mais velha e suave, marcada pelo medo.
— Se não tem mais bebida, paguem em dinheiro.
Assim que abri a porta de madeira do prédio, vi cerca de oito pessoas sentadas em mesas dispersas, além da mulher de idade que estava no balcão, conversando com dois homens jovens e de aparência idêntica. Ambos humanos de cabelos escuros e pele clara, com olhos negros profundos e vestindo roupas luxuosas.
Eles se viraram em nossa direção.
— Carne fresca. — aquele com o físico levemente mais notável disse.
— Estão se intrometendo em nossa conversa, sentem-se com os outros e esperem sua vez de pagarem os tributos. — completou aquele com um grande cajado.
— Que porra vocês pensam que estão fazendo? — gritou Arthur sacando suas espadas.
O homem que tinha uma grande katana em sua cintura soltou a garrafa que balançava na direção da taverneira e começou a andar em nossa direção. O outro o seguiu.
— Qualquer um que tentar sair daqui, terá uma morte ainda pior do que esses insolentes terão. — ameaçou um dos agressores, enquanto desembainhava sua arma.
Minhas veias saltaram e senti o ódio queimando em meu peito assim que vi o brilho que vinha daquela espada. Uma lâmina roxa que parecia arder em chamas púrpuras. Fukushu
Autor: HaltTW
Revisão: Bravo
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