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Bruxa Errante, a Jornada de Elaina – Vol. 6 – Cap. 03 – Um Político Honesto

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A denúncia anônima que a imprensa recebeu naquele dia parecia, para surpresa de ninguém, fazer parte de um rancor tolo.

Dentro do envelope que havia sido colado casualmente entre as portas da frente da redação do jornal havia várias fotos, junto com uma carta. Quando se está no negócio de venda de informações, esses tipos de dicas anônimas são comuns e abrangem desde segredos que podem lançar uma cidade inteira em alvoroço até um disparate completo e absoluto. O repórter, chegando ao trabalho naquela manhã, abriu a carta, mas não se interessou muito pelo conteúdo.

A cidade estava em meio a uma eleição presidencial. Não era como se ele tivesse tempo de sobra para perseguir alguma história barata. Desde que não fosse nada importante, o repórter pensava em rasgar a carta e jogá-la fora ali mesmo.

O fato é que o que estava escrito naquela carta era pura tolice.

A Bruxa Cinzenta, Elaina, que entrou nesta cidade há vários dias, é uma bruxa malvada. Ela me enganou e perdi tudo o que possuía. Quero minha vingança contra aquela bruxa. Você acha que poderia usar suas conexões para caçá-la para mim?

Não havia nome associado, apenas fotos de uma jovem bruxa na adolescência com cabelos cinza e olhos cor de lápis-lazúli.

O repórter, é claro, já sabia que uma jovem com o posto mais alto da magia – uma bruxa – havia chegado à cidade há algum tempo. Não foi necessária a intuição de um jornalista; usuários de magia eram praticamente desconhecidos naquela cidade, então uma bruxa visitante era um evento raro.

Talvez em dias mais calmos, o repórter poderia ter reunido algum material para um artigo sobre a visita da bruxa, mas, agora, a cidade inteira estava em processo de decidir seu futuro. Os jornais já tinham bastante material.

Nem é preciso dizer que não era hora para histórias baratas.

— …

Mesmo assim, o repórter enfiou a carta no bolso da camisa antes de abrir as portas do escritório.

 

 

— Sim, isso é ótimo! Esse olhar de nojo em seus olhos é ótimo!

O click-clack do obturador da câmera capturou os olhares sujos lançados pela garota normalmente muito delicada e bonita diante dele.

Quem ela poderia ser?

Isso mesmo, sou eu.

— Hum… isso é o suficiente?

— Não, espere! Deixe-me tirar mais uma! Pronto! Para a próxima, tente segurar esta flor e sorrir assim! — O homem colocou o rosto para fora da cobertura de pano de sua câmera e me entregou uma rosa branca. — Segure isso na boca! — Me dando um sinal de positivo. Em vez disso, considerei quebrar a flor.

Eu já havia sido avisada por pessoas de países vizinhos: ao que parece, a fotografia estava na moda aqui e era comum ser chamado para servir de modelo para fotógrafos amadores como este.

Aparentemente, muito comum.

Era o terceiro dia desde que cheguei e já tinha perdido a conta do número de vezes que fui chamada por aqueles nojentos pedindo para posar para uma foto.

— Isso é ótimo! Ah, espere… Eu disse para você segurar na boca, mas… você jogou fora… Ah! Mas esse olhar de nojo… é ótimo! Incrível! Simplesmente o melhor!

Click-clack continuou o obturador da câmera.

— Estou exausta…

No final, depois de passar várias horas presa pelo fotógrafo amador, finalmente escapei.

Já tinha passado três dias nesta cidade.

Desta vez, como sempre, a avenida principal estava barulhenta e lotada. Entre toda a agitação, eu caminhava sozinha, com uma expressão cansada, o clamor da cidade soando alto em meus ouvidos.

Aparentemente, esta cidade iria realizar uma eleição presidencial dentro de alguns dias, então a campanha atingiu seu auge. Isso explicava por que o lugar estava em tal alvoroço.

— Brilhar uma luz sobre os desfavorecidos! Como político, eu… eu me comprometo a servir esta cidade, pelo bem daqueles que me mostraram o caminho!

Desci a avenida principal e avistei um homem falando alto em cima de uma carroça no meio da rua. Ele estava vestindo um terno preto e estava rodeado por uma multidão de pessoas. Parecia relativamente jovem para um político. Se eu tivesse que adivinhar, diria que estava na casa dos trinta.

O nome do homem era Matthew.

Ele era tão famoso que qualquer pessoa que morasse nesta cidade – não, mesmo alguém como eu, que estava presente há apenas três dias – o reconheceria.

VOTE EM MATTHEW, POR UM FUTURO BRILHANTE PARA NOSSA CIDADE!

Cartazes decorados com slogans políticos e imagens do homem de terno preto estavam espalhados por toda a cidade. Quando se vê o mesmo rosto sorridente todos os dias, para o bem ou para o mal, qualquer um se lembra disso.

— Não vou abandonar nossos cidadãos que estão lutando nesta recessão! Sabem o que é mais importante para resolver a disputa territorial? Acho que é perdoar um ao outro! Também cometi erros e, no passado, até fiz uma pausa na política. Mas enfrentei as consequências e minha adorável esposa, que me perdoou, me trouxe até aqui.

Bem, seja lá o que ele estivesse falando, nada disso me fazia sentido.

Mas ele parecia ter um certo apoio entre as pessoas, a julgar pelos comentários da multidão.

— Ele definitivamente deveria ser nosso novo presidente.

— Nunca vi um político tão honesto antes.

Como eu havia embarcado em minha jornada como bruxa antes de atingir a maioridade e como vivi uma vida despreocupada com a política regional, temo que as palavras ditas na véspera das eleições soaram vazias aos meus ouvidos.

Conversinha mole é fácil, mas não dá resultados. E todo político faz o mesmo tipo de promessas exageradas, então não é como se houvesse uma diferença marcante entre eles, de qualquer maneira.

O povo desta cidade, no entanto, parecia sentir o contrário.

Um pouco abaixo da estrada de onde o Sr. Matthew fazia seu discurso, outra pessoa – outro político, obviamente – também estava falando na parte de trás de um veículo. Embora, neste caso, fosse uma carruagem de luxo, em vez de uma simples carroça, e o homem definitivamente não era jovem. Poderia dizer, só de olhar, que ele era um político veterano.

— Quero trazer prosperidade a todos os cidadãos. E prosperidade não é o que você obterá de um governo movido pelo idealismo juvenil. Mas é algo que posso oferecer, precisamente por causa de meus anos de experiência guiando o desenvolvimento de nossa nação.

O homem de atitude calma que criticava suavemente o jovem político era Bernard.

UM VOTO PARA BERNARD É UM VOTO PARA A PROSPERIDADE DE TODOS!

Este homem também era um dos candidatos a presidente. Eu tinha visto seus cartazesde campanha colados nas paredes das casas de muitas pessoas.

Em outras palavras, a eleição para o próximo presidente parecia ser uma disputa um a um entre o jovem Matthew e o veterano Bernard.

Quanto a qual deles sairia vitorioso, era impossível dizer apenas com uma olhada rápida. Tanto o veterano quanto o amador tinham pessoas amontoadas ao redor de seus veículos, em números que pareciam quase iguais.

— Olá, Senhorita Bruxa. Posso ter um momento de sua atenção?

Eu estava lá assistindo aos discursos distraidamente quando um homem de meia-idade bastante despretensioso entrou na minha frente, bloqueando minha visão.

— Desculpe, mas se for para uma fotografia, devo recusar.

De jeito nenhum vou ser vítima de outro fotógrafo amador.

Me virei para fugir.

— Huh? Espere, não, não! Não sou fotógrafo! — O homem parou na minha frente, bloqueando minha fuga.

— Isso mesmo, você não é um fotógrafo… Porque você é um amador que aspira a se tornar um fotógrafo! É isso mesmo, não é?!

— Não, não é isso… — Ele me apresentou um cartão de visita. — Esse é quem eu sou.

— Desculpe, mas não tenho nenhum interesse na indústria do entretenimento.

Você vai me bajular e depois tentar me colocar no show business, certo? Bem, não vou cair nesse velho truque!

Mais uma vez, me virei e fugi.

— Não, eu não estou ligado a uma empresa de entretenimento ou algo assim… — Novamente, ele bloqueou o meu caminho. — E você tem uma opinião muito elevada de si mesma… — murmurou ele.

— Huh… Tudo bem então, quem é você?

— Eu já te disse, isso é o que eu faço…

O homem estendeu seu cartão de visita para mim de novo.

Peguei, relutante.

JORNAL AZAMI – REPÓRTER – FRANK

Entendo. Então ele é um jornalista, aparentemente.

— Desculpe, mas uma entrevista é um pouco…

Claro, me virei e fugi.

— Não, não, não! Espere um segundo! Você vai ouvir o que tenho a dizer? Por favor? Estou te implorando!

— Eh…

Parece um saco…

— Vou te pagar pelo seu tempo!

E de repente isso parece interessante!

Deslizei e parei repentinamente.

— O que exatamente você gostaria de saber?

— Tão gananciosa… — O atônito jornalista pegou uma caneta. — De qualquer forma, você é uma visita de outra cidade, certo? Quais você acha que serão os resultados das próximas eleições?

Estava me perguntando por que diabos ele se esforçou para falar com uma estrangeira como eu, mas é apenas uma entrevista comum sobre a eleição. Sinto que há muitas pessoas naquela multidão mais qualificadas para responder a essa pergunta do que eu, mas… Mais do que provavelmente, ele quer ouvir uma opinião imparcial de alguém de fora. Aposto que é uma dessas circunstâncias, hein?

— Não estou apoiando particularmente nenhum deles, então não posso dizer muito, mas… — Depois de olhar para frente e para trás entre as duas pessoas que estavam neste exato minuto fazendo discursos, respondi: — Agora mesmo, você provavelmente poderia dizer que eles estão iguais, não acha? Não ficaria surpresa se qualquer um deles ganhasse.

— Oh-hoh! E por que você acha que é esse o caso?

— Para começar — falei —, quando o jovem Matthew estava fazendo seu discurso, ele frequentemente mencionava seu relacionamento com sua esposa, certo? Isso parece ter conquistado o público mais jovem.

Anteriormente, um político rival havia revelado que Matthew estava tendo um caso e por isso ele foi forçado a se aposentar da política. Mais tarde, porém, ele confessou sua indiscrição, pediu desculpas à esposa e, com o tempo, o relacionamento deles se recuperou. Agora, com o apoio de sua esposa, aparentemente conseguiu fazer um retorno nesta eleição. Eu tinha que admitir, era uma boa história, embora um pouco trivial. Claro, a única razão pela qual me lembrava agora era porque tinha ouvido várias vezes em anúncios de campanha.

— Por outro lado, o outro candidato da disputa, Bernard, é político há muito tempo e claramente se orgulha de sua carreira destacada. Na verdade, as pessoas ao seu redor são todas idosas. Parece que ele está conquistando a multidão mais velha.

— O que você pensa sobre cada uma de suas propostas políticas?

— Eu realmente não me importo.

— Que horrível…

— Afinal, uma eleição não é apenas um concurso de popularidade glorificado?

— Realmente horrível…

O jovem político que havia superado tribulações pessoais para progredir no mundo, contra o político veterano que estava em seu caminho… Era uma narrativa familiar.

Não estou surpresa que todos estejam tão envolvidos com o resultado.

— Mas, veja — disse o repórter Frank —, no que diz respeito a nós, os mais velhos, quando se trata de escolher um deles, preferiríamos ter Bernard como nosso presidente. Você não acha que seria uma vergonha se um idealista tão ingênuo conseguisse conquistar o cargo mais alto da cidade? Além disso, ele é um adúltero.

— Mas ele parece ter conseguido o apoio da multidão mais jovem.

— Você está certa, mas é só porque aqueles jovens ficam encantados com a juventude dele. Sobre o que ele está realmente falando quando faz seus discursos? É apenas uma série de histórias tristes, não é? Se um cara como aquele tentasse liderar o povo, aposto que faria um trabalho muito ruim.

— …

— Bem, é por isso que a multidão mais velha quer que Bernard triunfe sobre um cara assim. Mas, como você disse, no estágio atual, eles estão equilibrados, sem dúvida. E isso é um problema, entendeu? — Ele inclinou a cabeça para mim.

Eu não tinha absolutamente nenhuma ideia do que ele estava tentando dizer.

— Você está possivelmente tentando me convencer a fazer algo ruim…?

Eu tinha mais ou menos adivinhado. Mas o repórter Frank disse:

— Não, não, nada disso. — Então acenou com a mão desajeitadamente. — O que quero que você faça é a coisa certa.

Então, certificando-se de que apenas eu pudesse ver, ele tirou algumas fotos do bolso da camisa e as mostrou para mim por um momento.

Ele estava segurando várias fotos minhas.

— Já se passaram três dias desde que você veio para esta cidade, certo? A propósito, quanto você ganhou com seu golpe sujo nos primeiros dois dias?

Em suas mãos, ele tinha uma bela coleção de evidências fotográficas de meus negócios nesta cidade. A primeira foto era uma minha comprando alguns colares de baixa qualidade por um preço muito barato. A segunda foto era de mim abrindo uma tenda à beira da estrada com um cartaz dizendo: MUITOS DIZEM QUE ENCONTRARAM FELICIDADE GRAÇAS A ESTES COLARES. A terceira foto era minha vendendo um colar por uma peça de ouro.

Bem, isso é terrivelmente inesperado. Por que, se alguém olhasse para essas três fotos não relacionadas, poderia de fato parecer que eu estava fazendo algo ilícito, não é?

— Você entende o que estou tentando dizer, certo? — Com um enorme sorriso, o repórter Frank continuou: — Então, há uma coisinha que gostaria de pedir que você fizesse, se pudesse fazer a gentileza de passar no escritório do meu jornal. — Ele me deu as costas.

— Essas fotos vieram como uma denúncia anônima de uma das vítimas que você enganou. Não estou particularmente interessado em arruinar sua reputação ou causar-lhe qualquer tipo de problema judicial ou algo assim. Só quero que você coopere um pouco comigo. Para fazer a coisa certa.

E então ele disse:

— Bem, se você não quer ficar do nosso lado, nunca se sabe o que pode acontecer, entende?

Acho que é bastante seguro dizer que ele está fazendo a coisa errada.

 

 

— O jovem político Matthew tem uma esposa chamada Laurie, e ela é muito bonita, realmente, a mulher ideal. — O repórter Frank me convidou para a redação do jornal e acendeu um cigarro enquanto falava. — No entanto, como você pode dizer pelo fato de que ela escolheu se atrelar a um político de terceira categoria, ela pode não ser tão inteligente. Quero dizer, mesmo depois do escândalo do marido, ela ficou e ajudou a limpar a bagunça dele.

Frank me entregou vários livros.

Pareciam autobiografias e suas capas eram decoradas com fotos de uma bela mulher.

Vivendo como Esposa de um Político.

Como Perdoar um Marido Adúltero.

Essas e outras frases estavam espalhadas pelas contracapas.

— Suspeitamos que Matthew forçou Laurie a escrever todos esses livros — disse ele, exalando fumaça de tabaco.

A história desse casal era muito comum.

Foram vários anos em construção.

Quando ainda era relativamente desconhecido, o político Matthew começou a ter um caso com sua secretária, apesar de ser casado, e eventualmente um político rival o denunciou.

A população foi rápida em julgar o político por um assunto altamente pessoal, que honestamente não tinha nada a ver com política, e ele perdeu todos os seus apoiadores. Embora seu futuro tivesse sido promissor, suas aspirações tiveram um fim abrupto.

No final, Matthew praticamente desapareceu por vários anos. Não era uma surpresa, o povo nunca poderia confiar em um adúltero, mas agora ele havia retornado à vida pública e ascendido na hierarquia política até permanecer como o único desafiante para o político líder.

No entanto o que foi que o tornou o homem que era agora?

— Tudo o que aconteceu até agora faz parte da estratégia de Matthew. — O repórter Frank bateu as cinzas densamente acumuladas em seu já curto cigarro e continuou: — Desde o início da queda de Matthew, até o início deste ano eleitoral, sua esposa, Laurie, assumiu um papel ativo no centro do palco, como se os dois tivessem mudado de lugar.

Depois que o marido perdeu a posição, a esposa, Laurie, deu entrevistas frequentes para o jornal e outros meios de comunicação. Ela parecia falar francamente sobre suas verdadeiras emoções, dizendo: “Não posso perdoar meu marido” e “Mas também sinto que quero poder confiar nele”. Ela interpretou a esposa fiel que permaneceria ao lado de seu marido não importa o que acontecesse, e a maneira como ela se portava com tanta coragem, nunca mostrando sua dor, não importa o quanto as ações de seu marido a magoassem, conquistou o coração de muitas pessoas.

O tempo passou e Laurie esgotou todos os métodos disponíveis para apoiar o marido de novo. Publicou autobiografias, deu palestras, começou sua própria linha de moda e até abriu um restaurante. Era tentador brincar dizendo que essas coisas posteriores eram simplesmente seus próprios interesses, mas, pelo menos, as pessoas pareciam apoiar seus muitos empreendimentos.

E como sua popularidade estava inevitavelmente ligada à de seu marido, ela conseguiu reabilitar a imagem de Matthew aos olhos do público. Mas os jornais continuavam a lembrar às pessoas o quão dependente ele era da boa vontade de sua esposa.

— Depois que sua infidelidade foi exposta, Matthew inventou uma maneira de reconquistar a boa vontade do público. Sua esposa era a chave. Publicar aquelas autobiografias e dar aquelas palestras, até abrir aqueles negócios, tudo isso era a esposa fazendo o que ele mandava.

— Você tem alguma prova disso?

Em resposta à minha pergunta, o repórter Frank balançou a cabeça.

— Não tenho nenhuma prova. Nenhuma pista.

Entendo. Resumindo, tudo isso é apenas especulação?

— Mas — continuou Frank —, estou pedindo a você que me ajude a colocar as mãos nessa prova. Jornalismo sem evidência nada mais é que ficção. E esse tipo de jornalismo é pior do que inútil. Acho que, se conseguirmos que a esposa dele diga a verdade, podemos expor as mentiras de Matthew.

— E o que você quer que eu faça…?

— Você é uma bruxa, certo? Então, não pode usar um feitiço para fazer com que ela não possa mentir ou criar algum tipo de soro da verdade mágico ou algo assim?

— Você está me dando muito crédito.

— Você não pode fazer isso?

— Não foi isso que eu disse — respondi categoricamente —, mas, olha, mesmo se eu fizesse algo assim, qual é o seu plano se Laurie não disser o tipo de coisas que você está esperando?

Esse cara agia como um jornalista obcecado pela verdade e pela justiça e por fazer a coisa certa, mas estava bem claro que ele realmente só queria Matthew fora do caminho. Seria conveniente para sua companhia jornalística se Bernard ganhasse a eleição, e isso significaria problemas para a companhia se Matthew fosse eleito. Então, naturalmente, este repórter queria empurrar a ideia de um escândalo e ver o jovem político ser puxado do centro do palco de novo.

Mas, se ele seguisse em frente com esse plano e me fizesse lançar um feitiço em Laurie para que ela pudesse apenas dizer temporariamente a verdade, o que ele faria se não fosse capaz de obter as informações incriminatórias que esperava? Imaginei que, se lançasse tal feitiço no exato instante, poderia vislumbrar uma relação profunda e sombria entre Bernard e a empresa jornalística, direto da boca do repórter Frank.

— Você é uma bruxa, certo? — Ele sorriu sugestivamente. E então disse: — Se você pode fazer um soro da verdade, também pode fazer uma poção para fazer alguém mentir?

Desde que saísse da boca de Laurie, já bastava. Se era verdade ou não, não importava.

Aparentemente, essa era a coisa certa a fazer, de acordo com o jornalista que estava diante de mim.

 

 

Era um dia de semana e o café na esquina da rua parecia deserto. Pelo menos, além de mim, quase não havia clientes e o pequeno barulho que a distante garçonete do balcão fazia enquanto arrumava alguns talheres ecoou por todo o caminho até nosso estande perto da janela.

— Eu administro este café, sabe. Embora, como você pode ver, não seja exatamente um sucesso. Ou talvez todos estejam ocupados fazendo campanha.

Três dos quatro assentos da cabine estavam ocupados, deixando apenas o assento à minha frente vazio. Ao meu lado estava o repórter Frank. E no assento em frente a ele, Laurie riu baixinho, cobrindo graciosamente a delicada boca.

Ela era bastante impressionante, sério.

— Então, o que o traz aqui hoje?

— Certo. Queríamos perguntar a você sobre seu relacionamento com seu marido Matthew — disse o repórter Frank, depois de lançar um olhar para mim. — Se estiver tudo bem para você, gostaria de pedir-lhe que me falasse sobre o político Matthew, do ponto de vista de esposa.

— Aqui vamos nós! — Laurie bateu palmas ruidosamente. — Isso é simplesmente maravilhoso! Se isso vai ajudar meu marido em sua eleição, ficaria muito feliz em cooperar!

— Certo, isso é ótimo. Então vamos começar.

O repórter Frank começou a lançar perguntas fáceis para ela, com sua caneta na mão.

No que diz respeito ao meu papel, eu estava apenas sentada ali, distraidamente ao lado dele, sem fazer nada em particular e sem nada para fazer a não ser ouvir a conversa que estava acontecendo ao meu lado.

Eu realmente não fazia ideia do que estava fazendo ali.

— Obrigada por esperar. Aqui está o seu café.

Depois de um tempo, a garçonete apareceu, segurando três cafés.

Devo ter parecido desocupada, em comparação com a importante entrevista que estava sendo conduzida ao meu lado. Fiz o papel de cliente gentil e disse:

— Oh, coloque-os aqui, por favor. — Depois recolhi as xícaras.

E então:

— Com licença, aceita açúcar? — interrompi a entrevista, o mais educadamente que pude.

O repórter Frank balançou a cabeça em silêncio. Laurie olhou para mim com um sorriso e disse:

— Vou tomar o meu com um açúcar, obrigada.

Sem muito o que fazer, assumi pequenas tarefas como esta.

Foi apenas apropriado, já que até então, não tinha sido chamada para fazer muita coisa.

Mas meus verdadeiros deveres começariam em breve.

Deixei cair um único cubo branco em sua xícara de café com um plop! exagerado, em seguida, mexi o líquido quente com uma colher. Fui extremamente meticulosa com a agitação. Como se estivesse realmente preocupada com aquela xícara de café.

— Aqui está.

Laurie pegou a xícara que passei para ela sem suspeitar e disse:

— Obrigada. — Então sorriu para mim.

Mas ela não parece ser uma duas caras.

— …

Mas a realidade era que estávamos prestes a descobrir que tipo de segredos sombrios ela poderia estar abrigando.

Ela não tinha ideia do que eu realmente adicionei ao seu café.

— Vamos ver. Tudo bem, tenho mais uma pergunta — disse o repórter Frank, depois que Laurie pousou a xícara de volta na mesa. — É sobre seu relacionamento com seu marido. Você diria que vocês dois têm uma relação igualitária?

A pergunta final atingiu o cerne da questão.

Os rumores eram apenas rumores ou eram verdadeiros? Matthew usava chapéu branco ou preto?

Se Laurie ainda possuísse a capacidade de pensar normalmente a essa altura, ela certamente responderia “Sim, somos iguais” com um sorriso.

— … — Mas não havia nenhum sorriso em seu rosto. — Não… Nunca fomos iguais… não, desde o início.

Ela respondeu à pergunta fracamente, como se estivesse em uma espécie de transe.

— Você não é igual? E o que quer dizer com isso? — O repórter Frank inclinou a cabeça e fez uma expressão intrigada.

Quão transparente você consegue ser? Mesmo que a verdade esteja saindo da boca de Laurie, graças à minha intervenção.

— …

Observei os dois com cuidado.

Laurie agora falava toda a verdade sobre toda e qualquer coisa. Não importa que tipo de pergunta fosse feita a ela, responderia em detalhes, sem vergonha ou premeditação.

E, para o caso de ela não ter dito o que o Repórter Frank esperava, mesmo sob meu feitiço, tínhamos um plano de pedir outra rodada de café em breve e dar a ela uma poção diferente.

No final das contas, de uma forma ou de outra, ela teria que falar a verdade que o repórter estava procurando.

— Por muito tempo… entre mim e Matthew, tem havido uma clara… relação mestre-servo…

Mas não houve necessidade de pedir um novo café. Porque cada palavra que ela disse foi mais do que atender às expectativas de Frank.

— Nós dois… temos um contrato mestre-servo… disfarçado de casamento… Não há qualquer… espaço para divergências…

— O que você disse? O que isso significa? — O repórter Frank pareceu surpreso. Embora ele obviamente estivesse sorrindo.

— Seu retorno repentino à política… sua campanha presidencial… É tudo porque tudo… saiu de acordo com o plano…

— Do que você está falando…? Está dizendo que, desde o início do caso, tudo fazia parte de um plano maior?

Ele não estava mais fazendo nenhum esforço para mascarar suas principais perguntas.

— Está correto…

Bem, ela também não parecia estar tentando disfarçar nada.

— O que diabos…?! — O repórter Frank pareceu honestamente surpreso. Mesmo assim, seu rosto estava todo sorridente. — Então, apenas para esclarecer, você está dizendo que a campanha presidencial sem precedentes de Matthew foi o resultado de um esquema longo e deliberado? Que embora vocês dois finjam ser felizes no casamento, você foi escrava dele o tempo todo?

O repórter Frank não estava tentando esconder nada. Sua pressão descarada mostrou que ele queria ouvir tudo o que ela tinha a dizer.

E uma vez que Laurie se encontrava num estado em que contava tudo com indiferença, era totalmente natural que respondesse a esta pergunta com demasiada honestidade. Estávamos esperando que ela confirmasse todas as nossas suspeitas.

Isso é o que deveria ter acontecido, mas…

— Não, isso não está certo… — Ela balançou a cabeça lentamente.

E então disse:

— Eu não sou a escrava… Ele que é.

Atrevo-me a dizer que essa não era a resposta que Frank esperava.

 

 

O repórter Frank claramente não esperava nada parecido com as palavras que acabaram de sair da boca de Laurie de maneira tão casual. Suas suspeitas a respeito da verdade por trás do casamento de Laurie e Matthew não haviam sido totalmente equivocadas, embora ele tivesse entendido a natureza real de seu relacionamento exatamente ao contrário.

— Tudo o que ele fez foi para me servir. Foi assim que foi arranjado — disse ela com naturalidade. — Mesmo quando ele cometeu adultério com sua secretária e renunciou em desgraça; tudo isso foi feito sob minha instrução.

Ela nos disse que tudo estava arranjado desde o início. A devotada esposa apoiaria lealmente o jovem político durante seu afastamento da esfera pública e, quando ele voltasse à política, disputaria a eleição para a liderança de toda a cidade. Até mesmo esse desenvolvimento fazia parte do plano.

O jovem político já havia enfrentado um veterano uma vez, mas tinha menos recursos e nenhuma reputação digna de nota. E, claro, os jornais publicaram muitos artigos sobre o candidato estabelecido e, na maioria das vezes, ignoraram o político mais jovem. Ele estava claramente em uma desvantagem avassaladora.

O reconhecimento do nome é essencial para sobreviver no mundo da política.

Então, eles precisavam vender seu nome.

Porque um político sem nome reconhecido pode muito bem não existir. E isso era verdade para mais do que políticos.

— E então, tive uma ideia. Em vez de tentar fazer com que as pessoas nos notassem fazendo todas as coisas “certas”, faríamos com que o mundo nos desse toda a atenção que queríamos fazendo as coisas “erradas”.

E o método que escolheram para esse golpe publicitário foi a infidelidade de Matthew.

Eles permitiram que seu casamento fosse manchado por uma mentira barata.

Como esperado, Matthew atraiu muita atenção negativa e acabou sendo retirado do mundo político após enfrentar uma enxurrada de críticas. Laurie cuidou de tudo depois disso.

Ela deu palestras, abriu negócios, continuou a insistir publicamente que sua vida doméstica era feliz e harmoniosa. Ela fez o que pôde para permanecer no centro das atenções.

E a imagem da esposa misericordiosa, ao lado de seu miserável marido mulherengo, rapidamente conquistou o coração das pessoas.

Com o passar do tempo, as indiscrições de Matthew foram completamente eclipsadas pelos vários empreendimentos de Laurie.

Foi quando Matthew voltou ao centro do palco, com sua esposa apoiando publicamente as suas ambições presidenciais.

Naquela época, a impressão popular de Matthew já havia mudado em cento e oitenta graus.

— Olha, às vezes uma pessoa má que ocasionalmente faz coisas boas dá uma impressão mais favorável do que uma pessoa boa que faz coisas ruins, certo? Tudo o que fiz foi fazer com que meu marido representasse os dois papéis — disse Laurie, com um sorriso, como sempre.

 

 

MULHER MÁ DO SÉCULO? A ATERRORIZANTE REAL NATUREZA DA ESPOSA DE MATTHEW, LAURIE

A manchete do jornal do dia seguinte dizia algo assim, acompanhada por uma fotografia de Laurie – o jornal estava publicando um artigo sobre ela. Bem, provavelmente é mais correto dizer que era sobre ele do que sobre ela.

— O que você acha? Com isso, Bernard certamente vencerá a eleição! Não acho que ninguém vai continuar apoiando aquele perdedor do Matthew, que esteve sob o feitiço de uma mulher má durante o tempo todo.

— …

Eu havia sido chamada à redação do jornal e solicitada a revisar o artigo que eles estavam escrevendo, com base na entrevista do dia anterior. Mas seria difícil descrever o que me entregaram como uma notícia real.

Imprimiram a entrevista na íntegra, cada palavra que Laurie dissera. Nada foi retido.

— Não é esta a própria definição de reportagem tendenciosa?

Olhei para ele enquanto agitava o jornal crepitante, mas o repórter Frank apenas deu de ombros, exasperado.

— Não? Só falei a verdade, exatamente como ela é!

— Mas isso não é o mesmo que sua empresa jornalística apoiando Bernard?

— Bem, é sim. Mas não acho que o mundo verá dessa forma.

— …

Acho que, nesta cidade, a palavra “imparcialidade” tem menos peso do que papel de jornal molhado.

E não há o menor esforço para disfarçar.

Que ultrajante.

— Você tem minha gratidão, Srta. Bruxa. Graças a você, o futuro desta nação está garantido. Bernard vai ganhar a eleição e liderar nossa cidade na direção certa.

— Claro, sem problemas… — Estendi minha mão, sem olhar para ele.

— …? O que? Você quer um aperto de mão?

Você é burro?

— Você não vai entregar aquelas minhas fotos secretas?

— Oh, estas? — Como se tivesse realmente se esquecido delas até um momento atrás, o repórter Frank começou a vasculhar sua bolsa. — Vejamos, onde aquilo foi parar…? — Finalmente, ele apareceu com várias fotos minhas em preto e branco. — Aqui está.

— Obrigada. — Peguei as fotos dele e as enfiei no bolso. — Então, agora nossa colaboração informal foi formalmente dissolvida, certo?

— Ha ha ha! Pessoalmente, gostaria que me emprestasse seus poderes por mais um tempo. É bem conveniente ter uma bruxa capaz de fazer pequenas coisas como poções que fazem as pessoas confessarem seus segredos mais profundos. Você não quer trabalhar para o nosso jornal?

— Você está me superestimando.

— Acho que não.

— Bem, de qualquer forma, definitivamente não irei mais colaborar com você.

Ele bufou quando recusei educadamente.

— Bem, tudo bem. Se acontecer de algum dia você visitar esta cidade de novo, vou te perguntar de novo, de qualquer maneira. — E então ele girou abruptamente nos calcanhares e caminhou de volta para a redação do jornal.

— De qualquer maneira, até mais.

Não acho que nos encontraremos novamente.

Permita-me contar o que aconteceu com Matthew depois disso.

As más ações de sua esposa foram expostas no jornal e ele desmaiou durante um discurso de campanha. Em lágrimas, ele se desculpou, dizendo que tudo o que havia dito até aquele ponto – que foi capaz de fazer isso até aquele momento devido ao apoio de sua esposa, e tudo mais – tinha sido um disparate.

A verdade é que sua esposa má o atormentou e o forçou a ter um caso como parte de um esquema para ganhar a eleição.

Ele também revelou que estavam atualmente avançando com o processo de divórcio.

O povo ficou indignado, mas sua raiva não era dirigida a ele.

Laurie foi considerada a vilã da história. Quase todos os negócios que ela abriu foram forçados a fechar e seus livros formaram montanhas de devoluções nas lojas.

Em pouco tempo, seu divórcio com Matthew foi finalizado, ela foi expulsa da casa em que morava e desapareceu da vida pública.

Foi o tipo de final que normalmente aguarda mulheres más.

Por outro lado, Matthew continuou sua campanha presidencial. Mesmo tendo sido atormentado por sua esposa por muito tempo, os sentimentos que ele sentia por sua cidade eram reais, insistiu.

As pessoas ficaram comovidas com a forma como ele suportou o abuso dela por tanto tempo.

“Faça o seu melhor!” “Não desista!” Essas frases comuns deram-lhe um impulso.

Com certeza, a denúncia do repórter Frank sobre a mulher má tinha virado completamente a eleição. No entanto, seu esquema trouxe exatamente o resultado oposto do que ele buscava. Desde que saiu o artigo expondo Laurie e desde o divórcio dela com Matthew, Matthew se tornara muito mais popular do que nunca.

Apesar do trauma que experimentou nas mãos de sua esposa perversa, Matthew continuou a se dedicar ao serviço de sua cidade. O povo ficou cativado por sua sinceridade.

Os delitos de sua esposa má não podiam ser usados ​​contra ele. As pessoas que moravam na cidade entenderam isso muito bem, mesmo que nem todas as empresas jornalísticas tivessem feito isso.

Por esse motivo, o repórter Frank se enganou e seus esforços para sabotar a campanha de Matthew só a fortaleceram.

A propósito…

Eu menti para o repórter Frank.

Quando fomos entrevistar Laurie no café, não foi a primeira vez que a vi.

— De acordo com o jornal de hoje, Matthew parece ter a chance de ganhar a eleição… O que você acha?

— Muito previsível, que chato.

Após o divórcio, ela me convidou para ir à sua casa e me ofereceu um café.

Recém-moído, parece.

Mexendo sua xícara fumegante com uma colher, ela sorriu.

Olhei para ela e tomei um gole de café.

— Este café… é delicioso.

— Não é? Quer dizer, é o mesmo café que servimos no meu estabelecimento. — Ela tomou seu café, com um cubo de açúcar, e sorriu. — Delicioso como sempre.

Deve ter tido o mesmo sabor quando ela estava sentada em frente ao Repórter Frank também.

Afinal, a única coisa que adicionei à xícara dela foi açúcar comum.

 

 

Conheci Laurie inicialmente no meu primeiro dia na cidade.

Depois de vagar sem rumo por um tempo, eu, por coincidência, entrei em um dos cafés que ela possuía.

— Minha nossa. Por acaso você é uma viajante?

Uma mulher de repente se sentou à minha frente na mesa ao lado da janela, onde eu havia me sentado.

O que há com ela, surgindo do nada? Isso é muito assustador!

Eu estava em guarda quando ela apresentou um cartão de visita.

— Oh, por favor, pode relaxar. Prometo que não sou uma pessoa suspeita. — Essa foi uma coisa muito suspeita de se dizer.

— Huh…

O cartão tinha muitas letras densas. Parecia dizer que ela era a esposa de algum tipo de empresário ou político ou algo assim.

Definitivamente suspeito.

Então a mulher muito suspeita começou a me contar, sem ser convidada, tudo sobre a cidade.

— No momento, esta cidade está fervilhando de entusiasmo por causa de uma eleição. Está se tornando um confronto direto entre um político influente e um recém-chegado espirituoso.

Mas havia certos problemas com o sistema político local, ela me disse. Os problemas eram com a imprensa. Todas as empresas de notícias apoiavam firmemente Bernard e os artigos que publicavam enfocavam sua campanha e nada mais. Os candidatos não receberam cobertura igual em suas páginas e todas as reportagens eram totalmente tendenciosas, ela insistiu.

— Se isso continuar, a campanha do meu marido será esmagada pelos jornais. É por isso que quero que você me empreste seu poder — disse ela.

— Os políticos devem ser eleitos por causa de suas posições sobre as questões. O povo deve escolher uma pessoa justa e honesta para liderar a cidade. Mas o governo é corrupto demais para que isso aconteça. As eleições para decidir o futuro de nossa cidade foram reduzidas a simples concursos de popularidade.

A realidade é que mesmo os discursos que presenciei na cidade eram apenas uma forma de atrair grandes multidões. As pessoas eram naturalmente mais propensas a se reunir em torno de candidatos populares e, dessa forma, quanto mais atenção uma pessoa conseguia, mais apoio ela continuava a ganhar.

Isso me lembrou de um enxame de insetos atraídos pela luz.

— Você não vai me emprestar seu poder para conseguir eleger um político verdadeiramente honesto?

Foi o que ela me disse.

Mas eu não acenaria com a cabeça imediatamente e aceitaria sua proposta assim.

Afinal, havia a possibilidade de que ela estivesse mentindo e eu não estava disposta a trabalhar com ela antes de tirar minhas próprias conclusões.

E então, eu disse apenas “Vou pensar sobre isso” e então me despedi naquele dia.

A essa altura, já havia sido abordada por vários fotógrafos amadores, apanhados na mania que estava varrendo a cidade. Enquanto dava passeios simples pela cidade, eles me chamavam, pedindo-me para ser modelo para suas fotos. Isso tinha acontecido comigo com frequência no meu primeiro dia na cidade e novamente no segundo.

E sempre que eu concordava em tirar uma foto, levava várias cópias comigo como lembrança.

Então, no segundo dia da minha estadia, visitei o café de Laurie novamente.

— Então você decidiu me ajudar? — perguntou ela, inclinando a cabeça.

— … — Peguei várias das fotos que foram tiradas pela cidade, bem como uma pequena carta que eu havia escrito. — Não sei se você está certa ou se a imprensa está certa, então ainda não posso prometer meu apoio.

A carta direta me acusava de uma variedade de crimes.

— No meio da madrugada desta noite, cole isto na porta do escritório do jornal. Se o jornalista é alguém que quer fazer a coisa certa, ele certamente ignorará esta carta ou então tentará me expor por todas as coisas ruins que ela diz que fiz. E se ele é alguém que quer fazer a coisa errada, certamente pensará que me colocou em desvantagem e virá me ameaçar. Se ele fizer isso, irei cooperar com você. Se ele não o fizer, também não o farei.

E, assim, no meu terceiro dia na cidade, descobri que o repórter do jornal era exatamente o tipo de pessoa que tentava fazer a coisa errada.

— Mas está realmente tudo bem? No final, você pode perder tudo para que seu marido seja eleito.

O método de Laurie para eleger Matthew parecia bastante desesperador.

— Não me importo.

Como sempre, ela sorriu enquanto bebia seu café.

Ela havia orquestrado o alvoroço sobre o caso vários anos antes e depois passou muito tempo preparando as bases para tornar seu marido famoso, o que ela teria que fazer se ele quisesse ter alguma esperança de ganhar a eleição. Não havia outra maneira, exceto provar sua honestidade.

Deve ter sido isso que ela estava pensando.

Portanto, por esse motivo, Laurie havia forçado o marido a ter um caso vários anos antes e agora se preparava para expor esse fato.

Ao confessar que todos os crimes dele foram na verdade dela, poderia criar uma imagem dele como um homem honesto que mantinha sua esposa equivocada ao seu lado, não importava o que acontecesse.

Ela até bolou um esquema envolvendo sua confissão com soro da verdade, faria um show para revelar todos os seus atos malignos.

— Tive de fazer a coisa errada pelo motivo certo — disse ela. — Quero que ele seja o tipo de político que fará a coisa certa pelo motivo certo.

— …

 

 

 

 Pousei minha xícara de café e olhei para ela.

— Parece que Matthew fará muito bem depois que você o soltar.

No momento, sua popularidade não tinha limites. Parecia certo que ele se tornaria o próximo presidente.

— Tenho certeza de que ele vai. Pelo menos espero que sim. É o que esperamos por todo esse tempo.

Parecia que a cidade finalmente teria um líder dedicado ao seu povo.

Mas alguém tinha ideia de que ele só tinha chegado até ali por causa de sua esposa inescrupulosa, que se dispôs a fazer a coisa errada na hora certa?

Eu tinha certeza de que ninguém sabia disso.

Nem antes disso, nem depois.

 

 

Vários dias após a partida da Bruxa Cinzenta, um novo presidente foi empossado. Ele era o presidente mais jovem da história da cidade.

Este foi um ponto de viragem na história da cidade – reivindicaram todos os jornais, um tanto descaradamente.

No início da eleição, ninguém imaginava que Matthew enfrentaria um político poderoso e influente, armado apenas com seu idealismo e devoção à cidade e realmente venceria.

Claro, toda a cidade zumbia de emoção quando o novo presidente foi empossado. Ele conduziria a cidade por um novo caminho, com certeza. Todos estavam convencidos disso.

— Obrigado.

Em uma pequena residência privada perto da fronteira, um único homem fez uma reverência profunda. Este homem deveria estar carregando a cidade nos ombros. Este homem acabara de se tornar o novo presidente. E talvez fosse mais honesto do que qualquer um imaginava.

Depois de se curvar por um longo tempo, como qualquer político faria, ele se levantou.

Seu olhar encontrou o de sua ex-mulher, o queixo apoiado estoicamente nas mãos.

— Por favor, me guie de novo. — Ele deixou escapar, implorando. — O que eu devo fazer a seguir?

Com suas palavras, os cantos da boca da mulher se ergueram levemente.

Ali estava certamente um político dedicado.

No entanto, ninguém mais sabia que sua devoção nunca foi direcionada para sua amada cidade. Nem um único de seus constituintes entendeu que ele sempre foi dedicado a uma determinada pessoa.

Nem antes disso, nem depois.

 


 

Tradução: Nero

Revisão: Flash

 

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Vol. 6 - Cap. 03