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A Eminência nas Sombras – Vol. 02 – Cap. 05 – Uma Batalha Para Chamar Apenas os Melhores

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A semana terminou, e as preliminares para o Festival Bushin tinham começado.

No momento, eu estava assistindo às finais na arquibancada junto com o Esquel. O sol estava no alto do céu, e a participação era esparsa. Bem, é assim mesmo que são as rodadas. Na verdade, o resultado, normalmente, é ainda pior.

Tive a minha segunda rodada nas preliminares ontem. Ela não foi realizada na arena, mas sim em uma campina. Você não ouviu errado — a primeira e segunda rodadas são realizadas em um gramado fora da capital. Não há plateia, e a qualidade da competição é abismal. Nocauteei meus dois oponentes, mas isso não me trouxe alegria alguma.

A terceira rodada é quando enfim podemos lutar na arena de verdade. Agora a qualidade das lutas está começando a chegar devagarinho no nível respeitável. Não há muitas pessoas assistindo, mas, para ser honesto, é uma surpresa que tenha tanta gente assim. A atração principal do Festival Bushin não são as rodadas iniciais, afinal.

— A propósito, o que aconteceu com o Bat? — perguntei ao Esquel. Ele parecia estar fazendo algumas anotações.

— Ele teve que arar os campos nas terras dos seus pais.

— Ah.

Esquel continuava escrevendo freneticamente enquanto assistia às lutas. Vi um colar com o formato de uma espada sagrada ao redor do seu pescoço. Era a lembrancinha que comprei na Terra Sagrada. Estou feliz que esteja usando-a, mas também me faz questionar o seu gosto para a moda.

— O que está fazendo?

— Coletando dados sobre as batalhas. Novatos apostam nas lutas apenas na base da coragem, mas sou diferente. Faço minhas apostas baseando-me em estatísticas, probabilidades e dados concretos.

— Huh.

Olhei para o bloco de anotações de Esquel.

As primeiras anotações que vi diziam: “parece forte”, “parece fraco” e “nem ideia”.

— Sabe, o truque para apostar é parar quando já lucrou bastante. — disse Esquel, orgulhoso. Ele ainda escrevia enquanto falava.

— Quem diria, hein?

— Sabe, quando novatos apostam, eles vão naquilo que acreditam em uma única luta. Mas eu não. Não me apego ao resultado de ninguém. Conto minhas lutas às dezenas… Quanto mais aposto, mais cedo as probabilidades convergem.

— Hmmmm.

— Afinal, sou um homem que sempre acaba com o lucro…

Eu bocejei.

— Isso é doideira, mano.

— Parece que vocês estão falando de algo interessante.

De repente, outro homem aparece atrás de mim.

— Estamos? — perguntei.

— Com certeza parecia. — O homem, um marmanjo loiro e chamativo, sorria.

— E-Espere! Eu te conheço…!

— Sabe quem é esse cara, Esquel?

— Você é Goldoh Kinmeki1Goldoh é um jogo de palavras com a palavra Gold (Ouro), enquanto Kinmeki significa Coberto de Ouro/Dourado., a Lenda Invencível, não é?!

Goldoh responde ao olhar brilhante de Esquel ao arrumar o cabelo.

— Esse apelido é um pouco vergonhoso. Pode me chamar de Goldoh Kinmeki, o Dragão Dourado Vitorioso.

— C-Claro! Goldoh, o Dragão Dourado Vitorioso!

Eu acho que Lenda Invencível soava mais maneiro.

— Então você está juntando dados sobre as batalhas?

— Isso mesmo!

— É uma boa ideia. Sempre faço o mesmo.

— S-Sério?!

— Mas é claro. Assim eu tenho certeza de que sempre vencerei.

— Isso é tão incrível! Tem alguma história maneira que possa me contar?

— Oh, uma ou duas, eu acho.

Acredito que não vai parar apenas em duas.

Logo vai ser a minha luta, então foi em boa hora.

— Tenho que dar uma cagada.

— Vá logo para não perder nada.

Fui para o banheiro e vesti meu disfarce antes de ir em direção à sala de espera dos participantes.

 

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Esquel estava ouvindo com atenção total à teoria sobre vitória de Goldoh Kinmeki, o Dragão Dourado Vitorioso.

— Por exemplo, usarei isso na próxima luta para mostrar melhor.

— Beleza.

Os próximos desafiantes foram chamados para a arena.

— Terceira rodada, disputa doze! Gonzales contra Jimina Senen!

Os dois cavaleiros negros ficaram frente a frente.

— Minha teoria baseia-se no fato de que é possível fazer uma estimativa do quão forte cada lado é antes que a luta comece. Vamos começar com Gonzales. Podemos descobrir sua capacidade física ao analisar como seus músculos estão balanceados. Além disso, pelo brilho em seus olhos e disposição arrogante, ele passa uma aura de lutador durão e experiente. Seu nível de poder parece estar por volta de 1.364.

— N-Nível de poder?! O que é isso?!

— Ao analisar os dados de batalha, é possível quantificar as capacidades de combate de um indivíduo… 1.364 não é ruim.

— Incrível!

— Quanto ao seu oponente, Jimina Senen… Hmm.

Goldoh Kinmeki, o Dragão Dourado Vitorioso, lançou um olhar afiado na direção de Jimina, então ficou em silêncio.

— Q-Qual o problema?

— Não… é que não faz sentido algum. Porém… é que…

— S-Senhor Goldoh?

— Ah, perdoe-me. Distraí-me um pouco aqui.

— Espere… Jimina é mesmo…?

— Sim… aquele homem, Jimina Senen… é inacreditavelmente inútil!

Goldoh Kinmeki, o Dragão Dourado Vitorioso, irrompeu em risadas.

— Hã…? Inútil?

— Fiquei confuso por ele ter conseguido chegar até a terceira rodada! Um ato divino, talvez?

— E-Ele parece fraco mesmo, eu acho…

— O rosto dele parece fraco, seu corpo parece fraco… até a sua aura parece fraca! O nível de poder de Jimina é trinta e três! Ha! É o menor que já vi desde que me tornei um cavaleiro negro!

— Então Gonzales vai vencer?

— Sim, vai terminar em um piscar de olhos. Que merda, quase nem vale a pena assistir.

E, com isso, a rodada começou.

Gonzales foi o primeiro a agir.

Com uma agilidade surpreendente, mesmo com seu corpo musculoso, ele diminuiu a distância e atacou Jimina.

Seus movimentos eram muito mais refinados do que os daqueles que participaram nas outras disputas da terceira rodada. Parece que a estimativa de Goldoh sobre ele como um lutador forte e experiente estava correta.

Jimina nem mesmo reagiu ao corte de Gonzales.

Todos tinham certeza de que a derrota de Jimina era certa, mas então… Gonzales caiu.

Logo antes de atingir Jimina, ele tropeçou e caiu.

Sua cabeça bateu no chão, e ele desmaiou na hora.

A multidão ficou em silêncio. Com certeza ele vai se levantar, era o que todos pensavam.

Mas Gonzales não movia um dedo sequer.

Quando Jimina guardou a espada na bainha e se virou, o veredito enfim foi dado.

— O… O vencedor é Jimina Senen!

— I-Isso é loucura!!

— Queremos nosso dinheiro de volta, maldito!!

Vaias vinham da multidão ao redor do corpo inconsciente de Gonzales.

Incerto de como agir, Esquel olhou para Goldoh Kinmeki, o Dragão Dourado Vitorioso.

— B-Bem, isso faz parte também. — disse ele. Suas bochechas se retorciam. — Dados de batalha podem nos dar uma ideia de quem irá vencer, mas, quando começa de verdade, nem sempre tudo é certo. Isso serve de lição, eu acho?

— V-Você sabia que isso aconteceria…?

— Heh… — Goldoh Kinmeki, o Dragão Dourado Vitorioso, não lhe deu uma resposta definitiva. — Deixe-me te contar um segredo.

— Hã…?

— Há duas maneiras de se vencer uma aposta: a primeira é descobrir quem é forte, então apostar nele para vencer, enquanto a outra é descobrir quem é fraco, então apostar em seu oponente.

Goldoh Kinmeki, o Dragão Dourado Vitorioso, levantou-se e virou-se para partir.

— Amanhã será a quarta rodada, e a sexta disputa é Goldoh Kinmeki, o Dragão Dourado Vitorioso, contra Jimina Senen.

— Espere! Isso quer dizer que…

Goldoh Kinmeki, o Dragão Dourado Vitorioso, virou-se e apontou para Esquel.

— Conseguiu… perceber a fórmula da vitória?

Então puxou o cabelo loiro brilhante para trás e foi embora.

— Ele… Ele é tão maneiro…

Maravilhado, Esquel observava Goldoh Kinmeki, o Dragão Dourado Vitorioso, partir.

— Terminei de dar aquela detonada.

Um jovem de cabelos negros voltou ao seu assento.

— Ei, Cid! Tem uma luta amanhã que vai ser vitória garantida. Vamos apostar tudo!

— Quê? Nem.

— Qual é! Confia em mim nessa!

— Nem ferrando.

— Tsk, tudo bem. Você que sai perdendo, cara!

E, com isso, os dois voltaram a assistir às disputas.

 

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A quarta rodada do Festival Bushin havia começado.

Annerose estava sentada na fileira da frente das arquibancadas, esperando uma certa disputa começar.

Seu cabelo azul-claro voava com a brisa, e seus olhos, que tinham a mesma cor do cabelo, estavam fixados na arena. Havia mais público do que no dia anterior, mas a arena não estava nem com a metade da capacidade.

— Veio para ver a luta daquele cara também, mocinha?

Annerose ouviu alguém a chamar e se virou.

— Lembro de você. É o…

— Quinton.

Quinton ainda parecia um vilão dos ringues e se sentou ao lado de Annerose.

— Viu a terceira rodada dele ontem, certo, mocinha?

— Sim. Acredito que você também tenha, correto?

— Não por que quis, mas acabei vendo. O que cê achou da rodada de Jimina Senen? — Quinton esticou as pernas e fez a pergunta a Annerose.

— Certamente não pareceu que teve sorte e o seu oponente tropeçou.

— Pois é, tenho certeza de que aquele cara fez alguma coisa. Não tenho a menor ideia do que caralhos foi, mas acho que você tem. Você é Annerose, uma das Sete Lâminas de Velgata, afinal.

Por um momento, o olhar arrogante de Quinton encontrou-se com o brilho forte nos olhos de Annerose.

Ela rapidamente virou o rosto e cruzou as pernas. Sua pele branca estava exposta debaixo das aberturas em sua saia.

— Abri mão desse título. Agora sou apenas Annerose.

— Foi mal. Oh, e sei que já passou, mas parabéns por passar no Desafio da Deusa.

— Obrigada.

— Então não sabe dizer o que Jimina fez?

— Eu… não consegui ver. — Ela soava um tanto irritada. — Não achei que havia uma chance de eu não perceber, por isso baixei minha guarda. Porém pareceu que a mão direita dele se moveu…

— A mão direita, hein?

— Não sei o que fez. Só sei que, seja lá o que for, foi incrivelmente rápido.

— Hm. Acho que isso faz com que a minha suposição esteja errada. — Quinton exalou pelo nariz, incomodado.

— Sua suposição?

— Achei que ele tinha usado algum tipo de artefato banido ou coisa assim.

— Interessante… Não podemos descartar essa suposição.

— De qualquer forma, saberemos depois da disputa de hoje.

— Acredito que sim. O oponente dele é Goldoh Kinmeki, a Lenda Invencível.

— Nunca vi esse cara, mas acho que deve ser famoso. Pelo que sei, nunca perdeu uma disputa.

Um sorriso torto fez-se presente no rosto de Annerose.

— Famoso, sim. Por bem ou por mal.

— É forte?

— Pergunta interessante… Lutei em muitos países diferentes até hoje, tanto em batalhas de verdade quanto em arenas de torneio como essa. Na minha época de competição em torneios, acabei me deparando com Goldoh Kinmeki três vezes.

— Ah, e, já que ele nunca perdeu… isso quer dizer que te derrotou.

Annerose olhou para Quinton.

— Não seja ridículo. Nunca lutamos de verdade. Sempre que ele se depara com um inimigo forte, simplesmente desiste.

— Quê? Que diabos ele tá fazendo?

— É um homem que nunca enfrentou um oponente quando acha que tem chances de perder. Luta apenas contra aqueles que sabe que vai vencer, então desiste se tiver que enfrentar alguém mais forte. É por isso que o chamam de Lenda Invencível… Ninguém tem chance de derrotá-lo. Fiquei sabendo que ele não gosta do nome, por isso está se chamando de Dragão Dourado Vitorioso.

— Invencível e vitorioso, hein? Parecem semelhantes, mas são coisas bem diferentes. — Quinton riu. — Então quer dizer que não devíamos esperar muito do nosso amigo Invencível?

Os cantos da boca de Annerose curvaram-se para cima.

— Não teria tanta certeza.

— O que quer dizer com isso?

— Mesmo lutando contra aqueles que pode derrotar, a Lenda Invencível fica em posições altas em seus torneios. Até mesmo foi campeão em alguns menores.

— Ah… então não é como se ele fosse fraco. — O olhar de Quinton se intensificou.

— Isso mesmo. Descobrir a diferença de força entre você mesmo e seu oponente é o forte dele, e escolheu não fugir de Jimina. Em outras palavras…

Quinton riu violentamente.

— Ah, agora o quebra-cabeça está se juntando.

— Nem mesmo a Lenda Invencível soube dizer o tamanho da força de Jimina.

— É isso ou o Jimina não passa de um medroso que usa artefatos para trapacear.

— Além disso, a Lenda Invencível lutou apenas contra aqueles que ele sabe que pode vencer, por isso nunca mostrou a verdadeira extensão de sua força.

— Droga, está começando a ficar interessante.

— É mesmo.

Quinton mostrou um sorriso bestial, e Annerose lambeu os lábios.

Então, ambos viraram a atenção para a arena.

Gritos e risos tomavam conta do estádio, e Jimina e Goldoh Kinmeki se encaravam.

Entre toda a multidão na plateia, apenas dois entendiam o verdadeiro significado desta luta.

— Quarta rodada, sexta disputa! Goldoh Kinmeki contra Jimina Senen! Preparar… Lutem!

 

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Goldoh tomou a iniciativa.

No momento em que a disputa começou, ele imediatamente se aproximou.

Então, moveu sua grande espada, excessivamente decorada, na direção do pescoço de Jimina.

Seu alvo, Jimina, sequer havia desembainhado sua arma ainda. Estava lá, parado, sem reação alguma.

Goldoh, certo de sua vitória, mostrou um sorriso perolado.

Um grande estralo ressoou.

— Hã?

Ele deu um pequeno grito de surpresa, mas não foi o único — todo mundo nas arquibancadas não acreditava no que tinha acabado de ver.

A espada de Goldoh passou direto pelo pescoço de Jimina, atingindo nada mais do que o ar.

Goldoh percebeu que deixara o torso completamente exposto.

— Tsk!

Seu rosto se contorceu.

Com a abertura exposta, Jimina enfim se moveu.

Entretanto…

A única coisa que ele fez foi remover lentamente a espada da bainha.

Nada além disso.

Seus movimentos eram lerdos, e ele ignorou por completo a oportunidade que lhe foi apresentada. Na verdade, nem parecia que notara.

Goldoh afastou-se um pouco, então encarou Jimina e disse algumas palavras:

— Está tirando com a minha cara?

Seu aborrecimento estava claro.

 

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— Viu alguma coisa? — perguntou Quinton a Annerose, na arquibancada.

— Pouca coisa. — continuou ela, encarando Jimina com os olhos de um gavião.

— Sabia que tu não era uma fraude. Vi merda nenhuma. Pensei que o Lenda Invencível ia arrancar a cabeça do Jimina na boa.

— Sim. Normalmente não seria possível se esquivar de um ataque naquele instante. Porém… antes que a espada o atingisse, Jimina estralou o pescoço.

A voz de Annerose estava repleta de choque evidente.

— Estralou o pescoço? Entendi nada.

— Ele simplesmente estralou o pescoço. Sabe, tipo assim. — Ela inclinou o pescoço para o lado e o estralou.

— Nah, calma lá. Não faz sentido algum.

— Eu sei. Mas no momento em que ele inclinou o pescoço, fez um som de estralo, e a espada do Goldoh errou o alvo.

— Tá me zoando! Ele inclinou o pescoço para estralar e acabou se esquivando do ataque?

— Acho que foi isso o que aconteceu.

— Tá viajando aí! Não tem como uma coincidência dessas ser possível!!

Uma expressão séria preenchia os olhos de Annerose.

— E se não foi apenas coincidência?

— Quê?

— Ele estralou o pescoço tão rápido que nem mesmo eu teria percebido, se não estivesse o observando com atenção. Uma pessoa normal não seria capaz disso.

O senso comum dizia que as pessoas não podiam estralar o pescoço a uma velocidade capaz de fazer o movimento invisível aos olhos.

— Gah! Tem razão…

— É possível que se esquivar da espada foi apenas um reflexo para ele. Jimina começou com um desejo de estralar o pescoço enquanto o ataque vinha em sua direção, portanto, junto ao estralo, também se esquivou.

— Que viajem é essa!? Aquilo lá é impossível! O ataque de Goldoh foi rápido! Está querendo dizer que o garoto se esquivou por reflexo?!

— Não tenho total certeza. Talvez tenha sido tudo coincidência. Porém, caso não tenha sido…

— …! Nem ferrando que vou acreditar nisso!

 

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Goldoh encarava Jimina.

— Você me irrita. Agora mesmo acabou de perder uma oportunidade de ouro. Teve uma chance de verdade para me derrotar, uma chance que só aparece uma vez na vida, mas ainda deixou passar como se não fosse nada. Enquanto isso, está aí, parado, parecendo um pepino. — Goldoh cerrava os dentes. — Deveria estar doido. Deveria estar se arrependendo; arrancando os cabelos e se mordendo para vencer. O fato de que não está fazendo isso é basicamente uma blasfêmia contra mim.

Jimina apenas ouvia a Goldoh, em silêncio.

— Nem mesmo percebeu o que acabou de perder? Se esse é o caso, então acho que não posso culpá-lo. Esse é o nível de poder trinta e três, afinal.

Goldoh tentou segurar uma risada, mas não foi capaz.

— Mas nem ferrando que vou perder moral para um zé-ninguém como você. Vou para cima com tudo que tenho. Só não reclame comigo se acabar morrendo. Sacou?

Goldoh preparou a espada, então começou a reunir magia em sua lâmina.

O ar vibrava enquanto a magia se acumulava.

Um murmúrio percorreu a multidão.

— Aqui vai uma informação para você levar junto para a cova: meu nível de poder é de quatro mil e trezentos.

E em um movimento fluido, Goldoh diminuiu a distância entre os dois e atacou.

— Dragão Dourado Demoníaco! Golpe Fatal!!

A onda de magia dourada parecia tomar a forma de um dragão dourado, devorando Jimina por completo.

Ou, pelo menos, era isso que se esperava.

De repente, um atchim ecoou, e o dragão desapareceu.

— Blargh!!

E, com isso, Goldoh saiu girando pelo ar.

A multidão parou de murmurar, então ficou boquiaberta, perplexa, quando Goldoh chocou-se no chão e parou de se mover.

— O… O vencedor é Jimina Senen!!

Quando Jimina se virou para partir, eles estavam gritando seu nome nas arquibancadas.

 

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— Aquele tal de Goldoh Kinmeki não era moleza…

Essa foi a primeira coisa a sair da boca de Quinton após a disputa.

Depois de ouvir a descrição de Annerose sobre o homem, a consideração dele pelo homem tinha sido baixa.

Ele não esperava que Goldoh fosse capaz de materializar sua magia até aquele nível.

Aquele ataque final tinha poder o suficiente a ponto de fazer com que não fosse uma surpresa se ele avançasse para as finais.

— Ele era mesmo mais poderoso do que eu imaginava. Se visasse o topo e enfrentasse de verdade oponentes mais fortes, teria sido um cavaleiro negro incrível.

— E o que Jimina fez no final?

Annerose cruzou os braços, suspirando.

— Se não estou enganada… ele espirrou.

— Como é?

— O Dragão Dourado deve ter sido brilhante demais. Quando espirrou, trouxe sua espada abaixo, e Goldoh estava no seu caminho.

— Não, isso aí não faz sentido algum. Tá me dizendo que um espirro derrotou um dragão?

— É o que parece. Goldoh disse que Jimina perdeu uma chance de ouro, mas talvez Jimina não a tivesse considerado desta forma. Ele poderia ter derrotado Goldoh quando preferisse. Em outras palavras, não precisava buscar uma abertura… Ou talvez, para Jimina, Goldoh nunca foi invencível…?

Apenas considerar isso já fazia com que Annerose sentisse arrepios na espinha.

É impossível.

No final das contas, não passava de uma teoria… Ela assumiu que devia estar exagerando nessas ideias.

— Isso é idiotice. — Quinton reclamou, então deixou o seu assento agressivamente. — Mas, então, foi mal por te levar a sério. Eu nunca vou acreditar naquele garoto. Mesmo que continue vencendo, vai acabar me enfrentando nas finais das preliminares. Mostrarei a todos como ele é um farsante.

Quinton lançou um último olhar em direção à arena em que Jimina estava antes, então partiu.

Annerose, por outro lado, continuou sentada e lembrou-se dos movimentos de Jimina.

— Será que eu conseguiria fazer os mesmos movimentos…?

Ainda sentada, estralou o pescoço e espirrou.

Tentou diversas vezes, cada uma delas mais rápida e com menos movimentos desnecessários.

Crack, atchim, crack-atchim-crack!

— A-Atchim…

Então, consciente dos olhares estranhos que estava recebendo das pessoas ao seu redor, ficou vermelha-brilhante e saiu correndo.

 

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A Lenda Invencível enfim foi derrotada.

Notícias de sua derrota espalharam-se entre os fanáticos por torneio como um incêndio florestal.

Mesmo que ainda fossem apenas as preliminares, Goldoh, a Lenda Invencível, era um cavaleiro negro que tinha a atenção do povo. Todos ficaram chocados ao saberem que ele perdera para um zé-ninguém chamado Jimina, mas o choque diminuía ao saberem como a luta se desenrolou.

Oh, parece que ele ganhou por sorte apenas.

Era mais ou menos assim que os fanáticos viam a situação.

Entretanto, alguns deles — além de algumas das pessoas que estiveram assistindo à disputa — tinham dúvidas de como Jimina estava sendo avaliado.

Por causa disso, decidiram assistir às disputas de Jimina e julgar sua força pessoalmente.

— O que foi isso?! Quinton já foi pro chão! Ele nem mesmo está se levantando!! Jimina venceu mais uma disputa com um único golpe!!

As finais do Grupo B das rodadas preliminares acabaram com a vitória de Jimina.

Outra vitória de um golpe só.

Os fanáticos não conseguiam descobrir o seu segredo. A vitória daquele dia o classificou para as rodadas primárias, mas ninguém tinha muita certeza de como ele conseguira.

Não havia como ter vencido tantas vezes por pura sorte, por isso tinha que ter pelo menos um pouco de habilidade.

Na verdade, seu oponente nas finais das preliminares, Quinton, era um cavaleiro negro que possuía grande respeito pela multidão entusiasmada. O fato de que perdeu para Jimina sem precisar de esforço algum deixou os fanáticos com apenas a escolha de reconhecer a sua força.

Porém, por não conseguirem descobrir como ele vencera, não conseguiam ter uma estimativa da sua real força.

Talvez fosse mais forte do que Quinton, mas ele era mesmo adequado para ficar na arena principal?

Podia ser forte, mas seria capaz de se igualar aos vencedores históricos do Festival Bushin?

As discussões sobre o assunto estavam fervendo.

No final, a maioria das pessoas decidiu que ele provavelmente era um dos mais fracos entre os combatentes que iriam aparecer nas principais.

Ao considerar a sua história desconhecida, isso já era de se esperar.

Todo mundo tinha ganhado sua reputação em torneios ou no campo de batalha, mas Jimina não tinha um currículo para se comparar com os outros.

Sendo mais objetivo, não tinha nada que provasse seu valor.

Então, claro, as expectativas sobre ele eram baixas.

Ainda assim, alguns fanáticos achavam que era um azarão.

Pela lista de participantes desta vez, era quase garantido que Iris venceria o Festival Bushin deste ano, mas, se alguém pudesse perturbá-la, esse alguém seria o garoto cuja força ainda era desconhecida.

Tais eram as expectativas colocadas sobre Jimina enquanto ele deixava a arena.

As principais começavam na próxima semana.

A primeira rodada era Jimina contra Annerose.

Noventa por cento das pessoas acreditava na vitória de Annerose nesta disputa.

 

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Enquanto eu saía da arena, pensava em como o velhote que enfrentei hoje parecia fixado demais. O seu nome era Qui… alguma coisa. Eu podia literalmente sentir a hostilidade que emanava dele. Era meio revigorante.

Agora eu estava qualificado para as rodadas principais, as quais começavam na próxima semana.

A multidão não ficou nem um pouco impressionada comigo até agora, mas é na semana que vem que vou mostrar minha força de verdade, por isso preciso pensar em alguns roteiros nesse meio-tempo.

Enquanto seguia pelo corredor até a entrada dos participantes e pensava sobre os meus planos para a próxima semana, uma mulher de cabelo azul-claro ficou diante de mim. Tenho quase certeza de que seu nome era Annerose.

— Posso ajudá-la…?

— Nunca imaginei que chegaria até as principais. Bom trabalho.

Seu olhar firme me perfurava.

— Já era algo esperado.

— Aham. Vejo que julguei mal sua força, mas é isso. Tenho apenas um aviso para você.

— Sim..?

— Já vi seus movimentos. Não espere que será capaz de me vencer da mesma forma. — Um sorriso confiante cruzou seu rosto.

— Heh…

O canto da minha boca se curvou para cima, e eu passei por ela indiferentemente, como se dissesse não há mais nada para conversarmos.

Gritei internamente: por favor, fale comigo de novo!

— O que é tão engraçado? — Annerose me encarava.

Você é a melhor!

Olhei por cima do ombro e a encarei.

— Também tenho um aviso para você…

Com isso, retirei as pulseiras que estive usando na esperança de que algo assim acontecesse. Joguei-as aos pés de Annerose.

Thud.

A pulseira emitiu um som pesado ao bater no chão.

— E-Elas são… Sem chance. Você esteve usando todos esses pesos durante suas lutas…?!

— Essas eram as correntes que me seguravam… Mas já é hora de parar com a brincadeira…

Thud, thud, thud.

Removi os pesos do meu outro pulso e de ambos os tornozelos, então comecei a ir embora de novo.

— O q-…? E-Espere!

Desta vez, não parei.

— Eu disse para esperar!

Ela correu até a minha frente, frenética.

— Não fique achando que já venceu. Veja só…

Ela estralou o pescoço.

E, por algum motivo, fez a uma velocidade extremamente alta.

— Também consigo fazer isso, sabia…

— Aham…

Sem entender nada, passei por Annerose e sua expressão triunfante.

O que será que ela estava tentando fazer?


 

Tradução: Taiyo

Revisão: PcWolf

 

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