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A Eminência nas Sombras – Vol. 03 – Cap. 06 – Circulando Dinheiro Falso!

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Enquanto Alpha conferia alguns documentos em seu escritório, olhou para cima de repente e franziu a testa.

Ouviu-se um som.

— Alpha, más notícias!! Plergh!

A porta se abriu, e Gamma entrou tropeçando. Ela deslizou pelo chão, então bateu com a cabeça direto na mesa de Alpha.

— O que foi? Você parece estar com muita pressa em me dizer.

Gamma pressionou seu nariz com lágrimas nos olhos.

— Aaaaaai… Más notícias. E-Existem falsificações…

— Falsificações…?

— As falsificações da moeda da GAC entraram em circulação!

Os olhos de Alpha se arregalaram.

— Tsk… Quanto?

— Não muito, por ora.

— A GAC já sabe?

— Ainda não, eu acho.

— Comece a espalhar boatos. Precisamos que a GAC perceba o que está acontecendo.

— Entendido.

— Enquanto isso, vamos abrir uma investigação sobre de onde estão vindo. Esta missão tem prioridade máxima.

Gamma acenou com a cabeça solenemente.

— De fato. Temos que cortar isso pela raiz.

— Se ocorrer uma crise de crédito, também não sairemos ilesos… Não me diga que isso é…

— O que é isso? — Gamma olhou interrogativamente para Alpha, que caiu em um silêncio pensativo.

— Não é nada.

— Eu com certeza espero que sim. Vou mobilizar as Números e começar a investigação.

Gamma curvou-se e depois foi embora. Alpha a observou ir embora, então virou seu olhar para a janela.

As árvores à beira da estrada balançavam com o vento, suas folhas vermelhas e amarelas rodopiavam no ar.

— Não me diga que isso fazia parte do plano deles… Não, estou apenas pensando demais nas coisas — murmurou baixinho enquanto balançava a cabeça.

 

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— Descobrimos falsificações? É isso que quer dizer?

Ao ouvir a notícia de Garter, Gettan não precisou fingir seu espanto.

— E-Estamos analisando os detalhes enquanto conversamos…

A voz de Garter tremia, mas a reprimenda que ele estava esperando vir nunca chegou.

— Hum, Sr. Gettan…?

— Descubra de onde estão vindo. Agora.

— S-Sim senhor! Já estou indo! Garter saiu correndo do aposento antes que Gettan começasse a gritar com ele.

Gettan cruzou os braços e começou a pensar.

A descoberta de falsificações não era a parte que o surpreendia.

Afinal, “encontrar falsificações” sempre foi seu plano.

Assim que as falsificações entrassem em circulação, uma crise de crédito estaria fadada a acontecer, e as cédulas da GAC não passariam de pedaços de papel.

Isso faria com que as pessoas começassem a ter dúvidas sobre as cédulas do Banco Mitsugoshi também.

A crise de crédito se espalharia como um incêndio.

A GAC esteve imprimindo dinheiro de papel para a criação de crédito, e o Banco Mitsugoshi não era diferente.

Em outras palavras, o Banco Mitsugoshi não terá reservas suficientes para atender ao desejo crescente das pessoas de negociar com seu papel-moeda. A GAC irá à falência, mas a Mitsugoshi seguirá logo atrás.

As cédulas do Banco Mitsugoshi são incrivelmente precisas. Qualquer falsificação seria detectada na hora; elas nunca iriam longe no mercado.

No entanto, se a GAC imprimisse moeda de baixa qualidade e fácil de copiar, isso não seria um problema.

Esse era o plano de Gettan.

Exceto que as falsificações não deveriam ser encontradas até mais tarde.

O Culto ainda tinha muito dinheiro investido na GAC. Eles não deveriam começar a colocar as falsificações em circulação até que tivessem transferido tudo para um local seguro.

— A programação mudou…?

Se foi isso que a liderança do Culto decidiu, Gettan não tinha escolha a não ser seguir em frente. Ainda assim, poderiam pelo menos ter contado a ele.

— O que exatamente está acontecendo aqui?

Gettan precisava checar com seus chefes. Se alguém errasse ali, o Culto perderia uma grande quantidade de fundos.

Ele esfregou as cicatrizes doloridas nas pálpebras.

 

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Conforme planejado, aos poucos estamos introduzindo as falsificações no sistema e fazendo o resgate delas.

Como John Smith, estava no topo da torre do relógio e olhava para a vida noturna próspera sem precedentes da cidade enquanto tentava prever o que as organizações que trabalham nos bastidores fariam.

— Essa presença… Os planos das organizações estão entrando em ação…

Sorri de maneira significativa.

Quem será o primeiro a detectar nossos esquemas?

Enquanto aproveitava preguiçosamente a vista noturna, vi uma carruagem tentando deixar a capital de maneira discreta.

Eu também localizei as três figuras atrás dela…

— Entendo… Bem, faz sentido que os primeiros a notar sejam…

Seguindo as figuras, saltei da torre do relógio.

No momento em que vi seus trajes de slime, soube que estavam associadas a Mitsugoshi.

— Sinto muito…, mas não posso permitir que saibam a verdade ainda.

Mesmo que seja, em última análise, para o bem delas, no momento estou fingindo que as traí.

Somente quando a poeira baixar é que elas finalmente irão saber da verdade.

 

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Enquanto a Número 664 seguia furtivamente a carruagem que deixava a capital, virou-se e olhou para a Número 666.

— Número 666, você não deve agir por contra própria, entendeu? Como sua líder de esquadrão, preciso saber que você seguirá minhas ordens.

— Eu sei.

— Está bem claro que não, ou não precisaríamos ter essa conversa. Minha nossa… Você saiu correndo sozinha da última vez. Eu sei que tudo acabou indo bem, mas ainda assim, por que está com tanta pressa?

— Eu só… Não é nada. — Número 666 abaixou a cabeça enquanto oferecia uma breve negação.

— Sabe, você está sempre tentando assumir tudo por conta própria. Eu não vou saber o que está acontecendo na sua cabeça a menos que me diga, entende?

— Talvez seja melhor se apenas nos concentrarmos na missão.

— Sim, verdade. Mas, para fazer isso, tenho que começar repreendendo alguém que gosta de tomar iniciativas um pouco demais.

Numero 664 desviou o olhar da Número 666 e suspirou.

Ao fazer isso, ouviu um bocejo vindo de trás.

— Ei, 665, você acabou de bocejar?

Número 664 se virou. Desta vez, foi a Número 665 que ela encarou.

— Nããão.

— Sim, tenho certeza. Você bocejou. Eu te ouvi. Precisa se concentrar na missão também, certo? Já repassei como isso é importante.

— Oh-kayyyy.

Enquanto a Número 665 dava uma resposta apática, Número 664 voltou seu olhar para a carruagem que corria à sua frente.

Sua missão, desta vez, era descobrir de onde vinham as falsificações da GAC.

Gamma das Sete Sombras reduziu a lista de rotas comerciais suspeitas, e a carruagem que passava na frente delas estava viajando ao longo de uma dessas rotas.

Número 664 ficou impressionada com a importância da missão.

Era exatamente por isso que estava tão preocupada.

Por outro lado, a Número 666 estava apressando as coisas. Agora, todas sabiam o quão forte era, e era em grande parte graças a ela que seu time era tão considerado.

Recentemente, porém, seu hábito de agir por conta própria começou a se tornar insuportável.

A Número 664 não sabia o que a deixou tão irritada, mas nesse ritmo, estava fadada a cometer algum erro grave.

Neste mundo, existem alguns erros que simplesmente não podem ser consertados. Dados os tipos de missões que realizavam, um único erro podia facilmente ser fatal…

Quando começou a se concentrar novamente, Número 664 orou para que conseguissem completar sua missão sem que nada desse errado.

No entanto, seu desejo não foi atendido.

— Abaixo de nós! — gritou Número 666, de repente.

Todas elas reagiram à voz e tentaram saltar.

No entanto, a Número 666 foi a única que conseguiu a tempo.

— Hwah?!

— Ah!

As Números 664 e 665 tropeçaram em algo e caíram no chão.

Quando se recuperaram e se levantaram, viram algo fino como um fio emaranhado em torno de suas pernas.

— Isso é… uma linha? — perguntou Número 664.

Número 665 respondeu:

— Parece um fio de aço com magia passando por ele, talvez…

As duas cortaram o fio com suas espadas de slime e se prepararam para o ataque seguinte.

Em sua visão periférica, conseguiram ver a Número 666 olhando fixamente para a escuridão com sua espada a posto.

Mas elas não sentiam outra presença.

No entanto, um homem estava claramente caminhando em direção a elas durante a noite.

Seus sapatos batiam no chão duro enquanto ele avançava.

Estava vestindo um terno, e seu cabelo estava repartido para os lados. Seu rosto estava obscurecido por algum tipo de máscara inorgânica.

Sem dúvidas, não tinha nada em mãos.

Ele não estava segurando arma alguma.

Quando forçaram os olhos, porém, puderam distinguir o fio que o cercava brilhando ao luar.

Estava flutuando livremente no ar, como se tivesse vontade própria.

— Cuidado. Foi ele quem usou aquele fio de aço — Número 664 avisou as outras enquanto encaravam o usuário do fio.

Havia um homem usando uma máscara estranha cercado por incontáveis fios brilhando ao luar. Toda a cena parecia quase fantástica.

— Meu nome é John Smith. Vão embora… vocês ainda não precisam saber o que está além daqui.

Sua voz era tão artificial quanto sua máscara, e era impossível ler suas emoções.

O fio de aço se espalhou pelo céu noturno.

Ao fazê-lo, brilhou ao luar.

Número 664 confiou naquele brilho fraco para se esquivar do fio enquanto este girava.

Sua velocidade não era um grande problema. Os problemas reais estavam na dificuldade de detectá-los, na imprevisibilidade de seus movimentos e em sua quantidade absoluta.

John Smith tinha apenas dez dedos, mas, de alguma forma, o número de fios que controlava ultrapassava em muito essa contagem.

Eles vinham de todas as direções.

Entre os ângulos e o tempo, era um trabalho temível.

Pareciam estar prevendo os movimentos da Número 664, pois sempre pareciam estar prontos para cortar suas rotas de fuga. Então, ao limitar as direções para as quais ela podia se esquivar, eles estavam controlando a rota dela.

Como resultado, não conseguia se aproximar dele.

Os fios tinham um alcance maior do que suas espadas. Se não podiam se aproximar, não podiam atacar.

Mesmo sabendo disso, nenhuma delas foi capaz de diminuir a distância nem um passo desde o início da luta.

Na verdade, pareciam estar perdendo terreno.

O homem levou apenas alguns segundos para controlar completamente o campo de batalha — e ele não deu um único passo.

Apenas manipulando os fios com seus dez dedos, foi capaz de fazer as três mulheres recuarem. Elas eram como fantoches, dançando em suas cordas.

— Pessoal, recuem.

Número 664 deu a ordem e as três saíram do alcance dos fios.

Enquanto estivessem no alcance de John Smith, só estariam esgotando a própria estamina.

No entanto, isso não mudava o fato de que não tinham como atacá-lo.

Enquanto trocavam olhares, as três balançaram a cabeça.

Este homem… ele era forte.

Elas foram pegas de surpresa pela sua arma nada convencional, mas mesmo levando isso em consideração, a sua habilidade para controlar o espaço era fenomenal.

Afinal, controlar com precisão dezenas de fios, prever os movimentos das Números e conduzi-las exatamente da maneira que queria? Muitos não poderiam fazer isso.

A Número 664 conhecia muitas pessoas que eram mais fortes do que ela.

A Número 666, por exemplo, bem como as líderes das Números e as Sete Sombras eram opressivamente muito mais poderosas que elas. Todas eram muito mais habilidosas do que ela.

Mas esse John Smith estava em um nível bem diferente do que qualquer um.

Seu poder não vinha de sua magia, força, velocidade, ou mesmo o talento técnico que o permitia mover todos eles.

É verdade que a habilidade necessária para manipular seus fios era alta. No entanto, a verdadeira natureza de seu poder estava em outro lugar.

O verdadeiro poder de John Smith… era sua habilidade de controlar o campo de batalha.

Como líder de esquadrão e como alguém que dava ordens a outras duas pessoas, a Número 664 sabia disso. A habilidade de John Smith vinha de uma profunda habilidade de visualizar o campo de batalha de cima e de um olho aguçado para compreender a progressão de uma luta e prever seus desenvolvimentos futuros.

Em outras palavras, ele era dotado de uma habilidade incrivelmente afiada para pensar nas batalhas.

— Algo de errado? Não vão se aproximar?

John Smith ainda não movera um dedo sequer. Ele estava simplesmente parado e olhando para as três Números.

Era disso que era capaz.

Estava confiante de que poderia lidar com qualquer situação que surgisse.

Os fios que colocou no céu noturno tinham eliminado todas as habilidades delas para revidar.

Um movimento errado e elas ficariam completamente emaranhadas.

Recuar parecia cada vez mais uma opção atraente.

Número 666 provavelmente faria objeções, mas a 664 só precisaria calar a boca dela.

Uma voz interrompeu o seu devaneio.

— Se não vão se aproximar, acho que terei que ir até vocês…

— Quê…?!

Os dedos de John Smith se contraíram.

Quando isso aconteceu, a Número 664 de repente percebeu o fio fino enrolado em seu pescoço.

O quê?! Quando isso aconteceu?

Ela devia estar fora de seu alcance agora!

— Ninguém nunca disse que os fios eram todos do mesmo comprimento. E a espessura deles também varia, é claro…

— Não pode ser!

Agora ela conseguiu ver melhor o fio ao redor do seu pescoço, e 664 pôde ver quão fino e discreto ele era.

Os únicos fios que viram até então foram os que John Smith as deixou ver.

— Isso… desde o início…?

— Isso mesmo… desde o início.

Número 664 dançou na palma da mão dele.

Ela fez uma careta, e o fio ao redor do seu pescoço se apertou.

Estava preenchido por uma magia incrivelmente densa. Tudo o que ele precisava fazer era colocar um pouco mais de força nele, e o pescoço dela quebraria como um graveto.

— Se vai me matar, acabe logo com isso. N-Não vou contar nada a você. — Ela olhou para John Smith.

Número 665 e 666 também estavam presas. Número 664 preparou-se para o inevitável.

Foi nesse momento que a Número 666 agiu.

Ela deu um passo à frente.

Foi um simples passo, porém mais rápido do que John Smith poderia puxar seu fio.

— HRAAAAAGH!!

Então, com todo o seu ser dedicado exclusivamente à velocidade, ela o atacou.

— Boa escolha.

No entanto, a compostura dele permaneceu intacta.

Ele apenas deu um leve puxão com os dedos da mão direita.

— Mas ninguém nunca disse que o fio em volta do seu pescoço foi o único que coloquei.

De repente, Número 666 caiu em direção ao chão.

Então, no meio de sua queda, ela parou de uma maneira não natural, suspensa no ar.

Existiam incontáveis fios já enrolados em todos os seus membros.

Então, de repente, a mesma coisa aconteceu com as outras duas. Elas tinham sido amarradas dos pés à cabeça desde o começo. No momento em que não perceberam esse fato, o resultado da batalha foi decidido.

— Rgh… Apenas me mate! — Número 664 gemia.

Por alguma razão, entretanto, o homem contentou-se em apenas amarrá-las, sem fazer nenhum esforço para acabar com suas vidas.

— É um aviso.

Sua voz era fria e insensível.

— Não se envolvam… vocês não precisam saber mais do que isso por enquanto.

Então as soltou.

— Akh, akh! — Número 666 encarou John Smith enquanto tossia.

Número 664 avançou de imediato.

Foi para segurar a Número 666.

— Já chega! Estamos nos retirando.

— …!

— Não podemos vencê-lo; tenho certeza de que você percebe isso! Vai acabar morrendo!

Número 666 abaixou a cabeça em frustração.

— Eu…

— Temos que avisar a Gamma sobre ele… sobre John Smith…

Até se livrarem dele, nunca descobririam de onde vinham as falsificações.

Número 664 olhava fixamente para John Smith enquanto ele partia.

 

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— E isso conclui nosso relatório…

Alpha e Gamma ouviam enquanto a Número 664 relatava o que aconteceu em sua missão.

— Vocês três juntas não conseguiram encostar um dedo nele?

— Exatamente… — Número 664 balançou a cabeça sob o peso do olhar de Alpha.

No dia em que ela se juntou ao Jardim das Sombras, tudo em sua vida mudou.

O mundo que ela considerava natural foi despedaçado. Ela perdeu seus amigos e família. Mas, em troca, ganhou a verdade e o poder.

Nunca tinha segurado uma espada antes, mas agora era forte o suficiente para limpar o chão com qualquer cavaleiro negro.

Mesmo assim, existiam pessoas que ela sabia que nunca poderia derrotar.

Alpha, a chefe das Sete Sombras, era um excelente exemplo de tal entidade.

Enquanto a Número 664 estremecia, a Número 666 deu um passo à frente até o lado dela.

— John Smith era incrivelmente talentoso, no entanto. Seu poder estava no mesmo nível das Sete Som-

— V-Você está louca!!

Número 664 freneticamente apertou sua mão sobre a boca da Número 666 antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa.

— Mmmph, mas se pudéssemos ter outra chance de… mmph!

— Fique quieta, 666! Eu sou a capitã do esquadrão aqui!

Enquanto elas observavam a Número 666 tentando continuar falando através da mordaça forte da Número 664, Alpha e Gamma suspiraram.

— Não estamos aqui para repreender vocês. Fizeram um bom trabalho. Isso será tudo.

— Certoooo…

Número 665 respondeu sem entusiasmo, em seguida, arrastou suas companheiras de equipe com ela enquanto brigavam entre si.

Alpha afundou em seu assento, então se virou para Gamma.

— Então, o que acha?

— John Smith… Ele certamente parece formidável. Mas não consigo pensar em ninguém no Culto que corresponda à sua descrição.

— Em outras palavras, ele está com alguma outra organização… De igual com as Sete Sombras, ela disse?

— Quem ele poderia ser?

As Sete Sombras eram lar para todo tipo de gente.

Alguns de seus membros careciam de destreza em combate, como Gamma, enquanto outros se especializaram nisso, como Delta.

— Devemos enviar a Delta.

— Delta? Sim, suponho que seja a melhor.

É difícil imaginar a Delta perdendo em uma batalha direta.

— John Smith, hein…?

Os olhos azuis de Alpha se estreitaram.

 

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Depois de gentilmente fazer com que as mulheres da Mitsugoshi fossem embora, passei as tardes seguintes da mesma forma de sempre, e, durante minhas próximas noites, agi como um agente sob o disfarce da noite.

Sou um homem ocupado — entrando em contato com Yukime, protegendo o fluxo de falsificações e impedindo qualquer pessoa que tentasse descobrir de onde estavam vindo.

A Mitsugoshi parecia estar bem atenta, já que não tentaram nada desde então.

Esta noite, mais uma vez, espreitei na escuridão e protegi a carruagem cheia de falsificações.

Enquanto ela percorria as estradas noturnas, uma presença silenciosa e quase imperceptível se aproximou.

Um assassino.

Como eu disse, porém, mal podia senti-lo.

Se for esse o caso, bem… havia apenas uma pessoa que conheço que pode mascarar sua presença com tanta habilidade.

Um pouco depois, uma figura familiar emergiu da escuridão.

Era uma mulher vestida com um traje preto, seus músculos eram ágeis e seus movimentos, flexíveis.

Eu a reconheceria em qualquer lugar… Delta.

Faz sentido. Eu já afastei aquele esquadrão de três mulheres, então agora estavam enviando as maiores armas que tinham.

Infelizmente para elas, escolheram errado. John Smith luta com fios, então seu estilo combina bem com os cérebros de músculos de sangue quente. Contra Delta, tudo o que tinha que fazer era amarrá-la com meus fios ocultos e isso daria um jeito. Ah, espera. Seus instintos são loucamente afiados, então havia uma chance de que ela conseguisse evitá-los apenas com a intuição.

Na verdade, com certeza era o que aconteceria.

Espera… Delta é a minha pior adversária?

Eh, tanto faz. Na pior das hipóteses, vou apenas tentar lutar contra ela e vencer a luta dessa forma.

Ela provavelmente já me notou, então fiz minha grande aparição.

— Meu nome é John Smith. Você não vai long—

— Chefe, o que houve? — Ela farejava o ar enquanto fazia a pergunta, a cauda balançava alegremente.

— Meu, uh, meu nome é John Smith. Eu não sou seu chef—

— Chefe! Quer ir caçar?

— Passo…

Não adianta. Ela me pegou com a boca na botija.

Eu tomei um banho e me encharquei de perfume antes disso, mas acho que subestimei o nariz de Delta.

Tirei minha máscara e me revelei.

— Chefe, você é o John Smith?

— Sim, basicamente.

— Oh-auau… Isso significa que não posso vencer John Smith… Eu tenho que ir contar pra Alpha!

— Espera aí!

Enquanto Delta se preparava para sair correndo, eu a agarrei pela cauda para impedi-la. Desculpe, acho que arranquei alguns tufos de pelo.

— Ai! Não na minha cauda! Sem puxar! Puxando é mal!

— Desculpe, desculpe, desculpe. Agora, Delta, preciso que você me escute com bastante atenção. Sabe, estou em uma missão secreta confidencial agora.

— O que é uma missão secreta confidencial?

— Uma missão secreta confidencial é uma missão que é confidencial e secreta, então você não pode deixar ninguém saber disso.

— Nossa, legal. Eu também quero fazer isso!

— Não, só eu posso fazer esta missão em particular. Mas se contar a Alpha sobre John Smith, eu falharei. Mas cê sabe por quê, né?

— Nem ideia!

— Porque não será mais um segredo, entendeu? Então você não pode contar a ninguém sobre nada disso.

— Mas a Alpha me deu uma missão… — As orelhas de Delta caíram quando ela olhou para mim.

— Está tudo bem, eu tenho uma nova missão para você. Se lembra das regras do Jardim das Sombras, certo?

— Nem ideia!

— As missões que dou a você têm prioridade sobre todo o resto. Mesmo aquelas que a Alpha dá a você.

— Alpha não vai ficar brava?

— Nem.

Alpha definitivamente vai ficar brava, tenho certeza.

Afinal, a Delta está em uma missão oficial relacionada a Mitsugoshi agora. Usar as regras idiotas do Jardim das Sombras de quando éramos crianças para ignorá-la era um jogo totalmente sujo.

Desculpe, Delta. Quando tudo isso acabar, vou ajudá-la a se desculpar com a Alpha.

— Isto é para o bem maior…

— O bem maior…?

— Sim, o bem maior.

— O bem maior!

— Isso mesmo. Sinto muito, Delta. Quando terminar sua missão, vou te dar algum tipo de recompensa.

— Você vai fazer o que eu quiser?! — Os olhos dela brilharam, e sua cauda começou a balançar excessivamente.

— Não vou. Mas eu prometo que vou tentar, desde que seja algo dentro de minhas habilidades, e desde que não dê muito trabalho e não custe dinheiro.

— Você vai fazer tudo o que eu disser?!

— Se estiver dentro dessas condições, claro.

— Urra! Vou fazer isso!

— Agora, qual deveria ser a sua missão? Oh, e lá vamos nós. Se você seguir direto nesse caminho, vai chegar à Cidade Sem Lei e, quando o fizer, haverá uma torre negra lá. Naquela torre, há um cara chamado Juggernaut. Então, ele é um bandido velho e mau, então preciso que você o cace.

— Cidade Sem Lei. Torre Negra. Juggernaut. E eu posso caçá-lo?

— Sim, isso mesmo.

— Entendido! E quando eu o caçar, você fará tudo o que eu disser!

— Se estiver dentro dessas condições, sim. Ah, e não estamos com pressa aqui, então certifique-se de levar o tempo que for preciso para chegar lá.

— Cidade Sem Lei! Jumento Negro! Caçando!

Com isso, Delta saiu correndo.

Acho que ela não entendeu direito, mas tenho certeza de que vai ficar tudo bem.

No final, tirei a Delta da capital, então vamos contabilizar isso como uma vitória. Sua atuação era uma merda, então mesmo se eu tentasse fazer com que ela mantivesse isso em segredo, eu seria exposto sem demora.

Dessa forma, as outras vão demorar um pouco para rastreá-la e pressioná-la para extrair informações. Isso vai funcionar perfeitamente para mim.

Afinal, decidi que só podiam saber de toda a verdade quando a poeira baixasse.

 

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— Delta estava rastreando John Smith, mas perdemos contato.

— …?!

Quando Alpha ouviu o relatório de Gamma, largou a caneta e olhou direto para ela.

— Também encontramos isso na cena do crime…

Gamma mostrou a ela alguns pedaços de pelo da cauda de Delta. A tristeza brotou no coração de Alpha ao ver que eles foram arrancados com força.

Os olhos de Gamma pareciam frios e severos. No entanto, uma fúria incontrolável espreitava logo abaixo de sua superfície.

— Entendo… Então Delta está…?

Ao perceber o quão frágil sua própria voz soava, Alpha levou um momento para se recompor.

Ela estava preparada para isso.

Alguém sempre iria cair, no fim. E hoje foi o dia.

— Não consigo imaginá-la abandonando uma missão que você atribuiu a ela. Aquela idiota… Ela pode não ter muita noção na cabeça, pode ser um amontoado de músculos sem cérebro, mas sempre te ouviu, Alpha… — A voz de Gamma tremia.

— Está tudo bem. Eu sei. — Alpha tentou confortá-la.

As missões do Jardim das Sombras eram repletas de perigos, mas por causa das proezas de combate de Delta, ela sempre era solicitada para lidar com as mais perigosas. O fato de não voltar provavelmente significava que estava morta…

— Continue a busca. Temos que encontrá-la, mesmo que seja apenas um cadáver…

— Entendido.

Alpha então pegou a mecha do pelo de Delta. Depois de envolvê-lo delicadamente em um pano, colocou-o dentro do decote.

Número 666 tentou lhe dizer como John Smith era perigoso. Ela não deveria ter enviado Delta sozinha.

Uma voz profunda brotou de sua garganta.

— John Smith…

— Além disso, a quantidade de falsificações em circulação continua aumentando. Nesse ritmo, estamos fadados a uma crise de crédito…

— Esse era o seu plano desde o início — respondeu Alpha.

— Hã?

— John Smith não é um vigarista insignificante tentando usar falsificações para ganhar dinheiro rápido. Causar a crise de crédito foi seu objetivo o tempo todo… Se olharmos dessa forma, todas as peças se encaixam.

— O quê…?!

— A crise de crédito é um veneno que destruirá a Mitsugoshi e a GAC. Enquanto lutamos, ele está plantando suas sementes nas sombras… E agora, vai levar tudo.

— Não pode ser… Você está dizendo que ele previu tudo isso desde o começo?

— Ele compreendeu quais eram os ingredientes para uma crise de crédito, percebeu as falhas nas cédulas da GAC e usou esses dois grãos minúsculos de informação para formar um plano perfeito.

— Como isso é possível…?

— É possível para John Smith.

O som de Alpha rangendo os dentes ecoou.

 

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Enquanto o mensageiro do Culto saía, Gettan bateu o punho contra a mesa.

— Qual é o significado disso?! Nossas falsificações ainda não foram distribuídas?!

Ele checou com seus chefes mais cedo sobre a situação da falsificação.

No entanto, disseram a ele que não tinham nada a ver com as falsificações que estavam circulando no momento.

Em outras palavras, isso significava que algum terceiro estava produzindo em massa as cédulas falsas.

Nesse ritmo, a GAC iria começar a falir antes do previsto e o Culto sofreria enormes perdas.

— Isto é impensável! Quem ousaria?!

Mais e mais falsificações estavam chegando todos os dias, mas eles ainda não tinham ideia de onde vinham.

Era claramente obra de crime organizado.

Quem quer que estivesse fazendo isso devia ter uma mente ardilosa, uma conta considerável, mão de obra capaz e conhecimento íntimo dos mecanismos por trás da criação de crédito…

— Espere… é tão simples…

O próprio Gettan não estava atualmente travando uma batalha com uma organização que preenchia todas essas condições?

— É a Mitsugoshi!!

No caso de um colapso do crédito, a Mitsugoshi e a GAC irão à falência do mesmo jeito. No entanto, havia uma maneira de se recuperar: preparando fundos suficientes para resistir à corrida aos bancos.

Mitsugoshi devia ter percebido mais cedo do que ninguém o quão ruins eram as cédulas da GAC.

Ao fabricar falsificações e liquidá-las no mercado, eles devem ter sido capazes de levantar capital substancial.

Eles tinham previsto o plano de Gettan.

Previram tudo, e agora estavam usando contra ele.

— Droga… Malditoooooos sejam!! — rugiu Gettan.

A esse ritmo, ele iria literalmente perder a cabeça.

A GAC cairá, o Culto sofrerá perdas catastróficas e a Mitsugoshi ganhará o monopólio completo do mercado.

Gettan teria sorte se tudo que o Culto fizesse fosse apenas matá-lo.

— Não é tarde demais, eu ainda posso conseguir…! Se pudesse recuperar esses fundos…!

De acordo com Garter, havia um homem chamado John Smith protegendo a cadeia de distribuição de falsificações.

Se Gettan o rastreasse, ele ainda poderia dar um jeito…

 

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A lua cheia pairava brilhando sobre o ar fresco da noite de inverno.

Beta estava com seu mestre, entregando seu relatório regular.

Ela terminou de contar a ele sobre as atividades do Jardim das Sombras como sempre, então passou para as notícias da Mitsugoshi.

Normalmente, seu relatório continha apenas informações sobre o Jardim das Sombras. Afinal, o trabalho da Mitsugoshi era apenas periférico para a organização como um todo. Geralmente não havia necessidade de ela perder seu tempo com trivialidades.

No momento, porém, a Mitsugoshi estava passando por um grande aperto.

Seu mestre parecia ter percebido esse fato também.

Ele normalmente apenas balançava cabeça e dizia “aham” durante os relatórios dela, mas, agora, o ar sobre ele mudou.

Ele endireitou sua postura, pegou um bloco de anotações do bolso e começou a escrever enquanto ouvia o relatório de Beta.

Então…

— Entendo. E?

— …?!

Na verdade, ele disse algo diferente de “aham” durante seu relatório regular. Beta engasgou com suas palavras por um momento.

— P-Perdoe-me… Como eu estava dizendo, a quantidade de falsificações tem-

Quando o olhar de seu mestre se aguçou, ela sentiu uma pontinha de alegria.

Ele estava levando isso a sério.

Seu mestre era um homem ocupado e raramente se envolvia nos negócios de Beta e das outras. Ele certamente tinha tarefas muito maiores às quais estava dedicando seu tempo e força.

Se estava ficando sério agora, significava que a situação devia ser importante o suficiente para que isso acontecesse.

O incidente com Delta lançou uma pesada mortalha sobre todo o Jardim das Sombras.

No entanto, se seu mestre fosse ficar sério… Beta tinha certeza de que eles seriam capazes de superar qualquer coisa que estivesse em seu caminho.

O calor inundou seu coração.

— A quantidade de dinheiro em circulação aumentou, então o valor das mercadorias também começou a subir. No momento, a taxa de inflação está em…

— Não entendi muito bem…

— …?!

Seu mestre havia acabado de dizer que não entendera muito bem.

Com certeza não queria dizer aquilo de modo literal. Afinal, seu mestre entendia tudo. Isso significava que devia estar sugerindo outra coisa — em outras palavras, devia haver algum erro em seu relatório. Estava perguntando como era possível que ela tenha cometido um erro tão estúpido.

Talvez ela tenha entendido errado a taxa de inflação, ou talvez houvesse alguma falha em sua lógica subjacente, mas o fato era que ele percebeu o fracasso dela em um instante.

— V-Vou voltar à minha análise imediatamente.

Ela estragou tudo, e justo quando seu mestre começou a levar o problema a sério também. O rosto de Beta ficou vermelho de vergonha e irritação.

— Eu não entendo, mas tudo bem. Pode muito bem escrever de qualquer maneira.

— M-Minhas mais sinceras desculpas.

Seu relatório terminou.

No entanto, havia outra coisa que precisava dizer a ele também.

Enquanto observava seu mestre começar a guardar seu bloco de notas, falou solenemente:

— Há uma outra coisa que eu preciso informá-lo hoje.

— Estou ouvindo…

Ao ver o olhar quieto, quase sonolento, Beta percebeu algo.

Ele já descobriu o que ela estava prestes a dizer. Agora que pensou sobre isso, era óbvio. Na verdade, seria mais estranho se ele não soubesse.

Mesmo assim, ainda precisava dizer.

Precisava contar que uma de suas queridas companheiras morreu…

Era o seu dever como uma das pessoas que deixou isso acontecer.

— Delta estava perseguindo John Smith quando perdemos contato com ela. Dada a situação, não temos escolha a não ser presumir que ela…

A voz de Beta tremia. Delta era uma querida companheira de equipe. Era difícil de lidar, claro, mas algo nela sempre deixava o coração de Beta à vontade, como uma adorável irmãzinha.

— … morta… — Conseguiu dizer.

Ao ouvir a notícia, seu mestre inclinou a cabeça e pensou por um momento.

— Não, não. Ela apenas… partiu em uma longa jornada, só isso. — disse ele, no fim.

Ao ouvir o gentil eufemismo, Beta não conseguiu conter as lágrimas.

— Você está… você está certo. Agora entendo. Ela acabou de partir para uma longa jornada…

Lágrimas escorriam por suas bochechas. Ela era grata pela bondade estranha de seu mestre.

— Consideramos John Smith um inimigo formidável. Se for possível, Mestre Shadow, gostaríamos de pedir sua ajuda para lidar com ele…

— Desculpe, mas tenho meus próprios negócios a tratar.

— Não, é claro. Perdoe-me por minha impertinência.

Seu mestre já estava seguindo um curso diferente.

Não importava o que fosse, deve ser absolutamente essencial para a Mitsugoshi e para o Jardim das Sombras como um todo.

— Isso é tudo que tenho hoje… Ah, antes de eu ir.

O relatório dela foi concluído, então havia outro trabalho que precisava fazer, mas havia algo que queria confirmar primeiro.

— E, hum, perdoe-me por perguntar, Mestre Shadow, mas aquele bloco de notas…

— Este?

— Sim, sobre esse bloco de notas. Na verdade, temos uma regra sobre a destruição imediata ou criptografia de documentos confidenciais, então…

Ela tinha certeza de que ele sabia disso tudo. Só queria deixar tudo ainda mais claro.

Seu mestre congelou por uma fração de segundo, então entregou a ela.

— Dê uma olhada.

— E-espere, isso é…!

Ao ver a criptografia escrita nele, os olhos de Beta se arregalaram.

— Codifiquei-o em uma cifra que criei nos cinco idiomas diferentes: escrita japonesa hiragana, escrita katakana, kanjis, algarismos arábicos e japonês romanizado.

— V-Você pensou nisso sozinho?!

— Sim.

As letras rabiscadas na página não eram escritas apenas aleatoriamente. Eram simples, mas complexas; regulares, mas caóticas.

Tentar decifrar as cinco línguas mescladas seria uma tarefa difícil.

Beta olhava com reverência para seu mestre, o homem que idealizou todo aquele método de criptografia sozinho.

— Hum, se não for pedir muito, você se importaria de me ensinar este código algum dia…?

— Hmm… É um pouco cedo para isso.

— Eu… Entendo… — Beta baixou os ombros, cabisbaixa.

— Agora que você mencionou, no entanto…

Com isso, seu mestre rapidamente escreveu algo no bloco, em seguida, arrancou a página e a entregou para Beta.

— O que é isso…?

— Quando você conseguir entender o significado, vou explicar para você… Tudo será explicado.

Havia uma pequena passagem escrita na folha nas cinco línguas.

— Muito obrigada!

Beta cuidadosamente deslizou o pedaço de papel entre os seios e fez uma nota mental para ir ao laboratório no mesmo instante para analisá-lo.

 

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A GAC mobilizou um grande número de homens e os enviou à procura de John Smith.

No entanto, eles não foram capazes de encontrar nem um traço. Além disso, devido ao tamanho do grupo de busca, eles tinham atraído muita atenção indesejada.

A existência de falsificações não foi divulgada, mas qualquer pessoa com uma intuição aguçada estava começando a perceber que algo estava acontecendo.

— Não há muito tempo.

A crise estava chegando.

— Pare aí mesmo! Estamos fazendo uma busca nesta carruagem.

No meio da noite, um grupo de homens impediu uma carruagem de sair da capital.

Eles pertenciam ao exército particular da Corporação Garter e tinham perseguido todas as carruagens que pareciam suspeitas, mesmo que ligeiramente.

Porém, não tinham permissão para fazer isso, e suas ações não tinham base legal por trás delas. No entanto, a maioria dos comerciantes não ousaria passar pela GAC, então não restava outra escolha a não ser cumprir a investigação.

Como as outras, a carruagem obedeceu e parou.

Os homens de Garter estenderam a mão e agarraram violentamente as cortinas do veículo.

— Eu não faria isso se fosse você.

— O quê?

Ouvindo uma voz profunda de algum lugar, os soldados pararam e olharam ao redor.

— Você vai se arrepender.

— Hah, que se foda.

Zombando do aviso, um dos soldados abriu a cortina.

Ele viu uma montanha de moedas de ouro dentro — e sua cabeça saiu voando no mesmo instante.

— O qu…?

— Eu disse que se arrependeria.

Com um jato de sangue, o soldado decapitado caiu no chão. Um homem mascarado vestindo um terno preto apareceu atrás dele.

— Q-Quem diabos é você…?

O resto dos soldados o cercaram e desembainharam suas espadas.

— Meu nome é John Smith. Eu sou o homem que destrói tudo e começa do zero…

— É… É John Smith! Não se mova e largue sua arma…

Vários fios finos brilharam ao luar.

No entanto, ninguém os percebeu.

Suas cabeças voaram ao mesmo tempo.

Sem saber de nada e sem perceber nada, suas vidas acabaram na mesma hora.

Enquanto o sangue deles chovia nas redondezas, a carruagem carregada de moedas de ouro começou a se mover novamente.

Ela acelerava gradualmente e desaparecia na distância, deixando apenas John Smith e os cadáveres para trás.

Ele moveu os dedos como se estivesse tocando piano, e os inúmeros fios que saíram deles se contorceram.

Ele gritou para o nada:

— Eu sei que você está aí.

Seus fios de aço cortaram a escuridão.

Algo se moveu.

No momento seguinte, uma mulher vestida com um traje preto emergiu da escuridão aparentemente vazia. Uma máscara cobria seu rosto, mas seus olhos azuis eram visíveis por baixo.

Ela era Alpha, a assassina mais poderosa do Jardim das Sombras… e estava ali por vingança.

— Olá, John Smith.

Sua voz tinha o belo tom de um sino tocando. Seu cabelo loiro platinado brilhava ao luar enquanto ela se curvava.

E… adeus.

Sem pausa, sua espada negra perfurou na direção dele…, mas mesmo que o corte tenha o atravessado, não houve resposta tátil.

— Aquilo foi uma imagem residual.

Ouvindo sua voz atrás dela, Alpha se virou.

John Smith estava lá, ileso.

Ela olhou de maneira fria na direção dele e preparou sua espada novamente.

Estava lutando contra um inimigo poderoso o suficiente para derrubar Delta. Ela veio sabendo que ele seria forte. No entanto, a habilidade que mostrou naquela última troca excedeu em muito as suas expectativas.

— Movendo-se em alta velocidade comprimindo energia mágica… Isso requer um controle incrivelmente preciso e circuitos mágicos capazes de suportar uma carga enorme. Como você aprendeu a se mover assim?

John Smith não ofereceu nenhuma resposta. Seus dedos se contraíram e incontáveis linhas brancas zuniram na escuridão.

Fios de aço.

Estava de acordo com o relatório da Número 664. Alpha analisava calmamente seus movimentos e procurava os reais que se escondiam entre eles.

Twing- um pequeno ruído ecoou quando os fios finos foram cortados em dois no ar.

— Você esconde seus fios verdadeiros e mais finos entre as distrações… Já conheço seus truques.

— Oh…?

Alpha moveu-se.

Depois de diminuir a distância em um instante, atacou John Smith com sua lâmina negra. O ataque mirava sua garganta, e o timing do ataque deveria ser o suficiente para que fizessem com que a defesa fosse impossível.

Com uma mísera inclinação de cabeça, no entanto, John Smith conseguiu fazer exatamente aquilo.

— …!

Os movimentos de Alpha… pararam.

Seus olhos se arregalaram, e os fios de John Smith caíram sobre ela.

— Não… pode ser…

Ela observou os fios, cortou-os com sua espada e disparou para um contra-ataque no meio dos ataques.

Foi rápido e preciso — o ataque perfeito.

Desta vez, ninguém poderia evitá-lo.

Ainda assim…

— Mas… por quê?

A esquiva de John Smith foi tão perfeita quanto a anterior.

A mira da espada era precisa até o último momento possível. Ela praticamente deslizou pela pele dele. Essa técnica, em que ele usa os menores movimentos possíveis para se esquivar…

Alpha abriu um grande espaço entre eles, efetivamente abandonando o combate por completo.

— O que faz aqui…?

Ela tirou a máscara, deixando o seu lindo rosto à mostra.

— Por que você está…?

Seus olhos brilhavam com certeza.

— Shadow…

John Smith encontrou o olhar dela por um momento, então também tirou a máscara.

— Abandonei esse nome…

Seu rosto era um que ela conhecia muito bem.

— O que você quer dizer com “abandonou”?

— Isso mesmo que ouviu. Sou John Smith agora. Nada mais, nada menos.

— Mas por que você é John Smith…? — A voz de Alpha soava quase desesperada.

— Porque era a melhor opção…

— A melhor opção para quê…? Isso não é suficiente para entender o que está acontecendo.

— Você saberá quando tudo isso acabar.

— E quanto a Delta? O que você fez com ela…?

— A Delta está em uma longa jornada…

— Isso não diz nada…!

O grito angustiado de Alpha ecoou pela noite enquanto a força de sua magia transbordante agitava o ar.

— Eu sou burra, então não entendo todas as coisas que você faz. Sou fraca, então não posso fazer todas as coisas que você pode. Mas ainda assim… Quero entender, para poder apoiá-lo. Você me salvou, salvou todas nós, por isso quero fazer o que puder para ajudar.

A voz de Alpha ficou baixa.

— Mas você está sempre avançando por conta própria, deixando-nos apenas olhando para suas costas…

Ela apertou sua espada com força enquanto olhava para baixo.

— Você não precisa mais de nós…?

Lágrimas começaram a gotejar de seus olhos cor de safira.

— Estou fazendo o que precisa ser feito — respondeu John Smith.

— …

A magia furiosa girou e reuniu-se sobre Alpha.

— Eu… eu não serei apenas um fardo para sempre.

E com isso… ela desapareceu.

A surpresa apareceu no rosto de John Smith pela primeira vez.

Sua magia furiosa, sua espada negra, seu corpo… todas as provas de que ela já esteve lá desapareceram completamente.

Tudo o que restara foi uma névoa vermelha.

Em seguida, Alpha apareceu da névoa e tentou atacar John Smith por trás.

Sua lâmina era vermelha escura.

John Smith se virou e tentou se esquivar com o menor movimento possível.

Assim como sempre.

— …?!

Um corte fino surgiu na bochecha dele.

Sem qualquer aviso, a lâmina carmesim escura se estendeu.

Alpha desapareceu, e a névoa vermelha cobriu seus arredores mais uma vez.

Outro corte veio da névoa.

Rasgou o terno de John Smith, respingando levemente sua camisa com sangue.

Quando ele estava pronto para contra-atacar com seus fios, o corpo de Alpha tinha se transformado em névoa.

Um instante depois, ela o atacou novamente por trás.

A velocidade com que emergia da névoa e a velocidade com que voltava eram incríveis.

Seus ataques unilaterais pareciam desafiar o conceito de espaço e sua defesa injusta contornava as leis da física.

Ela desapareceu, então apareceu.

Aparecia e desaparecia.

Os cortes atingiam John Smith sem pausa, e seu terno estava em tiras. Manipulando seus fios e contando com o movimento tridimensional, foi capaz de evitar qualquer ferimento letal.

No entanto, o fato de usar fios para manter sua distância era um equilíbrio perfeito contra a habilidade de Alpha de destruir o conceito de espaço.

— Ngh!

Seu terno sofreu outro rasgo.

Parecia que a névoa vermelha funcionava como um órgão sensorial, já que Alpha era capaz de sentir completamente os movimentos dos fios.

Parecia que John Smith não tinha mais truques na manga.

A voz de Alpha veio de algum lugar da névoa:

— Não sou mais apenas um fardo. Sou forte o suficiente para te apoiar, para te entender… Por favor, estou te implorando!

— Forma de Névoa, hein…? É uma técnica interessante, mas ainda está longe.

Quando as palavras saíram de sua boca, sua espada negra se materializou em sua mão.

Quantidades devastadoras de magia se juntaram ao seu redor.

— Se eu explodir tudo, você ficará indefesa.

Ele balançou sua espada em um amplo arco.

A magia liberada e a força do vento se combinaram em um enorme tornado.

— Não pode ser.

A névoa sumiu e Alpha reapareceu.

— Boa escolha. Se tivesse ficado como névoa, poderia ter terminado mal para você.

Alpha olhou para cima e viu que toda a névoa acima deles foi completamente dissipada.

Também viu um golpe impiedoso caindo sobre ela.

— Você ficou forte.

A lâmina negra se chocou contra ela.

— Ah…

A força do golpe fez com que começasse a perder a consciência.

— Não se preocupe, bati com o lado liso da espada.

Seus passos começaram a ficar distantes.

— Quando tudo isso acabar, você vai perceber que foi o melhor…

Apesar de sua consciência desvanecendo rapidamente, ela tentou com todas as forças estender a mão.

— Por favor… Espere…

No entanto, ele não parou.

Aos poucos, lenta e seguramente, ele estava ficando distante.

— Eu te imploro… Não me abandone…

A voz dela não o alcançou.

 


 

Tradução: Taiyō

 

Revisão: Kenichi

 


 

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