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Bruxa Errante, a Jornada de Elaina – Vol. 4 – Cap. 04 – O Caso da Maçã

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Nas profundezas da floresta, havia uma pousada.

Tarde da noite, uma linda lua crescente pairava sobre aquela mesma estrutura, fazendo com que parecesse um castelo quando visto de fora. De repente, um grito ecoou.

— AAAAAAAAAAAAAAH!

Era fácil imaginar que havia algo de errado. Todas as pessoas hospedadas na pousada estavam provavelmente pensando a mesma coisa. Enquanto corria para fora do meu quarto, avistei vários outros hóspedes se espalhando confusos pelo corredor, assim como eu.

Depois de correr pelo corredor, descobri de onde saíra o grito.

Uma multidão formava um círculo no saguão.

Digo uma “multidão”, mas poderia contar todos nas duas mãos. A pousada não estava particularmente cheia.

— Ei… isso é…

— Não posso acreditar que alguém faria algo tão terrível…

— J-Já estava assim quando encontrei…!

A confusão estava só aumentando.

Me espremendo pela pequena multidão, alcancei o centro do círculo.

— Aconteceu alguma coisa? — Não perguntei a ninguém em particular, ao menos não antes de compreender mais ou menos o que havia acontecido.

No centro do saguão, estendida no tapete, estava uma mulher viajante que se hospedara na pousada. Seu nome era Marie.

Ela era muito bonita e, como tinha um comportamento calmo, personalidade gentil e corpo bem-feito, começaram a circular rumores de que era bonita demais para ser uma simples viajante (de acordo com ela, pelo menos). E agora estava deitada lá, toda mole.

Estava usando um vestido que parecia ser muito caro, e sua pele estava pálida, parecia ter perdido todo o sangue. Me perguntei por que a garota estava com roupas tão extravagantes, visto que estávamos presos em uma pousada no meio do nada.

Ela não parecia estar respirando. Seu peito não se movia para cima nem para baixo e parecia tão imóvel quanto uma boneca.

E essa não era a única coisa suspeita na cena toda. Seu rosto estava voltado para cima, e ao seu lado estava uma única maçã, a qual havia levado uma grande mordida.

Um líquido vermelho escuro escorria pela boca de Marie, sujando o carpete.

Provavelmente morreu enquanto comia a maçã – com certeza é isso que parece.

— Acha que ela comeu uma maçã envenenada ou algo assim…? — Uma funcionária da pousada, acuada, olhou timidamente para a pequena multidão. Devia ser a primeira pessoa que encontrou Marie. Sua voz combinava com o grito que eu ouvira antes.

— Uma maçã envenenada? Por que isso estaria em um lugar como este? — Um viajante de pele escura expressou as suas dúvidas. Vou chamá-lo de Senhor Bronzeado.

— Ah, eu estava, sabe! Estava no meu quarto até agora! Sério! — Havia uma pessoa suspeita que de repente tentou provar um álibi, embora ninguém tivesse perguntado nada. Acho que gente assim é mais suspeita.

— Esta é… a maldição da maçã… Ela desrespeitou a maçã sagrada… e o castigo… foi entregue… — Uma garota vestindo roupas góticas de Lolita olhou para o cadáver de Marie e cuspiu nele. Eca.

— Por favor, acalme-se… Alguém testemunhou os momentos finais dela? Ou viu alguma pessoa suspeita? — O gerente da pousada dirigiu-se a todos os presentes em tom de repreensão.

— Como se houvesse alguma testemunha! — vociferou uma bêbada segurando uma enorme garrafa de alguma bebida.

Ela estava certa. Todos os hóspedes olharam uns para os outros, e ninguém tinha qualquer informação útil a oferecer. Havia muito poucos hóspedes e funcionários presentes, dado o quão ridiculamente espaçoso e extravagante era o lugar. Nesses tipos de situações, em que todos estavam familiarizados com os rostos de todos, a notícia de que alguém agia de forma suspeita com certeza se espalharia como fogo.

— Isso só pode dizer que foi um acidente… Ela, sem saber, comeu uma maçã envenenada que por acaso foi deixada ali… — Levei a mão ao queixo, intrigada com as minhas próprias palavras. — Não… Isso poderia mesmo ser o caso? Esta é uma simples suposição infundada, mas a realidade é que não importa se foi um assassinato ou um acidente. Acho que o que temos aqui foge a qualquer um desses cenários mais comuns.

As seis pessoas ao meu redor olharam para mim ao mesmo tempo. Do que diabos ela está falando?, deviam estar se perguntando.

Deixando isso passar, comecei a contar uma história.

— Ouvi dizer que existe uma certa lenda nesta terra. O que vocês sabem sobre isso? — questionei.

A Garota Gótica respondeu de imediato.

— Quer dizer… a Lenda das Maçãs…?

A Lenda das Maçãs.

De fato. Balancei a cabeça.

A maioria das pessoas presentes não sabia a respeito disso e só balançaram a cabeça em confusão.

Tenho que soletrar?, pensei, até que a Garota Gótica começou a sua própria explicação.

— Nesta terra, existe a lenda de que as pessoas cairão num sono eterno depois de comer uma maçã, o que raramente acontece. A história remonta a trezentos anos atrás. Uma bruxa que tinha ciúmes da beleza de uma linda garota que morava na floresta a colocou em um sono eterno ao envenenar uma maçã. Porém, vários dias depois, um príncipe necrófilo passou bem ao lado do corpo da garota e ficou tão comovido com a sua fofura que resolveu beijá-la. Depois que ela voltou à vida, o príncipe necrófilo resmungou: “Mas o que…? Não tenho interesse em garotas vivas. Venha me procurar depois que morrer de novo”, e foi embora. Desde então, maçãs envenenadas começaram a periodicamente crescer pela floresta. E elas são fadadas a serem comidas por lindas garotas, não importa quando. Além disso, sempre são acordadas pelo beijo de um príncipe. E é essa a lenda.

— Hm, sim.

Me afastei bastante da Garota Gótica, que ficava estranhamente falante ao se tratar das coisas que sabia.

— Em outras palavras, ela vai voltar à vida se um príncipe a beijar…? — O Senhor Bronzeado riu com desdém. Ele não parecia acreditar em qualquer palavra da história. — Certo, então vou beijá-la e fazer com que acorde.

Ele não parecia acreditar na lenda, mas, em sua mente, a luxúria provavelmente tinha espantado qualquer senso de razão para longe, fazendo-o agir de forma estranha. Seus olhos estavam injetados de sangue.

— Espera! Eu vou… eu vou fazer isso! — O homem suspeito também estava com os olhos vermelhos, mas achei que ele estava assim desde o começo. Será que não dormiu?

— Ora, ora, cavalheiros. Parem com isso. — O elegante gerente interveio para impedir os dois. — Eu farei isso.

Ah, ele não estava intervindo só para impedi-los!

— Espera. Fui eu quem contou a Lenda das Maçãs. Assim sendo, tenho o direito de juntar a minha boca à dela. — A Garota Gótica entrou no círculo dos homens e eu me afastei dela.

— Homens são tão idiotas… — A bêbada tomou o seu saquê enquanto observava os homens discutindo e fazendo barulho sobre o cadáver, sempre longe. A discussão deles estava animando a sua bebedeira. — Há até uma garota no meio…

O empregado da pousada, que era o único sensato no local, gritou:

— Quero ir para casa.

No final, o cadáver de Marie fez a pousada toda entrar em pânico.

Todos estavam esbravejando e delirando, gritando sobre quem iria beijá-la, ou querendo beber ainda mais, ou querendo ir para casa.

Isso rapidamente se transformou em completo caos.

Bem, de uma forma ou de outra, isso tudo começou comigo…

O que posso fazer para controlar a situação? Estava pensando nisso enquanto observava o alarido generalizado.

— Não se aproximem deste cadáver!

Assim que mergulhei no oceano de meus próprios pensamentos, outra pessoa ergueu a voz. Todos arregalaram os olhos, surpresos.

— O que temos aqui é um assassinato! Este cadáver é uma evidência importante. Afastem-se!

Parado lá estava um jovem de rosto limpo trajando um sobretudo.

Ele tirou o seu boné de detetive, marchando em nossa direção.

— Ah, suponho que deva contar a todos vocês; sou um detetive de muita reputação e estou aqui para solucionar este caso com a devida velocidade e precisão.

Uou, isso só pode significar problemas, pensei comigo mesma.

Pois bem, antes de continuar com a história, permita-me relatar os acontecimentos do dia em que o assassinato ocorreu. Talvez tenha algumas dicas sobre a identidade do perpetrador escondida nisso.

Acho que começou tudo por volta do meio-dia.

— Uma pousada em um lugar desses…?

No decorrer das minhas viagens, tropecei em uma pousada bem no meio de uma floresta, então resolvi dar uma olhada em sua estrutura palaciana. Estava situada bem nas profundezas da floresta, com nada além de árvores por todos os lados, então tenho certeza de que a minha expressão estava muito perplexa.

Era tão estranho que eu fiquei convencida de que o lugar devia ter sido abandonado, mesmo enquanto me dirigia à porta da frente. Eu esperava ser capaz de ficar lá por pelo menos uma noite.

— Ah, bem-vinda!

Quando o gerente apareceu ao meu encontro, estalei a língua bem alto, tudo por causa da surpresa.

Como assim? Eles estão funcionando?

— Posso ficar aqui?

— Mas é claro! Na verdade, você é a nossa sétima hóspede do dia!

— … — Dei uma primeira olhada no interior do lugar. Parecia esplendidamente decorado. Estava mais para um palácio do que uma pousada. Os proprietários talvez tivessem deixado o lugar exatamente da forma como o encontraram. — Apenas sete clientes nesta enorme pousada…?

Fiquei um pouco preocupada a respeito de dever ou não ficar.

Já que estavam operando em um local tão remoto, poderia imaginar que os negócios não estavam indo bem. Nesse caso, deviam cobrar taxas exorbitantes de seus clientes, e havia também a possibilidade de aparecerem despesas inesperadas na conta.

— … — Sair daqui logo é provavelmente bem melhor. — Sinto muito… — comecei a dizer.

— A propósito, se você fizer a sua reserva agora, podemos preparar o nosso melhor quarto e oferecer um desconto.

— Então eu vou ficar…

E assim acabei passando a noite.

Claro, eles me deram um quarto luxuoso por um preço bem razoável; o gerente com certeza falou a verdade. O quarto ao que me levaram parecia ser adequado até mesmo para a realeza. Um lustre, símbolo de riqueza, pendurado bem no meio do teto, sobre uma cama com dossel bem misterioso. Cada centímetro da suntuosa e formidável mobília era ricamente decorado. Por algum motivo havia também um vaso que foi colocado em um lugar qualquer. Parecia algo que seria adquirido em uma casa de penhores, mas só por um valor elevado.

— Hah hah! Então é aqui que eu vou ficar?

Um tesouro desconhecido.

Fiquei no meu quarto até de tardezinha, quando meu estômago ficou completamente vazio. Parecia que a pousada até mesmo preparava um tipo de jantar para os hóspedes, e pelo preço achei mais do que satisfatório. Tive a impressão de que havia algum problema nisso tudo, mas tomei a decisão consciente de não me preocupar muito com essas coisas.

No momento em que o sol estava se pondo, o gerente tomou a liberdade de bater à minha porta e gentilmente dizer que o jantar estava servido.

Como antes, segui a sua liderança e fui ao salão de jantar, onde me encontrei com os outros hóspedes.

Sentados bem longe uns dos outros, todos em uma enorme mesa requintada, cada um deles parecia o tipo de pessoa que guardava algum segredo sombrio.

Me sentei de frente para uma garota que parecia ser uma viajante. O jantar servido era um tipo de sopa misteriosa, uma salada estranha e uma carne desconhecida. Quando digo assim, parece que a refeição estava envolta em mistérios, mas quando provei um pouco dela, não foi nada surpreendente.

— Diga, você é uma bruxa?

Enquanto eu comia a minha salada, a garota sentada diante de mim de repente se inclinou, curiosa. Seu olhar caiu sobre o broche em forma de estrela preso ao meu peito.

— Sou. — Estufei um pouco o peito.

— Nossa. Isso é incrível. E você parece ser ainda mais nova do que eu. — Nesse momento, ela estendeu a mão sobre a mesa, em minha direção. — Me chamo Marie. Prazer em conhecer!

— O prazer é todo meu. Me chamo Elaina. Sou uma bruxa viajante. — Apertei a sua mão enquanto continuava mastigando, já que sou uma garota má com maus modos.

Quando terminamos os nossos cumprimentos, ela de repente baixou a voz.

— A propósito, Senhorita Bruxa, qual daqueles homens ali é do seu tipo?

— Hein?

— Olha ali. Tem quatro homens sentados naqueles assentos. Qual é o seu tipo?

— …

Na direção apontada por Marie havia uma garota nervosa (na mesma hora a apelidei de Garota Gótica) comendo sozinha. Atrás dela estava uma mulher claramente embriagada, ignorando a comida e pensando só na bebida – e além dela estavam os quatro homens, sentados e comendo juntos.

— O homem sentado mais longe, com a pele mais escura, chama…

— Tá bom.

Lembrar de nomes era um saco, então decidi chamá-lo de Senhor Bronzeado.

— Sentado em frente a ele está o gerente da pousada, seu nome é…

Senhor Gerente, sim, entendo.

— Mais perto de nós, o homem agindo de um jeito todo suspeito, ele se chama…

Senhor Suspeito.

— E, à esquerda, o maravilhoso pedaço de jovem homem com uma personalidade fantástica…

Senhor Galã, entendi.

— Qual você acha que é o melhor? Eu prefiro aquele cara gostosão, mas…

— … — Por que essa garota de repente começou a verificar esses caras? — Não estou realmente interessada em nenhum deles.

— Hein? O cara gostosão é o único bom entre eles, não é? Todos os outros já passaram do auge ou são só velhotes. Acho que o único com quem você conseguiria um casamento feliz é com o galã.

— …

— Ah, esqueci de te contar. Estou viajando para encontrar o meu namorado ideal, e aquele cara gostosão é o meu namorado atual.

— …

Então só queria se gabar do seu namorado, hein? Dei de ombros, sabendo que ela saiu do seu caminho para detonar os outros três homens, tudo só para se gabar do seu homem. O que você é? O tipo de garota bonita que fica com pessoas feias só para parecer mais bonita?

— Mas ele está sentado ali, conversando com os outros homens, e não com você.

Pelo que pude ver, o Senhor Galã parecia estar no meio de uma refeição amigável com os outros três sentados com ele. Não deveria estar comendo com a namorada?

Quando apontei isso, o rosto de Marie de repente ficou turvo.

— Isso mesmo… Aí é que está o problema.

Uff… — Na mesma hora pude sentir que isso poderia se transformar em uma longa história e suspirei quando notei o que estava por vir.

Gostaria de pedir que ela fosse breve.

— Diga, o que você acha, Elaina? Já passaram cerca de dois meses desde que começamos a namorar, mas ele não faz nada comigo, não importa quanto tempo passe. Posso praticamente sentir o olhar dele no meu peito e na minha bunda, mas ele não dá o menor indício de que vai fazer algum movimento. Sem mencionar que até agora tudo o que ele beijou foi a minha mão. O que você acha disso?

— Rompa com aquele homem não confiável agora mesmo! Isso é óbvio!

Não fui eu quem disse isso.

— …

— …

A bêbada, por alguma razão, sentou-se à nossa mesa e se meteu no meio da nossa conversa enquanto continuava tomando goles e mais goles da sua garrafa.

Junto com ela chegou o cheiro de álcool e a Garota Gótica, completando a equipe.

Eu realmente poderia dispensar esse conteúdo adicional…

— Um caso ilícito… relacionado a maçãs… Sacrilégio…

A Garota Gótica parecia ser membro de algum tipo de religião baseada na maçã.

A Bêbada sentou-se ao lado de Marie com um baque, firmemente batendo em seus ombros.

— Ei, escuta, saco! Beba e esqueça disso! Por enquanto, que tal um golinho? Ei! — em seguida, ela serviu um copo de saquê para Marie, fazendo estranhos efeitos sonoros como “ihá” e “uhul”. Marie, a princípio, não pareceu gostar dela, mas a Bêbada foi começando a irritar e ela logo cedeu e tomou um drinque.

Menos de uma hora depois, as duas estavam completamente embriagadas.

— Não aguento mais! Por que ele não faz nada comigo? Tenho certeza de que estou dando várias chances para ele! Nada além de uma oportunidade atrás da outra! Faça um movimento! Vamos lá! — disparou Marie.

— Eu te ouvi. Os homens são tão sonsos. Eles não fazem a menor ideia, a menos que você diga algo como “Estou esperando!”

Depois disso, uma conversa foi se desenrolando entre as duas bêbadas, uma que eu acho que não vale a pena nem mencionar.

— …

— …

— Você tem algum interesse em maçãs…? Nesta região existe uma certa lenda sobre maçãs, sabe. Para falar sobre isso precisaria de algum tempo, mas…

— …

A propósito, sentada em frente às duas mulheres bêbadas estava uma pobre bruxa, a qual alguém tentava converter a uma estranha religião baseada em frutas.

Quem poderia ser?

Isso mesmo. Euzinha.

— E então as maçãs deram aos humanos o seu intelecto e passaram a ser consideradas um alimento sagrado… Um certo estudioso bem famoso recebeu até mesmo uma iluminação para explicar a verdadeira natureza do nosso mundo quando uma maçã caiu na sua cabeça. Sabe o que isso significa? Sim, significa que as maçãs levam os humanos a grandes feitos. Nosso mundo foi edificado com maçãs. O mundo todo é uma maçã. Estou viajando pelo mundo para ver as maçãs, e estou tão feliz que poderia morrer…

— …

Acho que, neste ponto, meus olhos estavam tão mortos graças ao tédio que eu parecia um cadáver.

— E essa é a história do que aconteceu desde esta manhã até agora…

Depois de sua repentina aparição, o detetive pediu: “Por favor, comecem com os acontecimentos do dia em que o assassinato ocorreu”, então assumi a liderança e contei tudo, já que fui a última pessoa a chegar ao local.

A propósito, em relação a este grande detetive…

— Você é o namorado da Marie, não é? Qual é o problema com essa roupa?

— Você está equivocada. Sou um detetive famoso. Não tenho qualquer relação com a vítima.

— …

— Eu sou um detetive famoso.

Realmente interpretando o papel, hein?

Eu estava ficando cansada disso, então desisti de continuar pressionando. Deixe como está e tal.

— M-mas, ei… Senhor Detetive. Você pode dizer por essa história, não é? Isso não foi assassinato nem nada. Digo, ninguém aqui tinha motivo para fazer isso, tinha? — disse o Senhor Suspeito, que havia protestado por sua inocência com tanta veemência que poderiam muito bem dizer que era ele o culpado.

O grande detetive balançou a cabeça.

— Isso não é necessariamente verdade. A vítima e o namorado estavam hospedados juntos, correto? O namorado estava acompanhando a bela vítima. Em outras palavras, podemos facilmente imaginar que o perpetrador tenha ficado obcecado pela vítima e tenha se ressentido com ela.

Sério?

— Nesse caso, o namorado não seria o principal suspeito?

— Isso não é necessariamente verdade. — O grande detetive me olhou com desprezo. — Há a possibilidade de que o perpetrador tenha decidido algo como: Prefiro matá-la do que vê-la namorar outro homem.

Ele tinha um bom ponto.

A Bêbada de repente levantou a mão.

— Isso significa que a vítima foi assassinada por um homem, certo? Então posso voltar para o meu quarto? Não quero ficar em um lugar que pode estar abrigando um assassino — disse ela, claramente preocupada em salvar a sua própria pele.

— Isso não é necessariamente verdade.

Eu não estava tão incomodada, mas sempre que ele dizia essa frase, a sua expressão se tornava arrogante, e isso me irritou.

— Olhe nos olhos da Garota Gótica.

Seu olhar estava voltado para ela, que ainda estava de pé sobre o cadáver de Marie.

— A princesa adormecida, enviada ao seu sono eterno por uma maçã envenenada… Incrível… Ha ha ha… Tão fofa…

Seu rosto estava corado e sua respiração irregular, como se tivesse acabado de correr e, além disso, estava claramente babando.

Ela fez o Senhor Suspeito parecer confiável.

— B-bem… Suponho que isso significa que as mulheres também podem ser suspeitas. — Até o grande detetive se afastou dela.

— Você não pode simplesmente considerá-la culpada…?

A Bêbada estava obviamente despertando de seu estupor.

O comportamento suspeito da Garota Gótica foi considerado suficiente para levá-la a interrogatório. O detetive permitiu que as outras pessoas retornassem temporariamente aos seus quartos, dizendo que “Sob circunstância alguma devem abrir as suas portas!”.

— Definitivamente não, ouviram? — enfatizou. — Nunca! — acrescentou enquanto gesticulava, então provavelmente ficariam todos trancados em seus quartos, não importa o que acontecesse.

— Qual é o seu nome?

Havíamos convertido a sala de jantar em uma cela de interrogatório. O grande detetive, sentado em frente à Garota Gótica, fixou seu olhar implacável nela.

Aliás, eu estava acompanhando o grande detetive. Se a Garota Gótica tentasse alguma gracinha, eu seria capaz de rapidamente tomar o controle da situação.

— —

Ela murmurou o seu próprio nome. Lembrar disso seria um saco, então vou continuar chamando de Garota Gótica.

De braços cruzados, o grande detetive lançou um olhar penetrante a ela.

— Vou te fazer uma pergunta direta. Foi você quem envenenou aquela maçã?

— Não, não fui… Acredito, do fundo do meu coração, nas maçãs, mas não ando por aí carregando muitas delas…

— Mentirosa. Não há ninguém aqui, fora de você, que teria maçãs consigo. Além disso, há mais um problema. Você está tentando dizer que a vítima resolveu comer por vontade própria? Não tem como isso ter acontecido. Ou seja, você é a culpada.

Isso era pura especulação. Fiquei chocada ao ouvir a conversa do grande detetive. Seria melhor chamar isso de detetive defetivo.

— Você está errado… Em primeiro lugar… você entendeu tudo errado…

— O que você disse?

Nesse ponto, a Garota Gótica soltou um longo suspiro.

Ah, tenho um mau pressentimento sobre isso.

— Primeiro, posso ser uma crente devota que ama maçãs do fundo do coração, mas, por isso mesmo, passo pelo dilema de não poder comer maçãs… Tenho certeza de que você entende o porquê. Um dos motivos é que as maçãs são sagradas demais para serem comidas por pessoas comuns. Qual é a sua religião? Deve haver algo em que acredita, correto? Se lhe disserem, por exemplo, para comer uma imagem do seu deus, você comeria? Não acho que faria isso. Entende o que quero dizer?

Eu tinha parado de ouvir na metade da conversa, mas, para encurtar a história, ela claramente não tinha nenhuma maçã consigo.

— …

— …

Tínhamos acidentalmente provado a inocência de nossa suspeita mais promissora.

Quem poderia ter aparecido com aquela maçã envenenada?

Se soubéssemos apenas disso, seríamos capazes de prender o culpado em um piscar de olhos.

Tch… nesse caso, quem é suspeito…? — O grande detetive ficou muito deprimido depois de não conseguir tirar uma confissão da Garota Gótica. Enquanto ele traçava o dedo pela mesa de jantar, seus olhos se iluminaram assim que teve uma ideia. — Espera aí…? Isso mesmo! Sala de jantar… jantar; aquele que serve as refeições na pousada…! Isso significa que quem prepara a comida é o maior suspeito, não é…?

Foi uma ideia impressionantemente medíocre.

Eu tinha certeza de que ele iria chamar o cozinheiro para o próximo interrogatório, e também tinha certeza de que isso também não levaria a lugar algum.

Que detetive nada confiável.

A investigação do assassinato havia estagnado e eu estava começando a ficar farta dessa farsa de faz-de-conta desse grande detetive.

— AAAAAAAAAAH!

Foi então que um grito estridente soou.

Não suponho que seja a notícia de um segundo assassinato…

— …

Não que me importe com isso, mas existe alguma regra de que os funcionários devem ser sempre os primeiros a encontrar os corpos?

— Uhhh, quando encontrei, ela já estava assim…

— Isso é realmente horrível…

— Não f-fui eu! Fiquei o tempo todo no meu quarto!

— É a maldição das maçãs…

— Por favor, acalmem-se!

Uma multidão se reuniu ao redor da última vítima, jogada no chão.

A nova vítima – Bêbada – estava toda mole e caída. Ao seu lado estava uma enorme garrafa de saquê. Não havia marcas de uma batida contundente e nenhum sinal de luta, mas havia um líquido de cor desagradável escorrendo de sua boca.

Como diabos ela foi acabar assim?

Mais uma vez, a pessoa que descobriu o corpo trabalhava no local, e ela explicou a situação.

— Hm, eu estava patrulhando a área para ver se havia algum suspeito por perto, mas… quando passei por aqui, ouvi sons vindos do quarto dela… Eram sons violentos, então pensei que podia estar sendo atacada… Mas ela já estava… ahhh…

Ela começou a chorar.

— Vamos esclarecer as circunstâncias. — O grande detetive seguiu em frente, não fez nenhuma tentativa de consolar a garota.

Que cara horrível.

— Dê uma olhada nos arredores da vítima. Há uma grande garrafa de saquê aqui. Além disso, há algum tipo de líquido espesso saindo da boca da mulher bêbada… Só há uma conclusão que podemos tirar dessas circunstâncias. Isso mesmo, é um veneno mortal. Parece que temos em nossas mãos mais um incidente com o mesmo culpado do envenenamento da maçã.

— …

Hm, não. Sem chances.

— Isso é só saquê, não é?

Havia uma enorme garrafa ao lado dela. O que estava saindo da sua boca era vômito. E ela estava jogada no chão.

Para ser clara e concisa, a Bêbada bebeu demais e desmaiou. Morrer não é exagero? Bem, ela parece estar respirando normalmente. Está até roncando. Não está morta. Só inconsciente. Provavelmente caiu no chão, vomitou e desmaiou.

Espero não acabar como ela depois de envelhecer…, pensei.

— Não há dúvidas de que esta garrafa de saquê foi batizada com um veneno mortal! — exclamou o grande detetive.

— Não, ela só bebeu demais — insisti.

— Esta garrafa de saquê é uma evidência importante! Não toque nela!

— Eu já disse, ela só bebeu demais. Você é idiota?

Gulp… Sim, de fato, é um veneno mortal!

— É só saquê.

Está me dizendo que acabou de provar o veneno e de alguma forma continua bem? Além disso, como você conhece o gosto do veneno? E o que diabos está pensando, contaminando a cena do crime?

Bem, é só álcool mesmo.

— Ah, não posso deduzir os ingredientes com uma amostra tão escassa… Deixe-me tomar um pouco mais…

O caprichoso detetive agarrou a garrafa de saquê e bebeu mais um bocado. Aliás, ele compartilhou um beijo indireto com a Bêbada.

— Heh heh heh… Como pensei, isso é veneno…!

— Você parece bem alegre para alguém que foi envenenado.

— Eu tenho imunidade.

— …

Decidi que discutir com ele não valia a pena.

Vá em frente e faça o que quiser.

— Tudo bem, o próximo passo é provar a maçã envenenada… Aquilo pode conter o mesmo veneno.

O detetive, com o rosto já muito vermelho, deixou o quarto, ainda bebendo da garrafa.

Devia ter enjoado da Bêbada. Estava planejando compartilhar um beijo indireto inclusive com Marie.

Eu odeio isso…

— Certo, agora vou provar esta maçã envenenada — anunciou o grande detetive, segurando a fruta após retornar ao saguão.

Ele parecia não ser o único interessado nisso.

— Não, espere um momento. Fui eu o primeiro a ver isso. Isso significa que tenho o direito de comer a maçã. — O Senhor Bronzeado agarrou a maçã.

— E-espera…! Eu farei isso! Se estiver mesmo envenenada, você morrerá. Eu vou ficar bem. Eu desejo morrer. — O Senhor Suspeito também a agarrou, cuspindo algumas bobagens.

— Ora, ora, cavalheiros. Calma. Eu sou o mais velho aqui, então deveria ser eu a fazer isso. — O gerente bobão agarrou a maçã.

— …

— …

— …

— …

Os quatro então se encararam, ficando todos sem palavras por um momento.

— Não brinque com isso! Eu sou o grande detetive! Vou comer a maçã envenenada!

— Você diz isso, mas aposto que só quer um beijo indireto! Para de besteira!

— I-Isso mesmo! E você também já bebeu da garrafa de saquê!

— Ora, ora, pessoal. Calma. Eu faço isso.

— Não, eu faço.

— Eu faço.

— E-Eu é que vou fazer!

— Não, eu.

Os homens inconvenientes começaram a brigar por causa de uma maçãzinha. Era, provavelmente, a discussão mais vulgar que o mundo já vira. Nenhuma dúvida a respeito disso.

— O que eles estão fazendo com aquela maçã sagrada…? — A Garota Gótica ficou indignada com o espetáculo.

— Já chega… quero ir para casa… — A funcionária ainda estava choramingando.

— Bleeeeeehhh… — Aliás, a Bêbada tinha acabado de recuperar a consciência, se apoiando em mim enquanto colocava tudo que havia na sua barriga para fora. Ela devia estar enjoada por causa da terrível exibição que acontecia logo diante de seus olhos.

A discussão foi ficando cada vez mais acalorada.

O primeiro a se mover foi o Senhor Bronzeado. Ele tinha uma boa constituição. Movido pela paixão, tomou a maçã dos outros e a mordeu.

— Uagh! — O Senhor Bronzeado desmaiou. A maçã rolou para longe. Ele, entretanto, não realizou o seu desejo de um beijo indireto. Em vez disso, havia agora duas marcas de mordida.

O Senhor Suspeito foi o mais rápido a pegar a maçã.

— Q-Qual…? — Ele hesitou entre as duas marcas de mordida — I-Isso mesmo! A menor deve ser a da garota! — Ele decidiu pela mordida menor — Ah não…! — Seus joelhos cederam e ele desabou, desesperado. A maçã rolou para longe.

— Como pode…?! Qual é…?! — Quando o gerente pegou a maçã, as duas marcas de mordida já estavam do mesmo tamanho. Não havia mais nenhuma distinção entre elas. — Escolho a morte a um beijo compartilhado com outro homem! — Ele, no final, mordeu a fruta vermelha em um local completamente novo. — Espera… isso… não faz sentido…!

Ele percebeu tarde demais. O gerente também caiu no chão.

Tendo derrotado os seus três rivais, o grande detetive jogou a maçã envenenada para longe.

— Uff… que bando de idiotas. Eles nem perceberam que isso tudo fazia parte do meu esquema!

Parecia que sua mente havia tomado um caminho estranho devido ao seu estado de embriaguez. Depois de esvaziar a garrafa, ele a jogou para o lado. A Bêbada vomitou de novo.

— Bwa ha ha ha ha! Agora o caso é todo meu!

Foi aí que o grande detetive expôs a sua verdadeira natureza.

— Então, não acho que a Marie vai acordar antes que eu a beije para que desperte, certo? É isso mesmo, não é, Garota Gótica?!

— Sim… — Ela assentiu com a cabeça, erguendo as sobrancelhas, surpresa por ser chamada por esse apelido.

— O que significa que até eu beijá-la, ela não vai acordar. Ponto para mim!

Ele aparentemente ficou bem estranho depois de ter bebido. O grande detetive, esquecendo de toda e qualquer coisa, sentou ao lado da garota.

E então colocou a mão nas roupas de Marie.

— Ugh!

— Ele não deve… nem lembrar que estamos aqui…

Bleeeeeegh.

Marie estava preocupada porque seu namorado nunca fazia nada, mas eu tinha certeza de que ela não gostaria de ser tocada assim.

Parece que é melhor eu intervir e parar isso…

— Hiya… — Saquei a minha varinha.

— Não me toque. Eu vou te matar.

Marie se sentou, dando um lindo gancho de direita na cara do homem. Soou um som abafado de algo sendo esmagado e, logo depois, o sangue jorrou pelo ar.

O grande detetive desmaiou.

— Seu lixo…

Ela olhou para o grande detetive caído no chão enquanto o sangue jorrava do nariz dele.

— …

E quanto à maçã envenenada, a chave por trás de todo o incidente?

Quem diabos foi o culpado que a plantou?

Isso mesmo. Euzinha.

— Diga, Elaina? Acha que poderia transformar uma maçã normal em uma envenenada?

Depois do jantar, Marie fez uma visita especial ao meu quarto e me fez essa pergunta.

— Bem, existe a Lenda das Maçãs por aqui, e…

Ela me contou uma história muito romântica.

Uma donzela da floresta fora compelida por uma bruxa má a comer uma maçã envenenada e caiu em um sono eterno, mas foi acordada pelo beijo apaixonado de um príncipe e viveram felizes para sempre.

Bom, a verdade é que o príncipe era um necrófilo.

— Então, sabe, quero tentar imitar essa lenda!

— Uh… — Resumindo… — Você quer que o seu namorado te beije para acordá-la do sono eterno depois que eu te enganar para comer uma maçã envenenada?

— Exatamente!

— Isso parece ser um saco…

— Ah, vamos lá! Por favor, Senhorita Bruxa!

— …

Era uma medida drástica para despertar o interesse de um homem tímido, mas presumi que não havia nenhuma outra maneira de fazer isso.

Entretanto, não havia nenhum lucro para mim.

Eu não era tão generosa ao ponto de alegremente atuar de acordo com essa farsa estúpida. Como poderia rejeitar a sua proposta com graça e atitude…?

— Hm, sinto muito, mas…

— Se você me ajudar, vou te dar uma moeda de ouro.

— Vamos fazer isso.

Assim, tornei-me co-conspiradora de Marie.

Infelizmente, não poderia conjurar um veneno que iria matá-la, então permiti que fosse reanimada pelo beijo de um príncipe. Além disso, ela exigiu que queria ficar o tempo todo consciente. Então acabei colocando um feitiço que paralisaria quem quer que comesse a maçã, até que o feitiço fosse quebrado.

Então fiz ela comer a maçã no saguão, que era o lugar mais frequentado da pousada, e esperamos até que alguém a encontrasse e a comoção assim começasse.

O plano era esse.

Por sorte, tínhamos uma verdadeira amante de maçãs, a Garota Gótica, hospedada conosco na pousada. Pensamos que, uma vez que colocássemos as coisas em movimento, o namorado de Marie plantaria seus lábios nos dela, mas…

— Nunca pensei que ele apareceria com uma fantasia de detetive…

Isso estava muito além das expectativas. Para alguém que nunca tinha feito nenhum movimento, ele com certeza ficou empolgado, transformando um selinho em um cenário para um grande espetáculo.

Ou seja, o namorado de Marie era um verdadeiro idiota.

— Vamos terminar… Não posso acreditar em você…

Marie cuspiu nele – eca.

Depois disso tudo, o Senhor Bronzeado, o Senhor Suspeito e o Senhor Gerente acordaram, avistaram Marie e gritaram de surpresa enquanto corriam para todos os lados.

— Ahhh! A morta ressuscitou!

O grande detetive namorado ficou inconsciente. Bem, tenho certeza de que cedo ou tarde ele vai acordar.

— Ei, poderia me arrumar um outro quarto? Odeio a ideia de ficar no mesmo quarto que ele.

— É claro.

A funcionária balançou a cabeça para Marie e lhe entregou a chave de um novo quarto. Todos nós decidimos que já era hora de sair do saguão.

Ah, por falar nisso, deixamos o detetive onde ele estava,

Uff… Achei que ele fosse uma ovelha, mas na verdade era um lobo em pele de cordeiro, hein? Estou cansada dele.

— Um lobo em pele de cordeiro?

— Parece inofensivo até que seja provocado.

Entendo… uma frase que devo esquecer até amanhã.

— As aparências enganam. Nunca pensei que ele fosse assim.

Marie encolheu os ombros em resignação.

Olhei para ela enquanto abria a porta do meu quarto.

— Assim como maçãs envenenadas.

 


 

Tradução: Sahad

 

Revisão: Kana

 


 

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