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Bruxa Errante, a Jornada de Elaina – Vol. 01 – Cap. 05 – Na Estrada: O Conto de Dois Homens que Não Conseguiram Resolver uma Discussão

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Enquanto eu voava com minha vassoura sobre prados suavemente inclinados, o som do vento sussurrando na grama alcançou meus ouvidos. O sol quente e a brisa fresca criavam uma harmonia agradável. Eu queria ficar voando por este lugar para sempre.

Virei minha vassoura para a esquerda e para a direita, e podia ouvi-la cortando o vento – hyoom, hyoom – tornando meu passeio um pouco mais divertido. Mas, infelizmente, a diversão nunca dura muito, e dessa vez não foi diferente, pois um som menos agradável no vento levou minha diversão a um fim abrupto.

— Hã? O que você disse? Fala de novo, mano!

— Hã? Já te disse, sou o melhor, mano!

A atmosfera incomumente refrescante foi destruída.

Quando virei minha cabeça para descobrir de onde saíam as vozes, vi dois homens parados no meio de uma clareira discutindo sobre algo. Eles estavam vestidos com roupas de cores diferentes, e o trecho da conversa que ouvi me entregou que eram irmãos.

— De jeito nenhum, eu sou melhor que você. Com certeza!

— De jeito nenhum, claro que sou melhor. Me diz quando um irmão mais novo superou o irmão mais velho!

— Ha-ha! Que maneira de pensar ultrapassada. Uma visão realmente ultrapassada. Os irmãos mais novos ao longo da história cresceram observando as falhas dos irmãos mais velhos. Eles podem evitar erros antes que aconteçam, e isso os torna mais fortes.

— Ha-ha! Que coisa estúpida. Deve ser uma história de quando irmãos mais velhos eram seres humanos inúteis! Mas eu mesmo já sou um espécime perfeito! Não cometo erros e, mesmo supondo que cometa, seriam erros em um nível mais alto do que você jamais poderia alcançar.

Os dois ficavam se insultando com coisas sem sentido, olhando e gritando coisas como “Huh?” e “Quer pagar para ver?”

Enfim, o que é uma “visão ultrapassada”? Ou um “erro de alto nível”? Fiquei intrigada com isso quando encontrei o olhar daquele que assumi ser o irmão mais velho.

— Tudo bem, então! — gritou ele. — Vamos chamar aquela garota para nos dizer qual de nós é melhor, você ou eu!

O (presumivelmente) irmão mais novo balançou a cabeça.

— Gostei da ideia. Principalmente porque vou vencer.

Tive um pressentimento muito, muito ruim sobre isso.

— Por que vocês dois estão brigando?

Eu estava sentada na grama, olhando para os dois. Ambos tinham as mesmas características e o mesmo corte de cabelo; na verdade, a única diferença entre eles era a cor de suas roupas. O irmão mais velho usava vermelho, enquanto o mais novo usava azul.

Os irmãos vestidos de vermelho e azul falaram em uníssono:

— Truques de mágica!

— Truques de mágica?

— Truques de mágica!

— Já entendi, não precisam ficar repetindo.

— Truques…

— Ei, você não a ouviu? É por isso que crianças como você…

— Hã? Não aja como se você fosse melhor só porque nasceu três anos antes de mim, seu idiota!

— E você não entende a diferença que três anos fazem porque ainda é uma criança, sua criança burra.

— Ah, bem, se três anos são grande coisa, então por que todos os seus truques de mágica não são melhores do que os meus? Hã?

— Vocês dois poderiam ficar em silêncio por um minuto?

— Tá.

— Certo.

Eu disse a eles para calarem a boca, e calaram. Por fim, houve silêncio.

Truques de mágica, hein…? Sendo uma bruxa de verdade, não estou familiarizada com prestidigitação. Hmm… É irritante quando os dois falam ao mesmo tempo, então vou pedir que expliquem seus lados da história um de cada vez. Olhei para o irmão mais novo e perguntei:

— Por que você faz truques de mágica?

— Em nossa terra natal, não há uma única pessoa que possa usar magia. Um dos motivos é que é um país pequeno, mas também tem alguns motivos religiosos, para não mencionar um tabu histórico contra isso.

— Hmm, hmm. — Tive a sensação de que estávamos prestes a iniciar uma conversa bastante pesada.

O irmão mais velho continuou a história:

— Mas as pessoas são instintivamente atraídas pelo proibido, e muitos jovens como nós aspiram ser magos.

— E então pensamos: “Hmm, se fingirmos ser magos, não poderíamos tentar lucrar?”

— E então pegamos a estrada, como os Quase-Mas-Não-Completamente-Mágicos.

Ah, essa conversa realmente é pesada, não é?

Os dois estavam explicando com orgulho e alegria quando eu interrompi.

— Ninguém ficou bravo com vocês por fazerem isso?

Quem me respondeu foi o de azul – o irmão mais novo.

— Com certeza ficaram. Nós até fomos presos. Mas não estávamos realmente usando magia; era tudo ilusão. Então, não importava quantas vezes nos prendiam, sempre tinham que nos soltar.

— De alguma forma…

Aposto que as pessoas os viam como heróis. Posso imaginar o que os outros membros de sua geração também estavam dizendo. “O governo em nosso país não é bom! É incompetente!” Ou algo assim…

— Mas a prestidigitação não foi banida por causa de vocês dois?

Eles deram respostas simples:

 — Sim, foi.

— É por isso que fomos exilados. Agora estamos falidos.

— Ah, então vocês foram exilados? — perguntei.

Os dois assentiram em perfeita sincronia.

— Já faz um mês que fomos exilados.

— Desde então, temos trabalhado como artistas viajantes para ganhar dinheiro.

— Aham.

— Mas então tivemos um problema.

— Não temos um nome.

— Um nome, hein?

— Discutimos combinar nossos nomes em um, como irmãos, mas discordamos sobre qual nome deveria ser o primeiro.

— E então decidimos que quem ganhasse um concurso de ilusões seria o primeiro.

Entendo. Então é isso que está acontecendo.

—  E qual foi o resultado?

Desta vez, foi o irmão mais velho quem me respondeu.

— Até agora… zero vitórias, zero derrotas e quinze empates.

— Por isso não conseguimos decidir…

— É por isso que queremos que você escolha um vencedor e um perdedor de uma vez por todas.

— Hoje acabaremos com o impasse.

Os dois se encararam, gritando: “Qual foi?” e “Hã?” e assim por diante.

Hã? Essa decisão é meio séria, não é?

 

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A atuação mágica foi uma performance verdadeiramente incrível.

Eles tiravam pássaros do nada, faziam as moedas se moverem instantaneamente de um lugar para outro, adivinhavam as cartas que eu tirava e todos os tipos de outras coisas maravilhosas e emocionantes.

Truques de mágica são incríveis.

O problema era que os dois eram tão impressionantes que eu não conseguia escolher quem era o melhor. Percebi que esse era um daqueles casos em que era impossível decidir.

— Que tal? Fui o mais impressionante, é claro — gabou-se o irmão mais novo.

— De jeito nenhum, meus truques de mágica foram mais incríveis que os seus. Qualquer um pode falar isso — disse o irmão mais velho no mesmo tom arrogante.

Depois de olhar entre os dois irmãos que estavam se encarando, eu só tinha uma coisa a dizer:

— É um empate.

Como os dois irmãos eram extremamente talentosos, alguém como eu não poderia escolher um vencedor e um perdedor. Essa foi minha posição oficial sobre o assunto.

Para ser honesta, eu estava farta de toda essa bagunça. Deixaria a decisão para outra pessoa, em outro lugar. Estava pronta para que os irmãos ficassem chateados com minha resposta, mas apesar de suas discussões anteriores, os dois estavam surpreendentemente calmos.

— Entendo… Bem, então é isso. Ainda não podemos decidir um nome.

— Cara, já falei que meu nome deve ficar na frente.

— O que foi que disse?

— Você me ouviu.

— Vocês dois, parem com isso, por favor.

— Tá.

— Certo.

Eu os fiz se acalmar e então dei um passo para trás.

— Bem, então, vou indo. — Preciso me apressar para o próximo país; afinal, sou uma viajante. Com um sorriso forçado, comecei a sair.

Mas então…

— E-ei! Espere um minuto.

— Você não vai nos pagar?

Os dois irmãos me pararam.

Hã? Pagar?

— Vocês vão me cobrar pelo show de mágica?

Me virei e os dois irmãos deram de ombros ao mesmo tempo.

— Mas é claro.

— Ver nossos truques incríveis de graça seria bom demais para ser verdade, né? Né?

— Né.

O que aconteceu com as duas pessoas que estavam rosnando uma para a outra até alguns minutos atrás? Os homens na minha frente estavam em perfeita sincronia.

De repente, fiquei muito desconfortável.

— Espera, vocês nunca disseram uma única palavra sobre pagamentos…

— Também não me lembro de dizer que era de graça — disse o irmão mais novo, bufando.

— Espere só um minuto. Vamos revisar, tá? Vocês dois queriam que eu escolhesse o ilusionista melhor e me fizeram ser a juíza. Estou correta até agora?

— Sim, está correto. — O irmão mais velho assentiu.

— Certo — continuei. — O que significa que foi uma competição entre vocês dois, não um show de mágica. Por que eu deveria pagar alguma coisa?

— Não seja ridícula. Nossos truques de mágica são sempre uma competição entre nós. Certo?

— Certo.

Sério…?

Eles armaram para mim. Planejaram me enganar desde o início.

Entre em uma discussão, chame um viajante, então force-o a assistir ao seu show de mágica e cobre… Sem dúvida, esta foi a décima sexta vez que deram esse pequeno golpe. Eles deveriam ter vergonha de si mesmos.

— Bem, quanto é…? — Decidi perguntar, apenas por acaso. Não significa que aceitei a explicação deles.

— Quatro peças de prata.

— Para cada um, ou seja, oito peças de prata.

— Uau, que caro.

Como uma prata era suficiente para uma noite em uma pousada, os dois estavam me dizendo para jogar fora dinheiro suficiente para mais de uma semana de hospedagem. O que eles estão pensando?

— Mostramos a você um show de mágica itinerante de primeira classe. Eu diria que é um bom negócio, não é? — disse o irmão mais velho.

Bem, não posso negar que as ilusões foram incrivelmente hábeis.

— …

Estou muito, muito relutante, mas, infelizmente, eles não estão errados. Tecnicamente, poderiam dizer que a culpa foi minha por não perguntar sobre o preço, e eu não teria como argumentar.

Mas não quero pagar por algo tão estúpido, especialmente quando estão me forçando…

Pensei sem parar até ficar exausta.

— Pare aí. — Me virei e me deparei com o homem musculoso gigante do outro dia parado ali, igual um herói.

O que está acontecendo…?

— Hum, ei você. — Fiz uma pequena reverência e ele reagiu um pouco timidamente.

— É bom ver você de novo, Madame Bruxa.

— Já faz um tempo, Musculoso.

“Musculoso” era o homem incrivelmente musculoso que conheci alguns dias atrás. Eu chamava ele assim porque só o vi uma vez e nem mesmo perguntei seu nome. Ele parecia gostar de ouvir a palavra músculo e estufou o peito.

— Hmm, isso mesmo. Eu sou um homem musculoso.

Nossa, ele é tão burro.

Assustados com o súbito aparecimento do misterioso fisiculturista, os dois vigaristas começaram a visivelmente tremer.

— E-ei… quem é esse cara?

— O quê? Não me diga que ele é seu namorado.

— De jeito nenhum. — Fui muito clara. Estúpidos não fazem o meu tipo.

O homem musculoso não se importou nem um pouco com a minha atitude (na verdade, provavelmente nem ouviu o que eu disse) e falou para os dois mágicos:

— Enfim, vocês aí! Mesmo que os deuses os perdoem por enganar as pessoas para ganhar dinheiro fácil, eu não perdoarei. Preparem-se. — Era difícil ouvi-lo, em mais de uma maneira. Virei minha cabeça.

— Por que você desviou seus olhos…? — Ele percebeu.

— Uh, sem motivos — falei. — A propósito, por que você está aqui, Musculoso?

— Ah, a verdade é que eu estava prestes a derrotar um dragão lendário que supostamente vive no próximo país. Estava correndo para lá, correndo contra o vento, quando vi você…

— E a sua irmã?

— Irmã? — Depois de ficar quieto por um momento, ele disse: — Ah, minha irmã… minha irmã, sim. Eu estava pensando em procurá-la depois de derrotar o dragão lendário. Ha-ha-ha! — Sua risada foi forçada, falsa e muito alta.

Você obviamente se esqueceu dela.

Até seu cérebro havia se transformado em músculo, mas isso não era surpresa.

— Nesse caso, este homem não tem nada a ver com isso, certo…?

— Sim. Nada mesmo. É por isso que você precisa sair.

Os dois começaram a ser abertamente diretos. Quero dizer, quando você de repente é confrontado por um homem musculoso, é compreensível se sentir um pouco ameaçado.

— Silêncio! — gritou o Musculoso.

Os dois irmãos gritaram de terror e quase comecei a rir.

— Extorquir dinheiro de garotas amáveis como ela não é algo que as pessoas deveriam fazer! Vamos colocar suas personalidades em forma, começando agora! — Então ele agarrou os dois irmãos pela nuca e saiu correndo.

— Ah, espera… Ei, isso dói! Pare!

— Ele é musculoso! Todo musculoso!

— Vou mostrar o esplendor do mundo dos músculos! Bwah-ha-ha-ha!

— Ai! Me deixe ir! Solte!

— Wahhh! Eu sinto muito! Não vamos mais enganar as pessoas!

— Bwah-ha-ha-ha-ha-ha-ha! Ha-ha-ha-ha-ha-ha-ha!

Parei no local onde havia mordido a isca e acenei para os dois vigaristas que choravam. Mesmo quando os três pareciam tão pequenos quanto grãos de arroz, suas lamentações ecoavam interminavelmente pela extensa campina.

Bem, tive sorte. Me pergunto o que será dos dois irmãos e do homem musculoso.

Mas, é claro, isso não era da minha conta.

 


 

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