Em um canto iluminado pelo luar, uma bruxa solitária trabalhava como adivinha.
Ela estava sentada calmamente em cima de um pano que estendeu no chão. Era uma garota com um cabelo cinzento distinto e olhos lápis-lazulis.
Ela usava um robe preto, um chapéu pontudo e um broche em forma de estrela, a prova de que era uma bruxa.
As estrelas cintilavam bem acima das casas altas que se erguiam sobre a rua, e seu brilho deslumbrante caía na bola de cristal que descansava por perto.
Ela era uma bruxa e uma viajante.
— Senhorita Adivinha? Eu não aguento mais isso!
— Uff. — A bruxa fez uma careta e se virou para a garota bêbada.
Por algum motivo, a bruxa estava lendo a sua sorte.
Na verdade, ela só ficou sem dinheiro. E estava se passando por uma adivinha para conseguir um pouco de dinheiro.
— Ouça a minha história, não pode?
— Eu cobro uma peça de ouro como taxa de consulta, pode ser?
Quem diabos poderia ser? Quem era essa bruxa que estava cobrando demais só porque achava que essa cliente seria um pé no saco e queria se livrar dela?
Isso mesmo. Euzinha.
Infelizmente, a garota na minha frente acabou se provando muito rica.
Para começo de conversa, sou uma adivinha… Por que tenho que ouvir os problemas dos outros?
Gostaria de reclamar, mas como já tinha pego o dinheiro da garota, não tinha mais o que fazer. Teria que ouvir suas reclamações inúteis.
Por sua aparência, presumi que estava passando por um momento difícil, mas, já tendo recebido meu pagamento, não havia como ignorar sua história, por mais chata que pudesse ser.
— Então, eu sou, tipo, garçonete de um restaurante daqui, sabe?
— Uhum.
— E, tipo, quero sair do meu emprego, sabe?
— Então você provavelmente deveria sair.
— Recentemente, os clientes são, tipo, realmente maldosos, sabe? Eles sempre têm algo para reclamar e, tipo, mandam em mim e reclamam, reclamam e reclamam se eu cometer algum errinho.
— Eles só reclamam, entendo.
— Isso mesmo! Mas, tipo, eles só criticam até não querer mais e eu fico pensando, Você não precisa ir tão longe! Sabe? E além disso, sempre falam uma frase estúpida de algum país próximo, tipo, “O cliente sempre tem razão!”
— Uhum.
— O que você acha que eu devia fazer?
— Eles não calam a boca, mesmo com você implorando?
— Você está levando esta consulta a sério? Hic.
— Você está mesmo me perguntando isso…?
— Em primeiro lugar, tipo, claro, eu sou uma funcionária e com certeza os clientes estão me pagando, mas, tipo, e daí? É assim que me sinto, sabe? Tipo, eu pensei que a gente pegava o dinheiro dos clientes, dava o que queriam e fim, trabalho feito.
— Uhum.
— Então pensei: Somos iguais! Tipo, se eles querem reclamar tanto, então não vou fazer comida para eles! Certo?
— Não, vocês não são iguais.
— O que você está dizendo, Senhorita Adivinha? Te paguei uma peça de ouro, então não pode ser um pouco mais profissional? Eu sou uma cliente, sabe?
— Você realmente está tão ansiosa assim para engolir as próprias palavras?
— Ah… eu não suporto mais! Quero sair do meu emprego.
— Acho que isso pode ser o melhor.
— Mas eu não tenho nenhum dinheiro.
— Você não acabou de me dar uma peça de ouro?
— Isso era tudo que eu tinha.
— Vou te devolver.
— Senhorita Adivinha, você é tão legal… Ah… E pensar que tive a sorte de conhecer alguém tão legal… Parece que este mundo não é tão ruim assim… Sniff.
— …
— Ei, Senhorita Adivinha? O que você acha que eu devia fazer?
— Vejamos… Certo, vou te dar um conselho.
— …? Hmm?
— Acho que você devia ser mais honesta consigo mesma.
— Como assim?
— Se alguém tiver alguma reclamação, você não devia ficar com medo de se defender. Diga como está se sentindo.
— Se eu pudesse fazer isso, não estaria passando por tantas dificuldades!
— Aqui, isso é para você.
— Uma garrafa? O que é essa coisa dentro dela?
— Isso é água encantada. Beba e você será capaz de deixar seu verdadeiro eu sair.
— Nossa…! E pensar que uma água dessas existe…!
— Aham. Vá em frente. Pense nisso como um presente meu. Beba e dê o seu melhor no seu trabalho a partir de amanhã.
— Ah… Não posso. Não quero ir trabalhar.
— Vamos lá, não diga isso.
Ela ficou reclamando na frente da minha barraca por mais alguns vários minutos, até que finalmente falei: “Ah, preciso ir ao banheiro”, e então comecei a ir para casa.
A garota tomou toda a água que eu dei, fazendo barulho, e gritou:
— Nossa! Sinto como se de alguma forma tivesse redescoberto o meu verdadeiro eu!
— …
Era só água comum, é claro. O sentimento que ela interpretou como “redescobrindo seu verdadeiro eu” foi simplesmente o ato de ficar sóbria.
Em outro dia, naquele mesmo país, uma das garçonetes de um determinado estabelecimento tornou-se uma das principais notícias.
Ela tinha começado a abusar dos clientes e parecia ser uma pessoa horrível. Se alguém tentasse fazer um pedido, ela estalava a língua enquanto se aproximava da mesa e encarava as pessoas enquanto carregava a comida. Sempre que os clientes pagavam a conta, ela resmungava: “Certo, vaza daqui. E não volte mais.”
Por alguma razão, parecia que os clientes (principalmente homens) gostaram muito dessa sua atitude estranha e, em pouco tempo, o negócio começou a crescer. Os clientes apareciam aos montes, dizendo coisas como: “Eu quero ser abusado!” Todos deste país eram assim, meio estranhos. Afinal, não existiam dúvidas de que ficavam entusiasmados enquanto cobiçavam uma garçonete apática e suportavam seu abuso verbal.
E ela se tornou, literalmente, a garota-propaganda.
Todos os dias se formava uma fila enorme à porta do restaurante.
O que diabos a fez agir assim?
Um certo jornal fez uma entrevista.
“Eu só pensei que seria importante mostrar o meu verdadeiro eu.”
Foi o que ela disse.
…
Mas não foi isso que eu quis dizer…
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