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Bruxa Errante, a Jornada de Elaina – Vol. 3 – Cap. 10 – Uma História Sobre um Lobisomem… ou Algo Assim

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Eu estava correndo pela estrada noturna.

Havia chegado àquele país há apenas dois dias. No primeiro dia, simplesmente fui passear e, no segundo, passei o dia visitando os pontos turísticos da cidade. Então, hoje, o terceiro, também me dediquei a passeios turísticos.

Disseram que havia um morro por perto com uma bela vista noturna, então fiz questão de sair no final da tarde, com a intenção de voltar mais tarde naquela noite.

Estava descendo a rua, iluminada por postes de luz, bem tarde enquanto fazia isso e aquilo. Esfregando os braços com ansiedade, às vezes olhando para trás, segui rapidamente pela estrada que me levaria de volta à pousada.

À noite a rua ficava assustadora. Era como se a mesma estrada que percorri durante o dia tivesse se transformado em outra. Parecia que isso estava me levando para um mundo diferente.

Como se convidada pela escuridão profunda, uma névoa envolveu a cidade e eu mal conseguia ver. Projetada pelos postes de luz, minha sombra se avultou à minha frente.

— Hmm…

Não, eu estava enganada.

A sombra diante de mim não era minha. Mesmo que eu ficasse perfeitamente imóvel, aquilo balançava e se contorcia na escuridão.

Havia algo barrando o meu caminho…

— Um, quem está aí…? — Rapidamente, peguei minha varinha e a apontei naquela direção.

Em resposta à minha pergunta trêmula, a sombra balançou, então lenta e propositalmente deslizou em minha direção.

Shuffle, shuffle.

O som de sapatos ecoou pela rua.

E então, a sombra finalmente ficou clara.

— Mua-ha-ha-ha-ha-ha-ha! Eu sou um lobisomem! Estive esperando aqui por vários dias. Andar sozinha à noite é perigoso, sabe, já que um monstro como eu pode te comer!

Fiquei bastante surpresa.

Diante dos meus olhos estava, como ele disse, um lobisomem!

— …

Era um lobisomem!

Um lobisomem de verdade!

— Eh, o que foi? Ficou com medo demais para falar? Ha-ha-ha, isso mesmo, você está com medo!

Eu olhei para a fera. “Hahh...” E soltei um suspiro.

— Ei, espera aí. Por que você suspirou? Eu sou um lobisomem, sabe. Um monstro. E agora vou te comer.

— Ah, claro.

— Não diga “claro”!

— Foi mal, é só que fiquei meio desapontada. Sua entrada, com a névoa e as sombras, me deixou toda animada.

— Desapontada? Eu sou um lobisomem! Você não sabe o que são lobisomens? Somos monstros muito famosos! Todo mundo sabe sobre os lobisomens!

— Suponho que você não tenha se olhado no espelho ultimamente, não é?

— Como assim?

— Eu vou te dizer isso o mais gentilmente possível, mas… bem… você não é um lobisomem.

— Pois bem, então o que eu sou…?

— Um cachorromem.

— Um cachorromem?

— Um Chihuahua, para ser mais específica.

— Espera, o que é um Chihuahua?

— Uma das raças de cães mais fofas que existe.

Portanto, tente imaginar isso, por favor.

Parado na minha frente estava uma criatura com rosto de Chihuahua e o corpo de um homem musculoso. Um homem totalmente coberto por pelos castanhos sujos, com uma voz extravagante. Mas a cabeça de um Chihuahua.

Eu não poderia ficar mais desconfortável. Era como se eu estivesse olhando para todos os tipos de sujeira cozidos juntos e despejados em um prato.

Era esse o nível de choque transmitido pelo espetáculo diante de mim.

Quer dizer, eu fiz o meu melhor para parecer assustada, e o palco era perfeito para uma entrada assustadora, então qual diabos é o problema dele?

Estou com tanta raiva!

— Digo, vamos lá! O que diabos foi isso? Por que você proclamou que é um lobisomem, em voz alta e tudo, enquanto tem essa cara? Você é idiota? Tem uns parafusos soltos? Parece que você não sabe o seu lugar, nem o que diabos está fazendo aqui. Uff, mas que perdedor.

— Isso não está indo um pouco longe demais…?

— Olha, por que você simplesmente não se senta aí?

— Um, certo, moça. — Percebi que o (autoproclamado) lobisomem até começou a falar com educação. Ele grunhiu e se sentou no chão com as pernas cruzadas.

— Você está tirando sarro de mim? Sente-se direito, ora. — Chutei os seus joelhos.

O homem Chihuahua soltou um gemido lamentável e corrigiu a sua postura. Ele estava olhando para mim com os olhos marejados.

Estou tão irritada.

— Para começar, você sabe como a maioria das pessoas reagiria quando uma criatura como você, com um rosto monstruoso, surgisse ao longo de uma estrada à noite, igual você fez?

— Ficariam com medo.

— Não. — Balancei a minha cabeça. — Ririam.

— Por quê?

— Porque seu rosto é fofo. Se você quiser se chamar de lobisomem, vai precisar pelo menos de uma cirurgia plástica.

— Você está sendo muito maldosa.

— A culpa disso é toda sua.

— É mesmo?

— É.

— …

Vamos continuar.

— Para começo de conversa, por que você está abordando os humanos?

— Bem, a questão é… sabe… há uma razão trágica por trás disso.

Então, o homem Chihuahua me contou sobre a sua triste situação.

Pelo visto, ele era filho de uma união entre um humano e uma Chihuahua. Seu pai parecia ser um humano. Você provavelmente está se perguntando como uma criança nasceu de um humano e uma cachorra, mas alguns chamariam esse tipo de incidente absurdo de milagre. Em um mundo com magia, essas coisas costumavam acontecer. Mas que dor de cabeça.

De qualquer forma, o Chihuahua morava com os pais nas montanhas remotas até recentemente, mas por fim alcançou a maturidade. Claro, com isso, sua puberdade também chegou.

“Estou deixando esta casa!” Um dia, após uma longa e estúpida discussão, o Chihuahua despediu-se dos seus pais.

Seu pai balançou a cabeça e disse: “Pare com isso! Você não pode viver sozinho!” e sua mãe choramingou cheia de tristeza.

Então, o Chihuahua desceu a montanha e foi procurar emprego na cidade, mas não teve sorte. Ele era repulsivo demais para trabalhar em um restaurante, repulsivo demais para trabalhar em uma pousada, repulsivo demais para qualquer coisa. Não havia qualquer lugar para ele ficar.

Era assim que deveria ser. Ele não era um lobisomem, mas um homem Chihuahua. Ele não ficava cabeludo apenas nas noites de lua cheia, mas o dia todo, todos os dias, parecia um estranho cruzamento entre humano e Chihuahua.

Claro que ele é repulsivo.

E, assim, evitado pelo mundo, o homem Chihuahua ficou triste e com raiva.

Àquela altura, eu já estava cansada de escutar, mas, pelo visto, incapaz de encontrar um emprego rentável, ele entrou em desespero e decidiu tentar atacar os humanos, passando-se por um lobisomem, para roubar algum dinheiro.

A propósito, eu seria a sua primeira vítima.

— Mas olha aqui, você tem que saber que ninguém vai acreditar que você é um lobisomem. Digo, olha só para você. Você não vai conseguir aterrorizar ninguém. Isso é um insulto a qualquer lobisomem.

— Bem, então o que eu devo fazer?

— Huh…

Então você vai delegar isso a mim? Ora, então tá, eu acho.

— Em primeiro lugar, por enquanto, você deveria fazer algo a respeito desse seu rostinho fofo. Isso está acabando com o fator medo.

— Mas eu não tenho dinheiro para uma cirurgia plástica…

— Não se preocupe. Mesmo sem dinheiro, vai dar tudo certo. Comece raspando o seu pelo. Todo ele.

— Se eu fizer isso, não vou perder qualquer semelhança que tenho com um lobisomem?

— Você não é um lobisomem e não se parece com um, então não se preocupe com essas coisas.

— Mas…

— Eu disse para não se preocupar com isso. Se você me escutar vai conseguir ganhar um montão de dinheiro. Viu. Você já tem o necessário.

— Mesmo que na verdade eu não seja um lobisomem…?

— Sim, claro. — Balancei a cabeça. — Mas, para funcionar, você precisa raspar o pelo.

— Depois disso, o que eu faço…?

Então, com um sorriso ligeiramente perverso, eu disse:

— Aqui está o que você vai fazer…

Vários dias se passaram.

Durante a noite, eu estava esperando por um homem em uma cidade enevoada.

— Ah, olá, Senhorita Bruxa.

Aqui está ele. Totalmente sem pelos, o homem possuía uma aparência clara e limpa.

— Olá. Estava esperando por você. Como as coisas têm andado ultimamente?

— Quanto a isso… está sendo incrível! Como você disse, Senhortia Bruxa, desde que eu raspei o pelo, todo mundo que encontro na estrada à noite fica assustado e foge!

— Foi o que pensei.

Afinal de contas, a maioria das pessoas acham um chihuahua sem pelos nojento.

— A cidade inteira está completamente apavorada comigo, a ponto de que quando eu grito: “Rrraaahhh! Passa a grana!” as pessoas largam as carteiras e fogem.

— Foi o que pensei.

A propósito, o homem Chihuahua tinha se tornado o assunto de muitos rumores sobre um goblinzinho nojento abordando as pessoas à noite. Eu tinha ouvido essas histórias com bastante frequência enquanto passeava pelos pontos turísticos da cidade.

— Neste ponto, eu poderia realmente fazer isso, não apenas aqui, mas também em outros lugares…

— Ah, chega de conversa — interrompi a falação e estendi a palma da minha mão. — Você não esqueceu sua promessa para mim, não é?

— …

Por um momento ele mostrou uma expressão questionável, então remexeu nos bolsos de suas roupas e finalmente colocou algum dinheiro nas minhas mãos.

— Aqui. Vinte por cento da receita de hoje.

Era uma moeda de ouro.

Em outras palavras, ele havia feito cinco moedas de ouro em apenas um dia.

Isso é bastante, hein?

— Obrigada.

— Mas, Senhorita Bruxa, isso é realmente incrível. Para inventar um esquema tão bom usando a minha aparência… Quer dizer, ser capaz de ganhar cinco moedas em um único dia, com tanta rapidez e tanta facilidade, isso com certeza tinha que ser coisa de uma bruxa. Claro, você também pode ver isso como algo possível graças ao meu próprio gênio!

— Você está se deixando levar.

— Mas é a verdade, certo? Eu já sabia! Sou um gênio quando interpreto um lobisomem!

— Seu idiota. Se eu quisesse, poderia ganhar o dobro do que você ganha em um dia.

— Hã? Fazendo o que?

— Isso é segredo.

Então, coloquei a moeda de ouro cuidadosamente em minha carteira.

— Heh-heh-heh… agora também sou um lobisomem de primeira linha…

— Você não quer dizer “goblin”?

Vários dias se passaram.

Um certo boato havia se tornado o assunto da cidade.

— Ei, você ouviu?

— Parece que ele apareceu de novo, o homem goblin.

— Estou com medo de ser atacada pelo goblin! Vamos para casa!

— O que devemos fazer se formos atacados pelo goblin?

— Ouvi dizer que ele vai fugir se você pagar.

— Que tipo de goblin que ele é?

— Sei lá.

— Então, por enquanto, não é melhor sempre ter algum dinheiro na carteira?

— Parece que sim.

Na verdade, parecia que a notícia de seu comportamento tinha chegado a todos os cantos da cidade, e também ouvi pessoas dizendo que ele estava andando por aí atacando todo mundo por dinheiro.

As pessoas da cidade já estavam ficando cada vez menos amedrontadas e cada vez mais irritadas e confusas com o lendário goblin.

Não iria demorar muito mais.

— Ora, ora. O que está acontecendo, pessoal? Vocês parecem estar preocupados com alguma coisa.

Com um enorme sorriso, me aproximei de um grupo que fofocava sobre o homem goblin. As pessoas deram uma olhada em meu robe e ficaram muito ansiosas para me contar sobre a situação.

— Ah, bem, sabe…

Minha posição como bruxa era muito conveniente em momentos como este.

Eu gentilmente escutei o que eles tinham a dizer, concordando e às vezes demonstrando uma reação exagerada. Eu já estava bastante familiarizada com a situação, mas ouvir a história de um outro ângulo era interessante.

Então, depois que a multidão reclamou do goblin por algum tempo, eu me virei para eles com uma oferta.

— Bem. Isso parece complicado. A propósito, sou uma bruxa que ganha a vida exterminando goblins. Se quiserem, eu posso dar um jeito nisso. E estou disposta a fazer isso por apenas dez peças de ouro.

 


 

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