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Bruxa Errante, a Jornada de Elaina – Vol. 08 – Cap. 06.1 – Frederika

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Há muito tempo, em uma certa família rica, nasceu um par de gêmeas saudáveis.

Os pais ficaram encantados ao olhar para suas filhas recém-nascidas, mas, ao mesmo tempo, nutriam sentimentos complicados.

Gêmeos eram tradicionalmente considerados um mau presságio em sua terra natal. Seu país dava especial importância à crença de que cada ser humano era único. Portanto, duas pessoas que compartilhavam o mesmo rosto como um reflexo no espelho certamente deixavam as pessoas desconfortáveis.

Embora a crença de que gêmeos são, de alguma forma, a mesma pessoa seja uma noção totalmente ridícula e ultrapassada, as duas meninas infelizmente nasceram em um país que acreditava em tais ideias anacrônicas.

Sempre que nasciam gêmeos naquele país, a maioria dos pais enviava um deles para o exílio. Gêmeos davam azar e não podiam ser criados juntos… era nisso que todos acreditavam.

No entanto, esses pais não puderam escolher um bebê em detrimento do outro. Não viam as irmãs como duas metades da mesma pessoa.

Seus vizinhos não eram gentis com as irmãs gêmeas. Houve alguns que disseram que eram repugnantes. Alguns até mesmo perseguiram os pais, dizendo-lhes para se apressarem e se livrarem das duas.

Mesmo assim, os pais as criaram. Sabiam que não tinham duas pessoas iguais; essas crianças eram completamente diferentes, cada uma com sua própria personalidade. Dizendo isso o tempo todo, ignoraram qualquer crítica e criaram as duas.

Para que as duas irmãs não se tornassem parecidas, seus pais se esforçaram muito para torná-las diferentes em todos os aspectos.

— Vocês não devem usar as mesmas roupas.

— Não devem ler os mesmos livros.

— Não devem ter o mesmo corte de cabelo.

— Não devem brincar nos mesmos lugares.

As criaram estritamente dessa maneira.

À medida que as meninas cresciam, desenvolviam personalidades tão diferentes que não havia necessidade de se dar ao trabalho de diferenciá-las pela aparência externa.

A gêmea mais nova tornou-se uma jovem maravilhosa, brilhante, atenciosa e amada por muitos.

Por outro lado, a mais velha tornou-se uma criança sombria que se fechava em casa e nunca fazia nada além de brincar com suas bonecas.

Em certo sentido, as duas realmente se tornaram pessoas diferentes, assim como seus pais esperavam. Mesmo que na aparência fossem tão parecidas quanto possível, seus semblantes eram completamente diferentes, uma era luz e, a outra, trevas.

A bondosa irmã mais nova chamava-se Lunarik.

A sombria irmã mais velha se chamava Frederika.

Então, após um incidente quando tinham cerca de quinze anos, elas foram separadas de uma vez por todas. Frederika feriu muito, muito profundamente o coração de sua irmã gentil.

No final das contas, as meninas acabaram vivendo vidas separadas, como a maioria das gêmeas em seu país. As circunstâncias as deixaram sem outra escolha.

— Elaina… — Depois de me confidenciar tudo, ela me perguntou: — Acha que se Lunarik me visse como estou agora, me perdoaria?

 

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Com cabelos acinzentados e olhos lápis-lazúli, uma única bruxa vestida com uma túnica preta e chapéu triangular estava jantando em um restaurante tranquilo anexo a um hotel de alta classe.

Estava sentada em uma mesa para quatro pessoas que estava vazia, exceto por vários pedaços de pão simples; frugal demais para ser o jantar de uma garota em crescimento. Certamente não era uma refeição saudável e nutricionalmente equilibrada, mas havia uma razão pela qual estava se contentando com algo tão simples.

— Não tenho dinheiro…

Isso mesmo, ela estava falida.

Era uma bruxa e uma viajante, mas não era uma administradora particularmente boa e, ao longo de sua vida diária, dizia coisas como: “He-he. Sabe qual é o propósito de ter dinheiro? Isso mesmo, gastá-lo!” Era da sua natureza se empolgar e comprar coisas que não precisava, então ficar sem dinheiro parecia ser uma ocorrência regular em suas viagens.

— Droga… por que só tenho dinheiro para comprar pão?! — A bruxa bateu na mesa.

Se perguntou o porquê, mas seus colares soltos na bolsa e gosto por hotéis extravagantes certamente eram os culpados. No entanto, por algum motivo, ela queria colocar a culpa em qualquer outra coisa Afinal, era apenas um desabafo.

De qualquer forma…

A bruxa sentada, chafurdando-se em sua pobreza em um restaurante de hotel de alta classe, quem poderia ser?

Isso mesmo, sou eu.

— Sua cabeça dura!

A propósito, esse desaforo que cuspi era dirigido a mim mesma.

Em primeiro lugar, preciso ganhar algum dinheiro rápido, antes que a única noite que reservei aqui termine. Vamos lá.

Aparentemente, minha mesa de jantar dominada por pão parecia bem estranha aos turistas elegantes e viajantes ricos nas outras mesas, pois reparei pessoas olhando repetidamente para mim desde que sentei.

Cada vez que os notava,uma humilhação insuportável descia junto com meu pão.

Ai, que delícia…

— ……

Tenho certeza de que o jantar de um pobre sobrecarregado deve parecer uma coisa bastante estranha para o rico.

Durante toda a minha refeição, fui atormentada pela sensação de que alguém em algum lugar estava me observando.

Voltei para o meu quarto e, um tanto abobada, considerei ir para o meu próximo destino enquanto olhava para um mapa da região circundante.

Não parecia haver muitas cidades nesta área e mesmo a mais próxima de onde estava era bem distante. Levaria mais de um dia para chegar de vassoura a um lugar chamado Parastomeire.

Provavelmente precisaria acampar.

Fiquei bem perplexa. O estado atual das coisas era muito desfavorável. Não tinha nada além de problemas. Problemas com distância… com dinheiro…

Vamos pensar em uma maneira de ganhar alguns trocados

— Fósforos… alguém precisa de fósforos…? — Imaginei a mim mesma mudando de forma para uma jovenzinha vendendo fósforos.

— Eh-heh-heh… Isso deve funcionar muito bem. — Também me imaginei contando uma pilha de dinheiro resultante de homens sendo atraídos facilmente por uma garotinha bonita.

— Tudo bem. Vamos nos apressar e dizer adeus a este lugar. — Fantasiei comigo fugindo da cidade às pressas.

— É um longo caminho até a próxima cidade… — Me vislumbrava acampando no deserto.

— Hã? Suspeita de fraude… Estou sendo presa? Não, por favor, espere um minuto. — Agora me via sendo arrastada por magos locais assim que perceberam meus delitos.

— ……

Não haveria nenhum lugar para me abrigar depois que partisse. Ficaria presa acampando na floresta. Se fosse esse o caso, seria bastante arriscado me envolver em qualquer negócio desonesto. Por outro lado, encontrar um trabalho honesto levaria tempo e, de qualquer maneira, poderia morrer na beira da estrada enquanto procurava um emprego.

— Hmmm…

O que fazer?

Sentei-me na cama e estava pensando nisso quando… toc, toc! Alguém bateu educadamente duas vezes na porta do meu quarto.

Não me lembro de ter pedido nenhum serviço de quarto. Isso significa que tenho uma visita? Não recordo de ter feito nenhum amigo neste hotel, então quem diabos poderia ser?

Esperando do outro lado da porta, que abri sem questionar mais, estava uma única linda garota.

Ela tinha mais ou menos a minha idade, ou talvez um pouco mais.

Seu cabelo ondulado era como ouro, descendo até o meio das costas, com a frente cortada curta. Seus olhos eram de um tom azul claro. Parecia ter sido ferida no olho esquerdo, que estava coberto com uma bandagem diagonal.

Pela aparência externa, de alguma forma, pude dizer que a garota diante de mim era uma viajante.

Usava uma capa preta e, por baixo, um colete negro e uma blusa branca. Botas longas apareciam abaixo de sua longa saia preta.

Em seu quadril, portava uma arma e uma espada curta. Deviam ser para que ela pudesse ao menos se defender.

— Boa noite — disse ela com um sorriso. — Você é a bruxa que estava comendo pão sozinha no restaurante mais cedo, certo? Observei você o tempo todo.

— Uma stalker, hein…? — Rapidamente tentei fechar a porta entreaberta.

— Não, não sou uma stalker. Que rude. Apenas te observei o tempo todo mais cedo no restaurante. Então a segui até seu quarto e, quando avaliei que era um momento adequado, bati na porta. Só isso.

— Então você é uma stalker afinal, não é?

Vou fechar a porta…

— Eu não sou. Que grosseria. — Vociferando as mesmas palavras de antes, a garota estufou as bochechas, parecendo indignada. — Só vim aqui para te pedir um favor.

— Eu recuso.

— Você precisa de dinheiro, certo?

— ……

Se ela me observou o tempo todo em que estive no restaurante, deve ter me ouvido resmungando coisas lamentáveis sobre não ter dinheiro. Não, ela não precisaria me ouvir… o fato de eu estar jantando sozinha, com apenas pão, deixava claro como o dia que estava com problemas financeiros.

— Olha, se não se importa, poderia ouvir o meu pedido?

Já tinha uma ideia do que ela queria… e também como iria levantar algum dinheiro.

— …O que é? — Parei de tentar fechar a porta, iludida pelo cheiro de dinheiro fácil.

Ela deu uma risadinha gentil para mim.

— Ok, quero que me acompanhe até uma cidade próxima — respondeu concisamente.

Os detalhes devem depender da minha resposta.

Então abri a porta.

— Qual o seu nome?

Ela respondeu de forma concisa novamente:

— Frederika.

 

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O quarto de solteiro onde estava hospedada não tinha sofá nem nada para relaxar, então fiz Frederika sentar na única cadeira.

— Que desconfortável. A suíte onde estou hospedada possui um sofá para receber visitas.

Se vai culpar alguma coisa, deve culpar este quarto que mal tem móveis, apesar de estar em um hotel de alta classe.

— Já bebi o café mais cedo, então, por favor, tome isso. — Sem muito entusiasmo, servi duas xícaras do chá que vinham com o quarto e entreguei uma a ela.

— Obrigada. Eu gosto deste chá.

— São apenas os saquinhos de chá de cortesia.

— É por isso que eu gosto. Não importa onde você beba, o sabor não muda, certo?

— Não tenho ideia do que está dizendo.

— Há muito tempo, achava muito amargo para beber a menos que colocasse muito açúcar, mas quando me tornei adulta, comecei a bebê-lo puro. O sabor real do chá nunca mudou, mas a pessoa que bebeu sim. Depois que percebi isso, pude aceitar o sabor amargo pelo que ele é e por isso que gosto.

— Não tenho ideia do que está dizendo.

— Bem, acho que uma criança não entenderia. — Frederika disse com um olhar aguçado para o meu peito.

— Ei, mantenha seus olhos aqui em cima! Você está atrás de brigar ou algo assim?

Frederika riu da minha explosão.

— Bem, então, para o pedido em questão. — Depois de olhar em volta, inquieta, procurando um lugar para colocar o chá, ela acabou colocando-o sobre o joelho e disse: — Quero que me acompanhe daqui até outra cidade próxima.

Arrastei a única mesa do meu quarto de hotel de alta classe e coloquei-a entre nós, então me sentei na cama em frente a ela. Sobre a mesa estava um mapa que estava olhando há pouco; mostrava a região próxima.

— Acompanhá-la até onde?

Frederika colocou sua xícara de chá ao lado do mapa.

— Até Parastomeire. — A cidade que ela apontou era a mais próxima de nossa localização atual. — Tenho um compromisso sobre encontrar alguém.

— Entendo.

Embora tivesse dito que estava perto, ainda levaria um dia inteiro para chegar lá sozinha na minha vassoura. Não poderíamos evitar a necessidade de acampar. Pelo que pude perceber olhando para ela, Frederika não parecia capaz de usar magia e comecei a me sentir sobrecarregada só de pensar em quantas horas levaríamos se viajássemos a pé.

Porém…

— Não me importo de acompanhá-la, mas… por quê? — perguntei.

— Por quê? O que quer dizer?

— Você não parece estar precisando de dinheiro. — É óbvio que você tem dinheiro de sobra, já que está hospedado em uma suíte de um hotel caro como este. — Certamente existem várias maneiras de ir desta cidade para Parastomeire, como de carruagem ou alguma outra forma.

— Existem, sim. Aparentemente, há um serviço regular de carruagens.

— Então, isso não funcionaria?

— Uma carruagem se move lentamente e levaria muito tempo, não é? Quero me apressar, se puder.

— Entendo.

Em suma, você está impaciente.

Bem, não tinha nenhuma resistência particular em escoltar uma única mulher para uma cidade vizinha. Não havia razão para recusar seu pedido de imediato. Honestamente, como estava perdendo o juízo tentando descobrir como ganhar dinheiro, não poderia estar mais grata por sua proposta.

Tudo bem então, vamos ao que interessa.

— A propósito, em relação à minha remuneração… Quanto está disposta a gastar? — Abri um sorriso alegre.

— Sobre isso… eu realmente queria te perguntar, por quanto me deixa andar com você?

— Acho que cerca de trinta moedas de ouro devem servir. Se puder pagar tanto, voarei muito rápido.

— É um preço bem alto… Quanto custa se voar na sua velocidade normal?

— Cerca de trinta moedas de ouro devem bastar.

— Não mudou nada.

— Não há nada que eu possa fazer sobre isso. Quanto mais devagar eu for, mais tempo vou estar dividindo minha vassoura com você, Frederika.

— Esse é um esquema de preços terrível.

— Oh? Estou lhe dando um grande desconto.

— ……

Isso foi uma piada, claro.

Depois de fazer uma demonstração de pirraça, eu apenas disse:

— Bem, se me pagar o que achar justo, será o suficiente.

De qualquer forma, já estava planejando ir para Parastomeire. Não era problema adicionar um pouco de peso extra à vassoura.

…Afinal, Frederika parece ter dinheiro sobrando. Ela é bem rica, imagino. Então, quem pode me culpar por tentar ganhar um pouco de dinheiro extra?

— Tudo bem — Frederika ofereceu —, que tal uma peça de cobre?

— Você é muito mesquinha para alguém que fica em uma suíte de luxo.

No final, depois de muita insistência e resmungos, fechamos um acordo por cinco moedas de ouro.

 

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O deserto se estendia diante de nós. Aqui e ali, eu conseguia ver um pouco de verde na paisagem que passava por nós, mas a maior parte do que era visível era murcha e marrom.

Quase como se tivesse esquecido o que era ser verde.

— Esta é a primeira vez que experimento algo assim.

Enquanto viajávamos em direção a Parastomeire, a voz de Frederika se misturou com a rajada do vento.

Virei-me e olhei para ela.

— Você quer dizer sua primeira vez andando em uma vassoura? Isso é bom. Qual é a sensação? — Sorri.

Ela olhou para longe em algum lugar enquanto me respondia:

— Como é a sensação…? É agradável. Eu poderia passar sem a condescendência, no entanto.

Ela respondeu de dentro de uma caixa que estava amarrada na parte de trás da minha vassoura. Uma estranha sensação de tristeza pairava no ar em torno de Frederika, que estava sentada com os joelhos pressionados contra o peito dentro de seu caixote que flutuava atrás de mim através de um feitiço.

Suas bochechas estavam inchadas de insatisfação.

— Normalmente, alguém não sentaria com você na vassoura enquanto voa? Por que está me fazendo sentar em uma caixa…?

— Precaução.

— Está insinuando que eu poderia atacá-la ou algo assim? Nunca faria uma coisa dessas.

— Isso e o fato de que minha vassoura não é tão promíscua a ponto de permitir alegremente que uma completa estranha monte nela.

— Sinto muito, não entendo muito bem o que está dizendo.

— Mas o passeio é confortável, não é?

— Receio ter que concordar

Na prática, as pessoas que não estão acostumadas a andar de vassoura por muito tempo se cansam rapidamente. Esta viagem já ia demorar bastante; de jeito nenhum a deixaria andar comigo. Além disso, ela aparentava não poder usar nenhuma magia.

Embora eu certamente nunca diria algo tão afrontoso em voz alta.

Além do mais.

— Não há nada mais fascinante do que uma nova experiência, certo? — perguntei.

— ……

— Dizem que é preciso ver para crer, não é? — continuei. — Essa prática é melhor que a teoria? Não importa quanto conhecimento você acumule, nem quantos livros leia, sempre será inferior à experiência de realmente ver e tocar algo. Não importa quanto conhecimento você tenha, até que realmente experimente algo, é o mesmo que não saber nada.

— Não tenho certeza se precisava mesmo da experiência de andar em uma caixa… — Frederika soltou um suspiro.

Por falar nisso…

— Frederika?

— Hmm?

A garota que até um momento antes era a imagem do desgosto sincero agora estava olhando para mim com a cabeça inclinada em indiferença.

Olhei para ela atentamente e inclinei minha própria cabeça.

— Há quanto tempo você vive como viajante?

— Hmm… — Ela voltou o olhar para o céu azul vívido e respondeu: — Cerca de quatro anos… eu acho.

— …Muito tempo, hein?

Tanto quanto eu.

— Sim… e antes que percebesse, fiz dezenove anos.

O que deve significar, em outras palavras, que você viaja desde os quinze anos?

— Se esteve viajando o tempo todo, como costuma ir de um lugar para outro?

— Ah, eu tenho viajado a cavalo.

— Ah, a cavalo! — Ela é bem selvagem. — Então, onde está esse cavalo agora?

— Agora, provavelmente está vivendo uma vida pacífica como um cavalo selvagem… — Frederika tinha um olhar distante em seus olhos.

— Ele fugiu de você, hein…?

— Sim. Bem… — Frederika acenou para mim com um suspiro, então passou a me encarar. — Poderia dizer que é um insulto à injúria ser colocada dentro de uma caixa depois de perder meu cavalo…

— Mas o passeio é confortável, não é??

— Receio ter que concordar.

Suspirando novamente com exasperação, ela se virou e olhou para o caminho que havíamos seguido até agora.

A cidade em que estivemos esta manhã já estava fora de vista.

— Percorremos um longo caminho, hein?

Seu cabelo esvoaçava, soprado pela brisa fresca.

— Você está cansada?

— Estou bem.

Ela se virou para me encarar e sorriu enquanto alisava o cabelo com uma das mãos.

Seus olhos pareciam imersos em tristeza.

 

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A noite havia chegado.

Sobrepondo o calor da tarde, um vento frio e desagradável soprou no cenário castigado pelo tempo, onde usei feitiços para armar uma barraca e acender uma fogueira. Galhos estalavam enquanto queimavam no fogo crepitante. Sentindo-me abençoada por ter magia para reduzir todo o trabalho tedioso, sentei-me em frente ao fogo dançante.

— Pensando bem, em breve será a temporada do cometa, hein? — Na minha frente, Frederika jogou uma tora no fogo e olhou para o céu.

Todas as pessoas desta região ficavam inquietas sempre que o cometa se aproximava.

A cada vinte e dois anos, uma estrela muito bonita e solitária aparecia sozinha no céu e depois desaparecia com a mesma rapidez. Fazia quase vinte e dois anos desde sua última aparição. Na verdade, deveria aparecer novamente em apenas dez dias.

Todos estavam ansiosos pelo reaparecimento do cometa.

Era provável que Frederika também estivesse.

Segui seu olhar e virei-me para o céu escuro.

Um lindo céu noturno, com estrelas cintilantes.

Foi quando um longo e direto feixe de luz passou bem acima.

Uma estrela cadente.

— Ah… — Na minha frente, podia ouvir Frederika fazer um som inocente, como uma criança. — Elaina, você sabia? Se fizer um pedido três vezes enquanto uma estrela cadente estiver passando, ele se tornará realidade. — Sua voz de repente ficou mais alegre.

— Que romântico — respondi, continuando a olhar para o céu. — Você desejou alguma coisa?

— ……

Ela ainda estava olhando para o céu em silêncio.

Não é que não tivesse ouvido minha pergunta e não acho que tenha ficado constrangida com seu desejo. Frederika parecia estar demorando para organizar seus pensamentos.

Entre nós, o fogo crepitava e balançava, quando a tora que ela acabara de jogar começou a desaparecer, finalmente olhou para mim.

E então disse:

— Que o incidente de quatro anos atrás nunca tivesse acontecido; foi o que desejei.

Foi tudo o que ela disse.

Quatro anos atrás coincidiam perfeitamente com quando Frederika começou sua jornada.

— …Aconteceu alguma coisa ruim?

— O que aconteceu naquela época é a razão de eu viajar, Elaina. Se não fosse pelo incidente há quatro anos, estaria vivendo uma vida tranquila em minha cidade natal agora. — Ela encolheu os ombros.

— …O que aconteceu?

Ela deixou minha pergunta pairar no ar por um tempo, depois pressionou a mão esquerda contra o olho enfaixado e abriu a boca.

— Algo muito, muito triste.

Então ela me contou.

Sobre seus quatro anos de arrependimento e orações, suas lembranças de uma infância tão sem esperança que a levou a pedir ajuda a uma estrela.

A história de como se tornou Frederika, a viajante.

 

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Tradução: NERO_SL

Revisão: B.Lotus

 

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