Um Trabalho Misterioso Chamado Oda Nobunaga

Um Trabalho Misterioso Chamado Oda Nobunaga – Vol 02 – Cap. 02 – Invasão à Prefeitura de Melya

Depois, por sugestão de Yadoriggy, tornei Kivik um visconde de cinco condados em Siala.

— Pensei que isso poderia ser melhor do que um lugar muito pacífico, então o confiei a você. Faça com que se torne tão pacífico quanto Nayvil.

— Ah, eu não sabia que havia cinco condados sobrando em Siala. — Alisando sua barba branca, Kivik tinha uma expressão vazia no rosto. Claro, não sobrava muito após somar esses cinco condados e o domínio de Soltis Nistonia.

— Estou transferindo terras de alguns outros lordes. Afinal, eles não são terrivelmente poderosos. Então isso não é um problema. Na verdade, seria melhor caso se rebelassem.

— Entendo. Nesse caso, devo concordar e partir.

— Deixe sua casa com o Pequeno Kivik. Aposto que ele também gostaria de ficar um pouco longe de seu pai e finalmente ter um pouco de paz e sossego. — O Pequeno Kivik também tinha uma boa idade, mas com seu pai ágil ainda ativo e nunca se aposentando, não parecia ser o chefe de seu clã.

— Talvez. Também tomarei cuidado com os remanescentes de Antoini, que fugiram para Melya.

Claro, eu havia pensado bastante em quem escolheria.

— Vamos dar um tempo para as coisas se acalmarem. Estou preocupado em relação a avançar muito rápido para a capital. De qualquer forma, tenho certeza de que as pessoas de lá me veriam apenas como um jovem bizarro em ascensão.

Ainda tenho pouco mais de vinte anos. O público consideraria os mistérios ao meu redor inquietantes. Não que eu me importe muito com o que pensam de mim, mas uma rebelião sendo desencadeada seria contraproducente.

— Boa decisão. Kiso Yoshinaka também se provou surpreendentemente impopular na capital, o que resultou em sua morte. Você deve considerar sua ida com muito cuidado.

Ele mencionou outro nome que eu nunca tinha ouvido falar, mas mesmo no meu mundo, houve um senhor da guerra que capturou a capital com um enorme exército só para perdê-la, junto com sua vida, dois meses depois.

Sem comida suficiente, tomar a capital com uma enorme força indica que seus homens terão que recorrer a saques. É impossível governar quando todos os residentes são seus inimigos.

— Exatamente. Você ainda viveu apenas a metade do tempo que eu vivi. Ainda tem tempo. Quanto mais apressado for, mais cedo chegará o seu fim.

Era um pouco estranho ouvir um conquistador recomendando ter cautela, mas qualquer rei, mesmo um rei demônio, iria querer manter seu poder por tanto tempo quanto fosse possível.

 

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Antes de Kivik chegar a Siala, dois lordes menores que estavam oferecendo sua lealdade morreram misteriosamente. Eu só conseguia imaginar que foram vítimas dos rappas. Pelo visto, suas famílias também acreditavam se tratar de assassinato. Os clãs dos lordes mortos se trancaram em castelos e se rebelaram, então enviei Kivik para cuidar de todos. Além de manter suas terras por gerações, eram um grupo totalmente desinteressante. As tropas dos Melyan atacaram Kivik algumas vezes, mas eram apenas conflitos menores.

Yadoriggy me aconselhou sobre onde deveria atacar a seguir. No momento, estava vestida como uma lobisomem dançarina – tal visão era incomum em meu castelo. Além disso, por parecer uma dançarina, ela poderia viajar por terra com uma trupe de artistas e ninguém sequer levantaria as sobrancelhas.

— Tenho certeza que você sabe que os vassalos do clã Melya detêm uma parte substancial de poder. — disse ela.

— Eu sei. Eles sempre decidem as coisas em um conselho. Isso está decretado até mesmo em suas leis.

— Hmm, assim como Rokkaku.

Pelo visto, Oda Nobunaga também estava familiarizado com esse arranjo. Lordes que eram controlados por seus vassalos provavelmente existiam em todos os lugares.

— O ponto é que o chefe do clã, Xylan Melya, está tentando controlá-los, fazendo-os bater de frente uns com os outros. Parece que ele acredita que a única opção é se submeter a você.

Bem, com apenas uma prefeitura sob seu controle, Xylan provavelmente sabia que não poderia me vencer.

— Diga-lhes o seguinte: de minha parte, não os prejudicarei, desde que entreguem os Antoinis.

— Como desejar.

— Ah, e diga para garantirem que os vassalos de Xylan saibam sobre isso. Não é necessário que seja segredo.

— Como desejar.

Assim, por mais sem sentido que fosse, brigariam entre si. E isso trabalharia a meu favor. Existem outras formas além da guerra para suprimir os inimigos.

— Além disso — disse ela —, um de nós conseguiu entrar furtivamente na Catedral de Orsent, na Prefeitura de Fortoeste, e dizem que o arcebispo de lá não se importaria em ficar do seu lado.

A Prefeitura de Fortoeste era, em essência, controlada pela Catedral de Orsent. Havia lordes individuais por lá, mas eles quase não tinham poder.

— Entendo. Preciso pensar em como me preparar para minha futura chegada à capital. Não quero passar vergonha. — A governança seria impossível se eu não soubesse nada sobre a capital. Precisava de tempo para estudar.

— Receio não saber nada sobre isso — disse Yadoriggy, curvando a cabeça.

— Tudo bem. Cada pessoa tem seu papel. Vou perguntar a Kelara.

Após cerca de meio ano, do ponto de vista de outras pessoas, me estabeleci. Comemorei meu vigésimo terceiro aniversário em um momento de paz e tranquilidade. Eu não parecia muito diferente, mas meu filho e minha filha com certeza pareciam. Ambos corriam pelos corredores do castelo, deixando sua ama de leite, Laviala, louca.

Entretanto, eu não estava exatamente relaxando. Com a ajuda de Kelara, pesquisei meticulosamente sobre os rituais e os assuntos políticos da capital, bem como os valores de seu povo. O príncipe herdeiro Hasse seria o rei, mas eu seria o responsável pelo governo.

— Estou impressionado com o quão devotado você é aos seus estudos. — Até Kelara ficou chocada por eu ter ido tão longe a ponto de tomar notas – não que seu rosto mostrasse muito choque.

— Não quero que ninguém pense que sou apenas um caipira. Para começar, não há nada mais agravante do que ser ridicularizado por idiotas incompetentes, e se minha reputação for prejudicada, algumas pessoas podem tentar trazer Paffus VI de volta após a sua partida.

Muitas pessoas haviam assumido o controle da capital no passado, mas poucas conseguiram mantê-la sob seu domínio com alguma estabilidade. Era tudo devido à ignorância que possuíam em relação à capital. Não existia nenhum precedente de uma cidade que supostamente tinha trinta ou quarenta mil habitantes. Como resultado, concentrada neste único lugar estava uma teia emaranhada de interesses especiais.

— Entendo. Farei tudo ao meu alcance para transmitir meu conhecimento a você. — Kelara nem piscou. Eu podia ver por que o príncipe herdeiro disse que ela era inabalável e rígida, mas era exatamente isso que me tranquilizava em sua relação. Parte do que mostrava as habilidades de um governante era como fazia uso de seus vassalos. — Pois bem, hoje vamos falar de comércio na capital. — continuou ela.

— Ah, não, basta de estudo por esta noite. — Fui até Kelara e passei meus braços ao seu redor. — Fazer amor com uma mulher igual a um caipira não vai servir. Me ensine o que você sabe.

— Como desejar.

Com uma cara séria, ela tirou a roupa, expondo sua pele morena para mim. Seu cabelo prateado parecia mais radiante do que nunca.

 

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Um dia depois de dormir com Kelara, tornei-me pai de uma terceira criança. Fleur teve uma garota.

Ela era uma mulher corajosa e, pelo visto, isso não havia mudado nem no parto; de acordo com os presentes, ela quase não parecia sentir dor. Disseram que nunca tinham visto um parto tão tranquilo.

— Você deve estar exausta, Fleur. — Quando fui vê-la, onde continuava deitada, ela parecia despreocupada, como se não tivesse pegado nada mais do que um resfriado.

— Depois de tudo que ouvi sobre a dor do parto, esperava que fosse muito mais difícil do que foi.

— Quase sinto que estou ouvindo um guerreiro se gabando.

— Pensar na sobrevivência do meu clã foi muito mais difícil. — Ela não estava sorrindo, isso me indicava que estava sendo completamente sincera.

— Agora o clã Wouge não vai a lugar algum, então se preocupe com a saúde de nossa filha enquanto ela cresce. Também vamos encontrar alguém de confiança para ser a sua aia.

— Sim, meu lorde. Vou me certificar de que sua filha cresça bem.

Depois de acariciar o cabelo rosa de Fleur, saí do quarto.

E então, enquanto estávamos realizando celebrações privadas, houve uma agitação. Nosso vizinho, Melya, estava supostamente envolvido em uma guerra civil. Havia uma oportunidade batendo à porta. Às vezes, bastava um pouco de espera para que as oportunidades surgissem.

 

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Naquela noite, uma loba apareceu diante de mim assim que fui para o pátio, e ela logo mudou de forma para Yadoriggy, a rappa. Quanto mais curta a conversa com um rappa, melhor.

— O conde que controla a prefeitura de Melya, Xylan Melya, expurgou um de seus principais vassalos por insolência; alguns dos outros retaliaram, então ele fugiu de seu castelo, e agora estão travando uma batalha. Xylan também tem seus apoiadores, então a prefeitura está dividida em duas frentes.

— Avise Kivik agora mesmo. E diga a Xylan que Alsrod está pronto para lhe conceder proteção.

— Com o próprio Xylan já protegendo os Antoinis, duvido que ele possa vir oficialmente para o nosso lado.

Desgraçado indeciso.

Ele decidiu que não era páreo para mim, mas ainda abrigava os Antoinis, que haviam desafiado e fugido de meu avanço. Não foi surpresa que seus vassalos tenham desobedecido um conde tão instável.

— Diga a Xylan que qualquer amigo dos Antoinis é meu inimigo. — Eu o faria ver que não existiam opções. Instruí minhas tropas a estarem preparadas para partir a qualquer momento.

E, finalmente, Xylan mandou um enviado solicitando tropas para retomar Melya. Com os ataques contra ele cada vez mais intensos, parecia estar em apuros.

Seus vassalos haviam estabelecido seu irmão mais novo, Salhorn, como um governante fantoche. A Prefeitura de Melya foi totalmente dividida em duas. Brigas de família não eram muito incomuns, mas agora havia um lorde esperando para tirar vantagem de tudo isso, bem aqui. Se ele tivesse algum problema, que seja.

A hora havia chegado. Fui direto até Hasse.

— Agora, mais do que nunca, por favor, empreste-me sua força. A hora de você ser rei se aproxima.

Hasse concordou com meu plano na mesma hora.

 

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E então um exército de dez mil homens marchou de Maust. Eu, entretanto, não era o general comandante.

Mas sim o príncipe herdeiro, Hasse.

Eu estava bem ao seu lado, mas o responsável era ele.

— Escutem! — ele disse. — Quero que todos vocês eliminem os vassalos traiçoeiros que estão atacando o Conde Xylan Melya! A Prefeitura de Melya fica perto da capital real. Não podemos sentar e assistir a esse caos continuar tão perto de nossas fronteiras! Qualquer um que me desafiar é um traidor da família real!

Como fazia muito tempo que não lutava, a voz de Hasse estava estridente, mas com seu objetivo tão próximo, ele parecia animado.

Se o príncipe herdeiro Hasse aparecesse nesse momento, o rei no controle da capital não teria escolha a não ser ficar do lado dos vassalos do clã Melya. Certamente não poderia ficar do mesmo lado que seu primo, que afirmava ser o príncipe herdeiro. Esta situação se agravaria além do problema de Melya.

Confiei que o capitão lobisomem dos Cães Negros, Dorbeau, desta vez cuidaria da vanguarda. Falei para que esmagasse nossos inimigos sem qualquer piedade.

Mesmo com os reforços do clã Santira na Prefeitura de Fortosul, nosso inimigo tinha no máximo cinco mil. Por outro lado, tínhamos dez mil e, se somasse as tropas de Xylan, tínhamos uma vantagem numérica ainda maior.

Optando por não ser cercado, nosso inimigo atacou nas planícies. Já que se esconder em um castelo com cinco mil homens seria quase impossível, não devem ter tido escolha. Além disso, enquanto eram lentamente sitiados em sua base, Xylan estaria reunindo seus homens.

Após uma primeira colisão com o inimigo, o Capitão Dorbeau dos Cães Negros recuou propositalmente, fazendo com que a linha inimiga se esticasse. Sua estratégia era, assim, fazer outro ataque ao flanco e destruí-los. Foi um ataque rápido, digno de um lobisomem. O plano funcionou – o inimigo foi derrotado e fugiu.

Seria possível dizer que a primeira rodada, ao menos, foi ao nosso favor. O inimigo acabou mudando seu plano de se dividir e defender vários castelos. Sua moral havia sido de alguma forma reduzida.

— Nesse ritmo, você acha que a batalha vai se arrastar? — perguntou Laviala naquela noite. Estávamos em um cômodo da mansão que eu usava como aposento. Um mapa estratégico estava sobre a mesa.

— De forma alguma. Agora mesmo, há outra força-tarefa indo atacar o castelo principal.

— Outra força-tarefa? É a primeira vez que ouço sobre…

— Porque eu fiz questão de não contar. Se todas as nossas tropas souberem, o inimigo também saberá.

— Ainda assim, fale sobre isso ao menos comigo

— Tenho algumas razões. Os homens ficarão mais entusiasmados se pensarem que estão no ataque principal. Agora mesmo, Kivik está devastando a Prefeitura de Melya com dois mil homens sob seu comando. A maioria dos nossos inimigos que está aqui não terá para onde retornar.

Laviala soltou um “Ahh!” diante disso.

— Falando nisso, você não moveu as tropas do território de Kivik… Achei que queria que ele se concentrasse em administrar suas terras…

— No momento, muitos dos soldados na fortaleza principal do inimigo, o Castelo Dokto, se foram, então não estão com força total. Vamos aproveitar a oportunidade para fazer um ataque surpresa e capturá-lo.

Peguei peças de ambos os lados do mapa e as movi para mais perto das peças inimigas.

— Então, junto com Kivik, eliminaremos as tropas inimigas que nos confrontam. Com isso, o clã Melya será efetivamente eliminado. Não podemos matar Xylan Melya, já que ele veio até nós em busca de ajuda, mas, na melhor das hipóteses, ele viverá como nosso fantoche.

Mudei a peça representando minhas tropas para outro lugar.

— Esta não é uma guerra sobre o que fazer com a Prefeitura de Melya… Estaremos tomando a capital real em breve. Mais pessoas estão se juntando ao nosso lado. A oportunidade está formada.

Durante a última metade do ano, planejei trazer mais pessoas para o meu lado. Agora tudo seria concretizado.

 

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No dia seguinte, minhas tropas começaram a tomar os castelos do inimigo um a um. Como de costume, mandei matar todos no primeiro castelo, como prova de minha falta de misericórdia para com aqueles que não se renderam antes. Plantei uma semente de medo e roubei a motivação deles. Ao mesmo tempo, ao fazer Hasse dizer várias vezes que eles estavam se rebelando contra o príncipe herdeiro, tornei a posição de meus inimigos ainda mais precária. Logo perceberiam, do jeito que as coisas estavam indo, que Hasse se tornaria o novo rei. A oposição a ele tornaria as coisas cada vez piores.

Em meio a tudo isso, um mensageiro cavalgou até o meu acampamento. Ele disse que a fortaleza do clã Melya, o Castelo Dokto, caiu sob o ataque de Kivik, e Salhorn Melya, que se autodenominava o chefe do clã, fugiu para a capital real.

— Tolo. Ele deveria ao menos ter fugido em direção ao resto de suas tropas. Será que não tem coragem nem para isso?

Naquele mesmo dia, anunciei que Kivik havia derrubado o castelo principal do inimigo.

— Esqueci de mencionar isso antes, mas aquele velho soldado é meu camarada da época em que estive em Forte Nagraad — contei aos meus homens. — Eu queria dar a ele a honra de liderar o caminho para a capital. — Meus generais se animaram diante da menção à capital. — Esta prefeitura é apenas o começo. Agora vamos para a capital para tornar o príncipe herdeiro em rei!

— Whooooo! — Meus generais soltaram um grito alto. Fiz esperarem por isso durante muito tempo.

— Tenho certeza de que muitos de vocês se perguntaram quando iríamos colocar nossos olhos lá. Eu estava reunindo nossas forças, pouco a pouco. Sob sua supervisão, Kivik fez um trabalho esplêndido estabilizando Siala em um tempo mínimo. Agora não há nada a temer! Entre hoje e amanhã, vamos obliterar o que sobrou do inimigo!

Claro, não havia mais ninguém seguindo os vassalos do clã Melya, então as pessoas continuavam se rendendo. Por outro lado, deixei que todos os guerreiros que não se renderam continuassem morrendo. Se pretendiam morrer, nada os convenceria do contrário.

Pelo visto, os remanescentes fugiram para a capital real junto com um Antoini que costumava ser um senhor em Siala. Não invejo sua vida de fugitivo.

Dois dias depois, fui para a cidade-castelo do clã Melya que fora incendiada, o Castelo Dokto. Construindo uma choupana temporária nas ruínas, decidi nomear um comandante local. Ele teria o importante papel de cuidar da nossa retaguarda enquanto continuávamos a invadir.

Chamei Laviala aos meus aposentos.

— Eu gostaria que você guardasse este lugar.

— Lorde Alsrod, permita-me estabelecer uma condição, se possível.

Olhando para o rosto dela, logo pude concluir que isso era algo para o qual ela não faria qualquer concessão. Estivemos juntos por toda a vida – desde o dia em que nasci. Não podíamos esconder quase nada um do outro.

— Posso arriscar adivinhar o que você quer dizer, mas me diga mesmo assim.

— Quero estar ao seu lado quando ocupar o palácio real! Quando um dia tão importante se repetirá?

Eu sabia. Isso era exatamente o que eu esperava.

— Ocupar o palácio não é o meu objetivo. Tenho certeza de que você sabe disso.

Tornar-se rei – era isso que eu desejava. Não preciso colocar tudo em palavras.

— Ainda assim, quero compartilhar a alegria deste marco ao seu lado. Sei a importância de defender o Castelo Dokto, mas…

Suspirei. Para ser honesto, eu também queria compartilhar essa alegria com Laviala.

— Também quero recompensar meus homens levando todos eles comigo. Talvez eu deixe Noen Rowd cuidar daqui. De qualquer forma, ele se sai melhor defendendo do que atacando.

Em seguida, convoquei Kelara aos meus aposentos.

— Ajude-me a não fazer nada constrangedor quando ocupar a capital. Não posso envergonhar Sua Alteza Real.

— Muito bem. Primeiro, é crucial que se certifique de que todos saibam que qualquer saque é estritamente proibido.

Fiquei um pouco desapontado.

— É a mesma coisa, não importa de quem você está tomando. Estou querendo saber sobre a etiqueta.

— Posso falar livremente, senhor?

Fiquei um pouco assustado com isso, mas disse a ela para não se conter. Se recebesse uma crítica mordaz nesse momento, iria doer, não importa quem eu fosse.

— Você já estava ciente da etiqueta enquanto estava em Maust. Se continuar como está, não deve haver nenhum problema. Você já seria um bom regente para este país, alguém de quem ninguém poderia falar mal.

Fiquei estupefato.

— Kelara, eu nunca quis que você fosse uma bajuladora astuta.

— Eu nunca estudei a bajulação, então isso está além do meu alcance — respondeu ela em um tom seco.

— Não importa o que você diga, minha afeição por você nunca vai desaparecer.

— Não quero insistir neste ponto, mas falo como uma vassala… não como sua esposa.

Eu não conseguia acreditar que ela podia dizer essas coisas com uma expressão tão neutra.

— Certo. Confio em você. Vou confiar em sua palavra.

— Muito obrigada. Prometo-lhe também a minha lealdade eterna, meu lorde.

Kelara balançou a cabeça, ainda sem sorrir. Hasse foi realmente um idiota por deixar isso de lado, pensei. Uma pessoa que não sabia quem era útil não poderia ser um bom rei.

Bem, por enquanto, apenas enviaria ordens aos lordes vizinhos para que acompanhassem o príncipe herdeiro. Dessa forma, ficaria claro quem era amigo e quem era inimigo.

Marchei com minhas tropas pela Prefeitura de Fortoeste, rumo à Prefeitura de Fortosul. Recebi permissão de passagem da Catedral de Orsent em Fortoeste, portanto, embora fosse um desvio, era ao menos confiável. Entrar na capital real por Fortosul seria a rota adequada de acordo com o costume antigo.

Os lordes da região correram para se juntar a mim.

— Obrigada por vir. No entanto, é inútil inclinar a cabeça diante de mim. Peço que se curvem diante de Sua Alteza Real, o príncipe herdeiro. Afinal, é a ele que servirão.

O maior poder em Fortosul – nossa entrada capital – tinha sido o clã Santira, mas aparentemente já haviam perdido a vontade de lutar, e seus vassalos e membros do clã apareceram para se render um após o outro. Agora não havia meios para travar uma guerra adequada. O chefe do clã, Leggus Santira, fugiu.

Até mesmo o povo da capital real parecia perceber que uma defesa se tornara impossível; diz-se que o Rei Paffus VI fugiu para o oeste com o seu clã. Ele provavelmente continuaria se proclamando rei, mas abandonar a capital deixaria uma impressão terrível.

Hasse não teria problemas para passar de príncipe herdeiro a soberano.

Destruindo a lamentável resistência que restava, libertei a Prefeitura de Fortosul sem problemas. Todos os obstáculos à capital haviam desaparecido. Não parecia que haveria mais batalhas reais, então adotei meu traje formal, enviado de Maust. Poderia ser bom parecer bem durante a tomada.

Eu também estava muito feliz, mas outra pessoa estava ainda mais feliz.

Essa pessoa era o Príncipe Herdeiro Hasse.

— Isso é tudo graças a você, Marquês. Não sei como expressar minha gratidão… Obrigado, obrigado…

Quando ele começou a chorar, não tive certeza de como reagir.

— Vossa Alteza Real, as emoções podem esperar até depois de tomarmos a capital?

— Ah, eu só queria que você soubesse o quão grato eu estou. Claro, também agradecerei após a tomada. E também lhe prometo a posição de regente.

Não pude ignorar essas palavras.

Regente – sem dúvidas a posição mais alta no reino, abaixo do rei, era a posição mais alta de vassalo; historicamente, também, era o posto que havia sido alcançado por vários dos que foram, de fato, os governantes supremos de sua época.

— Eu ficaria muito honrado em ser seu regente. Vou me esforçar para ser digno do papel e fazer o meu melhor para garantir a paz no reino.

— Sim… e não vou voltar atrás em minha promessa.

Demorou, mas finalmente chegou. Fiquei mais perto do meu sonho de ser rei.

Bem, talvez não tivesse demorado tanto. O cargo de regente me foi entregue em uma bandeja de prata.

 


 

Tradução: Pimpolho

Revisão: ZhX

 

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