Deixe-me contar sobre uma cidade estranha que visitei durante minhas viagens.
— Bem-vinda… — Assim que o guarda do portão viu meu rosto, ele congelou no lugar. — Q-Que fofa! Você com certeza será a próxima grande sensação! Você é a garota fofa da próxima geração! Sem dúvidas!
— Huh…?
— Por favor, siga em frente e entre! Nós damos boas-vindas de todo coração!
— Uh. C-Certo…
Passei pelo portão, me sentindo totalmente confusa. A cena do outro lado não foi menos desconcertante.
— Pessoal! Olhem aqui! Uma viajante fofa apareceu!
— Uma bruxa fofa? Essa é a melhor combinação!
— Ela é mesmo fofa!
— Olha aqui pra mim!
— Ela é realmente excelente… uma em um milhão!
— Eu só quero sufocá-la de amor!
Fui colocada em um palco na praça da cidade, arrastada até diante dos moradores.
— Ehhh… — Fiquei encolhida no meio da multidão, para ser sincera.
O que é isso?
Quando perguntei o motivo, me disseram que, quando os habitantes da cidade encontram uma pessoa fofa, imediatamente a colocam em exposição e oferecem preces para ela. A cidade inteira evidentemente seguia essa prática.
É isso que chamam de idolatria?
Acho que queriam saber que tipo de pessoa eu era, já que uma série de perguntas rápidas voou em minha direção. Ofereci respostas extremamente superficiais, claro.
— Olá! Por favor, diga-nos a sua idade!
— Não, obrigada.
— Você tem namorado?!
— Não tenho, e nunca terei.
— Você tem namorada?!
— Não.
— Posso apertar a sua mão?!
— Odeio tocar estranhos, então não, obrigada.
— P-Por favor, case comigo!
— Por favor, dê o fora.
Como já deve ter percebido, minha personalidade não é especialmente fofa. Além disso, eu estava de saco cheio de todo aquele espetáculo horrível. Pensei que tinha deixado meu descontentamento bem claro, e meus questionadores podiam ficar cansados disso.
Contudo…
— Incrível…!
Que saco.
Os cidadãos praticamente jorravam admiração pelas minhas palavras desagradáveis. Quanto mais eu os advertia, mais era elogiada pela minha “linguagem abusiva fofa!” Se eu tentasse bolar um esquema para o lado deles, seria adorada por ser “adoravelmente astuta!” Indo direto ao ponto, contanto que eu fosse fofa, ficaria tudo bem. Era esse tipo de cultura que tinham.
Mas se alguém tem permissão para fazer qualquer coisa, começa a se acostumar com a ideia de que pode fazer o que quiser, certo?
Tirando vantagem da gentileza das pessoas, fiz exatamente o que quis por um tempo. Admito. Morar em tal lugar é como um sonho. Até para um bilionário, não é? Era isso que eu pensava, e acabei aproveitando isso por algum tempo.
Um dia, contudo, acordei, e todos os cidadãos começaram a criticar o meu comportamento.
— Estou cansado do seu comportamento abusivo.
— Oh, você não é mais tendência.
— Você já é página virada.
Uh-oh. O que será que aconteceu aqui?
A razão era simples e clara. Uma garota nova tinha chegado na cidade.
— Ela é um anjo…!
— Olhem! Uma garota pura que não nos trata mal!
— É assim que uma garota de verdade deveria ser.
— Uma excelente espécime… uma em um milhão!
— Eu só quero sufocá-la de amor!
Os cidadãos não deram mais atenção para mim.
Eu tinha sido jogada de escanteio, liberta de todas as obrigações, enquanto todos me ignoravam o tempo todo. No fim, fui praticamente expulsa da cidade.
Parecia que a política deles era que “fofura é tudo.”
Mas a ideia deles do que era certo e toda a sua cultura passaram por revisões completas.
Assim como o ciclo da moda.
Tradução: Wesley
Revisão: Sonny
📃 Outras Informações 📃
Apoie a scan para que ela continue lançando conteúdo, comente, divulgue, acesse e leia as obras diretamente em nosso site.
Acessem nosso Discord, receberemos vocês de braços abertos.
Que tal conhecer um pouco mais da staff da Tsun? Clique aqui e tenha acesso às informações da equipe!
Comentários