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A Eminência nas Sombras – Vol. 03 – Cap. 01 – Caça aos Bandidos da Cidade Sem Lei!

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Eram as férias de outono.

Claire e eu fomos para a Cidade Sem Lei.

— Então é isso, hein? Isso meio que fede.

— Não me culpe. Afinal, é uma favela. — Ela olhava ameaçadoramente para as pessoas desabrigadas ao nosso redor enquanto falava.

Ao longe, eu podia ver três torres altas. Seria engraçado se alguém as derrubasse como se fossem pinos de boliche.

— Então, só temos que ir para a torre, certo?

— Você quer que ataquemos agora mesmo a fortaleza do inimigo? — perguntou ela. — Pela madrugada. A Associação dos Cavaleiros Negros tem uma base montada, então vamos lá primeiro para conhecer o terreno.

— Ah.

Segui Claire pela favela. Depois de um tempo, chegamos a uma área repleta de tendas de rua.

Estava agitada, e os mercadores vendiam todos os tipos de comidas estranhas, medicamentos duvidosos, mercadorias roubadas e animais de estimação esquisitos.

— Ei você aí, moça bonita! Venha dar uma olhada! Acabei de receber alguns animais de estimação bem animados!

— Quem, eu?

— Mas é claro! Você é a jovem mais bonita que já andou neste planeta, não é?

— Heh, alguém tem um olho bom. Acho que não faria mal dar uma olhadinha.

— Mana, ele está apenas tentando te bajular.

— Cale a boca.

Claire me arrastou até a tenda.

— Então, este pequenino e adorável acabou de chegar! — O dono da loja puxou um jovem loiro de coleira. — Se você precisa de um cavaleiro negro como escravo, o jovem Goldoh aqui é o que você procura! O que acha? Um bonitão como ele ficaria muito bem com uma linda jovem como você!

O rosto de Goldoh estava coberto de cortes e hematomas como se ele tivesse estado em uma briga de bar, e ele gemia: “Mmph, mmph!” como se estivesse tentando nos dizer algo.

— Ele parece um pouco ruim devido ao desgaste. — comentou Claire.

— Huh. Sinto que já vi esse cara antes.

— Ha ha! Talvez ele tenha se machucado um pouco no transporte, hein? Tudo bem então, que tal eu baixar de trinta milhões de zeni para vinte e sete milhões?

— Isso é muito caro.

— Oh, não, senhorita. Um escravo cavaleiro negro deste calibre custaria o dobro disso em qualquer outro lugar. Você não conseguirá preços como este em lugar algum, exceto na Cidade Sem Lei!

— Bem, não estou tão interessada assim.

— Ei, ei, ei, parece que alguém sabe pechinchar! Pois bem, só por hoje, que tal eu colocar outro garanhão dos bons em jogo?!

— Você os chama de garanhões?!

— Deleite seus olhos com este belo cavaleiro negro! Este aqui é o Quinton!

O homem que o lojista arrastou tinha o rosto de um lutador de luta livre profissional e um grande corte na barriga. Pelo menos parecia que a ferida foi tratada.

Quinton gemia também: “Rngh, rngh!” Eu me perguntava o que ele estaria tentando nos dizer.

Tipo, ele também parecia meio familiar…

— Goldoh e Quinton, quarenta mil pelo par!! Você não verá negócios como este em nenhum outro lugar!!

— E aquele corte no estômago?

— Oh não, ele foi ferido durante o transporte, também?! Então, ei, trinta e sete milhões pelo par! Não posso baixar mais que isso!

— Como eu disse, não estou interessada.

— O quê?! Não diga isso, senhorita!!

— Já tenho a única pessoa que preciso bem aqui, afinal. — Claire remexeu no meu cabelo com força.

— Ah, então o garoto é seu…

— Por favor, não tenha ideia errada — implorei.

— Vamos, estamos indo. — Claire me agarrou pela nuca e me arrastou.

Enquanto o fazia, outra pessoa chamou o lojista.

— Ei, lojista. Se está falando sério sobre vender aqueles dois por 37 milhões, é negócio fechado.

— Oh, eu sempre falo sério! Foi um prazer fazer negócios! Hum? Espere, você é…

“Mmph, mmph!”

“Rngh, rngh!”

Acho que os dois foram vendidos, afinal.

Eu estava meio preocupado porque parecia que já tinha visto seus rostos em algum lugar antes, mas tudo fica bem quando acaba bem.

Espere um minuto…

Se eles acabaram de ser vendidos, isso significa que a tenda tem pelo menos 37 milhões de zenis em mãos. Tudo o que tenho que fazer é atacá-lo e…

Não, não. Não posso me deixar distrair por um trocado qualquer.

É melhor pensar grande.

— Vamos, ande mais rápido.

— Eu posso andar muito bem sem você me arrastar, sabia?

— Se eu não te arrastar, tenho certeza que você encontrará uma maneira de se perder.

— O quê? Não, não vou.

Enquanto caminhávamos, olhei para os três arranha-céus.

Um vermelho, um preto e um branco.

Uni-duni-tê…

 

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Quando chegamos à base da Associação dos Cavaleiros Negros, minha irmã foi imediatamente chamada para uma reunião. Aparentemente, eles estavam reunindo todos os cavaleiros negros mais notáveis para uma espécie de conversa.

Eu não recebi um convite.

Claire fez o possível para me colocar lá dentro, mas seus esforços foram em vão.

— Espere aqui como um bom menino e não se mova um centímetro — ordenou ela, então juntou-se à assembleia.

Quando o fez, decidi sair para dar uma voltinha. Como um bom menino.

Ao sair, percebi que o sol já se pôs. O céu ainda estava claro com a cor do crepúsculo, mas a lua avermelhada começou a fazer sua ascensão celestial para o leste.

A cada dia que passava, a lua parecia ficar ainda mais vermelha, e tenho quase certeza de que não estou apenas imaginando coisas. Eu acho que a lua neste mundo é realmente diferente daquela lá na Terra…

As pessoas da Cidade Sem Lei não davam atenção à lua enquanto trabalhavam em seus negócios. Estavam concentradas nas coisas que precisavam fazer durante o dia — para alguns, aquele era o próximo cliente e, para outros, o próximo alvo.

Para honrar esse espírito, marquei a ocasião ao cruzar caminho com dez ladrõezinhos diferentes.

Deixei minha carteira em um bolso bem visível, por isso ela sempre era roubada, mas sempre que alguém a pegava, eu devolvia o favor.

Em outras palavras, pegava a minha carteira de volta e a deles junto.

Sobrevivência do mais apto, meu bom.

Lembre-se que vingança é um prato frio, mas servido com estilo.

Só hoje, o conteúdo da minha carteira aumentou de quarenta mil zeni para cento e dez mil. Que mundo estranho em que vivemos.

Talvez minha verdadeira vocação seja me tornar o Residente A na Cidade Sem Lei.

Para mim, qualquer cidade onde se pode ganhar dinheiro apenas dando um passeio é basicamente um paraíso.

Enquanto caminhava, com vontade de começar a cantarolar, ouvi um grito.

— Um ghoul! É um ghoul!!

Huh. E bem perto de onde estou, pelo que parece.

Os residentes da Cidade Sem Lei agiram rápido. As pessoas que não podiam lutar saíram correndo da área.

No entanto, várias tendas continuaram fazendo negócios como se nem tivessem ouvido o grito. Outro grupo de pessoas até seguiu na direção de onde veio o grito, com sorrisos nos rostos.

— Ghouls, hein? Tem aparecido muitos desses ultimamente.

— Perfeito. Eu preciso aliviar um pouco o estresse.

Um cara estalava dedos, e o outro sacava uma faca.

— Sim, também acho. Gosto de dar uma de curioso sempre que algo está rolando.

Segui-os escondido.

Quando chegamos lá, os ghouls já tinham sido capturados.

Parecia que alguém havia quebrado suas pernas. Ele rolava no chão.

Alguém o chutou.

— Toma essa! Isso é o que merece por morder meu braço!

Alguém pisou nele.

— Porra! Perdi muito na minha aposta!! É tudo culpa sua!!

Alguém quebrou seus ossos.

— Eu dei a Marie um milhão de zeni, mas ela me largou mesmo assim!! E você é o culpado!!

Uma poça de sangue se espalhava pelo chão.

Ah, entendi. Ghouls são difíceis de matar, por isso são sacos de pancadas satisfatórios.

O ghoul gemia, sem conseguir fazer nada. Essa é a famosa Cidade Sem Lei.

Coisas como essa provavelmente acontecem o tempo todo por aqui.

Uma cidade encharcada de sangue e carnificina — gosto de como soa.

— Heh heh heh.

Inclinei-me contra a parede com os braços cruzados enquanto dava uma risada baixa. Estar na Cidade Sem Lei estava me deixando com vontade de entrar na rotina de “jovem misterioso”.

No fim, o ghoul caiu sem vida para o lado, e a multidão ficou entediada.

Acho que o show acabou.

Além disso, ficou muito escuro.

Porém, no momento em que comecei a pensar em voltar, senti o ghoul recuperar sua força.

— Ahh!! Nã-Não!

O grito e o jorro de sangue tomaram conta do ar.

O ghoul reanimado enfiou os dentes no pescoço de um homem e arrancou sua traqueia.

— O-O que está acontecendo?! Eles não deveriam fazer isso!!

Outra vítima caiu.

No entanto, apesar de sua agitação, os outros homens desembainharam suas espadas.

O ghoul ressuscitado estava… vermelho.

Sua pele e olhos eram vermelhos como sangue, e ele mostrava suas presas e garras pontiagudas enquanto rugia:

— GROOOOOAH!!

Então, deu um salto bestial.

Suas garras se cravaram no pescoço de um homem, cortando-o por inteiro.

— C-Corram!!

Isso foi o suficiente para fazer até mesmo as pessoas da Cidade Sem Lei começarem a se mexer.

O ghoul afundou os dentes em um dos cadáveres e começou a mastigar. Eu sorri, encostei na parede e ri.

— Heh heh heh…

E agora?

Devo fugir como todos os outros personagens de fundo? Ou devo continuar fazendo o papel do jovem misterioso?

Provavelmente nunca mais encontrarei nenhuma dessas pessoas, então tenho a opção de não seguir um estilo de vida NPC desta vez.

— Heh heh heh…

Hmm.

Enquanto ponderava minhas escolhas, senti uma presença acima.

Assim que olhei para cima, um guerreiro esguio saltou sobre o ghoul vermelho. Ao pousar, o guerreiro moveu sua espada para baixo e o dividiu ao meio, começando pela cabeça.

Um golpe limpo.

Tendo matado o ghoul vermelho com um único golpe, o guerreiro balançou sua espada para limpar o sangue.

Nossos olhos se encontraram.

Ela era uma ruiva magra e atraente, toda vestida de preto e com um chapéu de aba larga. Nos encaramos por um tempo.

— Você deveria ir embora… — Sua voz era surpreendentemente fofa. — O alvoroço está começando…

Com um olhar atormentado em seu rosto, ela olhou para a lua vermelha pairando no céu.

— A lua está vermelha… Não há tempo…

Ela estava tentando dizer sua frase de efeito e partir, mas a impedi.

— Quem é você?

— Eu sou Mary, a Antiga Caçadora de Vampiros… E eu estou aqui para caçar Elisabeth, a Rainha de Sangue…

E com isso, desapareceu na noite.

O… o que é essa sensação?

É como se o meu peito estivesse latejando.

— Heh heh heh…

Um sorriso se abriu em meu rosto enquanto eu olhava para a lua vermelha.

Parece que vai demorar um pouco mais antes de eu voltar para a base… Espero que a Claire não fique muito brava.

 

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Quando a noite caía na Cidade Sem Lei, a área mais movimentada era, sem dúvidas, o distrito dos bordéis.

Mulheres seminuas andavam de um lado para o outro nas ruas, tentando atrair os transeuntes.

De repente, um grito ecoou:

— Ghoul!! É um ghoul!!

No entanto, problemas pequenos fazem parte da vida. O segurança do bordel foi para fora e lidou rápido com a criatura.

Se fosse em qualquer outro dia, isso já teria sido resolvido.

— Ah! Ahhhhhhhhhhhh!!

Uma das garotas gritou quando o segurança foi transformado em pedaços impiedosamente.

Aquele ghoul estava mais vermelho do que o normal. Ele rasgou o segurança com facilidade e, logo depois, seguiu seu caminho em direção à garota em estado de choque.

— Marie!! — Uma de suas amigas a chamou, mas era tarde demais.

No entanto, o ghoul vermelho foi divido ao meio de repente.

— Hã…?

Partido em dois, tombou, revelando um espadachim de manto preto atrás dele.

Ele balançou a lâmina negra para limpar o sangue, então olhou para Marie.

Seus olhos brilhavam com uma cor vermelha de dentro do capuz.

— Eek!

Assustada por aqueles olhos inescrutáveis, Marie encolheu-se.

— Se você quer viver, fuja… — A voz do homem de preto ecoava como se viesse das entranhas da terra.

— … o alvoroço está começando.

Enquanto murmurava, olhava para a lua escarlate. Parecia que havia uma profunda tristeza escondida dentro dele.

— A Lua Vermelha… Não há muito tempo.

Por alguma razão, a lua ficou vermelha.

Marie achou estranho, mas nenhuma de suas amigas prostitutas prestou muita atenção àquilo.

O fato de a lua estar vermelha não muda nada, todas pensavam.

— E-Espera… Quem é você? — Marie gritou para impedir que o homem de preto fosse embora.

Ele parecia estar ocupado, mas ainda salvou a sua vida. Ela precisava pelo menos agradecê-lo…

— Meu nome é Shadow. Eu me espreito na escuridão e caço as sombras…

E com isso, Shadow desapareceu na noite.

— Espere… eu preciso te agradecer… — Marie olhou em volta, procurando pelo homem que sumiu de repente.

— Marie!! Você está bem?! — Sua colega de trabalho a abraçou com força.

— S-sim. Estou bem…

— Ainda bem… Esse tipo de coisa tem acontecido o tempo todo ultimamente. Não sei se é a Rainha de Sangue ou o quê, mas…

— Sh-shh! Você não pode dizer coisas assim…

— Hmph. Quem vai me impedir? Mais importante, era o Shadow agora há pouco?

— Você o conhece?!

— Sim, mas apenas pelos rumores. Dizem que ele atacou uma escola, explodiu o Santuário e comanda uma gangue de arruaceiros.

Ele era um pouco assustador, mas Marie não achava que parecia uma pessoa má.

— Shadow não pode ser tão ruim…

— Do que você está falando? Ele é um vilão tão grande quanto nossos três governantes. Mas o que um figurão como ele está fazendo na Cidade Sem Lei…?

— Ele disse algo sobre o início de um alvoroço. Que a lua estava vermelha e que não havia tempo…

Ele devia saber algo.

Deve ter notado a lua vermelha que ninguém mais prestou atenção, então deduziu a razão por trás dela.

Marie tinha a sensação de que ele estava fazendo isso para proteger a todos.

— Sim, e qual é o problema? — perguntou sua amiga. — A Rainha de Sangue tem agido recentemente. Ela vai se juntar a Shadow e começar outra guerra? Qual é, me dê um tempo! Somos sempre nós, gente do povo, que somos apanhados no fogo cruzado.

— Não é isso. Shadow… Ele está aqui para impedir que algo aconteça.

— Ah, é? Tipo o quê?

— É… Não sei o que é, mas não tenho dúvidas de que é algo ruim.

Algo começou.

Marie ergueu os olhos inquietamente para a lua vermelha.

No entanto, tinha certeza de que Shadow faria algo a respeito.

— Obrigada, Shadow…

Ela olhou para onde Shadow desapareceu na noite e sussurrou para si mesma.

 

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Cid tinha desaparecido.

Claire corria pela escura Cidade Sem Lei em busca de seu irmão.

— Aquele idiota! Eu disse a ele para não sair do lugar!

Quando soube que ele havia deixado a base sozinho, sua mente ficou em branco.

Um dos outros cavaleiros negros riu, dizendo que Cid provavelmente estava sendo vendido como escravo enquanto eles conversavam. Claire lhe deu um soco, então saiu correndo na mesma hora.

A Cidade Sem Lei era perigosa à noite.

Não era apenas uma favela comum. Um estudante cavaleiro negro como Cid seria uma presa fácil para algumas das pessoas que viviam ali.

— Alguém viu um garoto que parece ter uns quinze anos com cabelo preto e olhos escuros?! — perguntou aos transeuntes enquanto procurava freneticamente pelas ruas.

Houve alguns que viram isso como uma oportunidade para atacá-la, mas ela deu conta de todos. Suas habilidades não eram apenas enfeite — era a campeã do Festival Bushin, afinal.

Estava seguindo o caminho dito por uma testemunha ocular e, no fim, localizou o cabelo preto que procurava.

No entanto… o jovem em questão estava sendo devorado por um ghoul em um beco.

— N-não!!

Ela sacou sua espada rapidamente e cortou o ghoul em pedaços. Sua raiva serviu apenas para acelerar sua lâmina, e o som de seus golpes tempestuosos zumbiam através do beco.

Quando terminou, ajoelhou-se na frente do menino de cabelos escuros mutilado.

— Não… isso não pode…

Seus cabelos negros estavam encharcados de sangue. E tinha quase o mesmo comprimento que o de Cid.

O cadáver estava desfigurado demais para ser identificado corretamente. No entanto, era o único que batia com a descrição dada pela testemunha.

— Eu sinto muito mesmo… Nunca deveria ter trazido você para cá…

Não havia garantia de que o menino na frente dela era Cid. Mesmo assim, abraçou seu cabelo preto ensanguentado e soluçou.

Parecia que o arrependimento e o remorso iriam esmagá-la.

Enquanto estava sendo atormentada pela emoção, alguém se aproximou por trás.

— O quê? — gritou, ainda segurando o cadáver.

— Era você quem estava procurando um menino de cabelos e olhos pretos…?

— Hein?

Esperançosa demais, virou-se e olhou para a espadachim ruiva.

— Quem é você?

— Eu sou Mary, uma caçadora de vampiros. Vi dois garotos que correspondem a essa descrição.

— …?! Onde?!

— Vi o primeiro há pouco. Ele estava parado em frente a um ghoul furioso e dizendo “heh-heh-heh” com um sorriso no rosto.

Claire pensou nele, então imediatamente descartou a possibilidade.

— Não deve ser ele… A risada do meu irmão não é tão assustadora.

— Okay. O segundo era um cavaleiro negro. Um dos servos da Rainha de Sangue o atacou e o levou embora.

— …! Como ele era?

— Era meio normal demais. Nada nele se destacava.

Só podia ser o Cid, e Claire tinha certeza disso.

— Ah, não… Cid…

— Sinto muito. Tentei salvá-lo, mas já era tarde demais.

— M-Mas se eles o levaram, isso significa que ainda está vivo, certo?!

— Talvez… — Mary hesitou, sem saber se deveria contar.

— O quê?! Você sabe de alguma coisa?

— Ele provavelmente… vai ser sacrificado. A Lua Vermelha começará em breve. Se não salvá-lo antes…

— Diga-me, por favor! Para onde o levaram? Como posso resgatá-lo?!

O olhar de Mary vagava enquanto ela pensava, então encarou o ghoul caído.

— Você fez isso?

— Hein? Ah, sim! Fui eu.

— Se trabalharmos juntas… ainda pode haver uma chance… Meu alvo é Elisabeth, a Rainha de Sangue. Seu objetivo é salvar seu irmão. Talvez possamos trabalhar juntas. — Mary ofereceu a mão a Claire. — Se concordar em me ajudar, direi tudo o que sei.

Claire pegou sem hesitação.

— Trato feito. Farei qualquer coisa para salvar Cid.

— Siga-me.

Mary avançou mais fundo no beco.

Claire se levantou e jogou de lado o cadáver de cabelos escuros ensanguentados. Após uma inspeção mais próxima, seu cabelo não se parecia em nada com o de Cid.

— Aguente firme, Cid. Sua irmã mais velha está indo resgatá-lo…!

Ela fechou os punhos e adentrou ainda mais no beco atrás de Mary.

 

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Claire seguiu Mary até um prédio em ruínas. Por alguma razão, estava praticamente enterrado sob uma espessa camada de sedimentos.

Mary pegou uma lamparina e iluminou seu interior. Cheirava a poeira e mofo.

— Tem uma cadeira ali… — disse Mary, ainda de pé.

— Não preciso.

A cadeira parecia estar à beira do colapso de qualquer maneira.

— Tudo bem, então. Claire, não é? Enfim, seu irmão provavelmente está no castelo da Rainha de Sangue, a Torre Carmesim.

— O que quis dizer quando disse que ele seria sacrificado?

— Para explicar isso, eu preciso começar contando a você sobre Elisabeth, a Rainha de Sangue. Ela era uma Vampira Progenitora, e ela e os outros Progenitores costumavam governar a noite. Esta história aconteceu há mais de mil anos…

Mary tinha uma expressão distante nos olhos enquanto falava.

— Os vampiros costumavam governar a noite, mas isso acabou quando os humanos descobriram suas fraquezas. Assim que isso aconteceu, os papéis de caçador e presa foram invertidos. Os vampiros têm três fraquezas. A primeira: eles morrem se seus corações forem destruídos. Embora sejam temidos por sua imortalidade e incríveis poderes regenerativos, não podem mais reviver se seus corações forem destruídos. Saber desse fato foi uma grande dádiva para os humanos, que viviam com medo deles. A segunda: eles perdem seus poderes se não beberem sangue. Qualquer vampiro que passa muito tempo sem sangue não é mais forte do que um humano comum. Assim, eles são biologicamente forçados a coexistir com a humanidade, incapazes de exterminá-los por completo. E a terceira e última: eles se transformam em cinzas se forem atingidos pela luz do sol. Não importa o quão fortes eles sejam e quão fracos nós sejamos, tudo o que um ser humano precisa fazer para matá-los é encontrar uma maneira de atingi-los com a luz do sol. Podem usar armadilhas, destruir suas moradias… As possibilidades são infinitas. Por causa disso, o dia passou a servir de campo de execução.

— Você sabe bastante mesmo, hein.

Enquanto Claire escutava a explicação de Mary, ficou impressionada com a profundidade do conhecimento dela.

Não existiam muitos que sabiam tanto sobre vampiros. Afinal, eles eram em grande parte uma coisa do passado, e o número de vítimas relacionadas a vampiros nos últimos anos foi quase zero.

A Cidade Sem Lei era uma exceção. Rumores diziam que a Torre Carmesim era a última fortaleza deles.

Dito isso, mesmo as pessoas que comandavam a reunião da Associação não foram capazes de confirmar se realmente havia vampiros lá ainda, e seu único conhecimento sobre o assunto era acadêmico.

— A humanidade os expulsou no fim. Os vampiros desapareceram completamente da noite, e as pessoas aos poucos começaram a esquecê-los. Então, mil anos atrás, houve uma terrível tragédia… Quando a Lua Vermelha pairou no céu, um país inteiro foi destruído durante a noite. Era um país pequeno, e hoje a história esqueceu o seu nome… Mas Elisabeth, a Rainha de Sangue, e seus seguidores foram os responsáveis pelo feito.

— Quando você diz “Lua Vermelha”, está falando sobre como a lua tem ficado um pouco vermelha recentemente?

Mary acenou com a cabeça.

— Isso aumenta muito o poder dos vampiros e seus lacaios. Os vampiros foram colocados em um beco sem saída, mas, naquela noite, montaram sua rebelião. Durou três dias. Um país caiu na primeira noite e mais três sofreram danos catastróficos nas duas seguintes. Então, quando a Lua Vermelha terminou, a Rainha de Sangue e seus seguidores desapareceram de repente, esperando escondidos até que a humanidade os tivesse esquecido…

— Então você quer dizer que os vampiros estão tramando outra revolução?

Mary acenou com a cabeça novamente.

— Eles veem a humanidade como refeição e nunca se esqueceram da vergonha de ter aqueles porcos os derrubando. Agora, a Rainha de Sangue está em um sono que já dura mil anos, e seu conselheiro próximo, Crimson, está liderando os vampiros. Quando a Lua Vermelha começar, Crimson planeja reviver a Rainha de Sangue. Se ele fizer isso, a tragédia milenar acontecerá novamente…

— Espera! Então, o sacrifício é…? — A voz de Claire tremia enquanto o rosto de seu irmão passava por sua mente.

— Reviver a Rainha de Sangue requer a força vital de um jovem abençoado com muita magia. Eles provavelmente estão planejando usar seu irmão como sacrifício…

— Eu não vou deixar! Quando começa a Lua Vermelha?!

Mary olhou através da parede cheia de buracos para a lua lá fora, já tingida por um vermelho profundo.

Elas ouviram algo que soava como um grito a distância.

— Acabou de começar…

Mais gritos ecoaram pela noite.

— Ghoooooouls!! C-Corraaaaaaam!!

Um grande clamor se elevou e o fedor de sangue encheu o ar.

— O alvoroço acabou de começar… Em outras palavras, a Lua Vermelha deu a eles uma quantidade tremenda de poder. Em troca, porém, estão sendo atacados por um desejo incontrolável de beber sangue. E só vai piorar a partir daqui…

— …!! E o Cid?! Você disse que ele está na Torre Carmesim, certo?!

— Tenha calma. — Mary impediu que Claire saísse correndo.  Por garantia, Crimson provavelmente irá esperar até o momento em que a lua estiver mais vermelha para reviver a Rainha de Sangue. Ainda faltam cerca de doze horas antes disso.

— Doze horas? Mas será no meio do dia!!

— A Lua Vermelha dura três dias inteiros. E durante esse tempo, a noite nunca acaba. Mas não se preocupe, pois tenho um plano.

Com isso, Mary começou a arrancar as tábuas do piso desgastado.

— Na preparação para este dia… cavei um buraco.

— Um buraco? — Claire inclinou a cabeça para o lado.

Com certeza havia algo ali.

Abaixo das tábuas do piso existia uma abertura grande o suficiente para uma pessoa rastejar por ela.

— Normalmente, a Torre Carmesim está repleta de lacaios, então entrar é quase impossível. Mas agora que a Lua Vermelha começou, todos eles saíram. Isso nos dá uma chance rara de entrar de maneira sorrateira.

— Então você quer dizer que este buraco…

— Invadir pela superfície é complicado. Mas isso nos permite entrar por baixo.

— Inteligente…

— Vamos revisar uma última vez. Meu objetivo é matar Elisabeth, a Rainha de Sangue, e o seu é salvar seu irmão. Está pronta para trabalhar comigo?

— Com certeza. Fico feliz em ter você ao meu lado, Mary.

— Digo o mesmo, Claire.

As duas trocaram um aperto de mão.

— Agora que estamos de acordo, vamos. Espere por mim, Cid. — Claire deslizou para dentro do buraco sem um pingo de hesitação.

Mary deixou Claire seguir em frente, então se virou e olhou de volta para aquela lua vermelha…

Havia uma expressão de dor em seus olhos.

— Estou indo, Rainha Elisabeth…

E com isso, ela seguiu atrás de Claire.

 

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Quando voltei para a base da Associação dos Cavaleiros Negros, minha irmã já tinha ido embora.

Acho que ela também deve ter saído para dar um passeio.

Eu não tinha nada para fazer, então decidi passar a noite aqui.

Quando acordei, a Cidade Sem Lei estava destruída.

— Espera…

Já deveria ter amanhecido, mas ainda estava escuro, uma lua carmesim pairava no céu, e ghouls corriam soltos pelas ruas.

— É este o tal “alvoroço”…?

Aquela tal de Mary mencionou uma palavra-chave importante.

Aparentemente, todos na base estão realizando uma reunião de emergência para decidir como agir.

Acordei logo que senti uma enxurrada de atividades, então parece que não perdi a festa, eu acho. Saí da base, encontrei um prédio alto e fiquei em cima dele, vestido de preto.

— Ah, finalmente chegou a hora…!

É agora. Pega fogo, cabaré!

O grande evento dos vampiros está finalmente rolando!

Eu sorri por trás da máscara enquanto meu manto preto esvoaçava atrás de mim.

As palavras-chave são “Lua Vermelha”, “Alvoroço” e “Rainha de Sangue,” hein…?

Ah, certo, e há uma moça chamada “Antiga Caçadora de Vampiros”. Tenho que me certificar de encontrá-la durante a festa.

Vai ser difícil, mas preciso criar um cronograma para o evento que me deixe me divertir ao máximo.

Dada a maneira como as coisas estão indo, presumo que o objetivo final seja derrotar a Rainha de Sangue.

Parece que a melhor estratégia seria ir para a Torre Carmesim e começar a saquear. Assim, posso matar dois coelhos com uma cajadada só. Quando estiver lá, posso me manter flexível e ir improvisando.

Espere, acabei de lembrar de uma coisa: Claire ainda não voltou.

Eh, ela é osso duro de roer. Vai ficar bem. Droga, pelo que nós dois estávamos conversando antes, há uma boa chance de ela já estar agitando lá na Torre Carmesim agora mesmo.

Quanto a mim, todo mundo sabe que é preciso começar eventos como esse caçando ghouls.

 

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Marie observou seu último cliente do dia ir embora e depois fechou a porta.

Enquanto o luar penetrava em seu quarto, ela lançou um olhar para seus lençóis desgrenhados e pegou suas roupas íntimas espalhadas pelo chão.

Depois de colocá-las de volta, desabou na cama. Seu rosto bonito afundou no travesseiro.

Estava exausta devido aos eventos malucos do dia, e seus clientes também não foram tão bons. Então decidiu dormir.

— Bluhh…

No entanto, devido aos lençóis úmidos de secreções corporais e cheiro sufocante do ar, não conseguia se sentir confortável. Ela suspirou e abriu a janela.

O cheiro pegajoso desapareceu, mas foi substituído pela comoção lá fora.

— O que será que está acontecendo…?

Normalmente, o sol estaria nascendo por volta dessa hora, e o distrito dos bordéis estaria fechando e ficando quieto durante o dia.

Hoje, porém, o amanhecer se recusava a aparecer e todo o distrito parecia estar no caos. A lua vermelha brilhante ainda estava pairando no céu.

Ao longe, ela viu chamas lambendo as laterais de um edifício. Houve um incêndio.

Conseguia vagamente sentir o cheiro de fumaça no vento.

No entanto, um cheiro agrediu seu nariz com ainda mais força. Era ferroso e pungente.

O fogo estava longe demais, então não deveria alcançá-la.

Algo estava errado. As ruas estavam cheias de pessoas correndo freneticamente. Por que estavam em pânico? Afinal, é apenas um incêndio.

Enquanto Marie estava na janela, a lua a banhava em um brilho vermelho sedutor, destacando sua pele pálida e calcinha escura. Seus cabelos e olhos fúcsia brilhavam com intensidade ao luar.

Normalmente, uma bela mulher parada na janela vestindo nada além de seus não mencionáveis faria com que hordas de homens parassem e olhassem.

Hoje, porém, essa multidão era inexistente.

O olhar de Marie parecia quase frio quando olhou para o fogo distante e para o distrito como um todo.

Ela passou cinco anos nesta cidade depois de ser vendida aos treze anos. Todo mundo que vem para a Cidade Sem Lei quer ir embora o quanto antes. Mas com o passar do tempo, esse desejo se desfaz e, no fim, a Cidade Sem Lei os mancha com suas cores.

Marie ainda não tinha desistido.

Porém, nos últimos tempos, tem pensando em entregar-se ao seu destino. Talvez tornaria as coisas mais fáceis para ela.

Embora tenha feito um nome para si mesma entre as prostitutas do distrito dos bordéis, não estava no topo do grupo. Sua madame disse-lhe, entretanto, que ela poderia se tornar a número um, se quisesse.

Essa seria uma maneira perfeitamente razoável para ela viver sua vida. A única coisa que precisava fazer era esquecer de tudo e se afogar nos prazeres transitórios da noite…

— Aiai…

Fazia tempo desde a última vez que pensou sobre o mundo externo. Aos poucos, todos esquecem disso, e também aos poucos a Cidade Sem Lei os pinta e os torna parte de si mesma. Um dia, isso a incluirá…

Ela estava prestes a fechar a janela quando…

— Eek!

Uma besta pulou por ela e entrou em seu quarto.

Não, não era uma besta. Um humanoide se portando como uma — um ghoul.

— Ah… Ahh!

O quarto dela era pequeno. Não havia para onde correr, e Marie se encolheu na cama.

O ghoul sorriu, colocando suas presas afiadas em plena exibição, então se lançou em direção a ela.

— N-Não…

Lágrimas escorreram por suas bochechas.

Naquele momento, percebeu que ia morrer.

— Eu já falei… Fuja… — disse uma voz baixa.

Em um instante, o ghoul ficou em pedaços, os quais caíam enquanto o sangue jorrava pelo aposento.

— V-Você é… — O coração dela palpitou ao ver aquela figura familiar com sua lâmina negra.

Era um homem vestindo um manto preto — Shadow.

— O alvoroço começou… Veja, a cidade está manchada de sangue…

— A cidade… — Enquanto se cobria com os lençóis, Marie olhou para o lado de fora.

— Minha nossa!

Ela não sabia quando aconteceu, mas as ruas estavam molhadas de sangue.

Haviam corpos horríveis e ghouls furiosos por toda parte. Muitas das prostitutas não conseguiram sair a tempo e foram atacadas no momento em que o fizeram.

— C-Cuidado…!

A colega de trabalho de Marie estava entre elas, e Marie deu um grito impensado.

No momento seguinte, porém, o ghoul que a estava atacando foi transformado em pedaços.

— O alvoroço começou… E agora, a tempestade de sangue assola…

Um homem de manto negro estava atrás dela.

— Hein?!

Marie olhou para o outro lado do quarto, mas não havia ninguém lá.

— Fuja, antes que seja tarde demais…

Então, um grito ecoou na rua.

No breve momento em que chamou a atenção de Marie, Shadow desapareceu novamente.

— O alvoroço… sangue… fugir…

Ela podia ouvir a voz dele, mas não tinha certeza de onde. Os corpos de ghouls mortos voavam pelo ar.

Agora que deu uma olhada melhor, percebeu que os corpos horríveis ao longo da rua eram todos de ghouls também.

Não conseguia ver o Shadow, mas pôde ver que as criaturas sendo evisceradas estavam começando a se afastar.

— Ele está… nos protegendo?

Marie tinha certeza de que sua intuição estava certa. Ela sabia que Shadow tinha vindo para salvá-los.

Ela se vestiu depressa, arrumou suas coisas e pulou pela janela do segundo andar.

— Obrigada, Sr. Shadow…

Olhou na direção em que ele desapareceu com paixão em seus olhos.

Jurou recompensá-lo algum dia… então aproveitou a confusão para escapar.

 

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A Associação dos Cavaleiros Negros estava sobrecarregada.

Eles reuniram a sua elite para montar uma contraofensiva contra os ghouls, mas entre os poderes aprimorados das criaturas e um número esmagador, a Associação foi forçada a recuar.

— Graine, o Forte, também foi ferido!! Temos que recuar!

— Pare de falar bobagem! Esse é o seu posto!! Se não mantê-lo, quem o fará?!

— Não é problema meu. Temos homens abatidos! Você quer que eu apenas os deixe morrer?!

Um grupo de cavaleiros negros estava cercado na estrada principal. Eles estavam tentando montar uma resistência, mas a multidão aparentemente interminável de ghouls os estava desgastando.

— Pessoal! Por favor, sigam as ordens!

Claudia, o membro de elite da Associação encarregada de comandar a operação contra a Rainha de Sangue, se esforçava desesperadamente para falar, mas era apenas uma questão de tempo antes que o moral desmoronasse.

A estrada transbordava de cadáveres de ghouls.

Cavaleiros negros especialistas eram impressionantes, e todos os presentes podiam derrotar facilmente um ghoul.

No entanto, ninguém esperava que eles fossem atacados por tantos.

Este plano maligno deve ter levado anos para ser planejado.

Mesmo com todos os cavaleiros negros que reuniram, não conseguiram nem chegar à base da Torre Carmesim. Então é isso que a Rainha de Sangue, a mulher que controla um terço da Cidade Sem Lei, é capaz de…

Até mesmo a Associação dos Cavaleiros Negros tem uma política de longa data: “Não se envolva com a Cidade Sem Lei”. Claudia entendia muito bem o porquê e criticava seus superiores por terem agido contra isso.

— Aqueles velhotes inúteis.

Normalmente, nunca se referiria a eles de maneira tão dura em público. Aquele velhote sujo que apertava sua bunda, aquele nojento com os olhos sempre fixos em seus peitos, aquele tarado que não parava de tentar atacá-la, aquele… ah, ela podia continuar para sempre.

Mas decidiu ignorar suas ordens e dar a ordem de retirada. Se aqueles velhotes a rebaixassem por causa disso, simplesmente entregaria sua demissão direto em seus plexos solares.

O único problema é que ela e os outros estavam presos em uma multidão de ghouls.

Era mais fácil falar que iriam recuar do que de fato o fazer.

— Decidi tarde demais, hein…? — murmurou, depreciando a si mesma. Se ao menos tivesse feito sua escolha antes.

Ela havia adiado a decisão para proteger seu próprio status e agora estava colhendo os frutos de sua tolice.

Claudia sacou a espada de suas costas e se preparou.

Não tinha intenção de colocar sua vida em risco por aqueles velhotes, e para ser bem honesta, não se importava muito com o que acontece com os idiotas egoístas sob seu comando.

Ainda assim, foi ela quem adiou a decisão, então precisava ser a única a assumir a responsabilidade.

— Estamos recuando! Vou cobrir nossa retaguarda!

Ela começou como uma cavaleira negra normal e subiu na hierarquia sozinha. Ao contrário do que parece, estava confiante em sua habilidade com a espada.

— Boa, ela disse que estamos recuando!!

— Hah, a retaguarda é toda sua! Vou embora daqui.

Os cavaleiros negros passaram por ela, fugindo da cena.

Pelo menos um de vocês poderia ter ficado para ajudar! gritou silenciosamente em seu coração enquanto começava a cortar os ghouls.

Ghouls disparavam. Cavaleiros negros corriam para o lado contrário. E havia Claudia, lutando por sua vida enquanto tentava desesperadamente ficar entre os dois grupos.

No entanto, cuidar da retaguarda sozinha era uma tarefa muito grande para ela, e logo chegou ao seu limite.

Quando escorregou em uma poça de sangue, os ghouls caíram sobre ela.

— Rgh …! — Ela fechou os olhos…

Um espadachim negro desceu do céu noturno.

— Huh, você não é…?

Com um único golpe de sua espada, ele cortou os ghouls montados em seu corpo caído. Ela ficou cativada por sua forma soberba.

O espadachim negro se abaixou e puxou a espada para trás.

Então —

— Agora venha… Redemoinho Negro.

A lâmina do espadachim negro se estendeu até ficar várias vezes mais longa do que a altura dele.

Então, um redemoinho negro irrompeu.

Ele cortou os ghouls como se fossem pedaços de papel, dizimando suas fileiras em um piscar de olhos.

— Você só pode estar brincando…

Ainda caída, Claudia olhou para o espadachim negro.

Ver o belo arco lançado de sua espada e a densidade da magia envolta nela deixou seu coração acelerado. Ela era uma respeitável cavaleira negra por direito próprio, por isso podia ver o quão anormal era a força dele.

Os cavaleiros negros em fuga pararam no meio do caminho e olharam para o espadachim negro com espanto. Um clamor se espalhou por suas fileiras.

— Q-Quem é aquele cara?

— Ele eliminou todos os ghouls como se não fosse nada…

Parecendo indiferente ao tumulto que causou, o espadachim falou com uma voz que soava como se estivesse ecoando de um abismo:

— O alvoroço começou… Isso está além de vocês…

— O alvoroço…?

— A lua está vermelha, o que significa que o tempo é curto…

Uma lua vermelha pairava no céu escuro.

Claudia não conseguia lembrar de já ter visto aquela cor antes. Achou um pouco assustador, mas não tinha ideia do motivo de estar assim.

— A lua está vermelha… Espere…

Naquele momento, Claudia conectou os pontos entre tudo o que estava acontecendo na Cidade Sem Lei e uma velha lenda que ouvira quando criança.

— Você está dizendo que essa é a Lua Vermelha…?!

Se fosse, todos estavam em perigo. Quando a Lua Vermelha apareceu pela última vez há mil anos, os vampiros dizimaram um país inteiro durante a noite. Se as coisas continuassem assim, aquela tragédia estava prestes a se repetir.

Claudia chamou o espadachim negro quando ele se virou para partir.

— E-Espera. Por favor, como membro da Associação dos Espadachins Negros, estou pedindo sua ajuda!

Ter seu grande poder do lado deles seria uma enorme vantagem. Fazer seus chefes de merda aceitarem a ideia seria complicado, mas ainda assim…

Mas a resposta dele foi rápida:

— Isso não será necessário… vou acabar com isso em breve.

— Você vai acabar com isso…? — Claudia estremeceu. — Espere, está planejando enfrentar a Rainha de Sangue sozinho…?!

Era impossível.

A Lua Vermelha e a Rainha de Sangue estavam praticamente no nível de desastres naturais. Foi preciso um país inteiro se mobilizando para enfrentá-los.

Mas para este espadachim negro… talvez não fosse tão impossível, afinal.

— Q-Quem exatamente é você…?

— Meu nome é Shadow. Eu me espreito na escuridão e caço as sombras…

Seu longo manto preto esvoaçava enquanto ele caminhava sobre o tapete de sangue. Em estado de choque, Claudia o observava partir.

— Aquele era Shadow… — murmurou ela.

Seus passos estalavam à medida que se tornavam mais e mais distantes.

Em seu destino estava a Torre Carmesim dominando a cidade e a lua vermelho-escura brilhando acima dela.

 

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— Mestre Crimson, o sacrifício está pronto.

— Entendo…

Crimson estava olhando para a Cidade Sem Lei, mas seu olhar mudou para a lua flutuando no céu noturno. Seu cabelo vermelho-vinho estava sobre suas feições elegantes.

— A Lua Vermelha… ainda não está pronta…

A lua estava manchada de vermelho, mas não era o suficiente. Ele precisava continuar esperando se quisesse ter certeza absoluta.

— Como está indo a tomada do controle sobre a cidade? — Ele se aventurou a perguntar.

— As coisas começaram de acordo com o plano. Mas…

— Mas? — Crimson se virou e fixou o olhar em seu subordinado com a língua presa.

Os olhos do homem se moviam rapidamente enquanto continuava.

— Mas… algumas localidades ofereceram mais resistência do que esperávamos.

— Isso é obra da Associação dos Cavaleiros Negros?

— Não, eles não estão se mostrando uma ameaça. No entanto, existem três pessoas que estão. Uma é a Yukime, o Espírito Raposa. Outra é Juggernaut, o Tirano.

— Aqueles dois…

Crimson fez uma careta enquanto olhava para a cidade. O enxame de ghouls estava se espalhando e expandindo bem sua área de influência, mas havia três ondas lutando contra a maré.

Crimson conhecia muito bem Yukime, o Espírito Raposa, governante da Torre Branca, e Juggernaut, o Tirano, governante da Torre Negra. Ele sofreu perdas duras em suas mãos muitas vezes antes. Embora não gostasse de admitir, os dois eram um pouco mais poderosos do que ele.

Agora, porém, as coisas são diferentes.

A Lua Vermelha começou. Tudo o que precisava fazer era ressuscitar sua rainha, e eles também afundariam no oceano de sangue.

— Heh-heh-heh… Deixe-os fazer o que quiserem. Não é como se pudessem nos alcançar. Quando a Rainha de Sangue renascer, nossa vitória estará assegurada…

Crimson ria enquanto se aproximava do caixão consagrado no meio da sala.

— Oh, minha amada Rainha… Em breve, este mundo será nosso…

Enquanto acariciava o caixão, percebeu algo de repente.

— Espere, você disse três pessoas. Quem é a terceira?

Crimson só conhecia dois com força para enfrentar a Lua Vermelha.

— N-N-Nós não temos total certeza ainda. Mas sabemos que ele eliminou vários ghouls sozinho, assim como os vampiros que enviamos como reforços.

— O quê…?

— O nome dele é Shadow. A nosso ver, pode muito bem representar a maior ameaça para nós…

— Shadow…

Crimson franziu a testa enquanto sussurrava o nome.

 


 

Tradução: Taiyō

 

Revisão: Kenichi

 


 

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