O lugar era uma ruína, coberto por enormes árvores.
Havia restos de edifícios rachados, desmoronados e quebrados por toda a superfície, seu propósito original já perdido no tempo. As árvores e o musgo estavam espalhados sobre tudo, começando a silenciosamente se estender rumo ao céu.
E havia o som de água.
O solo, sob os pés, inundado. A cada passo, a água ondulava com suavidade, fazendo com que a superfície vincasse.
Antes habitada por humanos, esta cidade era agora a morada da natureza.
No momento, não havia sinais de ninguém além de nós.
— Oof.
Depois de caminharmos um pouco sobre o solo úmido, virei-me abruptamente dentro do que restava de um edifício em ruínas e me sentei. Deixei a minha vassoura ao meu lado.
Foi então que notei vaga-lumes voando ao meu redor.
— Este é o lugar perfeito, não acha?
Ela esticou o corpo cansado. — Imagino quanto ainda falta para chegar à minha cidade natal.
— Imagino…
Poderia levar um dia, dois, ou vários meses.
Sua cidade natal ficava bem longe, sua existência tão vazia quanto a bruma nebulosa.
— ……
Ela olhou para o lugar que já fora uma cidade.
Seu cabelo branco e macio balançava com a brisa enevoada. Isso devia ser gostoso. Os cantos de sua boca pareciam estar levemente curvados para cima, mas sua expressão seguia solitária.
— … Pessoas moravam aqui, não é?
— Bem, isso é uma ruína. Então você provavelmente está certa.
— Me pergunto o que aconteceu com elas.
— …… — O lugar parecia antigo. — Deve ter sido há, pelo menos, mais de cem anos; não, acho que deve fazer ainda mais tempo, já que a vegetação está assim, então tenho certeza de que faz muito tempo desde que os colonos morreram.
— Não é disso que estou falando. Sério. Você é tão deprimente.
— …… — Acho que ela se referia aos seus parentes distantes. Como é que eu ia saber? — Talvez tenham abandonado o local por causa de alguma guerra. Ou talvez tenham partido por motivos menos violentos. Não tem como ter certeza. Imagino o que deve ter acontecido.
— … Espero que estejam vivos.
Ela olhou para longe, contemplando as ruínas.
Sua voz suavizou o bastante para que sumisse com a brisa.
— Como é triste ser esquecida. — Isso soou frágil e inquieto.
— Não acho que você precise se preocupar com isso.
Quando respondi, ela abriu os olhos, só um pouquinho, e virou o rosto para mim, que fitei seus olhos verde-jade. — Este lugar é incrível. É o local perfeito para umas férias de verão.
— ……
— Mesmo se agora não houver ninguém aqui, alguém pode algum dia voltar a viver aqui. Pode até mesmo virar um ponto turístico famoso. Pelo que sabemos, este lugar é um lendário lugar escondido para os outros. Então está tudo bem — falei a ela —, enquanto as pessoas visitarem este lugar e não o esquecerem, ele não irá virar uma ruína de verdade.
Ela baixou os olhos. — Mas eu vou esquecer isso. — Então riu como se já tivesse desistido.
— ……
O nome da garota era Amnésia.
Suas roupas a faziam parecer com uma cavaleira de alguma ordem cavalheiresca. Por baixo de seu robe branco esvoaçante, o resto de suas roupas eram de um branco formal.
Usava uma faixa grossa na cabeça, envolvendo seu cabelo branco e curto.
Possuía uma misteriosa maldição colocada sobre ela, uma que a fazia perder a memória todos os dias. Não conseguia lembrar sequer do próprio nome.
— É por isso que você precisa recuperar a memória e lembrar de tudo — disse a ela.
— Eu vou. — Então acenou com a cabeça, suavemente, e respondeu: — Então você também não deve esquecer, viu, Elaina?
— Claro que não. Este não é o tipo de cenário que eu esqueceria tão fácil…
Olhei para o alto.
O que eu vi foram ruínas, das que permaneciam fortes, embora decrépitas, belas e majestosas. Elas, apesar de tudo, persistiam.
Tradução: Sahad
Revisão: Kana
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