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A Eminência nas Sombras – Vol. 04 – Cap. 06 – Algo Não Cheira Bem… Mas uma Eminência nas Sombras Sempre Resolve o Caso

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Akane está no turno da noite hoje.

Depois que o sol se põe e ela termina de jantar com Minoru, vai para a estação da ordem dos cavaleiros. É perigoso, então ela garante que Minoru não saia do quarto.

A noite é a hora mais perigosa do dia, e o turno da noite tem sua duração diminuída. Ontem mesmo, um cavaleiro morreu defendendo a muralha de um ataque de feras. Com a debandada logo aí, as feras já estão começando a ficar mais violentas.

— Com licença.

Ela abre a porta do escritório e encontra os representantes dos cavaleiros reunidos lá dentro. Tecnicamente ela também é uma líder de pelotão.

— Alguém está atrasada. Se divertiu esta tarde? — diz Yuudai, já sentado.

— Sinto muito pelo meu atraso.

Ela não estava realmente atrasada, mas é verdade que foi a última a chegar.

— Não, não precisa se desculpar. Você chegou na hora certa, jovem Akane.

Quem fala é o comandante da ordem dos cavaleiros, um homem chamado Haitani.

Ele começou como um figurão corporativo antes de sair e começar um negócio próprio. Talvez seja por isso que é tão bom em gerenciar os outros.

E também despertou para seus poderes de cavaleiro desde o início, e tirou o Messias de mais do que alguns problemas.

— Vejo que todo mundo está aqui, então vamos começar as coisas.

Akane se senta e a reunião começa.

Começam dando atualizações de status simples, com cada membro compartilhando as novas informações que têm sobre o Bruto, a debandada e o agente inimigo dentro do Messias.

Também precisam lidar com a situação envolvendo Akane deixando a base à noite sem permissão, mas decidem apresentar essa discussão após a debandada.

Uma vez que tudo foi discutido, o Comandante Haitani começa a trabalhar.

— Agora, vamos passar para o tópico principal de hoje.

Muitas pessoas assumiram que a situação de Akane seria a principal discussão do dia, e o som de farfalhar nos assentos enche brevemente a sala.

— Essas fotos são do esquadrão que estava investigando o Bruto hoje.

Comandante Haitani distribui uma pilha de fotografias impressas. Quando as pessoas as veem, ficam sem palavras.

— Mas o quê…?

A foto é de cadáveres de feras mutiladas, centenas delas.

Há também um edifício destruído apenas pouco visível na borda da imagem. Parece meio familiar.

— Isso é… Escola Nishino? — gagueja alguém. Não parecem nem um pouco confiantes disso. A Escola Primária Nishino é o segundo ninho de feras em grande escala mais próximo do Messias depois do Colégio Sakurazaka, e a última vez que alguém verificou, o edifício ainda estava de pé.

— Tem mais.

A próxima foto que Haitani mostra é claramente do prédio da escola primária. Foi reduzido a escombros.

— O-O Bruto fez isso? — Yuudai pergunta, sua voz tremendo um pouco.

— Examinamos os cadáveres e os cortes foram incrivelmente limpos. A maioria deles morreu de um único corte nos órgãos vitais. Nem mesmo uma fera do ápice tem esse tipo de delicadeza.

— Era um grupo de outra base, então?

Comandante Haitani balança a cabeça.

— Ninguém na área tem o poder para fazer algo assim. E há algo mais que também chamou nossa atenção.

— E o que é?

— Todos os cortes pareciam exatamente os mesmos.

Todos eles?

— Todos eles. De acordo com as probabilidades, todas as feras foram mortas pela mesma pessoa.

O rosto de Yuudai fica vermelho.

— V-Vamos lá, Comandante, isso não faz sentido! Há centenas dessas malditas coisas! Eu poderia pensar em dez ou vinte, talvez, mas não há como uma única pessoa ter matado tantos por conta própria! — ruge.

— Mas e se houvesse? E se o nosso mundo tivesse um cavaleiro que fosse capaz de algo assim?

— Q-Que prova você…?

— Dê outra olhada na seção transversal da escola.

— O q…?! Isso é… uma marca de golpe? Está dizendo que alguém cortou o prédio?!

Com certeza, a foto mostra que o prédio foi cortado em dois.

— Não só isso, o corte foi limpo — responde o Comandante Haitani. — Igual faca quente na manteiga. O Japão costumava ter uma cavaleira capaz de coisas assim, sabe. Acredito que todos estão familiarizados com ela.

— A Cavaleira Original… — sussurra alguém.

— Ela realmente voltou…?

— Pensei que ela tinha desaparecido…

— Ela está aqui para destruir o Messias…?

Os cavaleiros ficam pálidos, e Akane é a mais pálida de todos.

— Ainda não sabemos ao certo se é ela. Poderia facilmente ser algum outro cavaleiro tão forte quanto — intervém o Comandante Haitani, para acalmar o grupo. — Não deixem que o medo infundado fique por cima de vocês, mas também não baixem a guarda. Tudo o que sabemos com certeza é que há alguém por perto que foi forte o suficiente para fazer isso. Tenho certeza de que podem imaginar o que aconteceria se atacassem o Messias.

Todos acenam com a cabeça. Então, o inferno se abre.

— Estamos sob ataque! As feras estão aqui!

O barulho estridente de uma sirene corta o ar.

 

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O topo das muralhas que cercam a base são um campo de batalha.

Legiões de feras estão se agarrando aos lados e tentando escalar. Os cavaleiros estão fazendo o seu melhor para derrubá-las com espadas e lanças, mas é muito claro que não há o suficiente deles para enfrentar o grande número de feras.

— Vá acordar todos os cavaleiros fora de serviço que puder encontrar! Não vamos deixar essas coisas entrarem! — grita o comandante.

Akane corre para o topo da muralha e corta uma fera ao meio.

— Akane!

— A-Akane aqui!

De todos os cavaleiros lá, seus esforços são os que mais se destacam.

Ela é mais rápida que todos os outros. Mais forte. Corta uma fera após a outra.

Mas isso não basta.

— AHHHHHHH!

— Agh! V-Voltem! Fiquem longe de mim, seus monstros!

Tem muitos deles.

A matilha de feras alcança o topo das muralhas e cai sobre os cavaleiros.

Akane faz uma careta.

— Há tantos deles…

Nesse ritmo, mais e mais cavaleiros serão massacrados.

— Comandante, a debandada já poderia ter começado?! — grita ela para Haitani, que está lutando ao seu lado.

— Não, a debandada vai ser muito pior do que isso — responde ele. — Isso provavelmente é apenas um prelúdio.

— Tantas feras, e nem é a maioria delas…?

— Esta debandada vai ser dura.

Se for esse o caso, precisam manter todos os cavaleiros que puderem vivos.

Akane fica na vanguarda para chamar a atenção das feras, depois pula da muralha.

— Akane?!

— Jovem Akane, o que você acha que está fazendo?!

No momento em que ela pousa, balança sua espada em um amplo arco. Todas as feras ao seu redor caem mortas.

— Vou atraí-las para outro lugar! — grita ela em resposta.

— Não jogue a sua vida fora! Volte aqui imediatamente!

Mesmo que Akane quisesse obedecer à ordem do Comandante Haitani, no entanto, não poderia. Não há para onde correr.

As feras já a cercaram e atacam com suas garras e presas irregulares.

Akane se esquiva dos ataques por um fio de cabelo, em seguida, corta seus atacantes.

Ela não tem medo.

Morrer seria uma misericórdia para ela.

Melhor do que se tornar alguém que não se reconhece em um lugar que não conhece e fazendo o impensável.

Tragédias do passado voltam à sua mente.

Enquanto está cercada por feras, sorri, depois sai correndo pelos cadáveres daqueles que derrubou. Sangue jorra deles e encharca seu corpo de vermelho.

Então…

— Akane, atrás de você!

— Jovem Akane, cuidado!

Uma garra laminada a corta de cima.

Ela se depara com duas escolhas.

Vida ou morte.

Nunca é uma decisão fácil para ela.

Ela sorri tristemente e fecha os olhos.

Então, do nada, sente uma presença que parece quase nostálgica.

Ouve o som de carne rasgando.

Líquido quente chove sobre ela.

— Hã…?

É sangue de fera.

Quando abre os olhos, a primeira coisa que vê é a fera empalada.

A próxima é uma espada ébano.

Perfurando a fera perfeitamente.

— Q-Quem é você…?

Um par de olhos vermelhos olha para Akane.

O portador da espada ébano está usando um casaco comprido que parece ser feito de pura escuridão. Seu rosto está escondido sob uma máscara e um capuz.

— O Cavaleiro Negro… — murmura alguém.

Todos os olhos estão voltados para o Cavaleiro Negro. É como se o próprio tempo estivesse parado.

Ele sem esforço lança de lado a fera espetada, em seguida, vira as costas para todos.

Quando ele fala, sua voz ressoa como se estivesse vindo das profundezas do abismo.

— O vento… está sibilando.

Ninguém sabe exatamente o que isso significa.

No entanto, ainda assim sua citação ressoa em seus corações.

Podem sentir o peso das incontáveis vidas e mortes que repousam nessas palavras.

De repente, Akane sente uma brisa forte.

O vento ébano corre sobre o Cavaleiro Negro, obscurecendo-o de vista.

Então, ele gira em direção à horda de feras, e flores de sangue florescem em seu rastro.

No final, tudo o que resta são cadáveres de feras.

— O que… acabou de acontecer?

— C-Como isso é possível?

As pessoas nas muralhas estão em choque de descrença.

Quando o vento ébano passou, ele cortou cada fera em duas.

Aquela não era uma brisa passageira… era mágica, refinada até que ficasse tão natural e fluindo como o vento real. Não podem sequer começar a imaginar quanto treinamento deve ter sido necessário para aperfeiçoar essa técnica. Deve ter levado uma eternidade.

O Cavaleiro Negro se foi.

A próxima coisa que Akane percebe é que está tremendo.

— Você está bem? — Comandante Haitani desce da muralha e corre até ela. — Isso foi extraordinário… Ele pode muito bem ser a pessoa que destruiu o ninho na Escola Nishino.

— Comandante… Ele era um Despertado.

Os olhos do homem eram do mesmo vermelho que os de Akane.

Haitani assente e olha para as feras mortas.

— Todas elas, mortas por um único golpe limpo. Eu certamente não teria conseguido isso.

— Ele nos salvou. Mas… por que sair sem dizer nada?

— Deve ter algum tipo de objetivo. Por enquanto, tudo o que podemos fazer é rezar para que ele não seja nosso inimigo. — O comandante olha para o céu noturno. — Imagino… o que ele quis dizer quando disse que o vento estava sibilando?

— Ele deve saber alguma coisa — responde Akane. — Algo que não sabemos. Algo importante.

— Cavaleiro Negro… Quem é você?!

A pergunta desaparece no céu noturno, sem resposta.

 

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Ainda é a calada da noite, mas a base está completamente agitada.

Mesmo com o ataque das feras repelido, ainda há toneladas de pessoas circulando. No entanto, há um cavaleiro que consegue escapar da agitação.

O homem – que tem um ar decidido de aspereza sobre ele – não é outro senão o Vice-Comandante Yuudai Saejima.

— Tch. Isso é uma palhaçada.

Ele cospe as palavras enquanto se dirige ao redor do prédio escuro da escola. Lá atrás, fora das passarelas principais, há um beco silencioso e sem luz.

— O Cavaleiro Negro, hein? Não gosto desse cara. Não gosto nem um pouco dele. Não sei de que base ele é, mas não pode simplesmente entrar aqui e fazer o que diabos quiser.

Ele pisa na escuridão, lançando invectivas à medida que avança.

A julgar pelo seu passo, tem um destino claro em mente.

— Ele está com a Aliança? Nah, teriam me dito que ele estava vindo. Mas se não é isso, então o que…?

Clop. Clop.

Ele ouve passos por trás.

— Ah, ei, você chegou cedo. Sua informação era…

Assim que ele se vira, porém, ouve outro barulho.

Ptchoo.

— Huh?

Algo o perfura no peito.

Ele prende as mãos sobre a ferida para tentar conter o sangramento.

— M-Mas por quê…?

Ptchoo. Ptchoo.

Cada vez que o barulho soa, mais sangue se espalha pelo ar.

Yuudai cai no chão, seus olhos arregalados em choque.

Ele tosse sangue algumas vezes, depois fica parado.

O único barulho que resta no beco é o som de passos.

Clop. Clop.

 

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Cara, isso foi demais.

Passo um momento me deliciando com minha exultação enquanto atravesso o campus universitário à noite.

Saí furtivamente do meu quarto mais cedo esta noite porque queria verificar o campus, mas no meio da minha inspeção, encontrei um evento inesperado de ataque de feras mágicas.

— Finalmente fiz isso… Consegui usar minha fala de que “o vento está sibilando”.

Essa é mais uma citação que posso riscar da velha lista de desejos.

E melhor ainda, a falei com toda a indiferença e seriedade que uma eminência nas sombras adequada deveria ter.

Agora, finalmente, posso dizer que fui capaz de desempenhar o papel do agente das sombras perfeito, que eu era fraco demais para revelar na minha antiga vida.

— Heh-heh-heh…

Só de pensar em como isso aconteceu perfeitamente me faz sorrir, mas sei que minha colega de quarto voltará a qualquer momento.

Deixei a janela aberta quando saí, então voltei furtivamente da mesma maneira, rapidamente troquei de roupa e rastejei para a cama.

Um momento depois, a maçaneta da porta chacoalha para anunciar o retorno de Akane.

— Estou de volta… — diz ela em voz baixa.

Se eu tivesse feito algum desvio no caminho de volta, não teria conseguido a tempo. Continuo fingindo dormir enquanto suspiro de alívio com o quão perto passei.

O quarto é silencioso, exceto pelo som de roupas farfalhando. Ela deve estar se trocando.

Sinto o leve cheiro de sangue.

Depois de um tempo, ela me chama.

— Minoru, você está acordado?

Meu primeiro instinto é continuar fingindo dormir, mas quero impressões de como me saí nesta noite.

— Sim, estou.

— Posso entrar?

Antes de me dar uma chance de responder, ela entra direto na minha área e se senta na minha cama.

Ela realmente cheira a sangue.

Acho que faz sentido, dado todo aquele sangue de fera mágica com que foi banhada.

— Aconteceu alguma coisa…? — pergunto.

Ela fica sentada lá, sem dizer uma palavra.

Apesar da minha tentativa de iniciar uma conversa, ela apenas inclina a cabeça silenciosamente.

— …Você já quis morrer? — ela finalmente pergunta, sua voz vacilando.

— Não.

Na verdade, quero viver para sempre.

Em toda a minha vida até hoje, nunca quis morrer.

Ocasionalmente me deparo com pessoas que dizem que a longevidade não é para elas, mas duvido que algum dia eu entenda de onde tiram isso. Quero continuar sendo eu pelo maior tempo possível, até os segundos.

— Eu… Já.

— Você já, huh?

Mas que pena.

— Mas quando tento lembrar… simplesmente não consigo. É como se houvesse uma brecha na minha memória.

Não posso dizer que estou entendendo.

Ela volta ao silêncio.

Então, percebo que seus ombros estão tremendo.

— Minoru, você… já matou alguém?

Sim, um monte de gente.

— Quer dizer, tipo, assassinato? — respondo. — Isso é tão assustador, nem quero pensar nisso.

— Não te culpo…

— E você, Nishino?

— O que você faria… se eu dissesse que já?

— Uh…

— Estou brincando.

Ela sorri.

Então, ela vira o olhar para fora da janela e solta um murmúrio silencioso.

— Estou esperando… há tanto tempo…

— Esperando pelo quê?

Ela não responde. Neste ponto, não acho mais que sou o único com quem ela está conversando.

Ela olha para o céu noturno, como se estivesse tentando conversar com alguém que foi para longe.

— Por favor… Venha me salvar…

Ela murmura o nome de alguém.

Então, fica congelada lá como uma estátua até de manhã.

Na verdade, faz todo o caminho até o sol nascer e uma comoção se torna audível à distância. Tenho que passar o tempo todo fingindo dormir.

Na verdade, isso me lembra de algo.

Durante minha antiga vida, me meti nessa situação, e Akira Nishino me deu um soco na cara. Pensei ter reconhecido seu desagrado de algum lugar.

Na verdade, ele foi a razão pela qual jurei quebrar todas as janelas do campus.

Nunca vou perdoá-lo.

Embora tenha tirado Beta das minhas mãos, acho que posso perdoá-lo.

Então, meus pensamentos são interrompidos.

— Akane, venha rápido!

Ainda nem é de manhã, mas alguém da Ordem dos Cavaleiros está batendo na nossa porta.

— É-É o vice-comandante! O Vice-Comandante Saejima foi assassinado!

Ah, não. Nosso precioso gorila.

 

Separador Tsun

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Dra. Yuuka se senta na frente de Akane.

— Este é um negócio muito sério.

— E-Eu não fiz isso.

Parece que deixei algumas coisas passarem.

Akane me deixou de plantão e se dirigiu para a cena do crime assim que soube da notícia, e quando voltou, Dra. Yuuka estava com ela.

— Quero acreditar em você, mas há testemunhas oculares que dizem ter visto você e o vice-comandante discutindo ontem à noite.

A voz de Akane treme.

— Não era nada. Era só… Era sobre Minoru.

— Bem, a hora estimada da morte é às três da manhã. Você tem um álibi?

— …Não.

Quando voltei, já passava das três.

— Há também depoimentos verbais colocando você perto da cena do crime.

— Isso… É mesmo…?

Akane abaixa a cabeça. Seus ombros tremem.

Senti cheiro de sangue nela ontem à noite, e acho que poderia tê-lo matado no calor do momento ou algo assim.

Coisas assim acontecem o tempo todo, mas ela realmente não parece fazer o tipo.

— O comandante Haitani vai liderar uma investigação completa. Até que ele obtenha seu veredicto, você tem ordens para não sair desta sala.

Akane cerra os punhos e balança a cabeça.

— Eu não fiz isso… Juro que não…

Ela é uma velha conhecida, então decidi ter uma palavrinha com ela.

— Espera um segundo aí. Também não acho que Akane tenha feito isso.

— Minoru…

— Quero dizer, olhe para essa foto.

Aponto para uma das fotos da cena do crime na mesa. É uma imagem do cadáver cortado de Yuudai.

— E o que tem isso? — Dra. Yuuka pergunta.

— É estranho, não acha? Os cortes são muito desleixados.

O cadáver está em pedaços e nenhuma das seções transversais dos cortes está limpa.

O olhar de Dra. Yuuka fica mais forte.

— O que você quer dizer, desleixado?

— Se Akane fizesse isso, tenho certeza de que os cortes teriam sido mais limpos.

Quando um cavaleiro forte o suficiente corta uma pessoa, os cortes são sempre bons e limpos. No entanto, os cortes no corpo de Yuudai não poderiam ser mais ásperos.

No caso dele, parece que alguém pegou uma espada cega e foi para a cidade atrás dele.

— Agora que você mencionou, é verdade…

Claro, há uma chance dela cortá-lo assim de propósito para doer mais, mas acho que vou manter essa possibilidade para mim mesmo.

— Minoru… O-Obrigada. Muito obrigada. — balbucia Akane.

Claro, sem problemas.

— Por favor, você tem que acreditar em mim… Eu não… eu não fiz isso…!

Seus ombros tremem ainda mais.

— Ei, Akane, acalme-se.

— Eu não fiz isso! Eu… eu nunca, nunca mais, eu, eu…

— Akane…

Algo está claramente errado com ela. Dra. Yuuka a abraça com força.

— Está tudo bem, apenas se acalme. Acalme-se, tome suas pílulas…

Enquanto ela tenta acalmá-la, desliza uma pequena pílula branca.

Akane treme um pouco mais, mas sua respiração eventualmente se torna calma e estável. Ela apaga como a luz.

Dra. Yuuka lança o olhar para baixo.

— …Isso deve ter te assustado.

— Sim, um pouquinho. Que pílula era aquela?

— É para acalmá-la. Minha especialidade é em medicina psicossomática. Akane tem algum trauma psicológico com o qual está lidando, e estou ajudando a tratar.

— Que tipo de trauma?

— Ela se envolveu em algum tipo de incidente, e escondeu todas as suas memórias do que aconteceu. Sempre que algo faz com que o rio de memórias volte a correr, ela acaba surtando igual agora.

— Ah, huh… — respondo, fazendo o meu melhor para parecer contemplativo.

— Só estive nesta base por meio ano, mas sua condição melhorou dramaticamente desde então. Akane me salvou uma vez, então estou feliz por ter a oportunidade de retribuir a ela.

— Wow, eu não sabia.

Dra. Yuuka cobre os ombros de Akane com um cobertor.

— Agora, sobre o que você mencionou antes… Vou dizer ao comandante o que disse sobre os cortes. Este pode ser o trabalho de um assassino de uma base inimiga. E com a forma como o Cavaleiro Negro apareceu na noite passada, ele também poderia facilmente ter se envolvido…

O Cavaleiro Negro é inocente. Isso eu posso dizer com certeza.

Dra. Yuuka continua:

— De qualquer forma, deixe o resto comigo. A melhor coisa que você pode fazer é ficar ao lado de Akane.

— Não, não, também quero investigar.

— Não tenho certeza de como a ordem dos cavaleiros se sentirá sobre isso.

— Não vou ficar no caminho deles, prometo. Akane também me ajudou, então quero fazer o que puder para ajudar a retribuir.

— Minoru…

Dra. Yuuka olha para o meu rosto por um tempo, então solta um suspiro derrotado.

— Tá bom. Se encontrar alguma coisa, venha direto a mim com isso. Não tente ser um herói. Não se esqueça de que Natsume também precisa de você.

E com isso, finalmente estou autorizado a vagar por aí como eu quiser.

 

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— O que fazer, o que fazer.

Começo pegando minhas rações de almoço, depois ando pelo campus.

Akane afirma que não é a culpada, mas infelizmente, as evidências circunstanciais são pesadas contra ela.

— Um crime misterioso, falsas acusações contra a protagonista… Parece que o enredo principal está em andamento.

Se for esse o caso, tenho a obrigação moral de me envolver.

— Bem, o crime aconteceu ali, hein…?

Observo de longe enquanto a ordem dos cavaleiros se reúne em um beco ao lado do prédio principal da escola.

Eles têm ótimas vibrações de “investigação em andamento”.

Se tentasse me intrometer lá como um estranho, me expulsariam com certeza. É melhor não tentar.

— Que pena que eu não tenha outras pistas para trabalhar… Espera, hein?

Quando olho em volta, vejo um cara gordo de óculos sentado em um banco e batendo em um laptop.

— Ah, ei, eles têm computadores aqui.

Esqueci completamente de que tinham eletricidade.

Suponho que não esteja conectado à internet, mas… huuuh?

Quando me aproximo por trás dele e olho por cima do ombro, descubro que está postando em algum tipo de fórum.

— Ei, você tem internet nessa coisa?

— Gah?!

Quando lhe faço uma pergunta, Gorducho McOlhos gira apressadamente.

— Q-Qual é o seu problema, cara?! — grita ele.

— Ah, só curiosidade. Essa coisa tem internet?

— Huh? Como assim? Está ligado à intranet da universidade. Como você sabe disso?

— Ohhh, então ele só se conecta a outras pessoas no campus. Ainda assim, aposto que isso é bom o suficiente para coletar informações.

— Olha, apenas vá encontrar outra pessoa para atormentar. Estou ocupado.

Com isso, Gorducho McOlhos volta a postar em seu fórum.

[THREAD] A verdadeira razão pela qual Akane matou Saejima

[CORPO] então, quem tem fotos da Akane?

Ah, sim. Muito ocupado.

— Empresta esse laptop um pouco aqui.

— Sai daqui, cara, não vou te emprestar merda nenhuma.

— Obrigado, devolvo logo.

— Huh…?!

Nocauteio o Gorducho McOlhos com um golpe lateral de mão incrivelmente rápido e pego seu laptop.

Me certifico de colocá-lo de lado para que pareça que está cochilando.

— Agora, o que temos aqui…?

Uma busca rápida me diz que o fórum está cheio de tópicos sobre o assassinato de ontem à noite.

E não apenas sobre Akane. As pessoas também estão muito empolgadas com o Cavaleiro Negro.

221: Vítima Anônima

Akane não fez isso, mas o Cavaleiro Negro é sus. Definitivamente é uma trama da Aliança.

222: Vítima Anônima

de acordo com meu amigo cavaleiro, o Cavaleiro Negro é forte pra caralho

223: Vítima Anônima

esse cara não é brincadeira. Ele matou 10 feras em um segundo

224: Vítima Anônima

mano, o que cê tá fumano

225: Vítima Anônima

nah cara, é sério

226: Vítima Anônima

se isso fosse verdade, ele poderia simplesmente acabar com um ninho sozinho kkk

227: Vítima Anônima

não, na real, é sério, é verdade. fonte: sou um cavaleiro, estava lá

228: Vítima Anônima

kkkkkkk quer um biscoito? “olha pra mim, sou um cavaleiro de verdade”

229: Vítima Anônima

temos um cavaleiro de teclado, pessoal. essa merda é anônima, talvez todos nós sejamos cavaleiros kkkk

230: Vítima Anônima

não vejo um cavaleiro de teclado há algum tempo, isso deve ser bom

231: Vítima Anônima

há literalmente zero provas de que ele matou 10 feras em 1 segundo. essa mentira é um porre

232: Vítima Anônima

sim, esse cavaleiro negro provavelmente é apenas um aleatório e as pessoas estão exagerando, já que estão entediadas

233: Vítima Anônima

meu amigo é um cavaleiro e diz que o cavaleiro negro é um merda

234: Vítima Anônima

não, duh

235: xXxElfinhaPrateadaxXx

Não minta. O Cavaleiro Negro é o mais forte. Ele é o mais legal do mundo, pode matar 1000 feras facilmente.

— Huh?

Enquanto estou vendo a thread, de repente vejo um esquisito.

— ElfinhaPrateada? Esse é o apelido mais idiota que já vi.

O rosto de Beta passa pela minha mente por um momento, mas pensando logicamente, não há como ser ela.

Se fosse, significaria que ela dominou o japonês em apenas três dias.

— Digo, fico feliz que essa garota esteja torcendo pelo Cavaleiro Negro, mas com um apelido desses, vai fazer mais mal do que bem.

É melhor avisá-la amigavelmente.

Usar um apelido vergonhoso é uma mancha que nunca desaparece. Confie em mim, eu sei.

— É melhor eu colocar um apelido extra legal para que ela tenha um bom ponto de referência. “Asas Obsidianas”… Não, espera, “Anjo Caído da Rebelião”… Mas isso parece meio simples, então vamos adicionar um pouco de talento também.

237:  AnjoCaídoDaRebelião

xXxElfinhaPrateadaxXx é um nome muito cringe, você poderia mudar isso

238: Vítima Anônima

apareceu outro esquisitão kkkk

239: Vítima Anônima

“Anjo Caído” KKKKKKKK “da Rebelião” KKKKKKKKK “” KKKKKKKK “” KKKKKKKKKKK “” KKKKKKKKKKKKK

240: xXxElfinhaPrateadaxXx

Não sou cringe. AnjoCaídoDaRebelião que é cringe.

241: Vítima Anônima

ElfinhaPrateada vs AnjoCaídoDaRebelião! Round 1, lutem!

242: Vítima Anônima

mano, vocês dois são cringe

243:  AnjoCaídoDaRebelião

Sou um cavaleiro das trevas, um anjo caído que se esconde nas sombras e busca rebelião. Como posso me encolher quando tenho o poder supremo do meu lado?

244: Vítima Anônima

cavaleiro das trevas kkkkkkkkkkkkkkkk anjo caído kkkkkkkkkkkkk que se esconde nas sombras kkkkkkkkkkkkkkk e busca rebelião nos abençoou com sua presença KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

245: xXxElfinhaPrateadaxXx

AnjoCaídoDaRebelião é cringe pra caralho. O Cavaleiro Negro é o mais forte. Vai matar todos vocês instantaneamente.

246: Vítima Anônima

*mais forte <- FIXA ISSO

247: Vítima Anônima

na real, o jeito que a Elfinha é ruim em japonês é fofo

248: Vítima Anônima

a Elfinha é uma fã raivosa do cavaleiro negro kkk

249: Vítima Anônima

o cavaleiro negro está comigo agora, e está lambendo o meu cu

250: xXxElfinhaPrateadaxXx

Não minta. Zombar de mim, tudo bem. Não se atreva a zombar do Cavaleiro Negro.

251: Vítima Anônima

Tradução: Tirar sarro de mim é de boa, mas não se atreva a zombar do Cavaleiro Negro!

252: Vítima Anônima

mas é verdade. o cavaleiro negro na verdade é um merda, ele até comeu a minha merda

253: Vítima Anônima

cavaleiro negro = merdaomega

254: xXxElfinhaPrateadaxXx

Eu te mato.

255: Vítima Anônima

ui, começaram as ameaças de morte. Vocês trollaram muito ela, kkk

256:  AnjoCaídoDaRebelião

rip

257: xXxElfinhaPrateadaxXx

Cavaleiro Negro é o mais forte. O mais legal. Amo ele. Mato qualquer um que zombe dele.

258: Vítima Anônima

Ahh! Eu vou morrer! O Cavaleiro Negro é um bosta!

259: Vítima Anônima

Acabei de dar uma surra no cavaleiro negro. Ele ficou pelado e implorou por misericórdia com as mãos nos joelhos, então vou deixá-lo vivo

260: xXxElfinhaPrateadaxXx

Calado. Eu te mato. Grava minhas palavras, AnjoCaídoDaRebelião. Vou te mostrar o inferno.

261:  AnjoCaídoDaRebelião

hm? Mas eu não zombei dele

262: Vítima Anônima

Certo, são muitas ameaças de morte. Reportada.

263: Vítima Anônima

a debandada está chegando e as pessoas estão sendo assassinadas e é assim que vocês estão gastando seu tempo?

264:  AnjoCaídoDaRebelião

espera, a vítima aqui sou eu

265: Vítima Anônima

sim, mas seu apelido é tãoooooo cringe

E com isso, xXxElfinhaPrateadaxXx é banida.

Um pouco de trollagem, e ela vai direto para ameaças de morte? Não se vê muito disso nos dias atuais.

— Sério, mesmo assim, eu provavelmente deveria começar a coletar informações em algum momento. Imagino se alguém aqui viu alguma coisa…

Depois disso, me dedico às boas graças dos usuários do fórum e coloco minhas mãos em algumas informações valiosas.

 

Separador Tsun

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O dia seguinte chega.

— Então, este é o você-sabe-onde…

Estou em um pequeno laboratório de pesquisa em um canto escondido da universidade.

O sol já se pôs, e embora eu possa ver luzes apagadas de longe, a área em que estou é cercada por um bosque denso e escuro.

De acordo com o fórum da intranet, foi aqui que trouxeram o corpo do gorila.

Se eu tiver sorte, haverá vestígios mágicos no corpo, mas preservá-los é realmente muito difícil. A menos que use produtos químicos especiais, eles desaparecem muito rapidamente.

Dado o mundo em que estou, provavelmente não deveria esperar muito de suas técnicas de preservação.

Digo, ainda estão usando materiais convencionais para suas espadas. Aposto que esses caras nunca ouviram falar de mithril.

O metal que estão usando tem condutividade mágica bastante decente, vou aceitar isso, mas não é nada perto do mithril. Não é de admirar que estejam tendo tantos problemas contra feras mágicas tão fracas.

— Eh, tenho certeza que vou encontrar algum tipo de pista aqui.

Há uma tonelada de perguntas em torno da morte do gorila, e pretendo respondê-las.

Passo um: Esgueirar-se para dentro, rápido e silencioso.

Há um cavaleiro de guarda do lado de fora da entrada do laboratório, mas escondendo minha presença e passando por ele a toda velocidade, sou capaz de passar como se não fosse nada.

Uma vez lá dentro, vejo uma escada que leva ao subsolo. Sigo até uma porta de metal trancada.

— Trancada, hein…?

Não tenho tempo para brincar, então uso minha espada de slime para quebrar a fechadura.

É lamentável que isso signifique que vão descobrir que alguém invadiu, mas enquanto não descobrirem quem, ainda estou tranquilo.

— Ah, espere, acho que poderia ter transformado a espada de slime na forma da chave.

Sabe, igual quando Beta fez aquelas luvas. Ah, bem, retrospectiva 20/20.

Dou de ombros e entro.

— Parece que encontrei o necrotério…

Está frio e escuro.

Há um monte de cadáveres espalhados com lençóis cobrindo-os, e o ar está pesado com o cheiro de carne em decomposição.

Suporto o fedor e uso magia para fortalecer meu olfato. O cheiro do gorila está alojado na minha memória.

Acontece que o corpo dele é o que está ao meu lado.

Arranco o lençol e revelo o cadáver mutilado por baixo.

— Hmm…

Com certeza, a maioria dos vestígios mágicos se foram, e a pouca magia que ainda permanece no corpo está toda misturada e mesclada. Isso não vai ser útil.

Volto minha atenção para os cortes, que são tão terríveis quanto eram nas fotos.

Não são feridas de espada. Parece que alguém provavelmente usou um machado contra ele.

Não, nem mesmo um machado faria tanto. Este é o trabalho de uma serra ou algo assim.

Devem tê-lo cortado depois que já estava morto.

— A questão é, para que fim?

Normalmente, se corta alguém para esconder as evidências. Depois de cortar, pode enterrar, queimar ou dissolver as partes com mais facilidade.

No caso do nosso amigo gorila, no entanto, ele foi simplesmente encontrado assim.

O odiavam tanto assim? Não, não.

— Ah, entendo. Era para esconder isso.

Quando tento colocar o braço dele de volta, acho que falta um pedaço, e não estamos falando de excesso de carne que se perdeu no processo de corte. Foi removido deliberadamente.

— Aqui também…

Há um par de outros pontos onde também estão faltando pequenos pedaços de carne.

Com isso, tenho a prova conclusiva da qual preciso.

— Aha. Estes… são ferimentos de bala.

Depois do quanto pesquisei armas na minha última vida para tentar descobrir uma maneira de derrotá-las, reconheceria o trabalho delas em qualquer lugar.

As pessoas podem supor que armas não funcionam contra cavaleiros, mas isso não é bem verdade.

Quando não estão revestidos com sua magia, os cavaleiros não são mais resistentes do que qualquer outra pessoa.

Em outras palavras, o assassino era alguém por quem o gorila não esperava ser atacado, talvez alguém que conhecia. E não era um cavaleiro, ou não precisariam de uma arma. Alguém que não é um cavaleiro queria fazer parecer que um cavaleiro fez a ação… Heh-heh-heh. Afaste-se, protagonista. Há um novo detetive na cidade.

Com isso, as chances de Akane ser a assassina diminuirão.

— Parece que consegui o que vim buscar….

 

Separador Tsun

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Volto para o meu quarto, mas meus planos de relatar minhas descobertas são frustrados quando a pessoa a quem eu iria me reportar não está lá.

— Onde está Akane?

A cama em que ela deveria estar dormindo está vazia, e Dra. Yuuka está sentada no sofá.

— Ela teve que ir fazer um check-up. Não voltará até amanhã.

— Ah, certo.

Dado o quão emocionalmente instável ela estava, acho que faz sentido.

— Além disso, Minoru, você tem alguma ideia de que horas são? A debandada está logo aí, então você deveria começar a voltar mais cedo. Não é seguro lá fora.

— Sinto muito por isso, mas encontrei uma pista importante.

— O que quer dizer…?

Dou a ela a notícia chocante que descobri, que tudo refuta a teoria de que Akane é a assassina.

— Ferimentos por balas?! Se isso for verdade, vai livrar Akane de todas as suspeitas. Mas como você descobriu isso?

— Eu, uh… acho que poderia dizer que conheço um bom corretor de informações?

— Como é? — Dra. Yuuka me olha com desconfiança e depois suspira. — Bem, se você diz. Vou contar à Ordem dos Cavaleiros sobre os buracos de bala. Com alguma sorte, devemos ser capazes de levá-los a dar outra olhada no corpo.

— Obrigado, realmente aprecio isso.

— Certifique-se de não contar a ninguém o que você acabou de me dizer. Caso contrário, o assassino pode vir atrás de você.

— C-Claro. — Dou a ela um aceno perfeito de “personagem secundário assustado”.

— Te vejo amanhã — responde Dra. Yuuka antes de sair correndo da sala.

Isso deve ser suficiente para ajudar a resolver o caso do assassinato do gorila e libertar Akane. Coisas boas por toda parte.

Espera… Calma.

Será que perdi a oportunidade perfeita de revelar a verdade como o Cavaleiro Negro?

— Droga, poderia ter dito algo legal como… “Só existe uma verdade.”

De qualquer forma, rastejo para a cama e espero a noite chegar e todos os outros adormecerem.

 

Separador Tsun

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A noite chega.

— Hmm?

Assim como o momento perfeito para ir para um passeio noturno cai, sinto alguém vagando fora do meu quarto.

Um ladrão, talvez?

Droga, acho que as coisas no Japão realmente ficaram ruins.

Penso sobre a situação e decido esperar e ver como isso se desenrola. Pouco depois, balas atravessam a janela.

Fragmentos de vidro quebrado desmoronam com um barulho estridente.

— Espera, sério?

Quem diria que um personagem esquecível como eu acabaria sendo baleado?

Sinto as balas baterem na minha pele.

Então, é assim que um ninguém se sente quando é morto…

De repente, percebo que esta pode ser a última chance que tenho de usar uma certa Técnica Oculta que tenho!

Quando as balas batem em mim, manipulo meu corpo e despejo tudo naquele momento.

Preparem-se para ver como um ninguém morre, pessoal.

Contemplem o poder da Técnica Normie Oculta: Dança Queijo Suíço, Marionete Sangrenta!

Meu corpo dança em sintonia com as balas que o atingem. Pareço um fantoche ou algo assim.

Para completar a imagem, secretamente rasgo bolsas de sangue abertas e faço uma bela chuva de sangue ao meu redor.

Me torno o ideal platônico de um personagem secundário morrendo. É como aquela cena em Matrix, mas se todas as balas me atingissem.

— ARRRRRRGH! GLURK… GLURK!

Termino minha performance soltando um grito de gelar o sangue, borrifando sangue da minha boca igual uma fonte e caindo sem cerimônia na minha cama.

Perfeição.

Eu tinha desistido de ser capaz de usar a Técnica Secreta que projetei para quando fosse baleado, mas agora finalmente chegou a hora!

Enquanto cerro o punho internamente, paro meus batimentos cardíacos.

Um milhão de agradecimentos a esses ladrões por me darem essa oportunidade de ouro.

— Nós o pegamos…?

Uma vez que me fingi de morto por um tempo, um par de homens entrou no quarto.

— Ah sim, com certeza. Está parecendo um queijo suíço.

Os cacos de vidro quebram sob seus pés.

— Que azar, garoto. Se você não tivesse descoberto coisas que não deveria, não teria que morrer.

Huh?

Imagino o que ele quer dizer com isso.

— Os cavaleiros estarão aqui a qualquer minuto. Precisamos nos apressar e destruir o quarto.

— Sim, e acabar com o corpo para que não possam dizer como… Huh?

Ah, merda.

— Ei, olha isso. Não há ferimentos no cadáver.

O cara checando meu corpo notou o que eu esperava que ele não notasse.

— Do que você está falando? Tem sangue pra todo lado, mano.

— Claro, mas estou te dizendo, não há feridas.

— O quê?

O segundo cara vem e também inspeciona o meu corpo. Nesse ponto, não tenho escolha. Abro os olhos.

— Cara, porque você teve que estragar minha cena perfeitamente orquestrada?

— Mas que…?!

— Como ele ainda está vivo?!

Agarro os dois pelas gargantas.

— M-Me solta!

— A-Atira nele! Atira e mata ele!

Eles pressionam suas armas contra minha testa e disparam à queima-roupa.

Um ptchoo soa, depois outro.

Continuam disparando até suas armas ficarem vazias.

Uma vez que os homens ficam sem balas, os ptchoos são substituídos por um clique oco, clique, clique.

— C-Como?! Como esse cara não está machucado?!

— De jeito nenhum… e-ele é um cavaleiro?! Não foi isso que nos disseram!

— Cavaleiro ou não, atirar nele de tão perto deveria ter pelo menos feito alguma…

Eu me levanto, ainda apertando seus pescoços.

— Aghhh!

— Parece que vocês não são apenas ladrões, hein?

— Q-Quem diabos é você?! Me solte já!

Um deles dá um soco na minha cara. Wham. Wham.

— Alguém te colocou nisso. Então é, tipo, um cenário do tipo “mente maligna”.

— O que você está…? Ai, ai, ai!

— S-Seu… AIIII!

Eu os levanto pelas gargantas.

— Bem, isso serve. Agora, podem morrer lenta e dolorosamente, ou podem me contar tudo e morrer rapidamente. Façam suas escolhas.

Coloquei alguma força em meu aperto, e seus ossos começam a ranger alto.

— Ahhh! M-Me solta! Não sei, merda!

— E-Eu não sabia que você era um cavaleiro! Sinto muito! Por favor, me solte… Não quero morrer…

— É como vocês disseram. Se não tivessem descoberto coisas que não deveriam, não teriam que morrer. Às vezes acontece.

Posso ouvir cavaleiros gritando lá fora.

Ainda estão muito longe, mas estão se aproximando.

— Parece que vocês estão ficando sem tempo, cavalheiros…

— P-Por favor…

— E-Eu te imploro…

— Hmm, o que fazer…?

Então, as vozes do lado de fora começam a ir em uma direção diferente da que eu esperava.

— É a debandada! A debandada está começando!

Um sinal de alarme estridente começa a soar.

Posso sentir o clamor se espalhando quando as pessoas começam a acordar.

— Desculpe, acabei de receber uma oferta melhor. Falou.

Quebro seus pescoços e derreto na escuridão da noite.

 


 

Tradução: Taipan

Revisão: NERO_SL

 

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