Bruxa Errante, a Jornada de Elaina – Vol. 07 – Cap. 01 – Era uma vez, em certo lugar

Naquele dia, cheguei a uma cidade muito, muito estranha.

Era um lugar misterioso e terrivelmente difícil de formar uma impressão sólida. Não quero dizer que não tivesse seus diferenciais ou que não fosse um local interessante.

A cidade obviamente havia mudado muito nos últimos anos. Construída entre as estruturas de pedra antiga que pareceram estar ali ao longo de eras, havia prédios de madeira mais novos que davam a impressão de terem sido erguidos às pressas, bem como casas novinhas em folha com paredes de gesso. Todos estavam misturados, como se esta cidade tivesse sido feita de pedaços de diferentes cidades de todo o mundo. Era um tipo de lugar estranho, difícil de descrever, mas fácil de lembrar.

As pessoas fluíam interminavelmente pelas ruas da cidade, havia pessoas normais, magos, feras e até demônios. Era uma cidade onde, assim como as construções, todas as espécies se misturavam livremente.

Graças a isso, minha caminhada pela cidade me permitiu testemunhar todos os tipos de pontos turísticos interessantes.

Tinha visitado cidades como esta – onde todos os tipos de culturas diversas se encontravam – apenas algumas vezes antes. Eu poderia contar essas ocasiões numa só mão.

Aposto que você poderia viajar por anos e nunca encontrar uma cidade tão peculiar quanto esta. Estava obviamente intrigada. Precisava saber mais sobre a história de um lugar que aceitava abertamente pessoas de todas as espécies.

Acho que esse tipo de curiosidade seja da natureza de um viajante, não acha?

— ……Hmm.

E assim, me encontrei em uma loja de livros usados, examinando avidamente os registros históricos. Sim, eu sei, era um pouco rude da minha parte provar a mercadoria, mas como diferentes livros de história e biografias históricas enfatizam coisas diferentes dependendo da história pessoal e das opiniões políticas de um autor, não era como se eu fosse comprar um sem verificá-lo. Quando possível, preferi comprar várias histórias diferentes só depois de lê-las primeiro.

Então estava rudemente parada ali, perdida em um livro, quando ouvi uma voz atrás de mim.

— Céus! Você teria interesse em história?

A velha lojista rastejou das profundezas da loja. Senti um calafrio momentâneo, esperando ser repreendida por ficar ali lendo sem comprar, mas ela tinha uma expressão gentil, pequenas rugas vincando seus olhos, e disse: — Que admirável para alguém tão jovem. É raro, hoje em dia, encontrar uma criança que se interesse por eras passadas.

Seus olhos eram gentis, como se estivesse admirando uma neta que adorava fazer tarefas escolares.

Então a velha me olhou de cima a baixo e perguntou, como se pudesse ver através de mim: — Você não é daqui, não é, criança?

— …Como sabe? — Eu meio que esperava que, em uma cidade como essa, seria fácil me misturar, não importava como me parecesse.

Acho que havia algo que ainda me rotulava como forasteira.

— Estou nesta cidade há muito tempo, sabe, então posso dizer mais ou menos. O suficiente para saber se alguém é estrangeiro ou não.

— Uau… Isso é tão…?

— Para ser honesta, as pessoas que aparecem nesta velha livraria empoeirada geralmente são de fora da cidade… — Quando não respondi, a velha lojista riu. — Bem, se tem interesse na história desta cidade, por que não falo sobre ela? Isso seria muito mais fácil de entender do que ler um livro, não seria?

— ……

Bem, agora sim, essa é uma oferta melhor do que eu poderia esperar.

— Hum… tem um pequeno problema. Eu realmente não tenho dinheiro agora, mas…

Essa era outra razão pela qual estava tentando aprender o máximo que podia ficando aqui lendo.

A velha riu novamente. — Está tudo bem! Não se preocupe com isso. É algo sobre o qual gosto de falar, então pensei em oferecer. Em uma loja antiga como a minha, não tenho nada além de tempo.

— ……

— Eu adoraria a companhia. Por que não ajudar uma velhinha a passar as horas?

Então ela foi para os fundos da loja.

Ela se virou e acenou para mim uma vez para segui-la.

Coloquei o livro que estava segurando no lugar e a segui de volta para uma sala privada.

Lá, ela se sentou em uma cadeira e falou. — Era uma vez, em certo lugar…

Como se estivesse falando com uma neta.

Ela começou a contar a história da cidade, pouco a pouco.