O tom de roxo das carruagens era elegante e suave. As duas tinham o mesmo brasão estampado: um braço coberto por uma armadura e segurando um escudo prateado, cercado por muitas violetas roxas brilhantes, juntamente com desenhos que representavam fortalezas. Aquele era o brasão da Família Violeta, comumente denominada de Escudo da Verdade.
As duas carruagens pararam em frente ao longo tapete vermelho. Os nobres que já tinha adentrado no saguão saíram novamente, seguindo os Condes Hayne e Rafati, para receber o grão-duque, enquanto os músicos esperavam mais ao longe, com certa deferência.
Uma jovem alta de cabelo lilás brilhante saiu da carruagem primeiro, usando um vestido preto elegante.
Seus olhos lilases pareciam saídos de um sonho, suas sobrancelhas eram mais grossas e mais longas do que as das outras damas, e seu nariz era empinado, o que combinava perfeitamente com seus lábios rosados. A jovem estava exuberante, e sua beleza era única: transmitia vitalidade, confiança e um espírito heroico. Enquanto alguns comparavam a senhorita Silvia com o lírio, que era suave e elegante, aquela jovem seria uma violeta plenamente aberta, encantadora e apaixonante.
Aquela dama, conhecida como Condessa Violeta, era Natasha. A mulher de meia-idade que Lucien viu da última vez na biblioteca estava de pé ao lado dela.
Como uma grã-cavaleira de nível cinco, Natasha era uns dez centímetros mais alta do que a maioria dos homens. Ela rapidamente caminhou até a outra carruagem e estendeu uma mão para ajudar seu pai, o grão-duque, a descer.
O Grão-Duque Violeta também tinha cabelo lilás, mas muito mais pálido do que o de sua filha. Com seus sessenta e poucos anos, o grão-duque parecia mais acabado do que outras pessoas da mesma idade. Quando era mais novo, ele não era tão talentoso como Natasha e, portanto, ele teve que contar com as muitas poções secretas fornecidas pela igreja e pela família para conseguir despertar a sua bênção, até que finalmente ele se tornou um cavaleiro, chegando posteriormente ao nível dois. Sua saúde tinha sido prejudicada pelas poções nos primeiros anos, e a perda de sua esposa e seu filho mais velho nos anos seguintes também foi devastadora para ele.
Mesmo com todos os sofrimentos, o grão-duque ainda era muito bonito e atraente. Seu amor para com sua falecida esposa era bem conhecido e louvável. Muitos anos antes, ele havia se apaixonado pela única princesa do Reino de Holm, do outro lado do Estreito da Tempestade, quando estava hospedado lá como um embaixador. Eles superaram inúmeras dificuldades juntos e finalmente se casaram. Nos anos seguintes, ele deu todo o seu amor a sua esposa e nunca teve nenhum caso. Tal história de amor ainda estava sendo cantada por muitos bardos até hoje.
Ajudado por Natasha, o grão-duque desceu da carruagem e caminhou em direção ao tapete vermelho. Em seus olhos, o sagrado Salão dos Salmos foi sempre o mesmo, e então ele começou a lembrar de coisas do passado. Depois de tantos anos, Natasha agora era sua única preocupação. Na verdade, ele tinha muito orgulho de sua filha, mas também se sentia preocupado, já que Natasha tinha uma personalidade ainda mais forte do que muitos homens.
Em frente ao salão esplêndido e magnífico, os nobres foram saudando o grão-duque e a princesa, mostrando seu grande respeito. O grão-duque estava sorrindo para os nobres com sua postura digna e séria, enquanto Natasha estava acenando ligeiramente para eles. Até mesmo Lucien, sentado ao longe, conseguia perceber que, embora a princesa estivesse mais do que acostumada com todas aquelas formalidades nobres, ela não estava muito interessada nelas. No entanto, quando ela mais tarde encontrou Silvia entre os nobres, um sorriso lindo e sincero apareceu em seu rosto.
Lucien viu Natasha fazer uma ligeira reverência para Silvia com a mão direita sobre o peito, que era uma saudação típica dos homens.
Isso é estranho… Hum… Se eu não estou enganado, algo está definitivamente acontecendo entre a Princesa Natasha e a Srta. Silvia… — Lucien não queria divulgar a opinião dele sobre aquilo, mas ainda assim ele se sentiu um pouco triste pelos senhores nobres presentes. Afinal, tanto Silvia e Natasha eram beldades atraentes e encantadoras.
— Sugiro que nós entremos para ocupar nossos lugares primeiro, majestade. — Conde Hayne sorriu depois de saudar o grão-duque respeitosamente. — Vamos deixar os mais jovens à vontade por um tempo.
O filho dele, o Visconde Harrington, estava falando com a princesa Natasha. Harrington era um jovem animado e de boa aparência. O concerto de hoje à noite era importante, assim como a parte da interação social.
O grão-duque só deu uma olhada rápida para o jovem, sem muita esperança.
— Devemos esperar um pouco. Acredito que o Cardeal Sard virá aqui esta noite também.
Ao ouvir o nome, muitos nobres que estavam próximos pararam de tagarelar, parecendo um pouco surpresos.
Sard, um cardeal santo, a maior autoridade da igreja no Ducado Violeta, membro da Conferência Episcopal, era conhecido por viver quase em reclusão. A notícia de que ele viria assistir o concerto naquela noite era muito inesperada, e fez muitos nobres se perguntarem se aquilo teria algo a ver com o ritual maligno realizado na casa do então Barão Laurent.
Neste momento, uma carruagem simples com o emblema da Santa Verdade parou na frente do Salão. Todos ali já presumiram que era a carruagem do cardeal santo.
Sendo ajudado por um jovem cavaleiro, um homem bem idoso vestindo uma túnica branca saiu da carruagem. Ele parecia muito gentil com seu cabelo totalmente branco, como um vovô simpático. Caminhando com passos firmes e constantes, Sard ainda demonstrava ter boa saúde. Ninguém diria que ele realmente já tinha mais de duzentos anos de idade.
Quando o cardeal santo se aproximou, Lucien de repente sentiu um poder quente acariciar seu espírito, como se sua alma estivesse se deliciando na luz do sol.
Lucien ficou muito surpreso com o quão poderoso o velho cardeal era. Enquanto o seu poder como feiticeiro aprendiz foi totalmente bloqueado pelo círculo mágico criado pela igreja, o poder da alma do velho ainda estava influente daquele tanto. Ele já tinha ouvido o nome de Sard antes, já que ele era quase uma lenda no mundo. Naquele momento, Lucien finalmente viu a lenda com seus próprios olhos.
Dizia-se que, entre todos os cardeais na Igreja da Santa Verdade, apenas cerca de dez deles era cardeais santos. De acordo com o conhecimento de Lucien, somando esses dez aos maiores comandantes, líderes da inquisição e aos monges, não haveriam mais do que trinta pessoas neste mundo com poder no nível do Cardeal Santo Sard.
Estando perto de Lucien, Rhine estreitou os olhos e franziu as sobrancelhas em concentração, como se algo brilhante demais estivesse próximo a ele.
Lucien notou a expressão estranha de Rhine e se virou para olhar para ele, encontrando os olhos de Rhine naquele momento. O canto da boca de Rhine se ergueu, formando um sorriso casual em seu rosto.
Não foi a primeira vez que Lucien notou que Rhine estava se comportando de uma maneira estranha. No entanto, ele sabia que esta noite não era um momento adequado para sanar as diversas dúvidas sobre Rhine em sua mente.
Quando o Cardeal Sard chegou à porta do saguão, o grão-duque beijou a mão direita de Sard respeitosamente com os joelhos levemente dobrados, seguindo a etiqueta de um cavaleiro.
— Somente a verdade vive para sempre, — disse o grão-duque.
Parecia que a autoridade religiosa ainda estava acima do poder do império em Aalto.
— Fico feliz em vê-lo, Sua Majestade. Me alegra ver que você ainda está muito bem de saúde, e também que nossa adorável Natasha é uma cavaleira excelente agora. — Sard segurou o braço do grão-duque e sorriu carinhosamente.
O grão-duque e o cardeal entraram de braços cruzados no Salão dos Salmos, com Natasha segurando o outro braço de Sard um pouco atrás deles. Eles foram seguidos pelos nobres, organizados de acordo com as rígidas regras de classificação da nobreza.
— Bem… é hora de se preparar nos bastidores. — Victor sorriu. — Lucien, talvez você queira esperar seus amigos aqui para levá-los aos seus lugares depois.
Lucien assentiu e observou enquanto Victor e Rhine saiam. Logo, Felícia, Lott e Heródoto também entraram no Salão, indo se sentar nos lugares atribuídos para as suas famílias.
Na entrada, apenas Athy e Lucien ainda estavam esperando. Athy estava esperando pelos parentes de Victor e Lucien estava esperando por seus amigos.
Momento depois, uma carruagem simples e cheia de ocupantes apareceu. Iven foi o primeiro a descer dela, seguido por seu irmão mais velho, John. Iven parecia muito adorável em seu pequeno terno, enquanto John não tinha mudado nada, alto e bonito, com seu cabelo loiro brilhando sob as luzes espalhadas na noite.
Joel e Alisa também desceram da carruagem. Lucien achou que o vestido da tia Alisa estava apertado demais para ela, mas seu sorriso feliz a fez parecer muito mais jovem do que de costume. Vendo toda a família, Lucien sorriu sem se dar conta.
— Achei que você não viria. — Lucien deu um soco de brincadeira no ombro de John. Os dois amigos não se viam já fazia algum tempo.
— Qual é! — John retribuiu o soco, — Sua primeira obra musical será tocada no Salão dos Salmos. Como seu melhor amigo, como é que eu iria perder!? Aliás, Lucien, eu tenho uma boa notícia também. — John abraçou Lucien e deu um tapinha nas costas dele, — Eu sou um escudeiro de alto nível agora!
— Uau! Isso é incrível, John! Meus parabéns! — Lucien sorriu.
Neste momento, Elena também chegou. Em seu vestido longo amarelo-claro, ela estava linda naquela noite.
— Meus parabéns para você também, Lucien. — Joel deu uma olhadinha para Elena e cutucou Lucien ligeiramente, — Ela é adorável.
— Não… não… nós somos apenas amigos. — Lucien estava um pouco tímido e envergonhado.
Então, ele os conduziu à bancada oeste. Era muito menor do que as outras, só podendo acomodar vinte pessoas.
Os melhores lugares pertenciam aos Condes ilustres e àqueles acima deles. Depois de se sentar em seu lugar, o grão-duque se inclinou ligeiramente e perguntou ao cardeal:
— Santidade, há algum progresso na investigação do caso do Barão Laurent?
Embora os guardas da cidade e da divisão de inteligência do Ducado também estivessem investigando a questão, eles nunca conseguiriam superar os grandes pastores da inquisição, que alegavam poder ouvir o Deus da Verdade.
— Bem… algum. — O Cardeal Sard estava observando a orquestra se preparando no palco à frente, com um sorriso despreocupado em seu rosto, — Acreditamos que ele tenha alguma relação com o duque do inferno. Um de seus ancestrais foi selado em algum lugar sob a Cordilheira Sombria pelo antigo império mágico, e ele sempre esteve tentando encontrar esse ancestral e absorver seu poder.
— Eu acho que ele poderia ter sido mais cuidadoso — Natasha se juntou a conversa. — Nós ouvimos que alguns feiticeiros também estavam envolvidos com ele.
— Isso é verdade, — Sard assentiu. — Deus me revelou que eles têm outros planos, então ainda estamos reunindo mais informações, e principalmente consultando documentos antigos sobre o antigo império mágico Sylvanas. Quanto aos feiticeiros, eles são apenas vários aprendizes que estavam junto com um feiticeiro da sede do Congresso de Magia. Ele se denomina “Professor”, mas ele é apenas um feiticeiro de terceiro ou quarto círculo, de modo que não temos que nos preocupar muito com ele.
— A sede do Congresso de Magia? — O grão-duque e a princesa perguntaram ao mesmo tempo, abismados.
Tradução: Vermillion
Revisão: Barão
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