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Bruxa Errante, a Jornada de Elaina – Vol. 4 – Cap. 08 – O Herói, o Dragão e o Sacrifício

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— Nnh…

Estava de manhã e abri os olhos para os raios de sol que entravam pela janela aberta.

Tentando fugir da luz que se derramava sem qualquer piedade sobre mim, como se dissesse “acorda, preguiçosa“, rolei enquanto dormia e virei o rosto.

A sonolência continuava presa ao meu corpo e eu sentia que poderia voltar a cair em um sono agradável no caso de fechar os olhos por apenas um momento.

— Nnh…?

Entretanto, logo depois de rolar pela cama, a sonolência sumiu e arregalei os olhos, piscando de surpresa.

Lá, como que para estragar a minha manhã tranquila, estava uma visão que eu não poderia ter previsto e que não entendia.

— …

— …

No canto da minha cama de solteira estava uma garota. Seu cabelo branco e curto era muito bonito; parecia que se eu tocasse, sentiria algo bem macio e que também cheiraria muito bem. Ela respirava calmamente durante o sono, parecendo bem tranquila, com os cantos da boca um pouco arqueados para cima, como se estivesse sonhando com algo feliz.

Para ser mais clara, Amnésia estava na minha cama.

Por quê…? Ela está…? Dormindo comigo?

— Hm, o quê…? O que aconteceu na última noite…?

Sentei na cama, apoiando a cabeça. Perguntei-me se também tinha perdido a capacidade de lembrar de tudo o que aconteceu no dia anterior.

Acho que na noite anterior, após todos os acontecimentos, adormecemos nesta pousada. Que estranho. Tenho certeza de que este era um quarto para duas pessoas e com duas camas. Mas a cama contra a parede oposta está vazia. Os lençóis estão todos bagunçados, mas não tem ninguém entre eles. Tenho certeza que ela adormeceu naquela cama, mas…

Por que está na minha?

Bem, não lembro e, claro, Amnésia não consegue lembrar de nada de antes de adormecer, o que significa que não há uma única pessoa que possa explicar a situação atual. Este é um mistério insolúvel.

— Hm, Amnésia?

Mesmo assim, com uma pequena centelha de esperança, sacudi o seu corpo. Será que ela, por alguma sorte, pode lembrar se aconteceu algo?

— Nnn. — A garota inconsciente me deu um soco.

— …

— Aan.

Fiquei atordoada e, desta vez, ela me deu um chute.

— …

— Uun.

Desta vez, ela partiu para uma cabeçada. Em vez da agradável fragrância do seu cabelo, senti o gosto de sangue.

Imagino se há algo de errado com o meu nariz.

Ela parecia estar só se revirando enquanto dormia. E também devia ter viajado de uma cama para a outra enquanto dormia.

Entendi, entendi.

— …

Já estava de manhã.

Decidi acordá-la. De um jeito nada delicado.

— Hm, quem sou eu…? Quem é você…? E por que o meu rosto está doendo…?

Conforme eu havia feito alguns momentos antes, a garota acabou de acordar e semicerrou os olhos à luz do sol e esfregou o rosto.

Alguém te deu um tapa? Que dó…

— Bom dia. Você se chama Amnésia. Eu me chamo Elaina, a Bruxa Cinzenta. Sou sua companheira de viagem.

— Amnésia…? Viagem…? Sinto muito… Não consigo me lembrar de nada, mas…

— … — Balancei a cabeça em compreensão. — Você sofre de uma doença que te faz perder a memória todos os dias. Não sabemos o motivo exato. Você parece estar nessa condição há pelo menos um ano. Aqui, dá uma olhada nisso.

Joguei o diário, que estava sobre a mesa, para ela.

A garota parecia não entender o que estava acontecendo, mas, mesmo assim, seu corpo devia se lembrar, já que suas mãos não hesitaram em abrir o diário.

Passamos uma semana viajando juntas, mas parece que é melhor eu começar a pensar mais estrategicamente sobre os quartos que divido com ela… Quando acordo pela manhã, a vejo dormindo debaixo da cama dela, o que me faz pensar que pode ter caído no chão ou coisa assim.

Isso deve ser por causa da intensidade enquanto rola e vira, hein?

Não estava causando nenhum dano real, então deixei passar, mas é meio problemático se ela começar a se esgueirar para a minha cama. De agora em diante, imagino se devo amarrá-la na cama, igual amarram um presunto ou coisa assim.

— …

Amnésia folheou as páginas do diário.

— Entendi… Então estamos no meio de uma jornada para a Cidade Santa, Esto?

— Estamos. — Balancei a cabeça.

Levou muito pouco tempo para ela se atualizar. Provavelmente estava se acostumando a acordar sem memórias.

— … — Ela folheou as páginas e, depois de um tempo, seu rosto começou a mudar de cor. — Espera… Sério?

Imagino o que está escrito lá. Ela não agiu assim na manhã anterior, então suponho que provavelmente esteja lendo o que escreveu ontem.

Acho que aconteceu muita coisa… então essa reação não é algo tão inesperado assim.

— Assim como verá após ler tudo, verá que lidamos com muitas coisas ontem — falei.

Foi tão desgastante. Afinal, fizemos tudo e um pouco mais.

— … — Ela fechou o diário e olhou para mim. — Elaina, hm… como me saí? — perguntou Amnésia com um olhar bem tendencioso.

— Como você se saiu…? Normal, eu acho.

— N-Normal…? É…?

Algo na maneira dela agir parecia estranho.

— …?

— Diga, desde quando temos esse tipo de relacionamento…?

— Hein? Desde o dia em que nos conhecemos, mas…

— Ah, desde o dia em que nos conhecemos…? S-Sério…? Você é rápida… Elaina…

— O quê?

Não faço ideia do que você está falando.

— Elaina, você está acostumada a fazer esse tipo de coisa…?

— O que quer dizer com isso?

— Digo, bem… você sabe… entre duas garotas…

Acho que ela está falando sobre viajarmos juntas.

— É a minha primeira vez.

— Como pode continuar tão calma se é a sua primeira vez…? Eu, enquanto isso, fiquei extremamente surpresa ao ler o meu diário. Digo… meu coração está batendo forte.

— …

Tenho certeza de que ela nunca agiu assim nas manhãs anteriores.

O que diabos está escrito no seu diário? Mas, bem, tenho certeza de que a ansiedade por perder a memória deve estar a deixando meio louca.

Aproximei-me dela.

— Vamos lá… Calma. Tenho certeza de que você está confusa a respeito de muitas coisas, mas com certeza vai em breve recuperar a memória.

Levei minha mão ao seu ombro.

Quando fiz isso, seus ombros tremeram de surpresa por um momento.

— Mm…

Como se tivesse tomado uma decisão, Amnésia relaxou, fechou os olhos lentamente e franziu um pouco os lábios. Seu rosto, por alguma razão, ficou vermelho e seus ombros tremeram um pouco, como se estivesse prendendo a respiração.

— O que você está fazendo…?

Falando francamente, não entendi o seu comportamento.

— Você não vai me beijar…?

— ????????

Falando francamente, não entendi o significado por trás de suas palavras.

Por que eu faria isso? Ela é estúpida? Ela é uma idiota? O que está havendo? Nós duas nem mesmo temos esse tipo de relacionamento, certo? Como diabos ela foi chegar a essa conclusão? Tenho algumas dúvidas. Acho que ela pode ser estúpida. No que ela está pensando? Ela precisa parar de brincar.

— Hm… o que estava escrito na entrada de ontem do seu diário?

— Quer me fazer dizer aquilo em voz alta…? Você é tão cruel.

— Não, não foi isso que eu quis dizer.

— Você é má.

— Não foi isso que eu quis dizer. Do que você está falando?

— Ah…! Sinto muito. Será que sou a parceira mais dominante? Isso mesmo. Se eu tivesse que adivinhar, diria que você parece ser a submissa. Não consegui acompanhar isso. Foi mal, viu?

— Sério. Pare com isso. Estou pedindo com educação. Ei, não chegue tão perto. Afaste-se. Você não quer me ver com raiva.

— Acho que não estou muito acostumada com esse papel, mas vou dar o meu melhor!

— Não tente tanto! Ei, pensei ter dito para você se afastar de mim. Pare, por favor!

Eu não poderia tê-la rejeitado com ainda mais força.

Depois daquilo, demorou um pouco para corrigir o seu mal-entendido, mas como os acontecimentos se desdobraram de uma forma constrangedora de acompanhar, pouparei todos dos detalhes.

— Entendi… É isso que está havendo.

Depois de trocar o meu pijama pelo meu robe de sempre, pedi a ela que me mostrasse o seu diário. A propósito, eu tinha trocado de roupa só porque nossa hora de fazer o check-out da pousada estava chegando – não porque havia acontecido algo naquele espaço de tempo, ou por qualquer outro motivo. Não entenda errado.

Eu não tinha o hábito de espiar o diário das outras pessoas, especialmente porque esperava que contivesse anotações relacionadas a mim, já que estávamos viajando juntas. Eu não queria olhar, sério, mas circunstâncias são circunstâncias e eu não tinha outras opções.

— …

Examinei a entrada do dia anterior no diário dela.

Era, no geral, constrangedor de se ver, então vou poupar todos disso.

Assim sendo, por que diabos havia algo assim…?

— Lá vamos nós. — Rasguei a página.

— Aah!

Ignorando o choramingo triste de Amnésia, amassei o papel e joguei na lata de lixo.

— Amnésia, vou te contar a verdade sobre o que aconteceu ontem, então, por favor, escute com atenção, combinado? — Eu a encarei. — Primeiro, como deveria ser óbvio, não temos aquele tipo de relacionamento.

— Sério?

— Sim. Então, por favor, não se force a fazer coisas assim, certo?

— Tá…

— …

Por que ela parece tão desapontada…?

De qualquer forma, assim, seguindo a minha própria memória, contei-lhe uma história.

— A propósito, pode me desamarrar?

— Não.

Tínhamos chegado a esta aldeia quase neste mesmo horário do dia anterior.

Cercada por pastagens vibrantes, a aldeia existia silenciosamente entre as flores balançando ao sol da manhã e tinha árvores pontuando o cenário.

Quando entramos nela, a primeira coisa que nossos olhos encontraram foi uma multidão de pessoas.

— Será que é algum tipo de festival…? — Inclinei a cabeça.

— Parece divertido, hein? Que legal! — Amnésia ficou estranhamente excitada.

A propósito, ela estava agindo de um jeito normal naquele dia.

Quase toda a população da aldeia havia se reunido formando a multidão, então não conseguimos encontrar ninguém nos outros lugares e, por fim, fomos parar no meio da aglomeração.

Os aldeões estavam reunidos em um círculo, gritando palavras de encorajamento.

— Vai lá garoto!

— Você consegue!

Os olhares estavam fixos no centro do círculo.

— Raaaaah! Eu vou fazer isso!

Lá estava uma única espada presa em um pedestal. A lâmina de dois gumes notavelmente fina não se moveu nada, apesar do homem tentar puxá-la com todas as suas forças, forçando até que seu rosto brilhasse de tão vermelho.

Estava claro que estava acontecendo algo cerimonial.

— Nada bom…! Seu tempo acabou. Afaste-se.

Em pouco tempo, um homem de mais idade que estava por perto o puxou para longe da espada.

— Próximo! Não há ninguém que consiga remover essa espada?!

Dentre o círculo, mãos dispararam para o ar, já que cada um dos homens acreditava ser capaz de fazer isso.

— Hmm… são todos insatisfatórios… — O homem mais velho olhou para o círculo, avaliando os candidatos.

E então…

Seus olhos pararam justamente onde estávamos eu e Amnésia.

— Hmm? Rostos desconhecidos. Quem seriam? — Ele caminhou em nossa direção.

— Meu nome é Elaina, a Bruxa Cinzenta. Sou uma viajante. — Eu me curvei.

— Meu nome é Amnésia. Também sou uma viajante. — Amnésia também se curvou. — Que tipo de festival é este?

— Ah… viajantes, hein… — O velho balançou a cabeça, parecendo bem interessado. — Isto não é um festival, mocinhas. Esta é uma cerimônia para salvar a nossa aldeia.

— Fazendo o quê? — Inclinei a minha cabeça de forma questionadora.

— Recentemente… um dragão voador começou a viver perto daqui. E de forma bem preocupante, começou a exigir que entreguemos as garotas mais jovens e mais bonitas como sacrifícios.

Uau, que clichê.

— Mas não precisam se preocupar. Seguindo as lendas antigas, os aldeões se reuniram para clamar pela chegada de alguém que por fim libertará a espada do seu pedestal e a usará para matar o dragão.

Uau, que clichê.

Isso era quase tão batido quanto uma história folclórica ou conto de fadas.

— E quanto às nossas duas visitantes? Não vão tentar dar um puxão na espada para comemorar a visita? Não vai acontecer nada, é claro, mas vai render uma boa memória. Oh hoh hoh.

O velho soltou uma risada despreocupada e acenou para nós duas.

— Elaina, que tal? — Amnésia estava me cutucando com o cotovelo, um sorriso brincando em seu rosto.

Bem, acho que está tudo bem…

Fiquei um pouco curiosa, de qualquer forma.

Logo concordei e fui em direção ao pedestal e à espada.

— Eu dou um puxão, certo?

Suavemente agarrei o punho.

Vejamos. Veremos se consigo tirá-la. Bem, suponho que seja impossível…

— Certo, aqui vou eu! — Firmei o meu aperto na espada. — Ah…

Mas então, de repente, percebi algo.

Ah, isso é ruim.

Ficou claro que se eu usasse toda a força para puxar a espada, ela acabaria deslizando para fora do pedestal. Isso significava que eu me tornaria o herói da vila e teria que matar o dragão.

Dei uma olhada ao meu redor. As pessoas felizes ainda não pareciam ter percebido nada de incomum em mim. Estavam apenas dando gritos de encorajamento, coisas como “Você consegue!” e “Você é a garota mais fofa do mundo!”

Você está indo bem. Você não foi descoberta.

— …

Foi então que um demônio surgiu na minha mente.

Por que não segue em frente e finge que não foi capaz de tirá-la? Não seria incômodo se tivesse que matar um dragão e tal?

Entendi, entendi.

Não, espera — surgiu um anjo —, que tal você puxar a espada, então fingir que está indo matar o dragão e depois vender isso aí para uma loja de penhores?

Você é o anjo…?

— …

No final, decidi que o plano do demônio parecia ser melhor.

— Ah, foi mal. Também não consegui tirar. — Dei um sorriso bobo e voltei ao círculo, onde o velho me cumprimentou, todo alegre.

— Isso já era de se esperar, sabe. Já que por várias gerações, esta espada ficou imóvel para qualquer um, exceto para os mais puros e compassivos. Alguém tão honesto que não consegue mentir, que sempre prioriza os outros sobre si mesmo, um incrível espécime da humanidade que não consegue fazer mal sequer a uma formiga.

Hmm? Não me diga que quer comprar uma briga comigo. Se for alguém que não consegue matar nem uma formiga, como espera que mate um dragão? O que isso deveria significar?

— Bem, essa é a única pessoa que poderia salvar a nossa aldeia da sua terrível situação. Ninguém espera que viajantes de outras terras…

— Whoops. Eu puxei — desabafou Amnésia, interrompendo o velho.

Shlep. A espada deslizou pateticamente.

Sem que ninguém percebesse, ela trocou de lugar comigo, e sem que ninguém percebesse, puxou a espada do pedestal.

— Isso significa que sou o herói…? Ah não, estou corando! — Ela estava sorrindo, parecia embaraçada.

Ao seu redor, os aldeões explodiram em um alvoroço ansioso.

Isso significa que… cabe a essa garota viajante matar o dragão voador.

— …

— …

O chefe da aldeia e eu olhamos para ela com expressões pálidas.

Não havia o que se fazer, agora que Amnésia havia sido incumbida de matar o dragão. Para isso, decidimos desviar das nossas viagens e nos dirigir ao pequeno santuário à beira do caminho onde o dragão havia feito o seu lar.

Mas antes disso, tínhamos muita bagagem, então decidimos procurar uma pousada. A aldeia não era particularmente acolhedora aos viajantes. Tinha apenas as comodidades mais básicas. Havia uma única pousada nela toda.

— Olá! Estão ansiosas pela noite, não é? Bem, bem-vindas à nossa pousada!

A funcionária da pousada nos fez uma saudação muito estranha. Ela era uma mulher bem bonita. Seu nome era Lana, e aparentemente era a garota mais bonita de toda a aldeia. Ela mesma nos disse isso. Honestamente, poderia ter agido com um pouco mais de humildade.

— Vejamos… Será que são vocês que vão atrás do dragão?

— Isso, bem… sim, isso aí…

Lana, por algum motivo, estava com a mão na bochecha, parecendo envergonhada. Ela estava corando. Eu gostaria que não fizesse isso.

— Nobres viajantes, muito obrigada. Esta é uma forma bastante humilde de mostrar a nossa gratidão, mas permita-nos disponibilizar sua hospedagem de forma gratuita. Naturalmente, as convidamos a ficar no quarto mais caro da pousada!

Sua oferta foi encantadora, mas não pude deixar de sentir melancolia ao pensar na incômoda façanha de matar o dragão que nos esperava.

— Isso é sério? Viva! Elaina, ela disse que é grátis!

Amnésia, entretanto, ficou evidentemente feliz.

— Eu sei. Consigo ouvir.

Peguei a chave de Lana, suspirando o tempo todo, e me dirigi para o nosso quarto.

— Incrível…! Este é um quarto de primeira! Olha, Elaina! A cama é tão macia e fofa!

Como seria de esperar de um quarto listado como de primeira, o interior daquele em que passaríamos a noite era a imagem do luxo. Semelhante a um quarto em uma pousada que eu havia encontrado uma vez no meio de uma floresta, o quarto era ridiculamente espaçoso, contendo uma cama e um sofá, além de uma mesa. Além do mínimo de mobília, havia todos os tipos de vasos aleatórios, uma armadura exposta e pinturas misteriosas. Imagino, por que será que os ricos gostam tanto de colocar coisas inúteis em seus quartos? Isso é um mistério.

Por que havia apenas uma cama também era um mistério.

O que devemos fazer? Acho que uma de nós poderia dormir no sofá.

Em uma mesa no centro do luxuoso quarto, parecendo um pouco fora do lugar, estava um livro novinho em folha.

— …

Eu o abri.

Dentro havia a caligrafia de todos os tipos de pessoas diferentes. Dizia: “Um encontro muito esperado com o meu namorado”, e “Hoje será um dia que jamais esquecerei”, e “Vim com uma garota que peguei na cidade”, e “Estou aqui com a minha professora”, e assim por diante.

Entendi. Parece ser um quarto destinado a casais.

Por que nos entregariam este…?

— Então, vamos dormir juntas? — Amnésia estava toda esparramada na cama, dando tapinhas no espaço ao seu lado.

— Estou pensando no sofá.

— Para nós duas?

— …

Decidi não indicar o absurdo nisso.

Bem, suponho que devamos pensar em qual de nós vai dormir na cama e depois voltarmos para o assunto de matar o dragão. Adiei esse problema e joguei a minha bagagem na cama.

— Amnésia, você deve levar o mínimo de bagagem possível.

— O que eu levo?

— Só a espada lendária ou coisa assim.

De qualquer forma, acho que seremos capazes de lidar com o dragão bem rápido. E, pensando bem, se terminarmos assim que chegarmos lá, não teremos que nos preocupar com quem vai dormir onde nesta noite.

— Viajantes! Peço que tomem cuidado…! Não posso agradecer o suficiente pelo que estão fazendo por minha causa…

Ficou óbvio quando estávamos saindo.

Lana estava obviamente preocupada com nosso bem-estar e preparou um pouco de saquê. Ela chegou a nos contar sobre uma maneira suspeitosamente conveniente de derrubar o dragão.

— Se fizerem o dragão beber, ele ficará bêbado e vocês deverão conseguir cuidar dele com facilidade!

Isso talvez fosse por algum senso de responsabilidade. Afinal, Lana deveria estar, neste momento, a caminho do covil do dragão, servindo como sacrifício.

— Se você fingir ser eu, deve ser capaz de enganar o dragão! — explicou ela, e então me emprestou algumas das suas roupas. Junto com elas, entregou também uma carta, dizendo: — Por favor, leia isso antes de enfrentar o dragão.

— …

Relutantemente, coloquei as roupas de Lana e saímos da aldeia.

O plano era o seguinte:

Eu iria para o covil do dragão fingindo ser a Lana e, de alguma forma, faria o dragão tomar o saquê. Amnésia então daria um jeito de derrotar o dragão bêbado. Idealmente, resolveríamos isso sem maiores complicações… Essa foi a estratégia pensada pelos aldeões.

— Sim, vai com certeza correr tudo de acordo com o plano!

— …

Achei que seria mais rápido se explodíssemos o dragão com magia, mas tentar discutir isso com eles seria um saco, então fiquei quieta.

O santuário onde o dragão vivia ficava a várias horas de voo de vassoura da aldeia. Era um lugar cercado por um trecho de grama normal, mas a entrada tinha a boca aberta em arco, como se estivesse nos convidando a entrar.

O local parecia estar ali há muito, muito tempo. Os tijolos que compunham o pequeno santuário racharam e enegreceram com o passar dos anos.

Parecia totalmente abandonado.

O lugar todo parecia mais do que um pouco sinistro, como se algo terrível estivesse escondido bem lá no fundo.

— Elaina… se eu acabar em apuros, me ajude com um pouco de magia, certo?

— Não.

— Você é tão cruel. — Amnésia começou a choramingar.

Deixei isso passar. Lembrei que devia ser o momento ideal para ler a carta que Lana havia me entregado.

A abri.

Lana aqui.

Eu sei disso.

Se está lendo a carta, suponho que deve ter chegado ao santuário do dragão.

Não era quando disse para eu ler? O que havia com essa introdução formal?

Entretanto, há algo que realmente preciso discutir com você.. Hm, a coisa é que, na verdade…

Eu tinha chegado nesse ponto quando Amnésia de repente saiu correndo sozinha.

— O dragão está lá dentro! Prepare-se!

— Espera aí…! Não saia simplesmente atacando!

Li a carta enquanto perseguia Amnésia.

Então, o que aconteceu com a nossa estratégia? O que é isso? Esqueceu completamente do plano que os aldeões elaboraram? Sua idiota.

Amnésia invadiu o santuário.

E eu também.

Enquanto avançávamos para o santuário frio e escuro, nos deparamos com uma única porta.

No momento em que Amnésia a viu, deu uma voadora:

— Raaahh!

Ela estava sendo claramente impulsionada por uma combinação entre estupidez e sede de sangue. Mal tive tempo para pensar, tentando acompanhá-la.

Acho que dar uma de herói a deixou agitada.

— Quem está aí…?

O espaço além da porta estava envolto em escuridão.

Uma voz medonha saiu das profundezas escuras.

— Perturbando o meu sono… humanos tolos. Isso merece a morte.

Da escuridão saiu a indicação de que algo rastejava.

Não consegui distinguir a criatura, mas ficou claro que estava com raiva.

Não acho que o plano dos moradores vá funcionar… Não tem como isso alegremente beber o saquê que trouxemos.

— Não adianta, hein… — Tirei as roupas de Lana, revelando meu robe de sempre. Eu tinha colocado ele por baixo, suspeitando que algo assim poderia acontecer.

Agarrei a minha varinha e lancei um feitiço.

Foi só um feitiço de luz.

A ponta da minha varinha brilhou com uma força incrível, iluminando a escuridão.

Com isso, pude ver o resto da carta que Lana havia me entregado.

Não quero que vocês matem o dragão. O dragão adormece assim que toma saquê, por isso queremos que lhe traga para a aldeia enquanto estiver dormindo.

Era isso que estava escrito no resto da carta.

— Quem são vocês…? Jovens garotas? Achei que fossem os heróis que virão para me matar.

A voz estúpida vindo de dentro do santuário com certeza pertencia ao dragão que estava escondido ali.

Mas, em vez de um dragão, emergiu uma figura jovem, mas totalmente humana e comum. Só uma figura humana normal. Sério, seria bem difícil distinguir alguma forma em que fosse diferente de um humano totalmente normal, mas se eu tivesse que escolher alguma coisa, acho que seriam as asas em suas costas. Ah, ou talvez os chifres na sua cabeça. Mas, sério, isso era tudo. Fora isso, tudinho normal.

— …

A propósito, havia mais alguma coisa na carta escrita por Lana.

Continuava assim:

O dragão é a pessoa que eu amo.

Mas o “dragão” meio que parece com uma garota normal.

Ignorei o pedido de Lana para levar o dragão inconsciente. Levei a criatura de volta para a aldeia do jeito que estava, ignorando os aldeões enfurecidos, e a arrastei até diante de Lana.

— O que está havendo aqui…?

Conduzimos a nossa investigação na suíte em que Amnésia e eu estávamos hospedadas.

— Hein? O que está havendo? Devo supor que quer saber todos os detalhes sobre o meu romance com este doce dragão? Oh ho ho! — riu Lana.

— Bem, falando de forma direta, é exatamente isso que quero saber.

— Contar essa história vai exigir algum tempo…

— Ah, seja breve e direta.

— …

Mesmo meio deprimida, Lana me contou a história. De acordo com ela, ela e o dragão se encontraram pela primeira vez só recentemente.

Enquanto caminhava do lado de fora da aldeia, encontrou-se com o dragão preso em uma armadilha. O dragão estava muito fraco e à beira da morte. Lana então levou o dragão para a sua pousada e escondeu-lhe dos outros aldeões enquanto cuidava da sua saúde em segredo.

A propósito, a armadilha era uma daquelas lâminas serrilhadas que prendem a perna. Era óbvio que o dragão não era dos mais inteligentes.

De qualquer forma, uma vez que recuperou as suas forças, o dragão voltou para o pequeno santuário onde havia feito o seu covil, mas, pelo visto…

— Eu simplesmente não conseguia tirar essa garota da minha mente… Em outras palavras… me apaixonei por ela — testemunhou o dragão, corando.

Entretanto, um caso de amor entre um dragão e uma garota humana jamais seria aceito pelos aldeões. Assim, tiveram que namorar em segredo, sempre tentando desviar dos olhares curiosos.

— Mas, sabe, acabei tendo uma ideia. Decidi ficar com ela vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Não quero esconder o nosso amor! — exclamou o dragão.

Parecia ser essa a situação.

Desta vez, o dragão bolou uma espécie de plano.

— Eu, primeiro, ameaçaria a aldeia para me entregar a garota, certo? E então me entregariam ela. E quando fizessem isso, o que acha que viria a seguir? Isso mesmo. Casamento.

Não entendo…

Lana pareceu entender a minha expressão.

— Simplificando, decidimos adotar a narrativa de que “o dragão ameaçou os aldeões a entregar uma donzela para comer, mas a donzela era tão bonita e gentil que o dragão se apaixonou por ela. Comovido pela afeição que sentia pela garota, o dragão veio se desculpar pelas suas maneiras e viver com os humanos.”

Entendo…? Espera. Entendo mesmo? Acho que não…

— Mas não é bem assim que as coisas correram, certo? Qual é o problema daquela espada lendária ou seja lá o que for? — Não pude deixar de sentir que isso parecia um pouco suspeito.

Lana ficou exasperada.

— É exatamente isso! O problema é esse! Qual é o problema com aquela espada?! Por causa dessa coisa estúpida, não fizeram o mais simples, que era me mandar para o santuário!

De acordo com a garota, o plano original era de que ela fosse direto para o santuário e, em seguida, as duas voltariam para a aldeia em um momento adequado e selecionado.

Entretanto, estava na aldeia a espada lendária, e devido às tentativas dos aldeões bem-intencionados querendo salvá-la, a situação ficou um pouco complicada.

— Então, no final, decidimos colocar o dragão para dormir, usando saquê para prover a embriaguez.

— Bem, parece que também não conseguimos colocar esse plano em ação… — suspirou Lana.

Em outras palavras, o esquema que criaram acabou em um completo fracasso.

— Então podemos dizer que esta é uma situação muito ruim? — Amnésia resumiu a conversa de um jeito superficial.

Bem, acho que ela não está errada.

— Isso mesmo… Ah, o que vamos fazer…? — Lana agarrou a cabeça com as mãos.

— Eu vou morrer…? — O dragão também abaixou a cabeça.

— … — Encarei o cenário em silêncio. Então, após uma breve pausa, perguntei: — Aliás, Lana. Esta pousada tem uma suíte para duas pessoas?

— Hein? Tipo essa?

— Estou perguntando se tem algum quarto com duas camas.

— Isso, bem… Temos, mas…

— Entendo. — Balancei a cabeça.

Assumi um ar bastante importante.

— Se nos transferir para esse outro quarto, tenho um bom plano… Mas a cooperação de Amnésia é essencial.

Amnésia apenas inclinou a cabeça e olhou para mim.

— Não sei qual é o problema com este quarto…

— …

Eu a forcei a seguir o meu plano.

Quando Amnésia e eu saímos da pousada, fomos recebidas pelas amargas objeções dos aldeões.

Exatamente como quando ficaram cercando o pedestal, formaram um círculo conosco no centro e despejaram as suas reclamações.

— Vocês só podem estar brincando!

— O que está acontecendo aqui?

— Andem logo e matem o dragão!

Minha nossa. Bem zangados, hein?

— Por favor, acalmem-se. O dragão é inofensivo. Não vai machucar ninguém.

— Que coisa mais estúpida para se dizer! O dragão tentou raptar a Lana da aldeia! — O chefe da aldeia estava fazendo uma carranca para mim.

Amnésia foi em frente e respondeu o chefe. Ela falou com ousadia, segurando a espada lendária em uma das mãos.

— Pense um pouco! O dragão parece uma garota comum! Acredita mesmo que poderia comer pessoas?

— O dragão deve ter assumido a forma humana!

— Isso não é verdade! Estou falando! É apenas um dragão solitário e honesto que nunca teve a intenção de comer qualquer ser humano. A verdade é que o dragão só queria amigos.

— Como pode dizer isso?!

— Porque encontramos o dragão e tivemos uma conversa apropriada. Ao contrário de vocês. — Amnésia sorriu. Foi um sorriso inexpugnável que não deixava espaço para contra-argumentos.

— Mas, não, espera… há uma chance de você estar mentindo…

— Definitivamente não há. — Amnésia cortou enquanto o chefe da aldeia falava. — Digo… Eu tirei isso aqui do pedestal.

Ela então segurou a espada lendária para cima – a espada que, por gerações, ficou imóvel para qualquer um, exceto para os mais puros e compassivos. Alguém com tanta honestidade que não sabia mentir, que sempre colocava os outros acima de si, um incrível espécime de humano que não teria coragem de matar uma formiga.

Não era essa a melhor prova de que ela estava falando a verdade?

Bem, mesmo eu, um horrível espécime da humanidade que sempre se coloca em primeiro lugar, uma mentirosa com a mente impura, seria capaz de arrancá-la, então acho que a lenda não faz sentido…

— …

Usar a espada para provar a sua identidade foi ideia minha. E, claro, essas pessoas, que acreditavam o suficiente na lenda para tentar puxar a espada, foram influenciadas pelas palavras de Amnésia, que havia conseguido esse feito impossível.

Do círculo de pessoas saíram gemidos baixos de espanto.

Uau entendo...

Lenda e superstição. Para o povo desta aldeia distante, essas coisas possuíam um enorme peso.

Parece que é possível encontrar várias formas de ganhar dinheiro usando essa espada, hein…?

Nesse momento, o demônio em minha mente deu as caras de novo.

Não seria possível tomar tudo que há de valor nesta aldeia se fizer Amnésia agir um pouco?

Você tem razão.

Não, espera aí. — Chegando um pouco tarde havia um outro demônio. — Podemos levar os objetos de valor, mas também podíamos levar a comida. E já que estamos nisso, podemos levar a espada lendária para uma casa de penhores, heh hehe heh…

Hm, e onde está o anjo?

— Morreu.

Sério?

— Elaina. — Amnésia colocou a mão em meu ombro. — Não faça nada de ruim, certo?

— …

Os demônios que andam por dentro da minha cabeça foram eliminados.

Foi assim que Amnésia conseguiu persuadir os moradores e também foi assim que fomos transferidas para um quarto com duas camas. A propósito, ela colocou a espada de volta no pedestal. Suponho que jamais voltará a ser usada para matar dragões. Porque não há ninguém que possa manejá-la.

E assim viveram felizes para sempre.

Naquela noite.

— Hein…? Não está aqui. Mm.

Tínhamos ido para um quarto para duas pessoas com duas camas.

Amnésia estava resmungando ao lado da cama de frente para a minha.

— O que houve? — Eu estava jogada na minha cama lendo um livro e olhei para Amnésia.

— Não consigo encontrar o meu diário…

— Hein?! — Dei um salto. — Você… você olhou? Em cima da cama? Na sua jaqueta? Na sua bolsa?

Perder algo tão importante era impensável.

Como ela poderia perder o mais vital dos objetos, aquele que contava a história de todas as suas viagens? Será que tinha esquecido que o seu diário era importante?

Procurei pelo diário dela, em pânico, mas não o encontrei em lugar algum, e a noite avançou enquanto virávamos o quarto de cabeça para baixo.

Finalmente tive uma ideia.

— Não me diga… você não pode ter deixado no outro quarto?

Se não estava no nosso quarto, só podia significar que estava em outro lugar.

— Ah é! — Amnésia estalou os dedos e saiu do quarto, toda animada.

Enquanto eu procurava freneticamente entre as minhas memórias, lembrei do dragão e Lana comentando algo sobre passar a noite naquela suíte de luxo depois que trocássemos de quarto.

Vários minutos depois…

— Certo…

Amnésia abriu a porta.

Ela havia voltado com o rosto tão vermelho que parecia que queimaria ao toque.

— Encontrou o seu diário…?

— Sim…

— Aconteceu alguma coisa…?

— Eu… não vi… nada…

— Você viu algo, hein?

— AAAAAH…!

Ela se arrastou para a cama, gemendo de um jeito incompreensível.

— Eu vou deitar! Não me chame antes que eu durma! — Ela se contorceu entre seus cobertores após esta instrução absurda.

O que diabos Lana e o dragão estavam fazendo…?

Bem, tenho certeza de que não quero saber…

O diário foi recuperado em segurança. Ele estava sobre a mesa.

— …

Absorta na leitura do meu livro, esperei até que a respiração de Amnésia ficasse pesada graças ao sono. Mesmo dizendo “livro”, acho que não era bem isso, tecnicamente falando. Eu estava lendo um livro de visitas. Continha relatos de pessoas que tinham se hospedado neste quarto. Era diferente daquele que eu havia encontrado na suíte, já que as pessoas que dormiam neste quarto pareciam ser na maioria viajantes ou aventureiros que tinham registrado informações úteis e histórias interessantes sobre os países vizinhos. Parecia que todos que tinham se hospedado no quarto eram gentis, já que todas as informações no livro de visitas pareciam ser benéficas. Por outro lado, alguns viajantes escreveram algumas coisas bem embaraçosas.

Era um livro caótico. Estava cheio de informações úteis, mas algumas das coisas faziam qualquer um se arrepiar.

Entretanto, não havia um único fragmento de informação sobre a Cidade Santa, para onde eu e Amnésia estávamos indo. Como esperado, as informações a respeito daquela cidade misteriosa não costumavam vazar.

Peguei uma caneta e fui até uma página limpa do livro.

Já que quem quer que leia isso provavelmente de repente se lembrará da nossa história em algum dia, em algum lugar, decidi que seria melhor ao menos escrever uma história que não fosse chata. Já que histórias chatas ou inúteis eram as mais facilmente esquecidas.

Poderia, por exemplo, escrever uma história interessante sobre o que aconteceu durante o dia.

Quando terminei de escrever, Amnésia estava respirando profundamente durante o sono e eu estava ficando bem cansada, então me contorci entrando por baixo dos meus cobertores.

Não demorou muito para eu também adormecer.

— Se divertiram na noite passada? Muito obrigada pela ajuda!

Após nos despedirmos de Lana, que nos deu uma estranha saudação, retomamos a nossa jornada. O dragão ficou o tempo todo ao lado dela. Estavam até mesmo de mãos dadas.

De um jeito bem íntimo…

Montei na vassoura e Amnésia subiu na garupa, agarrando-se a mim por trás.

Sentadas uma na frente da outra, partimos em direção à Cidade Santa, Esto.

Fomos impulsionadas pela crença sincera de que estávamos cada vez mais perto de recuperar as suas memórias.

— Ei, o que aconteceu com a última página do meu diário? — disse Amnésia atrás de mim na vassoura. — Ah, alguém escreveu algo… e foi… ah… minha nossa!

Bem, acho que o dragão ou Lana confundiu o diário de Amnésia com o livro de visitas fornecido com o quarto e escreveu nele…

Eu não falei nada sobre isso para ela desde que ela acordou.

— O que aconteceu? Receio não fazer ideia.

Por enquanto, dei uma resposta meio vaga enquanto ria para mim mesma.

— Você está mentindo! Você com certeza sabe de alguma coisa, Elaina! — Amnésia estava pressionando minhas costas com força.

Alguém ficou irritada.

Quando olhei de lado para ela, notei que estava com as bochechas estufadas de raiva.

— Bem, sei o que aconteceu quando você foi pegar o seu diário de volta.

— Conte, agora.

— Não.

— Diga.

— Não.

Continuamos o nosso caminho enquanto mantínhamos essa conversa boba.

Enquanto voávamos, pensei que se a memória de Amnésia voltasse e ela voltasse a visitar aquela aldeia e lesse a minha entrada no livro de visitas… se isso acontecesse, seu rosto com certeza voltaria a ficar vermelho.

 


 

Tradução: Sahad

 

Revisão: Kana

 


 

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