Dark?

Bruxa Errante, a Jornada de Elaina – Vol. 6 – Cap. 04 – A História de uma Doença, uma Bruxa e uma Vassoura

Todos os capítulos em Bruxa Errante, a Jornada de Elaina
A+ A-

Entre os magos, existem aqueles que ostentam o título de bruxa, o posto mais alto, mas quando encontro pessoas que têm a impressão de que uma bruxa é algum tipo de pessoa fantástica que pode resolver todo e qualquer problema, não posso deixar de balançar a cabeça.

Bruxas não são perfeitas. Nós cometemos erros. Existem muitas coisas que não podemos fazer.

Por exemplo, não podemos trazer os mortos de volta à vida, não podemos parar o tempo para o mundo inteiro e não podemos manipular o tempo com total domínio… Quer dizer, provavelmente existem algumas bruxas que podem, mas eu definitivamente não posso. Se pudesse, não ficaria presa dentro de casa em dias chuvosos.

Bruxas também não podem alcançar a imortalidade. Não podemos estar vivas e mortas ao mesmo tempo. Não podemos estar acordadas e dormindo ao mesmo tempo. Existem muitos outros exemplos, mas, em resumo, as bruxas não são onipotentes, embora as coisas que podemos fazer sejam tão abrangentes que provavelmente seria mais fácil listar todas as coisas que não podemos fazer do que as que podemos. E, sério, nunca me incomodou que não pudesse fazer esses tipos de coisas. Mesmo se eu pudesse estar acordada e dormindo ao mesmo tempo, qual seria o sentido disso?

Contudo…

Se por acaso houvesse uma bruxa que pudesse curar qualquer doença, como seria…?

Quando a maioria das pessoas se torna bruxa, elas têm um bom domínio de feitiços que podem curar ferimentos, mas quanto a uma bruxa que pode curar qualquer doença… Bem, em todos os meus dias de viagem, nunca ouvi falar de tal pessoa, muito menos visto.

Mas seria tão maravilhoso se ela existisse.

Gostaria muito, muito mesmo que ela viesse para o meu lado e me livrasse desta terrível doença. Ninguém vai convenientemente aparecer e me curar?

Coff

Se não, acho que posso morrer.

Agora mesmo, tenho certeza de que foi o aperto gelado da morte fechando em torno do meu coração. Estou sofrendo de uma doença grave. Uma verdadeira questão de vida ou morte.

Enquanto falava comigo mesma, o teto para o qual olhava estava deformado e distorcido e eu poderia dizer que minha cabeça estava girando de febre. Parecia que o fluxo do tempo havia diminuído para um rastejar.

O ponteiro dos segundos do relógio sempre se moveu tão devagar…?

— Você está bem, Senhorita Elaina?

Ao lado da cama veio uma voz gentil que parecia muito preocupada comigo. Quando levantei minha cabeça, havia uma garota olhando para mim com um rosto igual ao meu.

Tentei sacudir a cabeça, mas estava tão mole que mudei de ideia. Minha boca abriu e fechou várias vezes até que finalmente consegui sussurrar:

— Não estou… bem… acho que… estou morrendo…

Agora, essa doença grave, essa questão grave de vida ou morte que me prendeu em suas garras de gelo, a fonte de todo o meu sofrimento, o que poderia ser?

Isso mesmo, estou resfriada.

 

 

— Não, não, é só um resfriado comum. O que você está dizendo?

Eu estava olhando para a Senhorita Elaina, que estava olhando fracamente da sua cama para o teto.

Como eu era sua vassoura e ficava presa ao lado dela todos os dias, também sabia o motivo de sua condição atual. Apesar de ser o meio do inverno, ela abriu todas as janelas de seu quarto antes de pular na cama, dizendo: “Hoje estou com vontade de aproveitar o ar fresco”. Foi aí que ela estragou tudo. Veja, ocasionalmente, a Senhorita Elaina pode ser uma idiota sem esperanças.

— Ah… tenho certeza que peguei alguma doença local horrível… tenho certeza que meu tempo está quase acabando… Vá embora, minha amada vassoura. Não acho que vou me recuperar… A morte está chegando…

Minha dona estava obviamente exausta física e mentalmente por causa da doença. Era isso ou suas escolhas de vida questionáveis ​​estavam finalmente alcançando-a em seu momento de fraqueza.

— Está tudo bem, Senhorita Elaina. Tenho certeza que você estará em paz em breve.

— Você está certa… porque assim eu vou morrer…

— Não, não é isso que quero dizer.

— Hmm…? Eutanásia…?

— Isso também não é o que quero dizer.

Ela tinha passado da aceitação, direto para a miserável rendição.

Você não vai morrer de um simples resfriado!

Mas a única razão pela qual fui capaz de conversar assim com a Senhorita Elaina foi porque ela lançou um feitiço que me fez assumir a forma humana.

Lembrei-me dela me convocando enquanto era devastada pelo peso de sua doença.

— Remédio… Por favor… vá comprar algum remédio para mim… — implorou ela.

— Hm…, gostaria de ir e comprar um remédio para você, mas…

— Não… você não pode.

Ela não estava agindo como a Senhorita Elaina que eu conhecia. Ela agarrou minha saia e se recusou a soltar. Ela esperou tanto para me chamar que ficou delirando e, em vez de me mandar buscar remédios, agora me implorava para não sair do seu lado.

Quando assumi a forma humana, Elaina caiu no chão, então rapidamente a movi para a cama, mas…

— Não vá, por favor… — Antes que pudesse sair para comprar os remédios, Elaina olhou para mim com os olhos turvos. — Ouça… se eu ficar sozinha assim, vou morrer… vou morder minha língua, engolir e morrer, você está bem com isso?

— Você ainda tem energia para morder sua língua?

— Sim.

— Não, você não tem.

— Shim, eu fenho.

— Posso te ver tentando e você claramente não tem.

— Por favor, não me deixe.

E então andamos em círculos.

— Mas se eu não for, você não vai melhorar, Senhorita Elaina. — Endureci meu coração, afastei a mão de Elaina e me levantei.

— Ah…

Se eu fosse descrever a expressão da Senhorita Elaina naquela hora, diria que parecia tão lamentável quanto um cachorrinho abandonado à beira da estrada, cansada e triste além de qualquer descrição. Ela parecia que ia explodir em lágrimas a qualquer momento. Fiquei surpresa ao sentir um aperto em meu peito. A visão dela fez meu coração doer um pouco.

— Bem, então ficarei ao seu lado e lerei um livro para você até que adormeça, Senhorita Elaina. O que acha disso?

Esperava que o acordo levasse Elaina a concordar que eu tinha que deixá-la sozinha para buscar o remédio de que precisava.

Por minha sugestão, ela parecia ligeiramente aliviada.

— Nesse caso… entendo… Tudo bem, por favor, volte antes que eu acorde… tá?

— …

Como é possível eu querer protegê-la em um momento e dar-lhe um tapa no próximo?

Limpei a garganta ruidosamente, afastando aqueles pensamentos brutos e sentei-me na ponta da cama da Senhorita Elaina.

O livro que abri foi “As Aventuras de Nique”, a cópia que Senhorita Elaina carregava consigo.

Ela já leu isso muitas vezes, então deve se cansar e adormecer rapidamente.

 

 

 

— Hm… Era uma vez, em um certo lugar, uma bruxa…

Zzz

Ela dormiu.

Cinco segundos depois de eu começar a ler, a Senhorita Elaina desmaiou.

— …

Rapidamente deixei o quarto, pensando em muitas coisas que preferia não dizer.

 

 

Lembrei-me de que a Senhorita Elaina havia chegado há vários dias e, aparentemente, desde o momento de sua chegada, uma praga estava se espalhando pela cidade.

Sob um céu nublado, a cidade estava escura e sombria e todas as pessoas que caminhavam pelas ruas pareciam impotentes, como se a força vital tivesse sido drenada de seus corpos. Eles se mexiam como cadáveres vivos.

Em vez de uma conversa animada, era mais comum ouvir espirros ou tosses quando passava por eles. Parecia que todas as pessoas que encontrei estavam de alguma forma doentes e que era apenas uma questão de tempo até que eu também fosse infectada. Embora isso fosse apenas coisa da minha cabeça. Afinal de contas, sou um objeto, então não preciso me preocupar em ficar doente.

— Vamos ver… suponho que primeiro tenho que encontrar uma drogaria…

Não conhecia esta cidade, mas estava confiante de que, de alguma forma, encontraria o que estava procurando, contanto que continuasse me movendo. Num impulso, comecei a descer uma determinada rua e descobri que a drogaria ficava surpreendentemente perto do nosso hotel.

É perto o suficiente para que a Senhorita Elaina pudesse ter vindo pessoalmente, certo?

Contudo…

— Ei, o que aconteceu com você?!

— Apresse-se e nos dê alguns remédios!

— Meu filho está sofrendo desta doença! Faça alguma coisa, rápido!

— Se a farmácia não nos vende nenhum medicamento, a quem podemos recorrer?!

— Apresse-se e saia daí!

Uma multidão de pessoas se reuniu em frente à loja, impulsionadas pela epidemia que se alastrava pela cidade. O enxame de pessoas assustadas ameaçou engolir a loja. Gritos de raiva se ergueram da multidão e um coro de vaias estourou.

O que diabos está acontecendo aqui?

— Hee-hee-hee… Isso se tornou uma situação bastante séria, não é? — Uma velha de repente apareceu ao meu lado, observando a multidão de fora com um olhar de sabe-tudo. — Meu Deus — disse ela encolhendo os ombros —, sabe, nesta cidade… agora mesmo, há uma praga terrível circulando por aí.

— Uhum…

Dá pra ver.

— A garota que é dona desta loja sempre faz remédios maravilhosos para evitar a praga, mas, sabe? Recentemente, parou e não faz mais qualquer remédio.

— É mesmo…?

Bem, meio que percebi isso, mas…

— Portanto, agora a cidade está em um estado terrível. Ninguém que pegou a doença está se recuperando. É isso que está causando toda a agitação em frente à drogaria. Se você me perguntar, é um problema sério. Hee-hee-hee…

— …

Então, depois que ela explicou laboriosamente muitas coisas que eu já tinha descoberto apenas prestando atenção ao estado da cidade, a velha foi embora.

O que será que ela queria…?

Ocorreu-me que, na verdade, se as pessoas em frente à drogaria tivessem energia suficiente para formar uma multidão, provavelmente iriam melhorar com um pouco de descanso, sem a necessidade de medicação. Independentemente disso, não parecia que eu conseguiria o que fui buscar.

Fiquei em um beco sem saída. A julgar pela multidão que se formou, a dona desta loja era provavelmente a única que conseguiria fazer um remédio para combater a doença que afligia a Senhorita Elaina.

Espera, isso significa…

Colocando de outra forma, se a dona desta loja apenas fizesse alguns remédios, a Senhorita Elaina poderia voltar ao seu estado normal de saúde.

Tudo bem, por enquanto, vamos conhecer essa dona da drogaria.

— Não se feche aí! Saia!

— Sim, isso mesmo!

— Nos venda remédios!

Abri caminho no meio da multidão e furtivamente dei a volta até os fundos da loja. Veja, graças a ser um objeto, percebo coisas que as pessoas comuns não percebem. Por exemplo, a entrada separada na parte de trás da loja.

— Aí está…

E, com certeza, lá estava.

— Heh-heh-heh… parece que você de alguma forma me encontrou.

Lá estava a porta dos fundos, me provocando.

— Mas você acha que conseguirá arrombar minha fechadura? É muito forte, sabe.

Não tinha certeza do porquê, mas a atitude sutilmente provocadora da porta me deixou com raiva.

Ignorando o que a porta havia dito, encontrei um pedaço de arame caído na rua.

E então usei na fechadura.

Veja, graças a ser um objeto, arrombamento é uma das minhas especialidades.

Psh… minhas defesas são sólidas! Só me abri para uma chave em toda a minha vida! Você não vai me abrir tão facilmente!

Clink, clink.

— Não faça isso! Não posso abrir para um arame!

Rapidamente girei a maçaneta. A porta destrancou suavemente.

Que fechadura fraca.

— E-Espera, por favor! O que… O que você está planejando fazer comigo?

Abri a porta.

— Aah… você não pode… Pare com isso, por favor… estou tão envergonhada…

Fechei a porta.

— Obrigada!

Depois de passar pela porta estranha, uma sala sombria apareceu diante mim.

Desde o momento em que entrei, notei o cheiro de produtos químicos, um cheiro particular de uma drogaria. O aroma pungente impregnou a sala e não pude deixar de fazer uma careta.

O espaço estava em uma terrível desordem e todos os tipos de objetos choravam. Os papéis se espalhavam pelo chão, os frascos pareciam ter sido descartados no meio da mistura, os ingredientes abandonados. A sala estava cheia de móveis antigos, mas todas as superfícies estavam cobertas de desordem. Me senti como se estivesse na casa de um acumulador.

Em todas as direções, podia ouvir os gritos tristes de todos os objetos, lamentando seus destinos cruéis. Eles estavam xingando a dona da casa, que estava agachada no meio da sala.

— Ei, não nos abandoneeee!

— Ah, estive caído no chão por taaaaanto tempo!

— Você não pode nos tratar dessa forma, sua humana horrííííível!

E assim por diante. Eram como as pessoas da cidade lá fora.

— …

Claro, a proprietária não conseguia ouvir o que diziam, pois eram objetos.

— Boo-hoo-hoo… acabou…

Espere, talvez eles a estivessem afetando de alguma forma. A dona da loja vestia um casaco branco de químico e tinha cabelos loiros. Ela parecia ser normalmente muito bonita, mas… seus olhos estavam vazios e seu rosto pálido. Parecia que ela tinha um pé na cova e o outro em uma casca de banana.

— Não posso continuar assim… Simplesmente não me importo com mais nada…

Ela estava murmurando como se o mundo estivesse acabando.

— Ei, não perca a esperançaaa!

— Espeeeere, você tem que aguentar!

— Você não pode se tratar dessa maneiraaa, sua humana horrível!

Os objetos tentaram encorajá-la. Embora, é claro, ela não pudesse ouvir suas vozes.

— Hmm… você está bem…?

Ajoelhei-me na frente da garota. Não pude deixar de sentir pena dela.

Ela olhou para cima, mas não pareceu estar especialmente surpresa comigo lá, embora eu tivesse invadido seu quarto de repente.

— P-Por favor… — disse ela, curvando-se. — Não vai me ajudar…?

Eu não sabia o que dizer.

Do que você está falando?

— O que aconteceu aqui…? — perguntei.

— Estou totalmente perdida! — exclamou a garota. — Não posso fazer nenhum maldito remédio! Não posso fazer isso, me dê um tempo! — Suas bochechas estavam molhadas de lágrimas. Ela estava obviamente assustada e desesperada.

— Hm… Parece que muitas pessoas vão sofrer sem os seus remédios…

— O que você sabe, sua idiota?! Você já pensou que talvez eu também esteja doente?! Não tenho tempo para fazer remédios!

— Nossa, você está doente? — Isso é horrível, pensei. — De que doença você está sofrendo?

— Doente de amor!

— O que…?

— Amor! Doente de amor!

Ah, então você está perfeitamente saudável.

A farmacêutica cujo nome eu não conhecia ignorou meu espanto e começou a me contar sobre suas circunstâncias.

— A verdade é que, recentemente, tem um cara que tem se sido amigável comigo. Na verdade, também tenho sentimentos por ele. Estava realmente começando a gostar dele, mas… antes, ele me deu um colar. Tem uma gema embutida nele e é muito bonito, mas quando olhei, descobri que era a pedra que simboliza “amizade” na linguagem das gemas, sabe? Ele quer ser meu amigo, não namorar comigo, não se casar comigo. Ele só quer que sejamos amigos com benefícios! É isso que essa pedra significa! Você já ouviu falar de uma traição tão cruel?! Não, você nunca ouviu! Dane-se tudo!

— Huh…

Ela jogou o colar no chão em um ataque de lágrimas, mas vários segundos depois disse:

— Mas… mas não posso odiá-lo! Eu o amo! — Então pegou de volta. A garota era obviamente instável emocionalmente.

Mas estava claro que, a menos que eu fizesse algo sobre essa paixão, ela não me faria nenhum remédio.

Se essa garota não se animar, a Senhorita Elaina não vai voltar ao normal. Isso é um problema. Preciso fazer algo para que a Srta. Farmacêutica prepare o medicamento.

Estava pensando em me juntar à multidão furiosa do lado de fora se a garota não começasse a cooperar logo.

— Hm, posso fazer uma pergunta diferente, mas relacionada?

— O que é?!

— Se a sua doença de amor fosse… curada… Então você faria remédios para nós?

— Claro! Mas isso é impossível! Augh! — Ela se jogou no chão, amuada. — Eu não consigo!

Eu deveria estar tendo um acesso de raiva agora, mas…

Ninguém ficaria curado se eu fizesse isso. Não havia outra maneira.

— Bem, então, deixe-me resolver seu problema. — Coloquei a mão em seu ombro. — A propósito, você conhece o ditado: “A doença começa com a mente”?

— Conheço, mas por que trazer isso à tona tão de repente?

— Sem razão. Só queria sentir como se tivesse dito algo inteligente.

Por enquanto, preciso começar procurando pelo homem que ela ama.

 

 

Com o colar na mão, deixei a farmacêutica na casa dela.

Estava saindo para encontrar seu amado.

— Em que direção devo ir para chegar à casa do homem?

Balancei o colar na minha mão.

Como sou um objeto, me comunicar com o colar não foi problema.

— Ande três quarteirões adiante, vire à direita e você estará na casa do homem, sim!

— Isso é verdade?

— A verdade, sim!

Este colar era um guia de viagem e tanto.

Seguindo suas instruções, continuei adiante por mais três quarteirões, depois virei e, quando o fiz, com certeza lá estava a casa do homem. Bem, como eu não sabia onde estava, para começar, tudo que pude confirmar foi que realmente havia uma casa. Para obter maior confirmação, o colar gritou: “Chegamos!”

Para ser honesta, o que o colar disse foi: “Aqui, sim!”

Estávamos diante de uma casa completamente normal, mas já que o colar dizia isso, não havia dúvida de que era ali que o homem morava.

— Com licença!

Toquei a campainha.

E esperei.

Mas não houve resposta.

— Com licença!

Desta vez, bati na porta.

Não houve resposta.

Não tínhamos tempo para esperar.

Não havia como evitar.

— E-Espere…! O que você planeja fazer com isso? — Clink, clink. — N-não! Vou ficar constrangida se você colocar um arame em mim!

Abri a fechadura e entrei.

— Boo-hoo-hoo… Estou completamente… sem esperança…

Lá dentro, um homem estava agachado no chão. Seus olhos vazios, desprovidos de vitalidade, olhavam fixamente para um único ponto da parede.

— Ah… eu também quero me tornar uma mancha na parede… — Ele claramente havia desistido da vida.

Pois bem…

Me pergunto o que há de errado com ele.

— Meu coração está quebrado…

O homem, que não parecia surpreso nem alarmado com minha súbita intrusão em sua casa, parecia a pessoa mais exausta do mundo. Ele tinha olheiras pesadas e estava claro que algo o atormentava a ponto de ficar com insônia.

— Aah… acho que você provavelmente veio para roubar minhas coisas… Bem, pegue o que quiser e vá… eu realmente não me importo…

Tinha certeza de que sabia o que estava acontecendo.

O homem deixou escapar outro suspiro sem vida.

— A verdade é que… há um tempo, dei um colar a uma garota de quem gostava… e então… desde então… ela está trancada em seu quarto… até parou de fazer seu trabalho na farmácia… isso mesmo… deve ter ficado tão enojada por receber um colar de um cara nojento como eu…

O homem parecia prestes a desmaiar.

— Hm… você está bem…?

Ele estava tão abatido que acho que mesmo se eu fosse um ladrão comum, ainda poderia ficar preocupada com ele.

— Não posso continuar…

— Hm, por favor, anime-se…? Você é ótimo! Muito bonito! — Coloquei a mão em seu ombro.

— Pare! Não seja legal comigo! Você vai me fazer chorar! Posso até me apaixonar por você!

— Hmm, certo, quando disse que você era bonito, estava apenas te elogiando, sabe? Meu coração não está exatamente disparado, então não tenha a ideia errada.

— Isso não foi um pouco maldoso…?

— Foi apropriadamente firme.

— …

— A propósito, o colar que você disse que deu a uma garota… é este?

Levantei o colar para que ele pudesse ver.

— I-Isso é…! — A expressão nos olhos do homem mudou. — Por que você está com isso…? Ah… entendo… Ela jogou fora, hein…? Por eu ser tão nojento…

Estou ficando cansada disso!

— Errado. Eu tinha uma coisinha para discutir com você, então peguei emprestado. — E então, falei: — Você sabe o significado por trás deste colar?

— …? — Ele franziu a testa e inclinou a cabeça. — O significado…? Não, só comprei porque achei bonito…

— …

Ele não havia percebido que a pedra indicava “amizade” na linguagem das pedras preciosas.

Então foi isso que aconteceu.

Claro, soube desde o início.

Porque o colar me contou.

— Este homem me escolheu, dizendo “Acho que isso ficará bem nela”, sim!

Nem é preciso dizer que vi esse final desde o começo.

Em outras palavras, para encurtar a história, foi isso que aconteceu. Essas duas pessoas estavam, sem dúvida, apaixonadas. Tão apaixonadas, na verdade, que cada uma estava cega para as intenções da outra.

E também há a questão da doença começando com a mente.

 

 

— Aqui está. Por favor, tome seu remédio.

— Odeio remédios. Especialmente remédios em pó.

A Senhorita Elaina virou a cara para o medicamento que eu estava apresentando a ela.

Você é criança? Vai mesmo ficar de frescura com isso?

— Não seja tão teimosa. Se não tomar isso, não vai melhorar.

— Eu. Não. Gosto. Disso.

— Tudo bem, você vai ficar doente para sempre?

— Eu. Não. Quero. Isso!

— Bem, então tome seu remédio, por favor.

— Não!

A Senhorita Elaina se virou, balançando a cabeça.

Sério, o que diabos é isso? Você me disse para ir comprar um remédio e agora que comprei e trouxe de volta, está rejeitando? A febre te deixou louca? É isso que está acontecendo?

— Basta tomar o remédio!

— Não!

Continuamos a discutir sem sair do lugar, até que finalmente forcei o medicamento pela garganta da Senhorita Elaina.

Bleeeh

Então ela começou a chorar.

Eu também estava chorando. Nunca quis ver a Senhorita Elaina em um estado tão terrível, não seria capaz de tirar a imagem dela neste estado da minha mente.

— A propósito, Senhorita Elaina, em breve vou voltar à minha forma original, mas…

— Você não pode! Por favor, não vá…

— Bem, então vou ler o seu livro para você novamente, então… poderia me perdoar?

— Não enten… Zzz

— Era uma vez, em um cer… hein…? Isso foi rápido…

E então a cortina caiu sobre minha própria pequena aventura.

Depois disso, acariciei os cabelos da Senhorita Elaina enquanto ela dormia e, tomando um pouco de liberdade, resolvi registrar minha história. Achei que estaria tudo bem, depois de todo o meu trabalho duro. Quando a Senhorita Elaina acordar, mais uma vez com boa saúde e ler o que escrevi em seu diário, tenho certeza de que vai rir e me perdoar. Assim espero.

 

 

Quando abri os olhos, minha febre havia passado e minha mente estava clara. Lembrei-me dos problemas que causei quando a febre subiu e de como não fui eu mesma.

Minha vassoura estava encostada na lateral da cama. Parecia que tinha adormecido enquanto cuidava de mim durante meu sono.

Ao lado da vassoura estava um volume do meu diário. Gravado ali, em uma caligrafia limpa notavelmente semelhante à minha, estava um relato completo de tudo o que aconteceu enquanto eu dormia.

Achei que podia sentir minha febre voltando enquanto examinava as páginas.

Ahhh, não acredito que agi assim… quero morrer…

Mas, mesmo quando estava no meu pior momento, não importa as coisas terríveis que dissesse, minha vassoura leal ficou comigo. Eu sabia que sempre que precisasse dela, ela estaria lá para mim. E também sabia o quanto dependia dela.

Peguei a vassoura de onde estava encostada na cama e coloquei em cima do meu colo.

E então, acariciei a ponta da escova da vassoura. Era dura e áspera, e nem um pouco agradável de tocar.

— Vou depender de você sempre que estiver em apuros, então, por favor, cuide de mim, tá?

Minha voz ecoou pela sala, então sumiu no silêncio.

Tenho certeza de que esta não será a última vez que bagunçarei as coisas e terei que te chamar para me salvar, mas… 

Quando chegar a hora, por favor, me perdoe com um sorriso, tudo bem?

 


 

Tradução: Nero

Revisão: Flash

 

💖 Agradecimentos 💖

Agradecemos a todos que leram diretamente aqui no site da Tsun e em especial nossos apoiadores:

🌟 Decio
🌟 Fegui
🌟 Nyan
🌟 Kovacevic
🌟 Tat
🌟 Raphael Conchal
🌟 Pedro Lucas Lombarde
🌟 AnotherOne
🌟 Rafa

📃 Outras Informações 📃

Apoie a scan para que ela continue lançando conteúdo, comente, divulgue, acesse e leia as obras diretamente em nosso site.

Acessem nosso Discord, receberemos vocês de braços abertos.

Que tal conhecer um pouco mais da staff da Tsun? Clique aqui e tenha acesso às informações da equipe!

 

 

Tags: read novel Bruxa Errante, a Jornada de Elaina – Vol. 6 – Cap. 04 – A História de uma Doença, uma Bruxa e uma Vassoura, novel Bruxa Errante, a Jornada de Elaina – Vol. 6 – Cap. 04 – A História de uma Doença, uma Bruxa e uma Vassoura, read Bruxa Errante, a Jornada de Elaina – Vol. 6 – Cap. 04 – A História de uma Doença, uma Bruxa e uma Vassoura online, Bruxa Errante, a Jornada de Elaina – Vol. 6 – Cap. 04 – A História de uma Doença, uma Bruxa e uma Vassoura chapter, Bruxa Errante, a Jornada de Elaina – Vol. 6 – Cap. 04 – A História de uma Doença, uma Bruxa e uma Vassoura high quality, Bruxa Errante, a Jornada de Elaina – Vol. 6 – Cap. 04 – A História de uma Doença, uma Bruxa e uma Vassoura light novel, ,

Comentários

Vol. 6 - Cap. 04