Com a morte de Paffus VI, a guerra estava chegando ao fim.
No mesmo instante mandei um ultimato exigindo que Salkhoz Samuur se rendesse. Nele, afirmei que, uma vez que o homem não precisava mais servir a um usurpador, deveria obedecer à atual monarca legítima, Lumie I. Claro, incluí a ameaça de que, caso se recusasse a dobrar os joelhos, eu atacaria o Castelo Samuur com todo o meu exército e executaria todo o seu clã.
Antes de receber uma resposta de Salkhoz Samuur, coloquei todas as cidades da Prefeitura Samuur sob meu controle. Quando foram informados de que não saquearíamos suas cidades no caso de oferecerem reféns, não tiveram escolha a não ser obedecer. Não havia força militar capaz de resistir às nossas tropas.
Minha sincera esperança era de que simplesmente admitissem a derrota. Se decidissem lutar até o fim, embora pudéssemos vencer, levaria algum tempo para colocar as coisas sob nosso controle. Isso significaria que teríamos que passar algum tempo na Região Grande Ilha.
Eu tinha relatórios detalhados sobre o estado do Castelo Yagmoory. Embora não houvesse risco de cair tão cedo, isso não era necessariamente impossível. E eu estava preocupado com a saúde de Lumie. As doenças às vezes se espalhavam enquanto as pessoas se escondiam em um castelo.
Além disso, soube que Hasse não poupou esforços para sitiar o Castelo Maust. Embora eu também não achasse que Maust cairia, muitas das minhas consortes estavam lá. Queria ir e as regatar o quanto antes.
Planejei vários cenários, incluindo o pior deles, em que Salkhoz Samuur declararia o filho de Paffus como o próximo monarca e continuaria contra mim.
Nesse caso, eu deixaria a maior parte da ofensiva para Aberthy Hanistra, o Conde de Talmud. Talmud e Samuur há muito eram rivais. Havia uma boa chance de ele se mobilizar para acabar com Samuur. A tomada dessas terras lhe seria um enorme benefício.
Enquanto as forças da Região Grande Ilha atacassem Samuur, eu voltaria ao Castelo Yagmoory.
Depois de confirmar a situação por lá, eu decidiria entre resgatar o Castelo Maust e invadir a capital real.
O lorde da região sul da Grande Ilha decidiu jurar fidelidade a mim.
Ele jurou oferecer três de seus próprios filhos e os seus netos como reféns, totalizando dez de sua família.
A audiência para confirmar os arranjos foi realizada em uma cidade que eu estava ocupando.
O Salkhoz Samuur que apareceu diante de mim era um homem de idade, seu cabelo tinha mechas grisalhas, mas era bem constituído e estava em forma boa o suficiente para que eu pudesse imaginá-lo correndo pelo campo de batalha. Mas o que havia de mais incomum nele era o fato de estar usando uma roupa de sacerdote.
— Deste dia em diante, meu filho herdará o título de Conde de Samuur, e eu me dedicarei a Deus. — Salkhoz Samuur parecia completamente exausto. — Quando não pude proteger nosso rei, caí em desgraça. Se eu continuar sendo o Conde de Samuur, ninguém vai me seguir.
A frustração estava evidente em suas feições. Por muitos anos, os Condes de Samuur não tiveram que dobrar os joelhos assim para ninguém. Salkhoz, sem dúvidas, equilibrou a necessidade de proteger seu clã e seu orgulho antes de tomar uma decisão.
Oda Nobunaga comparou isso à conquista de Kyushu, o que significa que toda a metade oeste do reino estava em minhas mãos.
— O crime de lutar pelo falso rei acabou com a vida do falso rei. Tudo que lhe é exigido é servir ao monarca adequado de agora em diante.
— Ao monarca adequado, de fato.
Salkhoz Samuur olhou para meu rosto como se estivesse avaliando meu valor. Em um instante eu soube que ele não estava obedecendo por nenhuma lealdade recém-obtida. Mas também não me desprezava.
— Peço que você se certifique de que tal monarca adequado não mude. Gostaria de parar de ser empurrado para todos os cantos por aqueles que estão no centro.
— Não precisa se preocupar. Lumie I, minha esposa, tem legitimidade para governar o reino. Mais que qualquer coisa… — Eu lenta e firmemente apertei a mão direita dele com a minha. — Ela tem força. A força para unificar o reino. Hasse não tem essa força. Isso significa que não importa quão santo um homem como Hasse possa ser em vida, como rei ele é a personificação do mal.
Salkhoz Samuur olhou para meu rosto como se estivesse com medo.
Devia achar minha ambição nua e crua algo enervante.
— Se Hasse, por algum milagre, vencesse, este reino não acabaria em paz. Peço que coopere comigo para eliminá-lo do mapa em nome da paz.
— Entendo. Se você fará isso, vá tão longe quanto precisar.
E, com isso, coloquei a Região Grande Ilha sob meu – não, sob o controle de Lumie I.
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Embarcamos nos navios de Ordana Nistonia e partimos da Região Grande Ilha.
Tecnicamente falando, não havíamos acabado com todos os conflitos na Região Grande Ilha. Ainda havia aqueles que causavam problemas, como os que tentaram resistir ao meu governo, os que estavam envolvidos em disputas com o Conde de Talmud e membros do clã Samuur que estavam insatisfeitos com a rendição de Salkhoz.
Mas esses eram problemas que a Região Grande Ilha poderia resolver por conta própria. Meu destino era o Castelo Yagmoory.
Existiam várias revoltas acontecendo ao redor do castelo. Não seria possível descrever a situação como calma. Os lordes protegeram aquelas terras ao longo das histórias de suas famílias, e eu chegar e acabar com tudo podia ter passado uma má impressão.
Mas eram todos incômodos menores.
Um lorde menor com raiva jamais seria capaz de tomar o Castelo Yagmoory.
E não havia ninguém que pudesse servir de líder para eles.
Havia um membro da realeza que foi designado para servir como substituto de Hasse e general, mas ele não fez nenhum progresso contra a fortaleza inexpugnável. Parecia que ele só estava mantendo um cerco de longo prazo pelo bem das aparências, já que havia desistido de abrir caminho para o castelo.
Se eu voltasse, queria voltar para um castelo limpo.
Enviei Yadoriggy na frente para entregar uma mensagem ao Castelo Yagmoory.
Três dias depois, uma força comandada por Kelara saiu do castelo e atacou o substituto de Hasse.
Kelara era uma general muito superior ao oponente. Com a diferença entre habilidades, realmente não havia necessidade para se defender. Oda Nobunaga também comentou: “Mitsuhide era hábil em história e nos modos corteses, mas foi por ser extremamente hábil como comandante militar que o fiz um de meus lordes da guerra.” Ele estava elogiando o homem que o matou.
Enquanto isso, me movi para conquistar a base de operações do general real. Isso significava que Kelara atacaria do castelo e eu da retaguarda, pegando-o em um ataque em pinça.
Destroçamos o exército de Hasse. No começo cercamos oponentes com pouco moral, então fugiram quase de imediato. Isso abriu um caminho direto para o general inimigo. Um membro dos Ursos Vermelhos cuidou dele.
Orcus, o capitão dos Ursos Vermelhos, parecia um pouco entediado ao relatar:
— Nossa, as coisas foram tão bem que chega a assustar.
— Sim. Tenho certeza de que foi uma batalha muito mais fácil do que as que travamos até agora, mas fique tranquilo, vou recompensá-lo de forma adequada.
Arrumei meu traje antes de entrar tranquilo e triunfantemente no Castelo Yagmoory.
Lumie esperava por mim no final da ponte que cruzava o amplo fosso.
Ajoelhei-me na frente dela e beijei sua mão.
— Vossa Majestade, voltei em segurança depois de eliminar os traidores que estavam na Região Grande Ilha.
— Bem-vindo de volta, Sir Regente. — Ela então riu. — Ou devo dizer, “querido”?
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Conduzi a reunião para planejar nossas ações futuras na frente de Sua Majestade.
Fiquei diante de Lumie I, rainha de Therwil, que estava sentada em seu trono, enquanto na minha frente estavam nossos vassalos.
A maioria dos presentes eram oficiais militares, enquanto o resto estava no Castelo Maust, tornando esta reunião bem pequena.
— Regente Alsrod Nayvil, você fez bem em nosso nome. É graças a você que purificamos a Região Grande Ilha do mal que por lá se enraizou.
Lumie sorriu serenamente, mas o conteúdo de sua declaração foi bastante alarmante. Quando casou comigo, nunca a imaginei como uma monarca reinante. Com o passar dos anos, ela se tornou uma verdadeira heroína.
— Fico realmente honrado por desempenhar um papel na reconstrução do Reino de Therwil. Pensar que isso será lembrado como a maior conquista da história do clã Nayvil me enche de imensa alegria.
Lumie e eu continuamos nossa exibição um tanto excessiva.
Estávamos brincando de rainha e vassalo igual a um casal. Porém, enquanto os outros estivessem presentes, isso não era brincadeira. Era um assunto que seria registrado nos anais do reino.
— As ameaças do oeste foram eliminadas. Tudo o que resta é derrotar meu irmão.
Lumie momentaneamente pareceu aflita. Não haveria como evitar um confronto direto com Hasse.
Ela não desprezava o seu irmão. Parecia preferir não estar em uma posição na qual teria que matá-lo. Era aí que nossos respectivos relacionamentos com nossos irmãos se diferenciavam. Eu não conseguia decidir qual de nós estava em uma situação melhor.
— Vossa Majestade, devemos ser cautelosos ao prosseguirmos a partir daqui. Isso porque devemos demonstrar às pessoas comuns que somos o governo reinante adequado do reino. Por favor, dê uma olhada nisso.
Virei-me e gesticulei com a mão.
Um mapa estava espalhado sobre a mesa atrás de mim.
— No momento, a terra que podemos dizer que está sob nosso controle representa aproximadamente metade do reino. Porém, acredito que agora que voltei ao Castelo Yagmoory, mais pessoas irão declarar apoio ou desejar declarar apoio ao nosso lado.
— De fato. A Margrave de Machaal tem feito progressos na derrubada de nossos inimigos no norte. Acredito que podemos afirmar com segurança que ela controla todo o Norte.
Parecia que Talsha, a Margrave de Machaal, estava deixando sua marca nas Terras do Norte. Isso me permitiu mover minhas forças para conquistar a Região Grande Ilha.
Se ela estivesse do lado de Hasse, a situação seria significativamente diferente. Eu teria que me preocupar em defender o Castelo Maust e seus territórios vizinhos.
E, nesse caso, não teria o tempo necessário para construir o Castelo Yagmoory. Não restava dúvida de que foi a criação deste castelo que aumentou a paranóia de Hasse.
— Pois então, como devemos proceder? — perguntei aos meus vassalos. Todos os presentes à nossa frente não eram só meus vassalos, como também de Lumie, a rainha.
Laviala foi a primeira a levantar a mão.
— Vamos enviar forças para o Castelo Maust agora mesmo! O Castelo Maust ainda está cercado por forças inimigas! Ao garantir o castelo de residência de Lorde Alsrod, podemos demonstrar que estamos com a vantagem!
Claro que a primeira opinião oferecida seria essa.
Balancei a cabeça.
— Sim, é inaceitável que meu castelo de residência esteja sitiado pelo inimigo. No entanto, este ainda é um lugar para opiniões variadas. Qualquer um de vocês pode propor alternativas. Qualquer alternativa.
A próxima a levantar a mão foi Kelara.
— Se combinarmos as forças atuais reunidas aqui no Castelo Yagmoory com aquelas que podemos mover com novas taxas, devemos ser capazes de conquistar a capital real. Existem riscos, mas isso permitiria forçar o inimigo a se render em pouco tempo. Acredito que, por enquanto, o Castelo Maust será capaz de manter as defesas.
Senti que esse plano levava os sentimentos de Lumie em conta.
Se cercássemos a capital real e obrigássemos Hasse a se submeter, a guerra acabaria sem que tivéssemos que fazer um ataque direto à capital real. Haveria menos vítimas e a capital real ficaria praticamente intacta.
Tudo o que precisaríamos fazer seria prender Hasse. O Reino de Therwil seria então reunificado.
Só precisávamos que ele abdicasse formalmente do trono e o faríamos se aposentar.
Quando perguntei qual era a preferência do grupo reunido, as opiniões dividiram-se quase que meio a meio.
Cada lado tinha um ponto. Aqueles que argumentaram que já era possível forçar Hasse a se submeter, estavam certos, assim como aqueles que notaram que se socorrêssemos o Castelo Maust, serviria como um sinal a todo o reino sobre o nosso poder.
— A pergunta chave é: O que você acha? — perguntou Oda Nobunaga. — Não tenho mais nada a te dizer sobre o assunto. Cabe a você decidir. Afinal, morri antes de chegar a este ponto! A única coisa que lhe resta é escolher seu próprio caminho para a conquista. Estarei aqui para testemunhar isso até o fim.
Mesmo assim, tenho certeza de que você deve ter um ou dois planos. Você costuma dizer o que faria nessas circunstâncias.
— Eu tenho, mas não vou contar. Como fui interrompido por aquele idiota do Akechi Mitsuhide, não senti o gosto disso. Não terminei a conquista de Chugoku ou Shikoku, e nem de Kyushu. Não tenho o direito de lhe dizer o que fazer.
É um pouco perturbador quando você é tão modesto.
— Além disso, independentemente do que eu diga, você fará o que quiser, de qualquer forma.
Bem, isso é verdade, sim. Cruzei pontes que você considerou muito perigosas para cruzar. Sempre fui impetuoso, desde o dia em que nasci.
— É por isso que você deve fazer o que quiser e criar sua própria visão de conquista. Não importa o caminho que você percorra, aquele que escolher será o correto. Enquanto não houver revolta, não há ninguém para te impedir.
Na verdade, a própria guerra foi decidida no momento em que o inimigo falhou em tomar o Castelo Yagmoory. Os futuros historiadores sem dúvidas notariam que a construção deste castelo com suas defesas inexpugnáveis foi um dos momentos decisivos da história.
Fazer o que eu quiser, hmm?
Já que recebi a aprovação de um conquistador, suponho que continuarei egocêntrico até o fim.
— Acho que ambas as propostas têm seus méritos. Não posso escolher a melhor entre elas. Portanto — olhei para o grupo reunido e continuei —, vamos libertar o Castelo Maust e, em seguida, marchar para a capital real.
Evidentemente, por eu não ter elaborado o suficiente, alguns não entenderam bem o que falei. Era verdade que isso estava menos para um plano e mais para uma meta.
— Se avançarmos para a capital real partindo do Castelo Yagmoory, será mais rápido se seguirmos pela rodovia para o leste. Para chegar ao Castelo Maust, teríamos que mudar o curso para seguir para o norte. E é por isso… — Coloquei minha mão na parte do mapa que representava o Castelo Maust. — Que emitiremos ordens em nome da rainha para todos os lordes do reino. Para que se reúnam no Castelo Maust. Com o nosso grande número, o inimigo provavelmente entrará em colapso sozinho. O moral deles já deve estar baixo. Então, marcharemos com este exército em direção à capital real. Se aparecer alguém em nosso caminho ao longo da rota, nós o esmagaremos. Devemos ter forças mais do que suficientes para isso.
Então me virei para Lumie.
— Teremos que acompanhar este exército, Vossa Majestade. Simultaneamente, gostaríamos que você liderasse um triunfo na capital real. A monarca de Therwil deveria estar na capital real.
Os olhos de Lumie brilharam quando ela olhou para mim.
— Sim! Ficaria feliz em viajar ao seu lado! Seria muito triste chegar à capital quando já estivesse tudo pronto.
É verdade, suponho que passei algum tempo negligenciando minha esposa. Isso porque a guerra estava se arrastando, é claro, mas essa era uma péssima desculpa para ser um péssimo marido.
— Além disso, gostaria de decidir o destino de meu irmão. Com certeza seria difícil coordenar essas coisas se a rainha estivesse aqui no Oeste.
— Sim. Precisamos que você faça seu julgamento a respeito do assunto, Vossa Majestade.
— Então começarei escrevendo cartas aos vários lordes regionais para se reunirem em Maust. Acredito que aproveitarei a oportunidade para escrevê-las de meu próprio punho. Passei mais tempo praticando minha caligrafia no convento do que gostaria de lembrar. Graças a isso, no entanto, minha caligrafia é bastante adorável.
Fiz uma reverência formal para Lumie.
— Agradeço a sua consideração.
E então acrescentei:
— Estamos apenas a um passo de reunir todo o reino sob a bandeira da coroa.
Nos últimos mais ou menos cem anos, o reino permitiu que vários lordes fizessem o que bem entendessem. Durante esse período, a chamada Rebelião dos Cem Anos, o reino foi dividido em inúmeros feudos menores.
O reino seria agora reunido em uma única nação. Esta incomum era de guerras acontecendo sem o envolvimento dos monarcas estava chegando ao fim.
— Vai demorar um pouco até que mobilizemos nossas forças. Por favor, descansem seus corpos até o momento, a fim de testemunhar o fim de uma era de conflito com seus próprios olhos.
A postura de Lumie estava majestosa e ela era inegavelmente a rainha reinante. Ela era, sem qualquer mentira, a rainha que manteria o reino unido.
Tudo o que faltava era unificar o reino sob esta rainha.
Tradução: Taipan
Revisão: ZhX
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