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Bruxa Errante, a Jornada de Elaina – Vol. 07 – Cap. 02 – Sharon, a Mentirosa

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Uma atmosfera tranquila de verão abraçou a floresta. A brisa, que ainda não havia perdido o frio da primavera, farfalhou nas folhas das árvores enquanto passava. Uma viajante solitária, que ainda não havia chegado ao seu destino, atravessou a floresta sobre uma vassoura.

A jovem tinha cabelos cinzentos e olhos azuis lápis-lazúli, e usava um robe preto e um chapéu triangular. Fixado em seu peito havia um único broche em forma de estrela.

Sua vassoura era sua passagem para a liberdade, permitindo que sempre vagueasse de um lugar para o outro. Ela era uma viajante e uma bruxa.

Ela nunca tinha pressa. Era importante aproveitar a viagem no próprio ritmo. A bruxa encheu os pulmões de ar frio, pensando consigo mesma que a brisa fria soprando pela floresta parecia um suspiro de lamento pelo fim da primavera. Quando ela expirou, também soou quase como um suspiro.

Então…

Esta mulher, desfrutando plenamente de seu tempo sozinha, aparentemente relutante em deixar isso acabar, quem diabos poderia ser?

Isso mesmo, ela sou eu.

— Olá, olá! Bom dia para você, Senhorita Bruxa. Você está bem?

E ela também é a pessoa que está sendo abordada.

— ……

Havia uma garota solitária no meu caminho.

Essa garota, que havia quebrado meu silêncio abençoado sem um pingo de remorso, colocou a mão no queixo e sorriu.

— Hmm… Isso resolve tudo!

— …Oi?

Parei minha vassoura e olhei para ela.

Seu robe azul estava enfeitado com renda, e sua saia era feita de várias camadas de babados. Sua roupa, junto com a pose estranha que ela estava mantendo, a fez parecer muito fofa. Havia também um broche em forma de estrela em seu peito – a marca de uma bruxa.

Se eu tivesse que adivinhar, diria que ela tinha uns dezoito anos. Seu cabelo pendia em seus ombros e tinha o mesmo tom de azul que seu robe. Ela estava mostrando a mesma expressão satisfeita o tempo todo, como se estivesse colada em seu rosto.

— …Hmm-hmm!

Mais do que qualquer outra coisa sobre ela, eu estava ficando um pouco farta dessa expressão, que parecia dizer: “Eu sei de tudo!“. Não podia dizer o motivo pelo qual essa bruxa – que mal havia dito duas palavras para mim até esse ponto – tinha que se sentir tão satisfeita.

— Qual é o seu nome? A propósito, me chamo Sharon.

— Elaina.

— Entendo. Então me diga, Elaina, o que diabos a traz a um lugar como este? — A expressão de Sharon continuava imutável. — Por acaso teria vindo porque tem negócios no esconderijo dos ladrões à frente? Se sim, é melhor parar agora. Aquelas não são pessoas com quem você quer se meter.

— Não, não estou interessada em ladrões ou qualquer coisa assim. Estou apenas de passagem.

— Está falando da boca pra fora. Na verdade, pretende destruir o esconderijo dos ladrões, não é? Não precisa admitir. Isso está escrito na sua testa.

— Não, hm… Realmente não estou interessada em ladrões ou o que quer que seja…

Mais precisamente, acabei de saber que há ladrões à frente…

O que essa bruxa está tentando me dizer?

Sem ter a menor ideia sobre o que ela estava falando, inclinei minha cabeça, confusa.

— Hmm-hmm…! — A bruxa mais uma vez mostrou um sorriso triunfante. — Talvez você tenha sido encarregada da tarefa por pessoas da outra cidade? Bem, naturalmente, você veio para atuar como assistente da grande e poderosa bruxa Sharon… Porém! Que pena! Pois não preciso de uma assistente!

 

 

 

— Uh-huh…

Mas ninguém me pediu para vir aqui…

— Inacreditável! Se você veio a mando deles… então parece que ainda não acreditam na extensão do meu verdadeiro poder. Mas… não importa! Posso dar um jeito nos ladrões do fim da estrada sozinha! Hmm-hmm!

— Com certeza… parece que sim… — Nossa conversa não estava chegando a lugar nenhum, então, por enquanto, concordei. Acho que sempre que fico presa em uma conversa com alguém assim, que fica falando sem parar, se eu apenas der respostas superficiais, ficará tudo bem.

— Mas, por outro lado, se dissesse que tinha a intenção de se tornar minha assistente, acima de tudo… que queria se distinguir desafiando os ladrões, apesar do perigo… suponho que possa estar disposta a deixá-la me ajudar. Só um pouco. Porque você provavelmente está precisando de dinheiro, não é? Que tal eu dividir a recompensa com você?

— Quero dizer, não estou quebrada nem nada assim, então…

— O que acha? Você não quer se tornar minha assistente e derrotar os ladrões comigo? Você pode se tornar minha assistente, sabe. Uma oportunidade como essa raramente aparece duas vezes!

— Nunca ainda seria cedo demais.

— ……

— ……

Quando recusei categoricamente, a grande e poderosa Sharon ficou em silêncio. Eu realmente não entendia o que estava acontecendo. Tudo o que sabia era que, com certeza, talvez tivesse bastante tempo livre, mas gastá-lo de forma voluntária para enfrentar pessoalmente uma gangue de ladrões parecia uma má ideia. A única coisa que podia fazer era recusar respeitosamente a proposta de Sharon.

— …Realmente não entendo o que está acontecendo, mas boa sorte ao lidar com os ladrões, viu?

Depois de me curvar de forma bem desinteressada em cima da minha vassoura, me virei para deixar aquele lugar…

— Espera um segundo.

…Bem, eu tentei partir, mas fui parada por uma força considerável.

Segurando firme o meu robe estava a primeira e única Sharon.

— Espera… hm… vou dizer mais uma vez, tá? — Ela tossiu e limpou a garganta. — Sabe, eu sou… uma bruxa incrível.

— Certo.

Já ouvi isso.

— E sabe, eu disse que te ajudaria a exterminar os ladrões.

— Certo.

Também ouvi isso.

— Então?

— Não.

— Ah, hm…

— Se você é uma bruxa tão incrível, então deve ser capaz de cuidar dos ladrões sozinha, certo? Eu certamente não vou sair do meu caminho para roubar sua glória. Então não se preocupe.

— …… — Depois de um momento de silêncio, ela disse: — Vou dizer mais uma vez, viu?

— Claro.

De novo?

— Tudo bem, então… eu sou uma maga.

Sharon indicou seu broche sem qualquer expressão.

— …Certo.

— Então, se você não se importa, poderia me ajudar? — As nuances do discurso de Sharon começaram a mudar sutilmente.

— Não.

No entanto, ainda recusei educadamente.

— ……

— ……

— Hm, mais uma vez, talvez…

— Não, já ouvi o suficiente.

— Espera! Mais uma vez! Deixe-me defender meu caso mais uma vez! Sério! — Agora Sharon estava ficando frenética. — Ah, entendi! É isso, certo? Elaina, será que, talvez, você não entenda muito bem a situação?

— Não, acho que entendo muito bem, mas…

— Tá bom, tá bom. Vou explicar em detalhes.

Não, você realmente não precisa fazer isso…

— Primeiro de tudo, não sou uma maga.

Sharon tirou o robe com o rosto sem expressão.

— Tá bom, tá bom… Espera, o quê?

O que está havendo?

— Mas as pessoas de uma cidade próxima me confundiram com uma bruxa poderosa. Sabe, me confiaram o extermínio dos ladrões! Este é um dilema terrível! Ha-ha-ha!

— Espera, qual é o dilema…? E como assim, você não é uma maga?

— É um pouco embaraçoso admitir, mas sou apenas uma jovem inocente com sonhos de ser uma bruxa.

— E… por que você parece tão feliz em admitir algo tão estranho?

Então é isso que está havendo.

Essa garota é apenas uma maluca qualquer.

— Nossa… aquelas pessoas da cidade são realmente inacreditáveis. — Sharon deu de ombros. Minhas palavras não pareciam estar chegando aos ouvidos dela. — Mas o que diabos alguém como eu, que não pode usar magia ou qualquer coisa do tipo, está fazendo em um lugar como este…? Você está pelo menos um pouco curiosa, não é?

— Não, posso muito bem adivinhar.

— Oh?

— Você provavelmente foi confundida com uma bruxa, graças à sua aparência enganosa, então te banharam em elogios e te confiaram a situação dos ladrões, certo?

Eu tinha acabado de conhecer essa mulher, mas ela parecia ter o tipo de personalidade que nunca poderia recusar um pedido. Tinha certeza de que ela havia concordado em fazer o que as pessoas da cidade pediram, prometendo fazer um trabalho rápido com os ladrões.

— …… — Sharon ficou em silêncio enquanto ouvia minha especulação. Então, sorriu. — …Humph, parece que você é muito inteligente, não é? — Ela estava usando a mesma expressão auto-satisfeita de antes. — Na verdade, há uma razão mais profunda para eu ter chegado tão longe na floresta…

Não ouvi muito além desse ponto, pois Sharon de repente se lançou em um monólogo estendido. Mesmo enquanto pensava que provavelmente não era uma razão tão profunda, em última análise, perdi minha chance de escapar e acabei fazendo companhia enquanto ela falava sozinha.

A viajante Sharon sempre quis ser uma bruxa.

Seus motivos eram geralmente incrivelmente superficiais: um era que a palavra bruxa soava bem e outro era a emoção que sentia quando via as adoráveis vestes que as bruxas usavam.

Mas os sonhos nem sempre se tornam realidade, e apesar dos fortes sentimentos de Sharon e muitas longas horas de treinamento, nunca aprendeu a usar magia. Ela simplesmente não tinha o dom.

Sharon fez dezoito anos no início daquele ano, mas nunca desistiu de seu sonho de infância. Essa ambição queimou em seu coração até a idade adulta.

Mas ela não podia usar magia.

O que poderia ser feito sobre isso?

— Humph… mesmo que não possa usar magia… eu tenho isso!

“Isso” era um disfarce. Sharon não tinha nenhuma aptidão para magia, mas era uma costureira habilidosa e depois de várias noites costurando e muitos dedos furados, produziu uma roupa de bruxa aceitável.

E, assim, orgulhosamente se vestindo com um robe azul (feito por ela) com um broche em forma de estrela (também feito por ela), partiu em uma jornada.

Todos em sua cidade natal sabiam que Sharon não podia usar magia, então ela não tinha escolha a não ser viajar para longe se quisesse que as pessoas acreditassem que era uma bruxa. Longe de casa, ela poderia completar a transformação em uma bruxa viajante comum.

— Ei, olha! É uma bruxa! Legal… — Cada lugar que ela visitava, os habitantes da cidade ficavam maravilhados.

— Ela é tão bonita… Algum dia quero me tornar uma bruxa incrível como ela… — Onde quer que fosse, era recebida de braços abertos.

Sharon foi aparentemente abençoada pelo destino, porque nenhuma das pessoas em nenhum dos lugares que visitou sabia muito sobre bruxas. E ninguém havia tentado brigar com ela em nenhum de seus destinos, nem havia se envolvido com pessoas questionáveis.

No entanto, com o grande título de “bruxa” pendurado em seu pescoço, Sharon estava fadada a atrair pessoas à procura de ajuda, quer ela quisesse se envolver ou não. Era o destino de uma bruxa viajante lidar com esses tipos de pedidos onde quer que fosse.

— Hmmm… com licença, por favor… Madame Bruxa… Eu tenho um pedido a fazer…

— Qual pedido?

Sharon inclinou a cabeça questionadoramente enquanto sorria sem parar para a garota que se aproximou dela.

A garota franziu as sobrancelhas e respondeu:

— A verdade é que minha saia favorita está velha e eu não posso mais usá-la… Se não se importar, poderia usar sua magia e consertá-la para mim…?

Sharon estava em apuros.

Ela definitivamente não podia usar magia, mas tinha outra coisa: uma autoconfiança incrível. Então, é claro, não ia recusar.

— Humph, muito bem. Vou consertar essa roupa para você e transformá-la em algo incrível — prometeu Sharon triunfantemente. Mas sem o mínimo de magia, como ela planejava consertar a saia?

A resposta era simples.

— Escute, tudo bem? Vou usar magia agora, então você não vai abrir essa porta. Entendeu?

Como se estivesse trabalhando para pagar alguma dívida infernal, Sharon se trancou em seu quarto e começou a trabalhar febrilmente usando suas habilidades reais – costurando a saia de novo.

Na manhã seguinte, com olhos cansados, Sharon entregou a saia remendada para a garota que havia feito o pedido.

— Pronto, aqui está.

— Uau, incrível! Está linda, parece novinha em folha!

Quando se tratava de costura, as habilidades de Sharon podiam muito bem superar qualquer coisa que pudesse ser produzida com magia. Seus talentos eram realmente incríveis. Rumores da bela roupa que ela havia reparado se espalharam feito fogo.

A reputação de Sharon imediatamente se tornou o assunto da cidade. Todos os tipos de pessoas foram visitá-la e fazer pedidos, mas isso não era problema para Sharon.

— Eu… hm… derramei um pouco de molho de soja nas minhas roupas…

— Não se preocupe, vai ficar tudo bem. Deixe isso comigo.

Ela fez uma remoção normal de manchas.

— A verdade é que comprei roupas do tamanho errado…

— Ho-ho, deixe comigo! Vou ajustá-las ao tamanho perfeito.

Ela fez um redimensionamento normal.

— A verdade é que eu gostaria de usar as roupas que não uso mais…

— Certo, que tal eu transformá-las em bolsas?

Ela simplesmente reaproveitou o tecido e costurou novas bolsas.

E foi assim que Sharon fingiu usar magia e floresceu à sua maneira. E quem poderia culpá-la?

Mas logo, rumores se espalharam de que havia uma bruxa poderosa na cidade e sua presença chamou a atenção de algumas pessoas desgrenhadas, mas importantes, que queriam usar seu brilho.

— Você aí, você é a bruxa Sharon, certo? — Um dia, um homem velho e corpulento se aproximou dela e estendeu um cartão de visita. — Prazer em te conhecer.

— Hmm…? — Sharon pegou o cartão. Aparentemente, esse homem rotundo era um funcionário público e disse a ela que queria pedir sua ajuda.

— Perto de nossa cidade, há uma floresta, e a verdade é que, recentemente, temos tido problemas com um grupo de ladrões que vivem lá. Eles invadiram nossa cidade e nos roubaram. Ultimamente, eles têm roubado roupas que estão indo para o mercado. São um grupo realmente problemático.

— Em outras palavras, você está tendo um problema com bandidos de estrada, não é? Isso é bem ruim… — Sharon assentiu com auto importância, com o queixo nas mãos.

O oficial olhou para ela, tão cheia de confiança, então continuou:

— Então… estamos pedindo que você extermine esses bandidos por nós.

— Hm…

— Você é uma bruxa, certo? Queremos que você os castigue de uma vez por todas.

— Uh… bem, hm, espere um segundo…

Não havia modo que pudesse usar. Afinal, ela era apenas uma garota simples que desejava ser uma bruxa.

— Podemos contar com sua ajuda, Bruxa Sharon?

Esse cara está falando sério? Não há nenhuma maneira que eu possa lidar com algo assim!

Por outro lado, Sharon sabia que, se recusasse, sua reputação de bruxa, pela qual havia se esforçado tanto para construir com a costura, estaria acabada.

Sharon estava muito preocupada com a forma de responder, mas sabia que, se mostrasse uma pitada de preocupação, poderia parecer suspeita, então manteve a expressão calma enquanto murmurava para si mesma:

— Hmm… O que faço…?

Foi então que aconteceu.

— Hyaaah! Escutem, vermes! Viemos pegar suas roupas de novo!

Os ladrões da floresta chegaram. Cada um deles usava grandes cachos de tecido enrolados na cintura. Todos carregavam bastões de aparência perversa. Sharon pensou que pareciam menos com ladrões e mais com homens das cavernas, mas não teve muito tempo para apreciar a ironia por trás de um grupo de ladrões de roupas quase pelados.

— É a Lady Sharon! Ela apareceu bem na hora! Por favor, nos ajude!

— Senhorita Sharon! Ajude-nos, por favor!

— Dê uma lição nesses ladrões!

Os moradores da cidade viram uma oportunidade e empurraram Sharon para frente até que ela ficou diante dos ladrões.

— Uh-huh? Espera… hm…!

Sharon foi obrigada a confrontar os ladrões.

— Huh? Quem diabos é essa? O que você está olhando, senhorita?!

Sharon estava tremendo, imaginando o que poderia fazer com o grupo assustador diante dela, mas…

— A Senhorita Sharon está aqui agora, então vocês estão acabados! Whoo-hoo!

— É melhor tomarem cuidado, seus palhaços!

— Idiotas!

A multidão de habitantes animados havia cortado qualquer esperança de retirada.

— Bem, espera um segundo…

Não havia nada que Sharon gostaria mais do que eles pararem de falar.

Enquanto isso, os ladrões, antagonizados pelos cidadãos, latiam suas respostas.

— Oh… Então você é uma bruxa? Qual é o seu negócio com a gente? Não me diga que se juntou a essas pessoas e planeja lutar contra nós… Acha mesmo que tem uma chance?

Cerca de dez ladrões chegaram à cidade naquele dia. Se Sharon fosse uma bruxa de verdade, poderia ter lidado com todos eles em um piscar de olhos, mas ela era apenas uma garota simples.

— Vamos lá, não seja rude. Para o seu próprio bem, é melhor você colocar o rabo entre as pernas e correr. — Apesar de sua aparente desvantagem, Sharon usava sua expressão perpetuamente presunçosa.

Sua rota de fuga havia desaparecido, então poderia se dizer que ela tinha ido para o tudo ou nada.

— Todo o meu poder contra todos vocês…? Isso nem é uma disputa.

Sem disputa, de fato, mas sua aparência de bruxa e confiança excepcionalmente alta levaram os ladrões a interpretarem mal suas palavras.

— Tudo bem, então nesse caso, vou te enfrentar. — O homem que parecia ser o líder da gangue puxou uma arma do tecido em torno de sua cintura. — Sabe o que é isso?

— …Humph! — Sharon riu enquanto fazia barulho com o nariz.

Huh? Sem chance. Eles trouxeram armas? Não só esses porretes? Aaah!

Internamente, ela estava aterrorizada…

— Até caras como nós sabem quantos problemas as bruxas podem causar. Mas também sabemos que bruxas só são fortes porque podem usar magia. Se eu não der à bruxa uma chance de usar sua magia, ela não será nada!

Isso era verdade para as bruxas. No entanto, seu oponente era apenas uma garota comum.

— E-Espere um momento. Você quer usar isso contra mim? …Ficou louco?

Sharon estava começando a entrar em pânico. Havia pouco que ela pudesse fazer quanto a uma arma como aquela. Um único tiro poderia muito bem matá-la.

— Hmm… você planeja implorar por sua vida? — O líder dos ladrões não parecia inclinado a ouvir tais apelos. — Mas, de qualquer forma, já é tarde demais! Vou fazer você se arrepender de ter nos enfrentado!

O ladrão chefe não deu a Sharon a chance de explicar; apenas puxou o gatilho.

— Hyaaah! — Sharon estremeceu e se enrolou em forma de bola.

O tiro explosivo ecoou por toda a cidade.

— Grrraaaaaaaaaaahhh!

O líder dos ladrões caiu.

Permita-me explicar o que aconteceu naquele momento.

O líder dos bandidos realmente disparou sua arma contra Sharon. No entanto, ele não estava acostumado a manusear uma arma de fogo e errou seu alvo. A bala não passou nem de raspão por ela. Em vez disso, bateu em uma lata de lixo próxima, ricocheteou em um poste de luz, bateu em uma tampa de panela segurada por uma mulher do bairro que estava do lado de fora, depois voou por todo o caminho até que finalmente atingiu o líder bandido direto no joelho.

Graças a esta sequência milagrosa de eventos, Sharon estava totalmente ilesa.

— I-Inacreditável! A arma do chefe não teve nenhum efeito…!

— Aquela bruxa… Ela fez algo naquele momento!

— Ela usou magia, mesmo que não estivesse segurando uma varinha… Como isso é possível?

— Inacreditável! Não sabia que bruxas podiam fazer coisas assim!

A gangue de ladrões se amontoou, maravilhada com o milagre. Com seu líder fora de combate, eles obviamente não tinham ideia do que fazer. A gangue estava em pânico, igual um inseto decapitado.

— Kuh…! Seus desgraçados! Retirem-se por enquanto!

Eventualmente, com um grito de seu líder, que havia perdido seu espírito de luta junto com sua rótula, os ladrões fugiram.

— Eu me lembrarei dissoooooo!

Os outros ladrões deixaram seus próprios comentários de despedida enquanto fugiam.

— …… — Sharon se encolheu de terror e, antes que percebesse, os ladrões fugiram. Ela ficou bastante perplexa com essa misteriosa reviravolta, mas quando se levantou, estava usando uma expressão triunfante.

— Essa foi minha jogada especial.

Se eu estivesse lá, teria batido na cabeça dela e dito para não se deixar levar, mas para as pessoas da cidade, ela era a salvadora deles.

— Inacreditável! Essa é a nossa Lady Sharon!

— Viva a Senhorita Sharon!

— A Sharon é tão boa!

— Com ela por perto, não temos nada a temer!

— Incrível! Alguém me segure!

Eles se aglomeraram ao redor dela com tanto entusiasmo que parecia que poderiam jogá-la ao ar a qualquer momento.

Claro, apesar de sua confiança externa, Sharon ainda era apenas uma adolescente. Entendia perfeitamente a situação perigosa que acabara de criar.

Huh? Se eu ficar por perto, aquela gangue não voltará para acertar as contas…? E da próxima vez, tenho certeza de que será para… Waah!

Inconcebível.

Se ela não escapasse imediatamente, seria arrastada para qualquer coisa problemática que viesse a acontecer.

— Humph… — E assim, usando sua expressão triunfante, disse: — É lamentável, mas devo ir agora. Afinal, sou apenas uma viajante comum.

Primeiro de tudo, ela pensou, tenho que deixar esta cidade o mais rápido possível.

— Essa é a nossa Sharon! Aposto que você está planejando destruir o quartel-general dos ladrões!

— Hã?

— Você está fingindo deixar a cidade, mas na verdade vai ceifar a vida daqueles caras, certo? Isso é tão Sharon.

— Não… hm…

— Viva a Sharon!

— Viva!

— Viva!

— Incrível! Alguém me segure!

— Waah…

Mesmo que ela fosse apenas uma adolescente, Sharon era tão boa para as pessoas que chegava a ser triste. Só havia uma maneira dela responder às pessoas da cidade.

— Hmph… tudo bem, deixem comigo! Será fácil para mim enfrentar aqueles ladrões!

Claro, se eu estivesse lá, teria dado um soco na cabeça dela e dito para ela não se deixar levar.

— Permita-me uma reapresentação. Meu nome é Sharon. Meus pontos fortes incluem costurar e mentir.

— Você realmente disse isso!

— Minhas fraquezas incluem insetos, fantasmas, humanos, demônios, lugares escuros, ursos, peixes, cogumelos e todos os outros tipos de coisas.

— Estou surpresa que você tenha chegado tão longe.

— Como mencionei no conto que acabei de contar, parece que fui forçada a lançar um ataque ao esconderijo dos ladrões que está logo à frente.

— Com certeza parece isso. Boa sorte! Até mais.

Eu me virei e fui embora.

— E-Espera, por favor! — Sharon agarrou minha mão em pânico. — Por favor, me ajude! Se eu for assim, vou morrer! — Ela já estava começando a chorar.

— Espera… mas você não aceitou o trabalho voluntariamente…? Não tem nada a ver comigo.

— Não diga isso! Você pode ganhar muito dinheiro se acabar com os ladrões! Posso dividir o dinheiro da recompensa com você! Sério!

— Mas eu realmente não preciso de dinheiro, então…

— Tudo bem, então pense nisso como um ato de misericórdia!

— Não tenho tempo para ajudar uma estranha.

— Por favor! Me ajuda! Eu imploro! Eu vou morrer! Sério, eu vou morrer! — Sharon passou rapidamente pelo estágio dos olhos lacrimejantes e seu rosto agora estava coberto de ranho. Grandes lágrimas escorriam por suas bochechas.

Seu rosto bonito estava todo sujo e, ao mesmo tempo, sua expressão triunfante se transformou em algo extremamente lamentável.

— ……

Ela estava agarrada ao meu robe e não soltava. Era apenas uma questão de tempo até que ela provavelmente fizesse algo tolo, como sujar meu robe.

Tive a sensação de que mesmo que conseguisse deixá-la ali, essa garota me perseguiria até o inferno e voltaria, choramingando o tempo todo. Isso é o quão pegajosa ela era, tanto a garota quanto seu muco.

— …Ugh. — E, assim, depois de soltar um suspiro enorme, eu disse: — …Bem, então tá bom. Eu entendi. Acho que posso te ajudar.

— Humph, então você finalmente sente vontade de me ajudar, não é? Bem, tente não me atrapalhar, heh…

— Adeus.

— Aaah, espere! Foi brincadeira! Eu estava brincando! Foi uma piada!

Sharon se agarrou ao meu braço.

— Por favor, não se empolgue muito. — Abaixei meu punho e bati na cabeça dela. — Mais importante, por que você está sempre fingindo? Existe alguma razão para isso?

Com minhas palavras, Sharon fez a expressão triunfante esperada e me respondeu com a mão no queixo. — Todo mundo gosta quando eu ajo assim.

— Então… é seguro dizer que todos ao seu redor são idiotas?

— Que rude! Esta é a minha identidade.

De que forma mentir o tempo todo é uma identidade?

— Então, onde está o esconderijo dos ladrões? — Já estava ficando desesperada para acabar com isso. — Mostre-me ele. Vou resolver tudo logo.

Permita-me provar que um bando de idiotas em roupas improvisadas não são nada quando confrontados por uma bruxa de verdade.

Nas profundezas da floresta, encontramos o esconderijo dos ladrões facilmente.

— Aquele é o quartel-general da gangue. Há dois vigias na entrada. — Sharon de repente colocou a cabeça para fora da cobertura da grama alta e fez uma careta para a entrada da caverna que estava servindo como esconderijo. — O líder, que eu derrotei, provavelmente está escondido lá dentro.

— …Mas não foi você quem realmente o derrotou, foi?

Ele se derrotou, não foi? Mentir não te fez nenhum favor até agora.

— Escute! Essa é a única entrada e saída. Significa que até eliminarmos aqueles dois vigias, não podemos entrar. É aí que você entra. Quero que você controle os dois.

Quando você coloca dessa forma, parece que vai cuidar de todos, exceto dos vigias…

— A propósito, se essa é a única entrada, deve ser a única saída, certo?

— Isso mesmo.

— Nesse caso, não poderíamos cuidar de todos de uma vez se jogássemos uma bomba ou algo assim lá dentro?

— Não podemos! Como bruxas, seria contra o nosso código moral fazer algo tão diabólico!

— ……

Parecia que Sharon pensava um pouco demais em bruxas. Ela devia estar sob a ilusão de que todas as bruxas eram íntegras e incorruptíveis, que éramos seres impecáveis, irrepreensíveis. Isso me fez querer sussurrar em seu ouvido que as bruxas eram apenas humanas e também quebravam as regras e cometiam atos hediondos de vez em quando. Queria destruir aquela doce ilusão doentia dela, mas não fiz isso.

— Tudo bem, esta é a sua chance de brilhar. Se é realmente digna de usar esse broche… me mostre o que pode fazer! — De alguma forma, Sharon estava pairando sobre mim. Ela bufou pelo nariz e se inclinou contra um tronco de árvore, depois puxou o polegar em direção à caverna. — Quando eu der o sinal, você ataca aqueles dois punks.

Por que a discussão se voltou para mim matando dois caras sozinha…?

— Supondo que eu derrote os dois vigias, o que faremos depois disso?

— Então você entra e derrota o resto da gangue.

— E o que você vai fazer nesse meio tempo?

— Isso não é óbvio? Estarei esperando aqui pelo seu retorno! Hmm-humph!

— Então, basicamente, você não estará movendo um dedo. Entendo.

Você fica feliz dando ordens às pessoas e depois relaxando pacificamente na sombra.

— Suponho que não… porque, infelizmente, como pode ver, estou em um péssimo estado!

Enquanto falava, ela apontou para os joelhos.

— …… — Abaixei o olhar e olhei para eles. — Estão realmente tremendo, hein?!

Estavam mesmo.

Ela tremia de medo. Seus joelhos estavam batendo tão forte que pensei que poderiam rachar. Um bezerro recém-nascido estaria mais estável sobre seus pés.

— Se eu for para lá assim, provavelmente morrerei, então… — Sharon esticou a língua maliciosamente.

— ……

Eu não sabia como responder a isso.

Nesta situação, teria sido realmente mais conveniente, por várias razões, ela liderar a investida enquanto eu fornecia suporte. Nunca tinha visitado a cidade que havia feito o pedido para o extermínio dos ladrões, o que significa que se eu fosse atacá-los, seria o mesmo que uma pessoa aleatória aparecendo do nada e atacando-os sem motivo. Se as coisas corressem mal, havia até a possibilidade de eu não receber nenhuma recompensa. Odeio desperdiçar meu tempo.

Além disso, não teria sido certo deixar Sharon escapar passando todo o trabalho a uma estranha.

Vamos garantir que ela ganhe sua parte da recompensa…

Olhei conspicuamente por cima do ombro para a árvore atrás das costas dela.

— A propósito, Sharon.

— Sim?

— Pode falar de novo quais são as suas fraquezas?

— Insetos, fantasmas, humanos, demônios, lugares escuros, ursos, peixes, cogumelos e todos os outros tipos de coisas.

— Hmm… é mesmo? Tem uma aranha no seu ombro.

— ………Hmm? — Sharon virou os olhos para o ombro.

Uma pequena aranha estava subindo com passos instáveis.

— …… — Sharon ficou em silêncio.

— …… — Fiquei em silêncio.

E então…

— Hyaaaaaaaaaaahhh!

— Ah, espera…

Ignorando minha tentativa de detê-la, Sharon saiu correndo do local a toda velocidade. Caindo em pânico, ela esqueceu o tremor de suas pernas e abriu caminho para a entrada do esconderijo dos ladrões.

Suas ações inesperadas me surpreenderam, então os dois ladrões de vigia foram definitivamente pegos desprevenidos. Os dois homens ficaram surpresos com Sharon aparecendo tão de repente das sombras, e gritaram:

— E-Ei, o que diabos você está fazendo?!

Mas um momento depois, pareceram perceber quem era.

— E-Ela…! É a bruxa de antes! Ela veio nos atacar!

— Merda…! Planejando nos expulsar de nossa casa, não é?!

Eles agarraram seus porretes e imediatamente se prepararam para uma luta. Suas reações foram um pouco rápidas demais.

— Aaaaaaaaaaaaaahhh!

Então Sharon, ainda gritando de medo por causa de uma pequena aranha, atacou o par de bandidos.

Eles se viraram para encarar a bruxa que se aproximava, brandindo seus porretes.

— Maldita bruxa!

Um deles balançou o porrete igual uma raquete à direita.

— Morra!

O outro balançou à esquerda.

— Hyaaah! — Pouco antes de ambos os porretes esmagarem seu alvo, Sharon soltou um grito agressivo e caiu no chão. Suas pernas devem ter ficado emaranhadas debaixo dela.

Os dois porretes cortaram o ar, perdendo o alvo, e cada um bateu na lateral do rosto do outro homem. Cada um deles tinha jogado todo o seu peso por trás dos ataques, e suas cabeças fizeram sons surdos com o impacto.

— Gwah…!

— Ngah…!

Os dois vigias proferiram exclamações sem palavras enquanto se batiam.

Claramente dito, nossos adversários mais uma vez se derrotaram.

— Ugh… I-Isso dói…

Quando Sharon se levantou, à beira das lágrimas, os dois vigias já haviam desmaiado no chão.

— Huh? O que está acontecendo…?

Ela havia caído e se levantado, apenas para descobrir que seus inimigos estavam inconscientes. Sua confusão era perfeitamente razoável.

Mas a verdade era que eu a empurrei por trás com um feitiço para fazê-la cair, usando uma força considerável para garantir que não fosse atingida pelos porretes.

— …Não pode ser… — Sharon se levantou e se virou para olhar para mim. — Não me diga que isso é…! — Ela parecia ter adivinhado a verdade. — Talvez minhas habilidades mágicas finalmente tenham começado a florescer…? — Uh-oh, ela não adivinhou nada.

Rastejei para fora do meu esconderijo e balancei a cabeça. Dei um passo em direção a ela.

— Não, hm… isso é muito difícil para eu te dizer, mas…

— Ah, não. Elaina, você não tem que dizer uma palavra. Eu entendo. — Seus olhos estavam brilhando. — Então este é o meu verdadeiro poder…!

— Não…

Você ainda não entendeu nada, não é?

— Eu sei, no começo também achei estranho, mas também não pareceu coincidência quando derrotei o líder dos ladrões. E desta vez, eu caí em um momento milagroso, quase como se alguém tivesse estendido uma mão amiga, certo? Esta é a minha magia. Eu sei que não estou errada.

— Não, você está definitivamente errada.

Completamente errada. Completamente fora da casinha. O que você acha que a magia é?

Balancei a cabeça.

— Agora mesmo, sabe, eu usei um feitiço…

— Oh-hoh! Será que você está com inveja dos meus talentos mágicos? Hmm-humph! — A garota que estava à beira das lágrimas há pouco não estava em lugar nenhum. Em seu lugar estava a habitual Sharon, com uma expressão presunçosa. —  Sem sequer segurar uma varinha, e sem intenção de fazê-lo, instintivamente lancei feitiços. Certamente foi assim que derrotei não apenas o líder dos ladrões, mas também esses dois vigias, certo?

Não, isso não está certo. Isso é totalmente equivocado.

Já ouvi falar de ilusões de grandeza, mas isso é ridículo.

— Quem imaginaria que eu tinha essa habilidade…?

A habilidade de fugir da realidade?

— Ouça, Sharon, agora mesmo, eu…

Mais uma vez, tentei mostrar a ela o erro de seus caminhos, tentei tirá-la de seu escapismo, mas seus ouvidos não eram mais capazes de me ouvir.

— Olha, Elaina. — Com uma expressão triunfante, Sharon jogou o cabelo com um floreado. — Agora que sei que posso usar magia, não há necessidade de me conter. Eu posso dar um jeito nesse covil de ladrões rapidinho, e tudo sozinha!

— Não, hm…

— Certo! Estou indo!

— Hm…

— Então acho que você pode esperar aqui! Espere meu retorno depois de derrotar os ladrões!

— ……

— Ha-ha-ha-ha-ha-ha-ha! — Rindo alto como uma espécie de brinquedo quebrado, Sharon correu para a caverna, nem sequer tentando se esconder. Estava cheia daquela confiança perdida. Estava praticamente fora de si.

— Hmmm…

Meus chamados por ela foram em vão e ela logo desapareceu de vista.

……

Talvez ela tenha batido a cabeça com muita força…?

— O qu…?! É a bruxa de antes! Ela veio para destruir nosso esconderijo… gah! — O homem desmaiou.

— Merda…! Ela é forte demais! Cuidado, vocês… gah! — O homem ao lado dele desabou.

— O que há com essa mulher…?! Ela é um monstro? Merda! Chamem reforços… aaah! — Até o homem que observava de longe desabou.

Os homens que enfrentaram Sharon caíram sem motivo, um após o outro, como se suas pernas tivessem sido arrancadas por alguma força invisível. Uma vez que eles caíram, disseram: “O-O que é isso…? De repente, fiquei com tanto sono…” antes de desmaiar.

Bem, o que você acha que poderia estar acontecendo? É quase como se tivessem sido derrubados e adormecidos por magia.

Mesmo enquanto observava os ladrões que se aproximavam entrarem em colapso um após o outro, Sharon ainda parecia acreditar que de alguma forma estava causando isso.

— Humph… vocês têm sorte de eu estar levando as coisas com calma — disse ela presunçosamente, derrubando inimigo após inimigo quando eles se aproximavam.

Honestamente, se ela queria falar algo, poderia pelo menos inventar algumas piadas melhores…

Os homens apareceram das sombras, brandindo porretes, apenas para ficarem inconscientes antes de se aproximarem dela. Um dos inimigos pareceu perceber que ele não conseguia se aproximar dela e jogou seu porrete de uma distância segura, mas pouco antes de atingi-la, aquilo bateu em algum tipo de campo de força misterioso e voltou contra o homem.

De perto ou de longe, nenhum ataque poderia atingi-la.

Lá estava Sharon, completamente invencível.

— ……

Bem…

O que isso significa é que eu estava atrás dela, lidando com todos os ataques que iam em sua direção. Derrubei cada um dos homens segurando porretes, depois os coloquei para dormir. E, no entanto, Sharon ainda não havia notado minha ajuda.

Ela tinha, como esperado, tomado o centro do palco, enquanto eu tomava um banco de trás e prestava apoio, e foi assim que as coisas se desenvolveram, mas…

— Tudo bem, todos vocês podem vir até mim ao mesmo tempo! Vou derrubar cada um de vocês! — Sharon estava definitivamente se empolgando.

— Kuh… não podemos nos aproximar dela…!

— Não podemos ganhar, não importa de onde ataquemos…!

Os homens recuaram da luta.

— …… — Fiquei lá atrás, em silêncio.

Como ela ainda não me notou? Não faz sentido e não é muito satisfatório.

Continuei derrubando bandido após bandido, mantendo uma distância saudável entre mim e Sharon enquanto avançávamos para a caverna, mas o que eu realmente queria fazer era dar à garota uma boa palmada na parte de trás da cabeça e dizer-lhe para se acalmar um pouco.

— ……

Dentro havia uma visão estranha. A caverna estava cheia de roupas, um grande número de roupas obviamente roubadas das cidades vizinhas, de todas as marcas e estilos, do traje de verão mais leve ao mais grosso vestuário de inverno, tudo espalhado em total desordem. Havia até pilhas de roupas íntimas e sapatos, bem como várias pilhas de revistas de moda.

Isso era um mistério.

O maior mistério era que quase todas essas roupas tiveram as etiquetas removidas e todas tinham sido claramente usadas. Muitas roupas estavam amassadas no chão da caverna como se tivessem sido arrancadas e deixadas onde estavam.

Não pude deixar de me perguntar por que os bandidos guardaram todas as roupas ali. Se pretendiam revender as roupas, por que já haviam sido usados e o que estavam fazendo jogadas em uma caverna? Na verdade, não estava claro por que esses bandidos seminus estavam colecionando roupas.

— Ha-ha-ha-ha-ha-ha-ha-ha-ha! Se vocês não vierem me atacar, talvez eu vá atrás de vocês!

— ……

Ainda mais misterioso era o comportamento imprudente de Sharon. Quando não estava claro se os bandidos iriam fazer alguma coisa, ela lançou seu próprio ataque suicida.

— Eeek! Ela é aterrorizante!

— Por favor, pare! Nós nos rendemos!

— Alguém, socorro!

Os ladrões viraram as costas para a garota que se aproximava e tentaram fugir, mas não conseguiram escapar de seus feitiços poderosos.

— Guaaah! — Um homem tropeçou em nada e caiu no sono.

— M-Merda! Isso… — Um homem tentou desencadear um contra-ataque, mas também adormeceu.

— E-Eeek! Socorro… — Outro homem tentou fugir, mas adormeceu mesmo assim.

Posso estar só repetindo, mas tudo isso aconteceu porque eu estava puxando as cordas das sombras.

— Mwa-ha-ha-ha-ha-ha! Ninguém mais pode me parar!

Tenho certeza de que estou só repetindo, mas tudo isso aconteceu porque eu estava puxando as cordas das sombras.

Essa parte é importante, então falei duas vezes.

— Merda… Maldita sejaaaaaa!

Os ladrões foram quase completamente aniquilados.

O último homem de pé, o líder, pegou sua arma e apontou para Sharon… mas, na mesma hora, o cano foi congelado e, em seguida, ele também foi colocado para dormir.

E foi assim que Sharon derrotou os bandidos; uma garota normal, que só estava vestida de bruxa.

— Humph… moleza.

Sei que estou só repetindo, mas tudo isso aconteceu porque eu estava puxando as cordas das sombras.

— ……

Que sensação estranha de vazio é essa? Quero dizer, tudo deu certo, não é?

— Eu sou realmente incrível…!

Queria bater na cabeça dela imediatamente e dizer a ela para não se empolgar, mas não queria arriscar danificar o pouco de cérebro que a garota tinha. Mantive meu punho sob controle e soltei um longo suspiro.

Depois disso, Sharon saiu da caverna, dizendo:

— Elaina! Como você pode ver, meus poderes deram conta de toda a gangue! O que acha? Hmm-humph!

Fixei o olhar mais arrepiante que eu tinha nela, mais do que qualquer coisa ou peixe morto poderia fazer.

— Ohhh, é mesmo? — respondi. — Uau, que incrível. Você os derrotou completamente, não foi?

O entusiasmo de Sharon não seria refreado.

— Hmm-humph… é isso, meu verdadeiro poder!

O diabo no meu ombro sorriu maliciosamente e sussurrou para mim: “Não seria interessante mostrar a verdade a ela?

Mas o anjo no meu outro ombro colocou um fim nisso: “Não faça isso! O que acha que aconteceria com ela se você fizesse algo assim?” Mas até o anjo da minha consciência estava pronto para desistir. “Aquela garota não vai acreditar em nada do que dissermos a ela, de qualquer maneira!

De qualquer forma, Sharon me levou para a caverna e mostrou os ladrões que eu mesmo havia colocado para dormir.

Por enquanto, os amarramos com uma corda. Amarramos cada um deles, e enquanto os arrastávamos para dentro da caverna, todos despertaram, quase como se tivesse sido planejado para ser assim.

O momento era tal que não parecia uma coincidência.

— Humph. Só desejei que abrissem os olhos.

Bem, na verdade, acabei de dispersar o feitiço do sono. Mas já estou cansada disso, então, claro, pode seguir com essa explicação, se quiser.

Quando despertaram, os ladrões logo reconheceram sua situação e torceram seus rostos em caretas.

— O que… o que é isso…?!

— Merda… devemos ter perdido para ela…

— Faça o que quiser conosco…!

— Huh? Há mais uma bruxa…

— Ah, tem sim.

Claro, Sharon ficou toda pomposa de novo.

— Hmm-humph! Tenho suas vidas em minhas mãos! O que acham disso? Qual é a sensação de serem totalmente derrotados por uma bruxa?

Não havia nada que os homens pudessem dizer em resposta às palavras dela. Estava claro que ela estava fazendo um bom trabalho antagonizando-os, mas eles pareciam estar resistindo a isso.

Para evitar que ela se empolgasse ainda mais, segurei Sharon com uma mão e fiz a pergunta:

— Vocês, bandidos! Por que estavam roubando roupas?

Mas os homens não me responderam de imediato. Olharam para frente e para trás, sussurrando relutantemente sobre quem iria me contar, depois pediram que alguém se apressasse e dissesse algo, cutucando uns aos outros com os cotovelos.

Depois de esperar por alguns momentos, aquele que finalmente abriu a boca para falar foi o líder dos ladrões.

— …Porque não temos nenhuma.

Sharon e eu inclinamos nossas cabeças ao mesmo tempo.

— Hã?

— Como assim?

— Porque não temos roupas… — disse o líder —, para usar quando formos comprar roupas…

Sharon e eu nos olhamos confusas. Obviamente, nenhuma de nós tinha ideia do que isso deveria significar.

— …Hã?

— O que você está dizendo?

— Bem, sabe… não temos nenhuma roupa para usar quando vamos comprar roupas.

Mais uma vez, o líder dos ladrões resmungou sua desculpa, sem explicar nada. Sharon e eu olhamos para ele, totalmente perplexas com essa nova bobagem. Embora, na verdade, considerando que todo o grupo estava vestindo nada além de roupas improvisadas, suponho que ele não estava mentindo.

O líder hesitantemente nos contou a história de seu grupo, pouco a pouco, corando o tempo todo como se estivesse incrivelmente envergonhado.

De acordo com ele:

A gangue havia se formado a partir de um grupo de homens desesperados de cidades próximas que tiveram a infelicidade distinta de serem simultaneamente pobres, feios e fora da moda. Compreensivelmente, eles tinham uma autoestima muito baixa, especialmente no que diz respeito às aparências. A maioria deles ficava ressentida com a própria ideia de moda. Não importava o que usassem, não importava o que tentassem, só se sentiam irritados consigo mesmos.

O que é pior, quando tentavam fazer compras, a equipe da boutique predatória aparecia diante deles, dizendo coisas como: “Nossa! Você está procurando algo específico?” Com palavras doces, atrairiam os homens, cantarolando: “Este item deve lhe servir muito bem, senhor! Não quer experimentar?” Uma vez vestidos, a equipe partiria para a matança, implacável, apesar do fato de que os manequins próximos pareciam muito melhores vestindo as roupas. “Oh, isso parece maravilhoso!” Os homens estavam cansados disso.

Na opinião do líder, seus homens nem sequer eram qualificados para visitar boutiques. Certa vez, ele havia pisado em uma boutique vestindo suas próprias roupas e podia praticamente ouvir as vozes interiores dos membros da equipe o depreciando. “Hein? Esse cara realmente entrou na nossa loja vestido assim? Que nojo.” Provavelmente foi uma alucinação auditiva.

De qualquer forma, esses homens queriam comprar roupas boas, mas ficaram presos na contradição de não ter roupas para comprar roupas. Como resultado, há algum tempo, o peso de sua raiva havia sido direcionado a um ressentimento crescente por toda a indústria da moda, e haviam entrado em uma onda de crimes, atacando boutiques e roubando roupas.

Ou seja…

Resumindo…

Era apenas um caso comum de ressentimento…

— Mas… não importa o quanto roubamos, nunca é o suficiente… — Uma única lágrima rolou pela bochecha do bandido líder. — Nós não sabíamos o que nos convinha… ou mesmo se fazem roupas para homens horríveis como nós… Essa ansiedade nos seguia constantemente e, parando para pensar, não importava o quanto roubássemos, não queríamos usar nada disso e amarrávamos tudo em torno de nossas cintura como tangas…

Então, se nada que você colocar combina com você, é melhor ficar sem roupas, é isso?

Isso explicava por que eles tinham pedaços de pano enrolados na cintura, pegavam seus porretes e começavam a roubar roupas, ao estilo homem das cavernas. Eles não estavam vendendo as roupas roubadas – como as enormes pilhas de roupas bem usadas e pilhas de revistas de moda atestavam.

— Entendo.

Sharon assentiu depois de terminar de ouvir a história.

E então, com outro olhar presunçoso, ela disse:

— Então, em outras palavras, se todos vocês tivessem roupas que combinassem com vocês, nunca mais fariam algo assim, certo?

Enquanto falava, olhou mais fundo na caverna, para as pilhas de roupas que haviam sido descartadas lá.

Ela parecia um pouco feliz.

— Wow… fizemos um trabalho muito bom, hein…?

— Nós fizemos…

Mais tarde naquele dia, quando saímos da caverna, eu tinha enormes olheiras sob meus olhos.

Descobrimos que aqueles ladrões não eram completos bandidos. Eram apenas um bando de pessoas infelizes. Em outras palavras, se resolvêssemos o problema deles, a gangue se dispersaria.

Mais cedo, Sharon estufou o peito e disse:

— Tudo bem, deixe comigo! Vocês estão em boas mãos, rapazes!

Ela tinha um plano.

— Elaina, você também me ajuda, tudo bem?

Ao dizer isso, ela começou a reunir todas as roupas que estavam espalhadas pela caverna.

— …O que você está planejando fazer?

Sharon empilhou tudo o que havia reunido em uma enorme montanha de panos e disse:

— Vou fazer roupas para eles. — Ela falou calmamente, como se não fosse grande coisa. — Vou desenhar as roupas e então você pode usar magia para costurá-las na hora.

— ……

Em outras palavras, íamos fazer roupas personalizadas para todos esses homens que, de outra forma, se curvariam para o roubo seminu. Se algo não coubesse, nós redimensionaríamos e se alguém não tivesse algo bom, criaríamos tudo usando as pilhas de roupas na caverna como matéria-prima.

Ao fazer isso, Sharon resolveria o problema deles.

— …Entendo.

Eu não tinha objeções. Era um método muito mais saudável do que usar a força contra eles.

De qualquer forma, montamos uma loja e produzimos roupas para várias dúzias de homens.

Os homens, cuja autoestima havia sido gravemente prejudicada por tratamento cruel nas mãos do pessoal da boutique, estavam incertos no início. Eles olharam para as roupas que fizemos, questionando:

— Mas… essas roupas… Será que realmente combinam comigo…?

No entanto…

— Ei, ei, seus idiotas! Não há como uma roupa feita exclusivamente para vocês ficar ruim em vocês, entenderam? — Aqui, a inigualável autoconfiança de Sharon ficou em plena exibição. — As roupas que faço são de alta qualidade. Vocês saberiam disso se olhassem meu robe, não saberiam?

Estava extremamente curiosa para saber exatamente de onde essa confiança estava brotando, mas, por enquanto, decidi ficar quieta e seguir o ritmo.

— E minha magia também é de alta qualidade, então isso significa que se vocês vestirem as roupas que fazemos, estarão prontos para enfrentar qualquer situação, sem dúvidas — acrescentei, surpresa ao descobrir que estava usando a mesma expressão triunfante que Sharon desta vez.

Assim, nós duas fizemos roupas para todos os ladrões, então voltamos para a cidade que havia contratado Sharon para caçá-los.

Saindo para nos encontrar, em toda a nossa exaustão, estavam os cidadãos terrivelmente animados.

— Lady Sharon! Inacreditável, você voltou…!

— Você os derrotou?!

— Essa é a nossa Sharon!

— Com Sharon por perto, não temos ninguém a temer!

— Vida longa a Senhorita Sharon!

— Viva!

— Viva!

— Incrível! Alguém me segure!

— Huh? Quem é aquela bruxa ao lado dela…?

— Ei, idiota, é a assistente da Senhorita Sharon, é claro.

— Entendo! Essa é a nossa Sharon!

O barulho me fez querer tapar meus ouvidos para conter o clamor, mas ao meu lado, Sharon estava sugando toda a energia do povo, e de repente recuperou seu vigor.

— Hmm-humph! Bem, um bando triste como aquele não foi nada para mim!

Ela jogou o cabelo e mostrou a eles um sorriso triunfante.

Mesmo com olheiras enormes, seus poderes de atuação eram indiscutíveis.

— Wow! Que resultado incrível, Lady Sharon! — O funcionário acima do peso da cidade estendeu as duas mãos para ela em boas-vindas. Educadamente, sempre tão educadamente, ele então trocou um aperto de mão com ela e a presenteou com muitas moedas de ouro. — Esta é sua recompensa. Por favor, aceite.

— Hmm-humph! — Com um sorriso ainda grudado em seu rosto, Sharon aceitou o dinheiro. — Bem, se você tiver outro pedido para mim, não hesite em dizer. Sempre virei em socorro!

— Você só vai se envolver em mais problemas se disser coisas estúpidas assim… — sussurrei baixinho ao lado dela.

Para nós duas, o oficial disse:

— Ha-ha-ha! Que confiável! — Ele riu, sua barriga protuberante tremendo.

Depois disso, ele pareceu olhar além de nós, examinando da esquerda para a direita.

— A propósito… — perguntou, inclinando a cabeça inquisitivamente —, o que aconteceu com todas as roupas roubadas?

— ……

— ……

Sharon e eu desviamos nossos olhos.

Depois disso, deixamos a cidade juntas.

Tendo cumprido suas obrigações, Sharon estava voltando para suas viagens. Eu também havia terminado o negócio problemático em que me envolvi, então, como ela, pretendia retomar minha jornada, mas…

Depois de caminhar por um curto período de tempo, na hora em que perdemos de vista a cidade atrás de nós, Sharon parou e disse:

— Acho que é aqui que dizemos adeus, já que não posso andar de vassoura.

— ……

Claro que ela não podia andar de vassoura. Afinal, ela não tinha nenhuma magia. Embora ainda não tivesse contado a ela sobre toda a ajuda que dei na caverna dos bandidos. Se deixasse ela continuar com seu mal-entendido, não acabaria bem.

Eu a segui e parei de andar, e fiquei lá em silêncio por um tempo.

E então…

— Obrigada por hoje, Elaina — disse Sharon, pressionando um pacote em minhas mãos. — Esta é a sua recompensa.

— ……? — Aceitei o pacote, mas olhei para ele e inclinei minha cabeça com curiosidade. —  …O que é isso?

— Abra.

— ……

Fiz o que mandou e abri o pacote.

Dentro estava metade do ouro que ela havia recebido anteriormente do funcionário da cidade.

Isso e um vestido branco, uma linda peça de roupa que parecia perfeita para a próxima temporada de verão.

— Na caverna, você estava me protegendo, não estava? Esta é a minha maneira de agradecer.

Ela falou claramente.

— …Você percebeu?

Sharon assentiu afirmativamente.

— Eu sei melhor do que ninguém que não tenho habilidades mágicas.

— ……

— Sei que não posso usar magia, mas por um momento, senti que era uma bruxa de verdade. Então, obrigada por isso.

E eu aqui tinha certeza de que ela realmente acreditava que havia adquirido magia espontaneamente…

— Então você combinou seus movimentos com os meus e fingiu o tempo todo?

Com Sharon, era sempre difícil dizer se ela estava falando sério ou brincando.

— Sim — respondeu ela com um sorriso despreocupado. — Afinal, mentir faz parte da minha identidade.

Era um sorriso muito adequado para uma garota normal da idade dela, muito melhor do que o olhar presunçoso que havia sido estampado em seu rosto durante todo o resto do tempo.

— Acho que a maneira como você está agora é muito mais você do que a versão que mente e finge ser uma bruxa. — Retribuí o sorriso.

Mas Sharon bufou.

— Humph! Receio não poder aceitar esse conselho. — Essa identidade dela estava em plena exibição. — Sabe, graças a tudo o que aconteceu, agora gosto ainda mais dos magos do que antes.

— O que é isso? Uma mentira ou a verdade?

Sharon sorriu para mim impiedosamente.

— As duas coisas.

 


 

Tradução: Zaher

Revisão: Nero

 

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