Trono do Arcanista – Cap. 217 – Torre Mágica Real de Holm

No último andar de uma torre mágica em Allyn, Rogério soltou um longo suspiro.

— Prémio Coroa Holm… Que jovem… O mais jovem vencedor de todos os tempos…

Enquanto falava, a mão de Rogério tocou suavemente seu pescoço, como se houvesse um amuleto imaginário pendurado ali. Ele vinha lutando pelo prêmio Trono Imortal há muitos anos, mas descobriu para sua frustração que seu talento era mais para a magia do que para a arcana.

— No ombro de gigantes… ombro de gigantes… — Adol, o morto-vivo, estava agora sentado no sofá com um copo de vinho na mão. — Talvez isso fosse além das previsões do Professor, e talvez ele ainda estivesse trabalhando na sintetização dos ingredientes vitais, na esperança de poder ganhar tanto o prêmio Coroa Holm quanto o Trono Imortal. Haha, vocês vão mesmo aceitar as descobertas dele?

Olhando por trás, ninguém poderia dizer que Adol não era uma criatura viva.

Eles haviam investigado Richardson, o único feiticeiro que ainda estava abaixo do nível avançado entre os vencedores anteriores do prêmio Coroa Holm, e estavam certos de que ele não era o Professor.

— Depende se o Professor, esse gigante, ainda estará vivo quando isso acontecer. — Rogério zombou: — Além disso, Felipe fez um progresso considerável. — Então, ele chamou alguém e disse: — Fique de olho em Lucien Evans X, o mesmo nível de vigilância que temos em Larry, Timothy e Ulisses. Mantenha-me sempre informado.

Agora, Lucien estava chamando a atenção da Mão da Palidez por causa de si mesmo, não por causa do Professor. Assim sendo, ele estava realmente em uma situação mais segura agora, já que a Mão da Palidez não iria simplesmente matar um gênio cheio de potencial por nenhuma razão importante, e o conselho superior também não permitiria que algo assim acontecesse.

— E diga a essa pessoa… para continuar procurando o Professor. — Rogério acrescentou: — Nós prometemos a ele o ritual, Conversão em Lich, e sempre honramos nossas promessas.

Sentado no sofá, Adol zombou:

— Humanos tolos…

Na noite fria e escura do inverno, as luzes dos dois lados da rua pareciam mais escuras do que o normal.

Abrindo sulcos na fina camada de neve no chão, uma carruagem parou lentamente em frente à Torre Mágica Real de Holm, o prédio mais alto do Distrito Nobre.

O cocheiro abriu a porta da carruagem e disse educadamente, com uma lamparina amarela fraca na mão:

— Sr. Evans, Sr. Lazar, chegamos.

Embora fosse apenas um homem comum, sendo alguém que havia sido contratado pela Academia Real de Magia de Holm há muito tempo, ele respeitava muito os feiticeiros.

Lucien respirou fundo e se sentiu renovado.

Assim que entraram na torre mágica, um homem elegante de meia-idade os cumprimentou:

— Boa noite. Sou o administrador da Academia Real de Magia de Holm, Rodham. De acordo com o Sr. Morris, vou ajudá-lo a encontrar o que precisa aqui, Sr. Evans. A propósito, você vai ficar a noite toda?

O cabelo loiro do homem de meia-idade era no estilo pompadour, e ele parecia bastante educado. Por causa da relação profundamente enraizada entre a Academia Real de Magia de Holm e as famílias reais, como a família Hoffenberg, neste lugar, havia um forte senso de hierarquia.

— Prazer em conhecê-lo, Sr. Rodham. — Lucien acenou com a cabeça ligeiramente. — Você poderia por favor me mostrar a seção onde alguns itens mágicos estão? Eu preciso de um manto mágico. E sim, se houver algum cômodo disponível, meu amigo e eu ficaremos aqui esta noite.

— Tenho a honra de servi-los, — respondeu Rodham, com a mão esquerda apoiada no peito. — Como um vencedor do prêmio Coroa Holm, Sr. Evans, você se tornará automaticamente um dos nossos membros honorários. Mais tarde, eu lhe darei documentos e você pode ficar à vontade para desfrutar de qualquer coisa que tenhamos aqui.

Como já eram oito da noite, a torre mágica inteira estava muito quieta, e assim o som dos passos de Rodham, Lucien e Lazar soava bastante alto.

Neste momento, um grupo de pessoas desceu as escadas do segundo andar. O homem mais velho na frente deles, que usava um terno trespassado vermelho e um manto preto, parecia muito familiar para Lucien, já que seus olhos prateados eram idênticos aos de Natasha, e ele até parecia a versão masculina dela. No entanto, este homem era magro, pálido e doente, totalmente diferente da princesa em Aalto, que sempre tinha um brilho saudável em suas bochechas.

Tanto no manto quanto no paletó, havia um brasão de cor fúcsia. Cercada por linhas representando nuvens e névoa, a coroa sustentada por um cetro e uma espada, parecia sagrada. Lucien percebeu à primeira vista que era da família Hoffenberg, a família real de Holm.

Um passo atrás do homem mais velho, havia um homem de meia-idade com cabelos castanhos. Seu terno comprido e elegante estava estufado nas costuras por causa de seu peso excessivo. Havia uma bolsa de couro preta sob a axila e um sorriso lisonjeiro no rosto rechonchudo.

— Sua Alteza, — Rodham saudou o homem mais velho respeitosamente.

Esse homem mais velho era o único príncipe em Holm, o Duque de Edenbo, Patrick Hoffenberg, irmão mais velho de Meredith e tio de Natasha.

Lazar e Lucien se curvaram ligeiramente, mas não tão respeitosamente quanto a reverência que Rodham fez. Não havia uma maneira muito rígida de hierarquia entre nobres e feiticeiros, a não ser pelos feiticeiros que trabalhavam para os nobres.

Patrick assentiu ligeiramente. Logo quando estava prestes a continuar a caminhar em direção ao portão, ele viu o anel roxo claro e brilhante na mão direita de Lucien. Então, ele perguntou em sua voz rouca, como se estivesse doente:

— O anel da Coroa Holm? Você é o Sr. Lucien Evans?

A razão pela qual a família Hoffenberg era a mais influente em Holm, um país que apoiava abertamente o desenvolvimento da magia, estava diretamente relacionada ao fato de que muitos dos membros da família Hoffenberg eram feiticeiros e arcanistas influentes, até mesmo grão-arcanistas. Portanto, Patrick certamente não perderia a chance de conhecer o mais recente vencedor do prêmio Coroa Holm.

— Sim, sou eu. — Lucien sorriu. — É um prazer ter meu nome lembrado por Sua Alteza.

Patrick assentiu com satisfação.

— Parece que esse nome pôde ser ouvido em todos os lugares nos últimos anos. Um é um grande músico, e outro é um feiticeiro genial, o mais jovem vencedor do prêmio Coroa Holm. — Após uma pequena pausa, ele perguntou: — Você vai se juntar ao projeto de pesquisa com os druidas?

— Vou sim. — Lucien não sabia por qual razão Patrick perguntou isso.

— Bom. — Patrick disse. — Eles decidiram usar uma pequena cidade chamada Sariva que pertence à nossa família para iniciar o projeto. Embora seja uma área muito pobre, não se preocupe, eu vou cuidar para que os funcionários da cidade o tratem muito bem.

De repente, as palavras de Patrick foram interrompidas por sua tosse severa. A tosse era tão ruim que parecia que ele estava sem fôlego. Patrick não melhorou até que rapidamente engoliu uma poção mágica verde-clara de um pequeno frasco.

Lucien não se sentiu inteiramente confortável com o entusiasmo repentino de Patrick, mas ainda respondeu educadamente:

— Muito obrigado, Alteza.

Patrick agora parecia melhor. Ele levantou levemente a mão e disse:

— A glória da família real também vem do apoio dos feiticeiros.

Depois de conversar casualmente por algum tempo, obviamente, Patrick não estava se sentindo tão bem, então ele precisou sair dali. Antes disso, ele disse em voz baixa:

— Natasha me enviou uma carta, e nela, havia a última obra do músico talentoso, Sonata ao Luar…

Lucien ficou um pouco surpreso. Ele se perguntou se Patrick já estava ciente de quem ele era. No entanto, ele estava meio que esperando isso depois de ganhar o prêmio Coroa Holm, já que estava atraindo atenção demais, e nunca subestimou a capacidade da Igreja e do Congresso de coletar informações. Agora, ele só esperava que Natasha mantivesse sua promessa e cuidasse de sua família.

Lucien sentiu que era hora de escrever uma carta para Natasha, agora que havia se livrado da vigia da Mão da Palidez.

Depois que Patrick saiu, surpreendentemente, o homem gordo e de meia-idade voltou para procurar Lucien. Ele disse a Lucien com o rosto coberto de sorrisos:

— Você é o Sr. Evans! Que prazer eu vê-lo aqui hoje. Tenho certeza de que você definitivamente será um feiticeiro de alto nível algum dia. A propósito, eu me chamo Arthur Doyle, presidente do Banco União Mineradora de Holm, um barão.

Lucien podia imaginar que aquele homem tivesse alguns nobres importantes o apoiando, ou um barão comum nunca teria a chance de se tornar o presidente do Banco União Mineradora de Holm.

Depois de conversar um pouco, Arthur suspirou de emoção:

— Jovens feiticeiros são definitivamente mais visionários. Nosso banco sempre se interessou em desenvolver novas rotas para o trem a vapor mágico, especialmente várias em direção ao porto, mas nossa proposta nunca foi aprovada pelo comitê respectivo. Espero sinceramente que um feiticeiro jovem e talentoso como você possa se juntar ao Comitê de Assuntos Internos no futuro próximo, para que possamos trabalhar juntos em busca de algo melhor.

Enquanto falava, entregou um cartão seu para Lucien.

A atitude de Lucien em relação a Arthur não era clara. Ele não estava nem entusiasmado nem seco. Depois que Arthur saiu, Lazar suspirou.

— Você é alguém importante agora, Evans.

— Eu não sou importante para eles. É o possível benefício que poderiam ganhar de mim é que é importante. — Lucien sorriu, mas sacudiu a cabeça.

Então, conduzidos por Rodham, Lucien e Lazar subiram as escadas.

Um trem mágico a vapor estava avançando a toda velocidade pela planície aberta. Os druidas no trem olhavam pela janela com os olhos e as bocas abertas.

Entre esses druidas, alguns eram elfos de boa aparência, outros humanos e alguns anões ou seres de outras raças.

— Além da imaginação! Esta construção alquímica é sensacional… — Muitos druidas exclamaram. A construção alquímica sobre a qual eles estavam falando era o trem.

No entanto, um homem bonito e que parecia um elfo entre eles soou um pouco chateado enquanto dizia para a mulher do seu lado em voz baixa:

— Esses malditos… As ferrovias e trens como este estão destruindo os equilíbrios na mãe natureza. A terra está chorando, e as plantas mortas estão os amaldiçoando. O infortúnio cairá sobre eles!

A jovem elfa ao lado assentiu.

— É verdade. Não entendo por que o supremo ancião insiste em trabalhar com essas pessoas cruéis. Ele simplesmente não nos ouve, mesmo quando todos os outros anciãos discordam dele.